A B3, bolsa de valores brasileira, lançou nesta quinta-feira (16) o primeiro índice voltado exclusivamente para títulos públicos federais. Chamado de Índice Tesouro Selic B3 (TSLC), o novo indicador promete oferecer uma referência precisa e atualizada para investidores acompanharem o desempenho das LFTs (Letras Financeiras do Tesouro): papéis pós-fixados atrelados à taxa Selic.

O lançamento ocorreu na sede da B3, em São Paulo, e marca um avanço inédito na estruturação do mercado de renda fixa brasileiro, segundo a própria Bolsa. O TSLC é o 11º índice criado pela B3 em 2025 e o primeiro a refletir diretamente o comportamento dos títulos públicos negociados no mercado secundário.

Como funciona o Índice Tesouro Selic B3

De acordo com a metodologia divulgada pela B3, o TSLC considera apenas LFTs que:

  • tenham sido emitidas há pelo menos dois meses;
  • apresentem prazo de vencimento igual ou superior a 12 meses;
  • estejam entre os 75% mais negociados no mercado secundário nos últimos três meses.

A ponderação dos títulos é feita de forma mista: 50% pelo valor de mercado e 50% pela liquidez do ativo. Já o rebalanceamento ocorre trimestralmente, no quinto dia útil de janeiro, abril, julho e outubro.

Essas regras visam garantir maior aderência à dinâmica real dos títulos públicos, além de reduzir o custo de replicação para os gestores.

“O TSLC proporciona uma melhor replicação com menor turnover, o que se traduz em produtos mais eficientes e acessíveis para o investidor final”, explicou a B3 em nota.

Especialistas destacam marco para o mercado de renda fixa

Para Rafael Bellas, coordenador de produtos na InvestSmart XP, o novo índice representa um divisor de águas para o investidor de renda fixa.

“O lançamento do TSLC é um marco para o mercado brasileiro, ao estabelecer um benchmark oficial para investimentos pós-fixados à Selic. Até hoje, não havia um índice padronizado que refletisse o desempenho dos títulos públicos federais, mesmo sendo este o maior mercado de renda fixa do país”, afirma Bellas.

Segundo ele, o movimento da B3 deve impulsionar o crescimento dos ETFs de renda fixa, oferecendo exposição direta ao Tesouro Selic com liquidez de bolsa, cotação em tempo real e taxas reduzidas.

“Essa estrutura democratiza o acesso ao Tesouro Direto, permitindo aplicações de qualquer valor e maior diversificação de carteiras”, completa.

Impactos esperados no mercado

Em um cenário de juros em trajetória de queda, o novo índice chega em momento estratégico. Especialistas apontam que a padronização do desempenho das LFTs deve fortalecer o papel da Selic como referência central de precificação e política monetária, além de aumentar a transparência das curvas de juros.

Com o Índice Tesouro Selic B3, gestores e investidores terão um termômetro claro da renda fixa pós-fixada, favorecendo uma precificação mais eficiente e maior liquidez no mercado secundário — até então dominado por instituições financeiras.

“O TSLC contribui para elevar a maturidade do mercado de capitais brasileiro e aproxima o investidor das práticas internacionais de precificação de renda fixa”, conclui Bellas.

Resumo do Índice Tesouro Selic B3 (TSLC)

CritérioDescrição
Tipo de ativoLetras Financeiras do Tesouro (LFTs)
Emissão mínimaHá pelo menos 2 meses
Prazo de vencimentoIgual ou superior a 12 meses
Seleção75% mais líquidos do mercado secundário
Ponderação50% valor de mercado + 50% liquidez
RebalanceamentoTrimestral (jan, abr, jul, out)
SiglaTSLC
ObjetivoRefletir o desempenho dos títulos pós-fixados à Selic

Com o lançamento do Índice Tesouro Selic B3, o investidor brasileiro ganha uma ferramenta inédita para monitorar o desempenho dos títulos públicos. Além de servir como referência para fundos e ETFs, o TSLC reforça a integração entre renda fixa e renda variável, consolidando o papel da B3 como plataforma central do mercado de capitais nacional.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.