Onde investir em 2026: setores em alta e setores de maior risco

Onde investir com a Selic 15% e à espera de cortes? Veja os setores com potencial de ganhos em 2026 e os que exigem cautela no ano eleitoral.

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Última atualização:  12 de dez, 2025 às 12:26
onde investir 2026 melhores setores Foto: iStock

A decisão do Copom de manter a Selic em 15% ao ano pela quarta vez consecutiva consolidou o juro no maior nível em duas décadas. O comunicado duro do Banco Central reduziu a expectativa de cortes imediatos e reforçou um ambiente em que a renda fixa continua extremamente atraente.
Especialistas afirmam que o investidor inicia 2026 com otimismo moderado e necessidade de maior seletividade.

O Ibovespa, aos 159 mil pontos, segue distante do recorde histórico e reflete um mercado que reage a dados macroeconômicos e ao clima eleitoral. Para analistas, o ajuste recente abre espaço para alocações graduais, desde que o investidor priorize fundamentos sólidos.

A seguir, os setores que devem liderar oportunidades em 2026 (e os que exigem cuidado).

Onde investir em 2026: setores que oferecem oportunidades

1. Varejo: reprecificação à vista

Analistas destacam o varejo como uma das principais apostas para 2026.
As empresas do setor carregam múltiplos descontados e podem destravar valor quando o ciclo de cortes da Selic finalmente começar.

A melhora do crédito, redução do endividamento das famílias e retomada da confiança devem impulsionar:

  • varejo de consumo discricionário,
  • e-commerce com margens pressionadas,
  • redes voltadas ao público de baixa renda.

“O varejo não acompanhou a alta do Ibovespa e ganha fôlego com juros menores”, afirmou Daniel Zyskowski, da InvestSmart XP, em entrevista ao InfoMoney.

2. Construção Civil: forte alavancagem ao ciclo de crédito

Construtoras de média e baixa renda aparecem entre os destaques.
O setor responde rapidamente ao barateamento do financiamento imobiliário, favorecendo empresas:

  • com projetos em andamento,
  • capital estruturado,
  • e forte geração de caixa.

3. Tecnologia: potencial de reprecificação

Com dinheiro caro, empresas de tecnologia viram suas margens encolherem.
Quando o ciclo de cortes chegar, o setor tende a se beneficiar fortemente, especialmente modelos baseados em:

  • assinaturas,
  • crescimento escalável,
  • forte alavancagem operacional.

Max Bohm, da Nomo, reforça que a Selic mais baixa reduz despesas financeiras, liberando lucro para negócios mais alavancados.

Setores Defensivos para um Cenário de Juros Altos por Mais Tempo

4. Bancos: resiliência e lucro constante

Mesmo com incerteza eleitoral e volatilidade macroeconômica, o setor bancário segue como porto seguro.
Analistas citam:

  • robustez dos balanços,
  • alta geração de caixa,
  • previsibilidade de dividendos.

É uma escolha para quem busca proteção com potencial de valorização moderada.

5. Energia Elétrica: estabilidade e fluxo de caixa

Empresas do setor elétrico sustentam o humor do mercado em momentos de estresse.
A previsibilidade das receitas e os dividendos recorrentes atraem investidores que preferem reduzir risco.

6. Exportadoras: hedge natural em ano eleitoral

Com a volatilidade política aumentando, exportadoras ganham atratividade por sua exposição ao dólar e ao mercado global.

Entre os destaques:

  • papel e celulose,
  • proteínas,
  • mineração.

Esses setores atuam como seguro cambial em momentos de turbulência doméstica.

Onde não investir em 2026

7. Empresas altamente alavancadas

Com a Selic a 15%, companhias muito endividadas sofrem pressões severas sobre:

  • margens,
  • fluxo de caixa,
  • capacidade de rolagem da dívida.

São negócios que dependem de crédito imediato e ficam vulneráveis a qualquer ruído fiscal ou político.

8. Papéis que subiram sem gatilhos operacionais

Especialistas recomendam cautela com empresas que se valorizaram apenas por movimento especulativo, sem melhora consistente nos fundamentos.

“Qualquer otimismo precisa estar respaldado por números, não por expectativa”, alerta Mario Mariante, da Planner Investimentos.

9. Estatais sob influência do ciclo eleitoral

Com as eleições de 2026 no horizonte, o risco político cresce.
Zyskowski recomenda atenção redobrada nas estatais que podem sofrer interferências ou sofrer volatilidade por declarações de candidatos.

Estratégia para o investidor em 2026

A combinação de juros elevados, correções recentes e incerteza sobre o início dos cortes exige:

  • entradas graduais,
  • carteira diversificada,
  • foco em balanços robustos,
  • e monitoramento do cenário político.

O investidor deve equilibrar setores cíclicos, que oferecem grande upside no início do ciclo de afrouxamento, com setores defensivos, que protegem o portfólio enquanto a Selic permanece no pico.

Com informações de Leonardo Guimarães / InfoMoney

Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.