O fundo de crédito privado tem se destacado como uma opção atrativa no mercado financeiro, principalmente para quem busca diversificação e rentabilidade superior na renda fixa. Ele oferece aos investidores a oportunidade de acessar ativos privados que geralmente possuem melhores retornos do que os títulos públicos ou outros produtos bancários convencionais. Mas será que realmente vale a pena?

O Melhor Investimento explora como os fundos de investimento em crédito privado funcionam, suas vantagens e desvantagens, e se são adequados para o seu perfil de investidor. Continue lendo!

O que são fundos de crédito privado?

Os fundos de crédito privado são fundos de investimento de renda fixa que aplicam em ativos emitidos por empresas ou instituições privadas.

O principal objetivo desses fundos é oferecer um retorno superior ao de investimentos mais conservadores, como o Tesouro Direto ou os Certificados de Depósito Bancário (CDBs). Contudo, isso vem acompanhado de um nível maior de risco, como veremos mais adiante.

Em termos de gestão, esses fundos podem ser passivos ou ativos. No modelo passivo, eles seguem índices específicos do mercado de crédito. Já os fundos ativos buscam identificar as melhores oportunidades de retorno no mercado, o que exige maior experiência e competência do gestor.

Como funcionam os fundos de crédito privado?

O funcionamento dos fundos de crédito privado pode ser comparado a outros fundos de investimento de renda fixa. A gestora do fundo reúne os recursos dos investidores e os aloca em títulos de dívida privada, escolhendo ativos que oferecem uma boa relação entre risco e retorno.

Os emissores desses títulos são empresas que utilizam o dinheiro captado para financiar seus projetos, expandir operações ou reestruturar dívidas. Em troca, elas pagam juros aos investidores, que são revertidos para o fundo.

A rentabilidade do fundo depende de três fatores principais:

  1. Pagamento de juros pelos emissores: empresas que honram suas dívidas geram retornos consistentes.
  2. Valorização dos títulos no mercado secundário: caso o gestor consiga vender os ativos por preços mais altos que os de compra.
  3. Gestão de custos e taxas: fundos com taxas de administração mais baixas tendem a entregar melhores resultados líquidos.

Além disso, esses fundos podem investir em títulos de diferentes prazos e níveis de risco, o que influencia diretamente o retorno esperado e a volatilidade da carteira.

Leia também: Como funciona o rendimento dos fundos de investimento?

Quais são os ativos de crédito privado?

Os fundos de crédito privado investem em uma variedade de ativos de dívida corporativa. Aqui estão os principais:

Debêntures

As debêntures são títulos emitidos por empresas para captar recursos no mercado. Elas podem ser incentivadas (isentas de imposto de renda) ou não. Fundos que investem em debêntures geralmente buscam companhias com boa saúde financeira e projetos de alto potencial de retorno.

CRI/CRA

Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA) são lastreados em créditos oriundos desses setores. Por serem isentos de imposto de renda para pessoas físicas, são bastante atrativos, mas é importante considerar o risco atrelado ao setor específico.

Notas promissórias

As notas promissórias são títulos de curto prazo emitidos por empresas para atender necessidades imediatas de caixa. Elas geralmente oferecem rendimentos elevados, mas possuem maior risco de crédito devido ao curto prazo de vencimento.

Vantagens e desvantagens de investir em fundos de crédito privado

Antes de decidir investir em fundos de crédito privado, é fundamental conhecer as vantagens e os riscos que eles oferecem.

Rentabilidade superior

Os fundos de crédito privado são conhecidos por oferecerem rendimentos superiores em comparação a alternativas mais conservadoras, como títulos públicos (Tesouro Direto) e produtos bancários tradicionais, como CDBs. Isso ocorre porque eles investem em ativos com maior risco, mas que oferecem uma compensação proporcional em termos de juros.

Além disso, muitos títulos em que esses fundos investem pagam uma taxa acima do CDI, o que pode atrair investidores em busca de retornos mais expressivos, principalmente em cenários de juros elevados.

Diversificação

Uma das grandes vantagens de investir em fundos de crédito privado é a possibilidade de diversificar a carteira. Esses fundos geralmente possuem um portfólio composto por diferentes tipos de títulos, setores econômicos e emissores, o que reduz a exposição a um único risco.

