Lula avalia veto à anistia e à mudança na dosimetria que pode beneficiar Bolsonaro e réus de 8/1

Governo vê riscos jurídicos e políticos na proposta de Dosimetria aprovada pela Câmara. Saiba mais no Melhor Investimento

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Última atualização:  10 de dez, 2025 às 15:50
Lula deve vetar dosimetria à Bolsonaro VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmam que a tendência é vetar integralmente o projeto aprovado pela Câmara que altera regras de dosimetria e concede benefícios a condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro; entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O texto abre brechas para redução de penas, progressão acelerada de regime e até anistia indireta, o que reacendeu debates sobre flexibilização da dosimetria no sistema penal.

Lula não cita projeto, mas indica desconforto

Durante evento no Palácio do Planalto, Lula evitou mencionar diretamente o projeto, mas sinalizou incômodo:

“Essa desavença da Câmara é própria da democracia. Este país está mudando para melhor”, afirmou, após tumulto na votação que levou à retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).

A fala foi interpretada internamente como uma crítica velada ao avanço da proposta que mexe na dosimetria penal e impacta processos sensíveis no STF.

Gleisi cobra explicações de aliados que votaram a favor

Na manhã desta quarta-feira (10), a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) procurou lideranças partidárias para entender por que parlamentares governistas apoiaram o texto.

Ela relembrou que Lula já havia se manifestado contra qualquer projeto que alterasse a dosimetria de penas ou oferecesse anistia a investigados pelos atos golpistas.

PT reforça oposição à mudança na dosimetria

Desde setembro, o PT mantém posição firme: não apoiar qualquer flexibilização da dosimetria que possa interferir nos processos conduzidos pelo STF.

Gleisi já havia declarado que a redução de penas ou anistia não faria sentido enquanto as condenações seguem em andamento dentro das regras processuais.

Projeto afeta não só réus de 8/1

Estudos técnicos apresentados por três partidos mostram que o texto vai além dos envolvidos em 8 de janeiro.
A mudança na dosimetria pode beneficiar também condenados por crimes como:

  • coação no curso do processo,
  • incêndio doloso,
  • resistência contra agentes públicos,
    entre outros.

A possibilidade de progressão mais rápida de regime preocupa setores do governo.

Aliados pedem cautela: STF e Senado entram no cálculo

Apesar da inclinação inicial de Lula pelo veto integral, auxiliares recomendam prudência. Parte do governo defende aguardar uma manifestação do STF, já que a articulação política que levou à aprovação do projeto teve aval de alguns ministros da Corte.

Outro fator é o cenário no Senado. Lula tenta manter a boa relação com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), enquanto avança a negociação para indicar Jorge Messias ao Supremo.

Planalto avalia impacto político e jurídico

O governo teme que sancionar o projeto fragilize a resposta institucional aos atos golpistas e gere um precedente que amplie a flexibilização da dosimetria penal em outros crimes.

Por outro lado, há preocupação com possíveis desgastes com o Congresso, onde o Executivo tem acumulado vitórias recentes.

A decisão final deve equilibrar cálculo político, segurança jurídica e o compromisso do governo com o enfrentamento aos ataques de 8 de janeiro.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.