Você já ganhou um presente de uma loja que costuma comprar com frequência? Essa é a maneira dela agradecer o cliente pela fidelidade e confiança no negócio. Os Juros Sobre Capital Próprio (JCP) são parecidos, recompensando os acionistas pelo dinheiro investido na empresa.

Quer dizer, quando os investidores compram ações na bolsa de valores, eles emprestam dinheiro para corporações, contribuindo para o crescimento dela. Em compensação, o negócio pode dar um dinheiro extra para essas pessoas, chamado Juros Sobre Capital Próprio.

Esse pagamento não é a única maneira do investidor ganhar dinheiro na bolsa de valores. A outra é por meio de dividendos, que exige a distribuição proporcional de lucro aos investidores, gerando renda passiva

Assim, é como se os dividendos fossem o salário, que todo funcionário deve receber, e os JCP um benefício, como vale-refeição.

Então, começou a entender o que são Juros Sobre Capital Próprio? Ainda existe muito o que aprender sobre eles. Continue a leitura e descubra quando uma empresa paga JCP, se é preciso declarar no Imposto de Renda (IR) e muito mais!

O que são Juros Sobre Capital Próprio?

Consistem em uma forma de remuneração que as empresas podem pagar aos acionistasinvestidores que compram ações — como um “presente” por investirem dinheiro nela. Quer dizer, suponha que você comprou ações de um negócio — se apropriando de um pedacinho dele — e posteriormente, ele lucrou.

Assim, se a empresa decidir distribuir parte desse lucro também na forma de JCP, ela vai pagar uma quantia extra para o acionista. Em outras palavras, o Juros Sobre Capital Próprio é uma forma de recompensar os acionistas que acreditaram no potencial da empresa e decidiram investir nela.

Além disso, pagar os Juros Sobre Capital Próprio é um modo de incentivar os acionistas a manterem os investimentos. Outra explicação para o pagamento de JCP é a redução no Imposto de Renda pago pelas corporações.

Isso porque os Juros Sobre Capital Próprio são vistos como despesas na balança do negócio, impactando no lucro dele. Logo, quanto mais despesas, menor tende a ser a tributação fiscal cobrada pelo Governo.

Funcionamento da bolsa de valores

Para entender melhor, você deve conhecer o funcionamento da bolsa de valores. Então, compare ela com um mercado de frutas, legumes e verduras: existem vendedores na barraca e compradores fora dela. É possível que quem compra algo revenda os itens posteriormente, se desejar, tal qual na bolsa de valores.

Neste caso, as ações são um dos ativos financeiros vendidos, embora também existam títulos, moedas estrangeiras etc. Os vendedores da bolsa de valores podem ser investidores — que também fazem o papel de compradores — e/ou instituições.

As ações são um dos ativos mais populares e permitem ao comprador ter parte de uma empresa, virando sócio dela. Assim, existem várias estratégias para ganhar dinheiro com ações, como ao receber Juros Sobre Capital Próprio.

Qual é a diferença de Juros Sobre Capital Próprio para dividendos?

Ambos são benefícios distribuídos aos acionistas pela corporação para repartir os lucros obtidos. A principal diferença entre eles é como são tributados e contabilizados. Saiba mais!

Dividendos

O pagamento do dividendo é obrigatório e o valor deve ser proporcional à quantidade de ações de cada investidor. Por exemplo, se você tem 10% das ações da empresa, receberá 10% dos dividendos distribuídos.

E ainda, esse benefício é isento do pagamento de IR para pessoas físicas, mas é tributado para pessoas jurídicas. Logo, o investidor que recebe dividendos não precisa pagar IR, mas a empresa distribuidora deve pagar 34% em cima do valor distribuído.

Juros Sobre Capital Próprio

Já os Juros Sobre Capital Próprio são um pagamento extra não obrigatório, repartido conforme o desempenho da empresa investida. Os Juros Sobre Capital Próprio são considerados despesas, por isso, o negócio não precisa pagar os impostos que incidem sobre ele, reduzindo a carga tributária.

Por outro lado, o investidor é quem paga impostos com essa repartição dos lucros, recebendo uma cobrança de 15% sobre o valor ganho. Assim, quando você ganhar os Juros Sobre Capital Próprio, ele já terá o desconto do Imposto de Renda.

