O Comitê de Política Monetária (Copom) demonstra cautela ao avaliar o cenário econômico brasileiro, sinalizando que a Selic deve permanecer estável em 15% até, pelo menos, o primeiro semestre de 2026. A análise é de Alberto Ramos, chefe de economia para a América Latina do Goldman Sachs, que ressalta a importância de manter a política monetária firme enquanto a inflação ainda não converge para a meta estabelecida.

Selic deve permanecer estável por longo período

Segundo Ramos, a decisão do Copom reflete uma combinação de paciência e vigilância. Embora a ata da reunião mais recente, divulgada nesta terça-feira (23), tenha apresentado um tom menos duro que comunicados anteriores, o Banco Central reforçou que os juros devem seguir em patamar elevado por um período prolongado. Essa postura visa garantir que a inflação retorne à meta, mantendo a credibilidade da política monetária e evitando pressões desnecessárias no mercado financeiro.

A avaliação do Goldman Sachs aponta que, apesar de alguns sinais positivos, o cenário econômico brasileiro ainda exige prudência. O Copom considera que é cedo para qualquer mudança nos juros, mesmo diante de quedas recentes nas expectativas inflacionárias e de resultados mais favoráveis em setores específicos da economia.

Cenário econômico mostra sinais mistos

O Banco Central observa que a política monetária está gerando efeitos esperados, mas de forma gradual. Setores mais sensíveis ao crédito têm apresentado moderação, enquanto áreas ligadas ao mercado de trabalho e à renda permanecem resilientes. Além disso, riscos fiscais e de crédito são monitorados, mas ainda não provocaram desvios significativos no cenário base.

Essa análise detalha que o impacto das altas da Selic já está sendo sentido na economia, sobretudo em segmentos que dependem diretamente de financiamentos e condições de crédito mais restritivas. Entretanto, setores mais estruturados e ligados à renda do trabalhador brasileiro mantêm desempenho consistente, evidenciando que a economia ainda não desacelerou de forma generalizada.

Inflação ainda acima da meta

Apesar de alguns sinais positivos, o Copom enfatiza que a inflação continua desancorada e acima da meta, justificando a manutenção de uma política monetária restritiva. O Comitê reconhece que o quadro econômico ainda não é confortável, sendo necessário avaliar os impactos já acumulados das altas de juros antes de qualquer mudança.

O Goldman Sachs reforça que a Selic elevada atua como instrumento principal para conter pressões inflacionárias, especialmente em segmentos como serviços, que apresentam maior persistência nos aumentos de preços. Essa estratégia é fundamental para assegurar que a inflação de médio prazo volte a se alinhar à meta estabelecida pelo Banco Central.

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