Cade aprova fusão de Petz e Cobasi com restrições e exige venda de lojas
O Cade aprovou a fusão de Petz e Cobasi com restrições após longa análise que identificou risco de concentração e possível aumento de preços no mercado pet.
O Cade aprovou a fusão de Petz e Cobasi com restrições nesta quarta-feira (10), após quase um ano de análise da operação que une as duas maiores redes de pet shops do Brasil. A decisão foi tomada em sessão do tribunal em Brasília e impõe uma série de medidas para evitar concentração excessiva no mercado, incluindo a venda de 26 lojas no estado de São Paulo. O objetivo é garantir que a união, que cria um grupo com faturamento combinado de cerca de R$ 7 bilhões, não prejudique consumidores nem elimine competidores em um setor que movimenta R$ 80 bilhões por ano no país.
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A aprovação da fusão entre Petz e Cobasi ocorreu com restrições porque análises técnicas apontaram risco de aumento de preços e redução da concorrência. Segundo estudo da Diretoria de Estudos Econômicos do Cade, a operação, se aprovada sem medidas corretivas, poderia gerar alta de até 15% nos preços de produtos para animais de estimação. O diagnóstico considerou que, em diversas cidades, as duas empresas juntas poderiam deter grande parte do mercado, dificultando a sobrevivência de lojas menores.
As investigações iniciais mostraram que a concentração poderia ultrapassar 40% em 173 localidades onde ambas atuam. Após discussões e ajustes no desenho da operação, esse número foi reduzido para cerca de 100 regiões consideradas sensíveis. Para mitigar esses riscos, o Cade exigiu o desinvestimento de unidades e estabeleceu compromissos comportamentais, cujo conteúdo não foi detalhado publicamente.
Fusão de Petz e Cobasi: impactos no mercado pet
A fusão de Petz e Cobasi, aprovada sob condições, consolida a presença das duas marcas em um dos segmentos que mais crescem no varejo brasileiro. Com o aumento dos gastos com animais de estimação ao longo dos últimos anos, principalmente durante a pandemia, as redes expandiram operações e modelos de loja, oferecendo desde produtos básicos a serviços como banho, tosa, consultas veterinárias e centros de adoção.
Somadas, Petz e Cobasi já representam cerca de 40% do mercado nacional. A nova companhia nasce com mais de 500 pontos de venda distribuídos por cerca de 40 cidades. O Cade avaliou que, sem a venda de lojas, regiões inteiras poderiam ficar praticamente sob controle exclusivo das duas marcas, criando barreiras à entrada de novos concorrentes.
Entenda o acordo imposto pelo Cade
O Acordo em Controle de Concentração (ACC) determina que Petz e Cobasi se desfaçam de 26 lojas localizadas em São Paulo, o principal estado para ambas as redes. Essas unidades representam aproximadamente 3,3% do faturamento combinado registrado nos 12 meses encerrados em setembro. Além disso, o acordo prevê obrigações comportamentais envolvendo práticas competitivas, embora o conteúdo dessas ações não tenha sido divulgado.
A operação havia sido inicialmente aprovada sem restrições pela Superintendência-Geral do Cade em junho. Porém, após recurso e reclamações formais da concorrente Petlove, o caso foi avocado por um conselheiro do tribunal, levando à revisão e imposição de condicionantes.
Como fica a distribuição acionária da nova companhia
O acordo firmado pelas empresas estabelece que os acionistas da Cobasi ficarão com 47,4% da empresa combinada, enquanto os acionistas da Petz deterão 52,6%. Também há previsão de pagamento adicional em dinheiro e distribuição de dividendos. A economia esperada com sinergias operacionais é estimada em R$ 330 milhões.
Fundada em 1983, a Cobasi foi pioneira no modelo de megalojas voltadas para o público pet. Já a Petz, criada em 2002, passou por forte expansão após ser adquirida pelo fundo Warburg Pincus em 2013, culminando no IPO de 2020.
Reação do mercado financeiro
As ações da Petz (PETZ3) já refletiam expectativas positivas desde o anúncio da proposta de fusão, em abril de 2024, quando subiram 37% em um único dia. O papel chegou a R$ 5,85 em novembro, mas encerrou a sessão anterior à decisão do Cade cotado a R$ 4,17. Analistas avaliam que as restrições devem impactar menos o resultado financeiro do que uma eventual reprovação da operação.
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