Isso é especialmente importante para quem busca segurança relativa sem abrir mão de rentabilidade, já que a diversificação diminui o impacto de uma eventual inadimplência de um emissor específico no desempenho geral do fundo.

Gestão profissional

Outro ponto positivo dos fundos de crédito privado é contar com gestores experientes e especializados. Eles têm acesso a análises aprofundadas, ferramentas e contatos no mercado que facilitam a seleção dos melhores ativos para compor o portfólio. Isso é especialmente vantajoso para investidores que não têm tempo ou conhecimento para fazer uma análise minuciosa por conta própria.

Além disso, os gestores ajustam continuamente a carteira, aproveitando oportunidades e minimizando riscos à medida que o mercado evolui.

Isenção fiscal em alguns ativos

Uma vantagem atrativa dos fundos que investem em CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) é a isenção de imposto de renda sobre os rendimentos desses ativos para pessoas físicas.

Essa característica aumenta a rentabilidade líquida, tornando-os ainda mais competitivos frente a outras opções de renda fixa. Essa vantagem fiscal pode ser decisiva para investidores em busca de otimização tributária, especialmente em um fundo que combine segurança relativa com bons retornos.

Risco de crédito

Apesar dos benefícios, os fundos de crédito privado trazem consigo o risco de crédito, que ocorre quando o emissor dos títulos investidos pelo fundo não consegue honrar suas obrigações. A inadimplência pode levar à perda parcial ou total do valor investido em um ativo, impactando diretamente a rentabilidade do fundo.

Esse risco é maior em emissores de menor qualidade ou em períodos de instabilidade econômica, e por isso é fundamental avaliar o histórico e os ratings de crédito das empresas presentes no portfólio.

Risco de liquidez

Outro desafio desses fundos é o risco de liquidez, que se refere à dificuldade de converter os ativos em dinheiro rapidamente. Muitos títulos de crédito privado não possuem um mercado secundário ativo, o que dificulta a venda antes do vencimento. Em situações de emergência ou crises financeiras, isso pode representar um problema para o investidor, que pode ter dificuldade em resgatar os recursos do fundo no momento desejado.

Volatilidade

A rentabilidade dos fundos de crédito privado pode oscilar de acordo com as condições do mercado e a saúde financeira dos emissores dos títulos. Períodos de crise ou incerteza econômica podem aumentar a volatilidade, impactando negativamente o desempenho do fundo.

Além disso, alterações na percepção de risco do mercado podem influenciar o valor dos ativos de crédito privado, resultando em flutuações no retorno para os investidores.

Taxas de administração

Por fim, as taxas de administração cobradas por algumas gestoras podem ser um fator que reduz os ganhos líquidos. Essas taxas remuneram a expertise dos gestores e a administração do fundo, mas, em alguns casos, podem ser altas o suficiente para comprometer parte da rentabilidade.

É importante comparar diferentes fundos para encontrar aqueles que oferecem uma boa relação entre custos e benefícios, garantindo que a maior parte do retorno gerado seja efetivamente aproveitada pelo investidor.

Leia também: LCI ou CDB: qual a opção mais rentável na Renda Fixa?

Para quem é indicado um fundo de crédito privado?

Os fundos de crédito privado são indicados para investidores que:

  • Já possuem experiência no mercado financeiro e estão confortáveis em assumir riscos moderados.
  • Desejam diversificar a carteira, adicionando ativos com maior potencial de rentabilidade.
  • Podem abrir mão de liquidez imediata, uma vez que os prazos de resgate desses fundos são, em geral, mais longos.
  • Buscam superar os rendimentos da renda fixa tradicional, mesmo assumindo um risco maior.

Para investidores mais conservadores, uma estratégia de investimento interessante pode ser alocar uma pequena parcela da carteira nesse tipo de fundo, equilibrando o risco com outros ativos mais seguros.

O que explica a alta rentabilidade dos fundos de crédito privado?

A alta rentabilidade desses fundos foi influenciada por uma série de fatores no mercado financeiro. Eventos corporativos marcantes, como as situações envolvendo Americanas e Light, levaram muitos investidores a retirarem seus recursos de fundos de crédito privado.

Esse movimento de resgates em massa obrigou os gestores a vender títulos no mercado secundário, ampliando os spreads de crédito e, como consequência, aumentando a rentabilidade desses fundos.

