Poupança ou CDB? Veja a melhor opção para investir
Para investidores que estão começando a poupar e buscam rentabilidade, a escolha do melhor investimento pode ser bastante confusa, especialmente ao comparar poupança e CDB. Surge então a dúvida: permanecer na caderneta ou explorar outras opções de renda fixa para uma alocação mais eficiente dos recursos?
Essa é uma dúvida comum entre investidores brasileiros, já que ambos os instrumentos financeiros são populares e oferecem segurança e liquidez. No entanto, por terem características e rendimentos distintos, é fundamental entender melhor cada um para tomar a decisão mais adequada.
Com isso em mente, neste artigo, o Melhor Investimento destaca as principais diferenças entre esses produtos, explorando as características, vantagens e desvantagens de cada um.
Investimento em poupança
A poupança é um dos instrumentos financeiros mais antigos e populares no Brasil. Criada ainda no século XlX durante o império de Dom Pedro II, a caderneta de poupança tinha como objetivo incentivar a população a economizar e garantir um futuro financeiro mais seguro.
Os primórdios da poupança no Brasil estão intrinsecamente ligados à criação da Caixa Econômica Federal. O Decreto n.º 2.273 de 1860, além de instituir a Caixa, delineou os primeiros contornos jurídicos para os depósitos de poupança no país.
Inicialmente, a poupança oferecia uma rentabilidade de 6% ao ano, garantida pelo Tesouro Imperial. Ao longo dos anos, a poupança se consolidou como uma das principais formas de investimento dos brasileiros.
Na década de 1980, marcada pela alta inflação, a caderneta de poupança se destacou como uma das poucas opções para os investidores protegerem seu dinheiro contra a desvalorização. No entanto, com a estabilização da economia e a queda das taxas de juros a partir dos anos 2000, a rentabilidade da poupança tornou-se cada vez menos atrativa.
Funcionamento da poupança.
A poupança é uma aplicação de renda fixa simples e acessível. Qualquer pessoa pode abrir uma conta poupança em um banco de sua preferência, sem a necessidade de um valor mínimo para depósito.
Em termos simples, a poupança funciona como uma reserva financeira, um cofrinho seguro, com rentabilidade pré-determinada, para guardar dinheiro e utilizá-lo quando precisar, sendo seu rendimento indexado à taxa Selic.
Rentabilidade
A Taxa Selic e a Taxa Referencial (TR) são as principais variáveis que determinam a rentabilidade da poupança.
- Taxa Selic: taxa básica de juros da economia, definida pelo Banco Central. Em suma, ela serve como referência para os juros praticados no mercado.
- Taxa Referencial (TR): índice utilizado para corrigir o valor de diversos contratos e aplicações financeiras, a exemplo do FGTS e da própria poupança.
A dinâmica entre essas taxas e o rendimento da aplicação na caderneta é a seguinte:
- Selic igual ou abaixo de 8,5% ao ano: a poupança rende 70% da Selic mais a variação da TR. Neste cenário, a Selic tem um impacto direto na rentabilidade da poupança.
- Selic acima de 8,5% ao ano: a poupança rende 0,5% ao mês mais a variação da TR. Neste caso, a Selic não influencia diretamente o rendimento da poupança. O que importa é a variação da TR, que acompanha a inflação.
Mensalmente, a poupança rende juros sobre o valor aplicado, com os rendimentos creditados na mesma data em que o valor foi aplicado inicialmente.
Principais vantagens e desvantagens da poupança
A caderneta de poupança possui tanto prós quanto contras, que inclusive podem variar a depender do perfil do investidor, assim como em qualquer alocação financeira. De todo modo, do ponto de vista geral, podem-se destacar as seguintes vantagens e desvantagens:
Vantagens | Desvantagens |
Considerado seguro por fornecer proteção pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até R$ 250 mil por CPF | Oferece menor retorno comparado a outros investimentos de renda fixa |
É uma aplicação simples e acessível | Pode não ser o instrumento ideal para proteger o poder de compra em cenários de alta inflação. |
O investimento é isento de Imposto de Renda e IOF para pessoas físicas. | Rendimentos creditados apenas na data de aniversário do depósito, o que pode ser desvantajoso para resgates antecipados. |
Investimento em CDB
Embora não seja tão antigo quanto a poupança, o CDB (Certificado de Depósito Bancário) representa um dos produtos financeiros mais tradicionais do mercado brasileiro. Atualmente, o título de renda fixa é o queridinho dos investidores brasileiros.
