Está começando a aplicar em renda variável e quer aprender a fazer análise de investimentos? Então, para começar, saiba que existem duas metodologias para análise de ações.

Quem investe a curto prazo opta pela análise de gráficos para descobrir padrões e tendências nos preços das ações. Já quem investe a médio e longo prazo faz uso da análise fundamentalista, a fim de entender o negócio da companhia e o mercado em que ela está inserida.

Neste artigo, confira dicas de como realizar uma análise de ações e veja como começar a investir já. Boa leitura!

O que são ações e quais os seus tipos?

As ações são pequenos pedaços de uma empresa de capital aberto listada na bolsa de valores do Brasil, a B3. Há três classes de ação. Veja abaixo.

Ações ordinárias (ON)

As ações ordinárias (ON) garantem o direito ao voto de seus acionistas em assembleias gerais da companhia. Elas possuem o dígito 3 no final do código de negociação.

Ações preferenciais (PN)

As ações preferenciais (PN) não garantem o direito ao voto de seus acionistas. No entanto, eles têm preferência no recebimento dos dividendos, pagamento em dinheiro de parte do lucro líquido da companhia.

Além disso, em caso de falência, quem possui ações PN têm preferência nas compensações.

Elas apresentam o dígito 4 no final do seu código de negociação. Aquelas que têm os dígitos 5, 6, 7 e 8 também são PN, entretanto, são de classes diferentes.

Ações units

As ações units são agrupamentos de ações ON e PN. Elas possuem o dígito 11 no final do seu código de negociação.

É possível alugar ações?

Sim, é possível alugar ações, o que também é conhecido como empréstimo de ativos ou custódia remunerada. Nessa operação intermediada pela B3, o investidor doador possui ativos e os empresta a um investidor tomador, recebendo uma taxa de aluguel.

Apesar de o doador ceder parcela dos direitos ao tomador, ele continua ganhando os proventos pagos pela companhia. São tipos de proventos os dividendos, juros sobre o capital próprio (JCP), bonificações, desdobramentos e agrupamentos.

Confira, a seguir, os tipos de ativos que podem ser alugados:

  • ações;
  • ações units;
  • cotas de Fundos de Índices (ETFs);
  • Brazilian Depositary Receipts (BDRs) Patrocinados (com participação da empresa emissora de ações);
  • Brazilian Depositary Receipts (BDRs) Não Patrocinados Nível I (sem participação da empresa emissora de ações);
  • cotas de Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs);
  • cotas de Fundos de Investimentos em Participações (FIPs).

Por que analisar ações?

Quem investe em aplicações financeiras deseja fazer seu dinheiro render. No entanto, como as ações são ativos de renda variável, não há como ter certeza quanto ao seu retorno.

Apesar disso, fazendo as devidas análises, fica mais fácil reduzir os riscos envolvidos nesse tipo de investimento.

Quais são os riscos de investir em ações?

Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que todo tipo de investimento envolve riscos. Isso vale, inclusive, para aplicações em renda fixa.

Veja, abaixo, quais são os riscos de investir em ações e na bolsa de valores do Brasil, a B3.

Risco de mercado

O risco de mercado tem a ver com os efeitos das variações do mercado financeiro nos investimentos. Isso é importante, principalmente, para aplicações em renda variável, já que o retorno está ligado, de maneira direta, às flutuações do mercado.

Tais oscilações costumam ser provocadas por alterações nas taxas de juros, no câmbio e no mercado acionário e, também, pela inflação. Por esse motivo, recomenda-se a diversificação da carteira de investimentos, a fim de reduzir esse risco.

Risco de liquidez

A capacidade e a velocidade de transformar um ativo em dinheiro é chamada de liquidez. No mercado financeiro, existem três tipos: liquidez imediata, liquidez diária e a que ocorre com mais de um dia.

Em razão disso, é preciso ter em mente a liquidez dos diferentes ativos para saber com quanto tempo antecedência será necessário resgatá-lo, a fim de ter o dinheiro na sua conta quando quiser.

Risco da empresa

O risco da empresa tem a ver com a reputação da companhia que realiza a oferta de ações. Assim, antes de comprá-las, pesquise o histórico da empresa, seu desempenho e as perspectivas para o futuro.

Risco da corretora

A corretora de valores é a responsável por mediar as operações de compra e venda de ativos. Logo, informe-se sobre as opções disponíveis em sites, redes sociais e, também, com outros investidores.