Outro ponto relevante foi uma nova resolução do Conselho Monetário Nacional, introduzida no início de 2024, que restringiu a emissão de títulos com isenção fiscal, como CRIs, CRAs, LCIs e LCAs. Isso gerou uma maior procura por debêntures incentivadas no mercado secundário, promovendo a valorização desses papéis e contribuindo para o fechamento acelerado dos spreads de crédito.

Vale a pena investir em fundos de crédito privado?

Profissional analisando investimentos com pilhas de moedas, calculadora e caderno, representando fundo de crédito privado.

Os fundos de crédito privado são uma alternativa interessante para quem deseja diversificar seus investimentos em renda fixa, oferecendo potencial de rentabilidade superior, mas também implicando em maior exposição a riscos em comparação com ativos mais conservadores.

Esse tipo de investimento pode ser especialmente vantajoso para perfis moderados, que procuram aumentar os retornos da carteira sem recorrer totalmente à renda variável, ou até mesmo para investidores mais arrojados, que podem usá-los como uma forma de balancear o risco e retorno ao lado de ativos da bolsa de valores.

Entretanto, é essencial lembrar que, além dos atrativos de maior rentabilidade, os fundos de crédito privado também envolvem riscos consideráveis, como o de crédito e o de liquidez, que precisam ser avaliados com atenção, sobretudo por investidores mais conservadores.

Se decidir incluir esses fundos na sua estratégia, é importante fazer uma análise criteriosa da gestora responsável, considerando seu histórico e a consistência de seus resultados ao longo do tempo. Assim como em qualquer investimento, há produtos de qualidade variável, e escolher com cuidado faz toda a diferença.

É seguro investir em crédito privado?

Embora o investimento em crédito privado não seja tão seguro quanto o Tesouro Direto, ele pode ser uma opção relativamente segura quando o fundo é bem gerido e diversificado. Para minimizar riscos, prefira fundos geridos por instituições renomadas, com histórico sólido e uma carteira composta por emissores confiáveis.

Além disso, fique atento ao rating de crédito dos ativos, que indica a qualidade do emissor. Títulos com rating elevado têm menor probabilidade de inadimplência, embora também ofereçam retornos mais baixos.

Como escolher um fundo para 2025?

Se você está considerando investir em fundos de crédito privado em 2025, confira algumas dicas para tomar uma decisão de investimento informada:

  1. Avalie o gestor: prefira fundos geridos por profissionais experientes e com histórico de sucesso.
  2. Analise o portfólio: certifique-se de que os ativos sejam diversificados e de qualidade.
  3. Considere as taxas: verifique se as taxas de administração e performance são justas em relação ao retorno esperado.
  4. Confira o prazo de resgate: certifique-se de que o prazo de resgate do fundo está alinhado com seus objetivos financeiros.
  5. Consulte o regulamento: leia atentamente as regras do fundo para entender os riscos e as estratégias.

Perspectivas do fundo de crédito privado para 2025

Em 2025, espera-se uma expansão significativa na emissão de dívidas por pequenas e médias empresas (PMEs) no mercado de crédito privado.

Esses títulos geralmente oferecem taxas de juros bem mais atrativas do que aquelas praticadas por grandes corporações listadas na bolsa, com um aumento de risco que, em alguns casos, é marginal ou até menor, dependendo das garantias apresentadas.

Outro fator que impulsionará esse movimento é a crescente adoção da tokenização no crédito privado, um processo que utiliza a tecnologia blockchain para registrar e negociar títulos de dívida de forma mais segura e eficiente.

Os fundos de crédito privado são uma alternativa interessante para quem deseja diversificar sua carteira e buscar maior rentabilidade na renda fixa. No entanto, eles exigem atenção aos riscos e planejamento cuidadoso. Com as informações corretas e a escolha de um fundo adequado ao seu perfil, esses investimentos podem ser uma adição valiosa à sua estratégia financeira em 2025 e além.

Este conteúdo tem fins informativos e educacionais, não constituindo recomendação de investimento personalizada. Para decisões financeiras, vale consultar um profissional qualificado, como um assessor de investimentos que possa fornecer orientação especializada e personalizada.

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Carolina Gandra

Jornalista e redatora do portal Melhor Investimento.