Selic fica em 15% e Copom reforça aperto monetário
O Banco Central apontou incertezas externas, moderação da atividade econômica e resiliência do mercado de trabalho como fatores determinantes.
Foto: Rafa Neddermeyer/Agencia Brasil
O Copom mantém a Selic em 15% ao ano pela quarta reunião consecutiva, em encontro realizado nesta quarta-feira (10), em Brasília. A decisão, unânime entre os membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central, confirma a expectativa do mercado financeiro, que já projetava a continuidade do aperto monetário diante das pressões inflacionárias persistentes. A manutenção da taxa ocorre em um momento em que a economia brasileira dá sinais de moderação, enquanto o ambiente externo segue incerto e contribui para a necessidade de uma política monetária mais rígida.
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Justificativas do Banco Central
O Banco Central explicou que o ambiente internacional segue marcado pela incerteza econômica nos Estados Unidos, com efeitos diretos sobre as condições financeiras globais. A possibilidade de um atraso na flexibilização dos juros norte-americanos e oscilações nos mercados de renda fixa e câmbio ampliam a necessidade de prudência por parte das autoridades monetárias brasileiras.
No cenário interno, o BC avalia que há uma moderação no crescimento da atividade econômica, acompanhada de um mercado de trabalho ainda resiliente. Esses fatores, combinados, contribuem para manter pressões sobre a inflação, especialmente nos preços de serviços.
O comunicado reforça que a convergência da inflação para a meta exige postura firme, justamente porque as expectativas futuras seguem elevadas.
Expectativas de inflação seguem pressionadas
De acordo com o Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, as projeções de inflação continuam acima do centro da meta perseguida pela autoridade monetária.
- Para 2025, a inflação esperada está em 4,4%.
- Para 2026, a projeção atual é de 4,2%.
Ambos os índices ultrapassam o objetivo central das metas de inflação, o que reforça a percepção de que o processo de desancoragem das expectativas ainda é relevante.
Contexto econômico e análise do ciclo monetário
A decisão de manter a Selic no patamar atual ocorre em meio a uma combinação de fatores que continuam preocupando a autoridade monetária. O BC destaca:
- Projeções de inflação persistentes e acima da meta
- Atividade econômica mais forte do que o esperado em setores específicos
- Mercado de trabalho aquecido, sustentando a renda e o consumo
- Pressões salariais, que dificultam a desaceleração da inflação de serviços
Na avaliação do Comitê, esse conjunto de elementos torna necessário prolongar a estratégia de combate à inflação por meio de juros elevados. O Copom mantém a avaliação de que cortar os juros prematuramente poderia comprometer a credibilidade do processo de desinflação.
Histórico recente do aperto monetário
O ciclo atual de alta da Selic teve início em setembro de 2024, quando o Banco Central elevou a taxa de 10,50% para 10,75% ao ano. A partir daí, as sucessivas reuniões mantiveram o ritmo de aperto:
- Novembro de 2024: Selic sobe para 11,25%
- Dezembro de 2024: taxa encerra o ano em 12,25%, com novas altas contratadas
- Janeiro de 2025: Selic vai a 13,25%
- Março de 2025: juros sobem para 14,25%
- Maio de 2025: taxa atinge 14,75%
- Junho de 2025: ocorre o ajuste final para 15%, mantido agora novamente
Esse movimento reflete uma resposta direta ao avanço da atividade econômica acima do esperado e à necessidade de conter pressões inflacionárias disseminadas.
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