Risco cambial

O risco cambial está ligado aos impactos da taxa de câmbio no lucro das operações.

Juros

De modo similar ao risco cambial, o risco de juros também impacta o lucro das operações.

Quais são as metodologias de análise de ações?

Existem duas metodologias de análise de ações: a análise técnica ou de gráficos e a análise fundamentalista. Conheça, a seguir, cada uma delas.

Análise técnica

Desenvolvida em 1884 pelo jornalista norte-americano Charles Henry Dow, o criador do índice Dow Jones, a análise técnica ou de gráficos é usada para avaliar ações e demais tipos de ativos no curto prazo. 

A ideia é que, com base em gráficos dos preços das ações, seja possível descobrir padrões e tendências.

Veja, a seguir, os conceitos da análise técnica:

  • lei de oferta e demanda: o preço de uma ação é definido pelo número de investidores interessados nela e o seu total ofertado.
  • tendências: na tendência de alta (topo), a demanda é maior e, com isso, o preço da ação aumenta. Na de baixa (fundo), a oferta é maior e, assim, o preço diminui. Por último, na lateral, há um equilíbrio entre demanda e oferta.

Confira, também, os seus principais gráficos:

  • gráfico de linhas: mostra a evolução dos preços de fechamento de uma ação.
  • gráfico de barras: mostra os preços de fechamento, de abertura, mínimo e máximo de uma ação, em geral, com periodicidade diária.
  • gráfico candlestick: mostra o movimento de uma ação num período. As barras se assemelham a velas (em inglês, candles).

Análise fundamentalista

Já quem investe em ações a médio e longo prazo faz uso da análise fundamentalista. Afinal, olhar somente para o preço desses ativos não é o suficiente. 

Por isso, é necessário levar em conta a companhia de capital aberto, seus resultados e, também, o mercado em que ela está inserida.

Em razão da quantidade de fundamentos desse tipo de análise, costuma-se dividi-los:

  • fundamentos quantitativos: são aqueles que podem ser medidos em números.
  • fundamentos qualitativos: são aqueles que têm a ver com a postura da empresa, portanto, são mais subjetivos.

Quem utiliza a análise técnica de ações?

A análise técnica de ações é usada por quem faz day trade e swing trade, ou seja, quem tem foco no curto prazo. Ambos são modalidades de negociação de ativos na B3, contudo, cada uma delas possui um prazo de duração distinto.

No day trade, a compra e venda de ações (ou venda e recompra de ações) ocorre num único dia. Tal estratégia de investimento é de curtíssimo prazo e, também, de alto risco.

Já no swing trade, as transações são realizadas no decorrer de dias ou semanas, por isso, é considerada uma estratégia de curto e médio prazo.

Por fim, o scalping trade é um tipo de day trade em que as negociações são ainda mais curtas, rápidas e sequenciais.

Quem utiliza a análise fundamentalista de ações?

A análise fundamentalista de ações costuma ser usada por quem faz position trade e buy and hold trade, ou seja, quem tem foco no médio ou longo prazo.

No position trade, a compra e venda de ações é feita ao longo de meses e anos, sendo considerada uma estratégia de médio e longo prazo.

No caso do buy and hold trade, a aquisição de ações tem como objetivo sua valorização no longo prazo, podendo chegar a décadas.

É possível conciliar as duas metodologias?

Sim, é possível conciliar as duas metodologias de análise de ações. Na verdade, elas podem ser consideradas complementares. Isso porque, enquanto a análise técnica visa o curto prazo, a análise fundamentalista foca no longo prazo.

Logo, para quem investe pensando num período prolongado, a análise técnica ajuda a complementar a análise fundamentalista das ações.

Como analisar ações?

Se você já fez um teste de perfil de investidor e conhece sua tolerância a riscos, confira as dicas de como analisar ações.

Pesquise sobre a empresa

Embora pareça óbvio, é importante pesquisar sobre a empresa que oferta as ações. Por exemplo, questione-se acerca de seus produtos e/ou serviços, público-alvo e modelo de negócio.

Vale a pena entender também o momento atual do seu segmento de atuação. Se ele estiver em queda, talvez não seja a hora de investir em tal empresa.

Lembre-se de que as companhias de capital aberto são obrigadas a divulgar informações relevantes em sua área de relações com os investidores (RI).

