Selic fica em 15% e Copom reforça aperto monetário

O Banco Central apontou incertezas externas, moderação da atividade econômica e resiliência do mercado de trabalho como fatores determinantes.

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10 de dez, 2025 às 18:51
Prédio Banco Central Foto: Rafa Neddermeyer/Agencia Brasil

O Copom mantém a Selic em 15% ao ano pela quarta reunião consecutiva, em encontro realizado nesta quarta-feira (10), em Brasília. A decisão, unânime entre os membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central, confirma a expectativa do mercado financeiro, que já projetava a continuidade do aperto monetário diante das pressões inflacionárias persistentes. A manutenção da taxa ocorre em um momento em que a economia brasileira dá sinais de moderação, enquanto o ambiente externo segue incerto e contribui para a necessidade de uma política monetária mais rígida.

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Justificativas do Banco Central

O Banco Central explicou que o ambiente internacional segue marcado pela incerteza econômica nos Estados Unidos, com efeitos diretos sobre as condições financeiras globais. A possibilidade de um atraso na flexibilização dos juros norte-americanos e oscilações nos mercados de renda fixa e câmbio ampliam a necessidade de prudência por parte das autoridades monetárias brasileiras.

No cenário interno, o BC avalia que há uma moderação no crescimento da atividade econômica, acompanhada de um mercado de trabalho ainda resiliente. Esses fatores, combinados, contribuem para manter pressões sobre a inflação, especialmente nos preços de serviços.

O comunicado reforça que a convergência da inflação para a meta exige postura firme, justamente porque as expectativas futuras seguem elevadas.

Expectativas de inflação seguem pressionadas

De acordo com o Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, as projeções de inflação continuam acima do centro da meta perseguida pela autoridade monetária.

  • Para 2025, a inflação esperada está em 4,4%.
  • Para 2026, a projeção atual é de 4,2%.

Ambos os índices ultrapassam o objetivo central das metas de inflação, o que reforça a percepção de que o processo de desancoragem das expectativas ainda é relevante.

Contexto econômico e análise do ciclo monetário

A decisão de manter a Selic no patamar atual ocorre em meio a uma combinação de fatores que continuam preocupando a autoridade monetária. O BC destaca:

  • Projeções de inflação persistentes e acima da meta
  • Atividade econômica mais forte do que o esperado em setores específicos
  • Mercado de trabalho aquecido, sustentando a renda e o consumo
  • Pressões salariais, que dificultam a desaceleração da inflação de serviços

Na avaliação do Comitê, esse conjunto de elementos torna necessário prolongar a estratégia de combate à inflação por meio de juros elevados. O Copom mantém a avaliação de que cortar os juros prematuramente poderia comprometer a credibilidade do processo de desinflação.

Histórico recente do aperto monetário

O ciclo atual de alta da Selic teve início em setembro de 2024, quando o Banco Central elevou a taxa de 10,50% para 10,75% ao ano. A partir daí, as sucessivas reuniões mantiveram o ritmo de aperto:

  • Novembro de 2024: Selic sobe para 11,25%
  • Dezembro de 2024: taxa encerra o ano em 12,25%, com novas altas contratadas
  • Janeiro de 2025: Selic vai a 13,25%
  • Março de 2025: juros sobem para 14,25%
  • Maio de 2025: taxa atinge 14,75%
  • Junho de 2025: ocorre o ajuste final para 15%, mantido agora novamente

Esse movimento reflete uma resposta direta ao avanço da atividade econômica acima do esperado e à necessidade de conter pressões inflacionárias disseminadas.

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