Em resumo, o pagamento dos dividendos é obrigatório e exige uma cobrança de IR para as empresas, enquanto os investidores ficam isentos. No caso dos JCP ocorre o inverso.

Apesar das diferenças, ambos podem trazer mais rentabilidade para você, mas não é possível definir o mais vantajoso, já que os valores recebidos variam. No entanto, devido às vantagens fiscais, a tendência é que as empresas paguem mais Juros Sobre Capital Próprio do que dividendos.

Quando uma empresa paga Juros Sobre Capital Próprio?

A distribuição pode ser mensal, trimestral, semestral ou anual: assim como os dividendos, não existe um padrão de regularidade. Inclusive, o repasse do JCP talvez ocorra apenas esporadicamente, caso a empresa alcance uma boa realização financeira, por exemplo.

Em outras palavras, o pagamento do Juros Sobre Capital Próprio ocorre quando o negócio deseja remunerar os seus acionistas de uma forma diferente dos dividendos. 

O momento em que ele decide fazer isso depende de uma série de fatores, principalmente relacionados à situação financeira atual.

Então, é importante que as corporações deixem claro quais são as políticas de remuneração adotada, mesmo que o JCP não seja obrigatório. Isso ajuda os investidores a escolherem quais ações comprarem na bolsa de valores.

Por essa razão, os negócios costumam publicar essas informações que mostram a política de distribuição de lucros e os dados históricos sobre os pagamentos. Essas costumam ser divulgadas em portais, como:

  • site da B3;
  • site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários);
  • Site de Relações com Investidores (RI) das empresas listadas na bolsa de valores, como Itaú Unibanco, Petrobras, Vale, entre outras.

Se o investidor não encontrar essas informações, é possível obtê-las ao entrar em contato diretamente com as empresas.

Além disso, normalmente, as empresas que optam por pagar Juros Sobre Capital Próprio possuem uma situação financeira saudável. Logo, analise isso e o valor do lucro, normalmente distribuído para saber se elas estão em condições de pagar uma remuneração extra.

De todo modo, em geral, as corporações que mais costumam pagar JCP são as dos segmentos de seguradoras, telecomunicações, bancos, energia elétrica e saneamento.

Quais são as vantagens dos Juros Sobre Capital Próprio?

Esse tipo de pagamento permite que os acionistas recebam uma remuneração além da obrigatória, referente aos dividendos. 

Ou seja, se o investidor comprar ações por R$ 10 e elas se valorizem passando a valer mais, como R$ 15, por exemplo, ele lucra. Então, caso o acionista também receba Juros Sobre Capital Próprio, a rentabilidade é ainda maior.

Quais os riscos dos Juros Sobre Capital Próprio?

Assim como qualquer investimento, existem riscos de perder dinheiro ao investir em ações visando ter maior rentabilidade com os Juros Sobre Capital Próprio. Saiba mais sobre os riscos envolvidos!

Risco de crédito

Isso significa que se a empresa não tiver dinheiro suficiente, os acionistas podem ficar sem os Juros Sobre Capital Próprio. Por exemplo, caso a corporação passe por dificuldades financeiras ou precise usar o dinheiro para investir em seu próprio negócio. 

Até porque, trata-se de uma remuneração facultativa, fornecida em momentos de maior folga econômica.

Risco de mercado

Se o valor das ações da empresa cair, os acionistas podem ter prejuízos. Isso porque esse tipo de investimento depende das oscilações do mercado financeiro, cujas ações podem cair, subir novamente, voltar para o valor original. Assim, o investidor corre o risco de perder o que investiu muito rapidamente.

Isso ocorre porque os investimentos na bolsa de valores são de renda variável, cuja rentabilidade é influenciada por diversos fatores. Entre eles, a situação econômica do país, a performance da empresa em relação aos concorrentes, entre outros.

Risco de liquidez

Outro risco é a baixa procura pelas ações da empresa no mercado financeiro, dificultando as vendas para transformar o ativo em dinheiro. Isso pode acontecer, por exemplo, se a empresa for de pequeno porte e tiver poucas ações sendo negociadas.

Outro problema que a baixa liquidez oferece é ‘’forçar’’ a redução no preço das ações para estimular a compra no momento desejado. É como a estratégia promocional da queima de estoque feita por muitas lojas, que baixam o preço dos produtos vendidos para torná-los mais atrativos.

Risco regulatório

Trata-se das possíveis mudanças na regulamentação do mercado financeiro e políticas governamentais que afetam a empresa e, consequentemente, os acionistas.