Examine a estrutura societária

Avaliar a estrutura societária de uma empresa significa se atentar à forma como suas ações são distribuídas e, consequentemente, quem está sob seu comando. Por exemplo, quem são os acionistas majoritários e os acionistas controladores.

Observe também qual a porcentagem das ações estão disponíveis para qualquer investidor (free float). Na B3, as companhias devem ter, pelo menos, um free float de 25%.

Teoricamente, ações com free float alto tendem a possuir uma maior liquidez e menor volatilidade. Além disso, empresas com free float mais baixo têm mais chance de fechar capital, ou seja, deixar de negociar ações na B3.

Avalie a governança corporativa

A governança corporativa é a letra G da sigla ESG (em inglês, environmental, social and corporate governance). Ela é o conjunto de políticas e práticas de uma companhia que certificam a administração profissional do seu negócio.

Na B3, as categorias de governança são listadas em cinco segmentos:

  • Novo Mercado (mais rigoroso);
  • Bovespa Mais Nível 2;
  • Bovespa Mais;
  • Nível 2;
  • Nível 1 (menos rígido).

Faça uma análise macroeconômica e microeconômica

A análise macroeconômica está relacionada a questões da macroeconomia, ramo das ciências econômicas responsável pelo estudo da economia de uma região específica. Veja, abaixo, os seus principais indicadores.

Taxa Selic

A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, por isso, serve de referência para todas as transações do mercado financeiro. Ela é usada pelo Banco Central (Bacen) para administrar a inflação.

Inflação

A inflação é o aumento dos preços dos bens e serviços. Ela é medida por diferentes índices de preço.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) todos os meses, é utilizado pelo sistema de metas para a inflação.

Produto Interno Bruto (PIB)

O Produto Interno Bruto (PIB) é o indicador econômico usado para medir a produção de bens e serviços finais de um país num determinado período. Ele é dividido em três setores:

  • setor primário: inclui agricultura, pecuária, pesca e extração de recursos naturais;
  • setor secundário: inclui indústria e a construção civil;
  • setor terciário: inclui serviços como comércio, transporte, saúde e educação.

Por meio do PIB, é possível saber se uma economia está em expansão ou em recessão.

Depois da análise macroeconômica, é chegada a hora de estudar a microeconomia, que trata de variáveis individuais. Afinal, questões como confiança do consumidor, consumo das famílias e demanda de produtos e serviços também afetam as empresas.

Verifique a remuneração aos acionistas

A remuneração dos acionistas tem a ver com os proventos que são distribuídos periodicamente a eles. Veja a seguir.

Dividend Payout (DP)

O dividend payout (DP) é a porcentagem do lucro líquido paga aos acionistas como proventos (dividendos e JCP). Assim, se ele for baixo, a companhia está reinvestido a maior parte dos lucros em seu próprio crescimento.

Dividend Yield (DY)

Para calcular o dividend yield (DY), basta dividir os dividendos pagos por ação pela sua própria cotação. Por meio dessa taxa percentual, é possível entender a rentabilidade de uma empresa.

Dividend on cost

No dividend on cost, também chamado de yield on cost, dividem-se os dividendos pelo preço médio pago pelas ações. A sua diferença para o DY é considerar o valor de aquisição desse ativo pelo acionista. Assim, o investidor sabe quanto recebeu pelo valor pago.

Avalie o Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial, também chamado de Balanço Contábil, é o relatório que mostra a condição patrimonial e financeira de uma companhia no decorrer de um período. De um lado, estão os seus ativos e, de outro, seus passivos e seu patrimônio líquido.

Recomenda-se que esse tipo de balanço seja realizado, pelo menos, a cada 12 meses. Para quem vai fazer uma análise de ações, ele apresenta informações essenciais de uma empresa.

Atente-se aos múltiplos fundamentalistas

Com base em duas variáveis de uma ação, é possível calcular indicadores, chamados de múltiplos:

  • P/L: relação entre preço e lucro de uma ação, mostra quanto esse ativo pode rentabilizar.
  • P/VPA: relação entre o preço atual da ação e o seu valor patrimonial, mostra quanto o mercado pode pagar sobre o patrimônio líquido de um negócio.
  • Price to Sales Ratio (PSR): significa índice de preço sobre as vendas em português. Com base nos resultados líquidos, é possível avaliar a disposição de pagamento por um ativo.
  • Enterprise Value (EV): em português, é o valor de mercado de uma empresa. Pode ser calculado de diferentes formas.
  • EBITDA: é o valor do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Ou seja, é o lucro operacional da empresa.
  • Return on Investment (ROI): significa retorno sobre investimento em português. É a capacidade dos ativos de uma companhia darem lucro.
  • Dividend Yield (DY): significa retorno obtido no pagamento de dividendos em português. Ele mostra o potencial de retorno de uma empresa.
  • Cash Flow/Share (CFS): em português, é a geração de caixa por ação. Ou seja, o quanto uma empresa gera de dinheiro levando em conta o total de ativos emitidos por ela.
  • Dividend Payout (DP): em português, é o pagamento de dividendos em relação ao lucro de uma empresa.
  • Dívida Bruta / Patrimônio Líquido (DB/PL): é a relação entre a dívida bruta e o patrimônio líquido de uma companhia. Ela permite conhecer sua saúde financeira.
  • Return on Equity (ROE): em português, retorno sobre o patrimônio líquido. É a capacidade de uma empresa gerar resultado em relação a seu patrimônio.

Compare os dados com os concorrentes

Novamente, é fundamental conhecer o segmento de atuação da companhia que oferta ações para comparar os seus números com as demais empresas de sua área. 

Tenha em mente que só é possível fazer uma comparação adequada avaliando as que possuem o mesmo modelo de negócio.

Como investir em ações?

Veja, a seguir, o passo a passo de como investir em ações.

Descubra o seu perfil de investidor

Antes de investir em ações, reflita sobre seu objetivo com esse investimento e faça um teste de perfil de investidor. 

Também chamado de suitability, ele é um questionário aplicado pelas corretoras, a fim de conhecer o comportamento do cliente. Dessa forma, é possível saber que produtos atendem às suas necessidades.

Abra sua conta numa corretora

Para investir na B3, é necessário abrir uma conta numa corretora, instituição financeira responsável pela intermediação. Basta preencher os dados pessoais e enviar os documentos de identificação. Com a conta já aberta, realize uma transferência de dinheiro.

Escolha como investir

Com base no seu perfil de investidor, escolha como investir em ações. Sua estratégia na B3 pode ter como objetivo ganhos de curto prazo ou de longo prazo.

Componha sua carteira

Comece a fazer a composição da sua carteira. Para isso, faça uso de relatórios de analistas especializados no mercado e/ou utilize as metodologias de análise de ações.

Caso precise, entre em contato com a InvestSmart, assessoria de investimentos parceira da XP. Veja como ela pode ajudá-lo:

  • identificando e avaliando seu perfil, objetivo e risco como investidor;
  • ajudando você a administrar melhor e de forma mais eficaz o seu patrimônio, tanto financeiro como imobilizado;
  • dando apoio para que você tome as decisões mais adequadas de investimentos e/ou financiamentos.

Para ter uma ideia, a InvestSmart foi criada em 2013 e já atingiu a marca de 15 bilhões sob custódia e mais de 60 escritórios por todo o país.

O conteúdo foi útil para você? Então, aproveite e leia também por que contratar uma assessoria de investimentos!

Resumindo

O que é análise técnica de ações?

A análise técnica é uma das metodologias de análise de ações. Desenvolvida pelo jornalista norte-americano Charles Henry Dow em 1884, ela é usada para avaliar ações no curto prazo. 

A ideia é que, com base em gráficos dos preços das ações, seja possível descobrir padrões e tendências.

Como fazer uma análise de ações?

Existem duas metodologias de análise de ações: a análise técnica ou de gráficos e a análise fundamentalista.

A primeira delas é usada para avaliar ações e demais tipos de ativos no curto prazo e, por isso, costuma ser adotada por quem faz day trade e swing trade. A ideia é que, com base em gráficos dos preços das ações, seja possível descobrir padrões e tendências.

Já quem faz position trade e buy and hold trade, investindo em ações a médio e longo prazo, utiliza a análise fundamentalista na hora de analisar ações. Assim, leva em conta o negócio da companhia de capital aberto, seus resultados e, também, o mercado em que ela está inserida.

Quais são os principais indicadores para analisar uma ação?

A escolha dos principais indicadores para analisar uma ação vai depender do foco do investidor, ou seja, obter retorno no curto ou no longo prazo.

Existem duas metodologias de análise de ações: a análise técnica ou de gráficos e a análise fundamentalista. A primeira é usada para avaliações no curto prazo e, a segunda, no longo prazo.