O CDB foi regulamentado pelo artigo 30 da Lei n.º 4.728, de 14 de julho de 1965, mais conhecida como Lei do Mercado de Capitais. Durante as décadas de 1970 e 1980, com a expansão do sistema bancário e a crescente demanda por captação de recursos, o CDB começou a se popularizar entre os investidores individuais.
No entanto, foi durante os anos 90 que a popularização do CDB se intensificou, especialmente após a criação do FGC em 1995. Essa garantia aumentou a confiança dos investidores e tornou o CDB uma opção atraente para aqueles que buscavam segurança e rentabilidade em seus investimentos.
Nos anos 2000, com a estabilização econômica e a queda das taxas de inflação, o CDB se consolidou como uma das principais opções de investimento de renda fixa no Brasil.
Funcionamento do Certificado de Depósito Bancário
O CDB funciona basicamente como um empréstimo do investidor para a instituição financeira, onde este empresta seu dinheiro por um determinado prazo em troca de uma remuneração pré-acordada. Os bancos podem utilizar os recursos depositados pelos investidores, seja à vista ou a prazo, em empréstimos, financiamentos, entre outras finalidades.
Nessa dinâmica, o CDB é um título de crédito emitido por bancos, que representa uma dívida da instituição financeira para com o investidor. Ao adquirir um CDB, o investidor se torna um credor do banco, com direito a receber o valor aplicado mais os juros acordados.
Tipos de CDB: Rentabilidade
Sabendo que o montante retornará com uma taxa de juros, agora é importante entender como será definida essa taxa. Este aspecto é basicamente definido pelo tipo de CDB contratado. Vamos explorar os detalhes:
- Prefixado: a rentabilidade é definida no momento da aplicação e permanece fixa até o vencimento. Isso significa que você sabe exatamente quanto receberá ao final do período de investimento. Portanto, sua rentabilidade não depende de indicadores como Selic ou inflação.
- Pós-fixado: tem sua rentabilidade atrelada a um índice de referência, geralmente o CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Isso significa que os juros podem variar ao longo do tempo, uma vez que o rendimento acompanha o referencial. Trata-se da modalidade mais comum, referente àquelas ofertas com rendimentos de 100% ou mais do CDI;
- Híbrido: combina características dos dois tipos anteriores. Ele costuma oferecer uma rentabilidade que acompanha as variações do índice que mede a inflação, o IPCA. Dessa forma, o investimento terá a parte prefixada, uma segurança mínima de retorno, enquanto a parte atrelada à inflação (pós-fixada) ajusta o rendimento conforme o aumento dos preços.
Vantagens e desvantagens do CDB
Vantagens | Desvantagens |
Assim como a poupança possui a Garantia do FGC | Possibilidades de perdas em resgates antecipados |
Rentabilidade superior à poupança | Sujeito à tributação do Imposto de Renda. |
Oferece diferentes modalidades de investimento | Possibilidade de liquidez limitada. Nem todos os CDBs oferecem liquidez diária |
O que rende mais CDB ou Poupança?
De maneira geral, o CDB oferece uma rentabilidade superior à da poupança. A rentabilidade da poupança está atrelada à TR e à SELIC, e quando a SELIC está acima de 8,5% ao ano, ela rende 70% dessa taxa.
Em contraste, o CDB pós-fixado (mais comum) costuma render cerca de 100% do CDI ou até mais. Portanto, mesmo considerando o imposto de renda sobre o CDB, este tende a oferecer retornos maiores do que a caderneta de poupança na grande maioria dos casos.