Por exemplo, surgiu uma nova lei que aumenta os impostos pagos pelas corporações? Ela afeta negativamente os lucros. Então, para equilibrar as contas, as empresas podem parar de distribuir Juros Sobre Capital Próprio aos acionistas ou diminuir o valor pago.

Risco cambial

Se as ações compradas são de empresas com negócios no exterior, recebendo dinheiro em outras moedas, elas correm o risco de flutuação das taxas cambiais.

Quer dizer, quando as taxas de câmbio mudam, o lucro dos negócios pode ser maior ou maior. Por exemplo, você investiu em uma empresa que exporta seus produtos para outros países e recebe em dólar.

Se a taxa de câmbio do dólar em relação à moeda local cair, o negócio recebe menos dinheiro pelos seus produtos. Com a menor lucratividade, é possível que o JCP não seja distribuído ou ocorra em menor valor.

Como calcular os Juros Sobre Capital Próprio?

A fórmula é a seguinte:

JCP = (Lucro Líquido – Dividendos) x Taxa de Juros sobre Capital Próprio

Ou seja, primeiro é necessário subtrair os dividendos distribuídos aos acionistas do lucro líquido da empresa.

Em seguida, multiplica-se o resultado pela taxa de juros sobre capital próprio determinada pela empresa em sua assembleia geral. O valor obtido é o montante de JCP a ser distribuído aos acionistas.

Feito isso, ainda é necessário calcular o valor do IR retido na fonte, pago pelos investidores, de 15% sobre o valor bruto dos JCP. Após esse cálculo, você encontra o valor dos juros Sobre Capital Próprio que deve receber.

Como é feito o pagamento dos Juros Sobre o Capital Próprio?

O pagamento dessa remuneração é efetuado pela empresa diretamente aos acionistas, seguindo as regras estabelecidas pela CVM. Assim, o valor é repassado aos acionistas por meio de crédito em conta-corrente.

Outra alternativa é o depósito em conta de custódia na instituição financeira em que a ação está custodiada.

Por essa razão, é importante que o acionista esteja com os seus dados bancários atualizados junto à corretora ou diretamente com a empresa. Desse modo, o pagamento pode ser realizado com eficiência.

Como as empresas definem o pagamento?

As empresas definem a política de pagamento de JCP em assembleias de acionistas. Geralmente, isso é feito uma vez por ano e considera diversos fatores. Entre eles, a situação financeira da empresa, as perspectivas de investimentos e as necessidades de caixa para operações e investimentos futuros.

Quais empresas pagam JCP?

Diversas corporações remuneram os investidores com Juros Sobre Capital, normalmente, as que possuem um bom histórico de lucros. Algumas das que têm pagado JCP nos últimos anos incluem Itaú, Porto Seguro, Copel, Arezzo, Santander e outras.

Contudo, lembre-se que o JCP não é garantido e está sujeito às decisões das empresas em relação à sua política de distribuição de lucros. De todo modo, é importante consultar o histórico do negócio para analisar a regularidade de distribuição do JCP.

Como funciona a tributação de JCP?

Enquanto os dividendos são isentos de Imposto de Renda para o acionista, os Juros Sobre Capital Próprio sofrem a incidência de uma alíquota de 15%. Logo, o imposto é descontado no momento do pagamento e o acionista recebe o valor líquido.

Precisa ser declarado no IR?

Sim! O valor recebido de Juros sobre Capital Próprio precisa ser declarado no Imposto de Renda. Assim, informe-o na ficha de “Informar Rendimento Exclusivo” para adicionar mais detalhes, como valor recebido, empresa que pagou pela remuneração etc.

Então, você tirou as suas principais dúvidas relacionadas aos Juros Sobre Capital Próprio? Como visto, trata-se de uma espécie de gratificação dada pelas empresas aos investidores que emprestaram dinheiro, refletido na compra de ações. Em compensação, quem fornece essa remuneração não precisa pagar os impostos incididos sobre eles.

E aí, gostou de saber mais sobre essa remuneração? É fundamental acompanhar as informações do mercado financeiro para tomar melhores decisões, principalmente se você tem interesse em investir na bolsa de valores. Pensando nisso, nos siga nas redes sociais: estamos no Facebook e Instagram!

Equipe MI

Equipe de redatores do portal Melhor Investimento.