Comparação de rentabilidade
Para ilustrar melhor, vamos considerar um exemplo. Supondo um CDI de 10,40% e um prazo de 12 meses de investimento, veja a seguir dois cenários hipotéticos de retorno do CDB e da poupança, mediante a uma aplicação de R$ 1.000.
CDB 100% do CDI
- Rendimento líquido: R$ 1.085,80.
- Retorno: R$ 85,80.
Poupança
- Rendimento líquido: R$ 1.070,74.
- Retorno: R$ 70,74.
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Liquidez e prazos de investimento
A poupança oferece liquidez diária, ou seja, permite que o investidor resgate seu dinheiro quando precisar, sem restrições de prazo ou cobrança de taxas. Neste caso, não haverá prazos mínimos ou máximos para aplicação.
Quanto ao CDB, a liquidez varia de acordo com o tipo de investimento escolhido. É possível optar pela liquidez diária, alternativa em que o investidor pode resgatar o dinheiro, geralmente em até um dia útil após a solicitação. Em geral, essa opção é ideal para quem busca flexibilidade e pode precisar do capital no curto prazo.
Também pode-se escolher a liquidez no vencimento, que permite o resgate apenas na data de vencimento do CDB. Embora essa modalidade exija que o dinheiro permaneça investido por um período fixo, ela geralmente oferece taxas de retorno mais atraentes.
Cabe acrescentar que os prazos de investimento dos CDBs são variados e podem atender a diferentes objetivos financeiros. No curto e médio prazo, encontram-se contratos de 1 dia a 1 ano, já no longo prazo, pode variar de 2 a 5 anos ou mais. Neste último caso, é possível encontrar ofertas com rendimentos de até 150% do CDI.
Implicações fiscais: Poupança vs CDB
Do ponto de vista tributário, a poupança leva vantagem. Isto porque ela é isenta de Imposto de Renda e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para pessoas físicas. Isso significa que todo o rendimento obtido é líquido, sem qualquer desconto.
Já no caso do CDB, os rendimentos estão sujeitos à cobrança de Imposto de Renda, cuja alíquota varia conforme o prazo de aplicação, seguindo uma tabela regressiva. Confira:
Alíquota | Prazo |
22,5% | até 180 dias |
20,0% | de 180 a 360 dias |
17,5% | de 361 a 720 dias |
15,0% | acima de 720 dias |
Perfis de Investidores para Poupança e CDB
Embora a poupança e o CDB apresentem características distintas, ambos são produtos de renda fixa, com proteção do FGC. Portanto, estamos falando de investimentos que envolvem menos riscos, quando comparados a outras opções do mercado de renda variável, como ações e fundos imobiliários.
Por essa razão, esses instrumentos financeiros são frequentemente escolhidos por investidores com perfil mais conservador ou moderado. Em outras palavras, costumam ser recomendados para aqueles que priorizam a segurança do capital e preferem investimentos com baixo risco, ou que buscam um equilíbrio entre segurança e rentabilidade.
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Qual é a melhor opção para investir?
Dentro do perfil mais conservador de investimentos, é possível distinguir diferentes tipos de investidores. Pode-se dizer que a poupança é mais voltada para quem busca uma opção tradicional, com liquidez diária e isenção de impostos. Em contraste com a poupança, o CDB é direcionado para quem anseia por uma maior personalização e retornos mais atrativos que os da caderneta.
Grande parte dos especialistas costuma recomendar o CDB em detrimento à poupança. Dentre os pontos elencados pelos profissionais, a rentabilidade se destaca como ponto-chave, uma vez que mesmo após o desconto do IR, o CDB costuma oferecer retornos maiores.
De todo modo, assim como em qualquer caso de aplicação financeira, a escolha depende do perfil do investidor, ou seja, trata-se de uma decisão individualizada que deve considerar, além do rendimento, fatores como tributação, liquidez, objetivos financeiros e horizonte de tempo.
*Este artigo tem viés informativo e de auxílio na tomada de decisão. Portanto, em caso de dúvidas, não hesite em consultar um profissional financeiro.