Pode colocar Sam Altman na prateleira ao lado de outros gigantes do Vale do Silício, mas sua relevância vai além do desenvolvimento tecnológico. Enquanto CEO da OpenAI — empresa por trás do ChatGPT — é evidente que o empresário norte-americano tem um papel proeminente na revolução da Inteligência Artificial (IA). Mas a história não para por aí. 

O que muitos podem não saber é que a verdadeira fonte de sua fortuna e poder reside em ser um investidor de peso, sendo ele uma das maiores referências do ecossistema de startups. Continue acompanhando, e saiba mais sobre sua trajetória, carreira e estratégias. 

Quem é Sam Altman?

Empreendedor, investidor e empresário, Sam Altman é mais conhecido por ser cofundador da OpenAI, empresa dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de inteligência artificial. Mas sua trajetória de sucesso começou bem antes de a inteligência artificial virar o assunto do momento.

Ele foi presidente da Y Combinator, uma das mais prestigiadas aceleradoras do Vale do Silício, onde moldou o caminho de centenas de startups. No mundo dos investimentos, Altman é um veterano. Ele já aplicou em mais de 400 empresas, com apostas estratégicas em gigantes como Reddit, Airbnb e Uber, que hoje lhe rendem bilhões. 

Ele também fundou sua própria firma de capital de risco, a Hydrazine Capital, e o fundo de investimento Apollo Project. No entanto, pode-se dizer que sua maior realização está ligada às apostas visionárias na revolução tecnológica impulsionada pela inteligência artificial. 

É um dos criadores da empresa que se consolidou como uma das maiores referências do setor, responsável por projetos de grande impacto — entre eles, o ChatGPT, modelo de linguagem que se tornou um fenômeno global. “Eu acredito que a AGI será a tecnologia mais poderosa que a humanidade já inventou”, declarou à Time em 2023.

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Origem, formação e tecnologia

Samuel Harris Altman, ou apenas Sam Altman, nasceu em 1985 em Chicago, Illinois nos Estados Unidos. Ele cresceu principalmente em St. Louis, após sua família se mudar para lá durante sua infância. 

O mais velho de quatro filhos possui uma relação com a tecnologia que remonta aos primeiros anos de sua vida. Aos 8 anos, ao ganhar seu primeiro computador — um Macintosh, da Apple —, começou a programar e a desmontar o aparelho para compreender seu funcionamento.

“Era como os dias de glória da computação: você podia fazer imediatamente tudo o que queria no computador, e era muito fácil aprender a programar; era simplesmente divertido e emocionante”, disse Altman ao site Stratechery. […] Eu sempre fui um nerd maluco, tipo nerd maluco no sentido completo: só ciência, matemática, computadores, ficção científica e tudo mais desse tipo de coisa”, complementou. 

O interesse crescente pela programação o levou a ingressar na Universidade de Stanford para estudar ciência da computação. No entanto, assim como outros nomes de destaque do Vale do Silício, decidiu abandonar o curso para se dedicar ao próprio empreendimento.

O primeiro projeto de Sam Altman

Quando ainda tinha 19 anos, em 2005, Sam Altman fez algo que já havia sido visto em histórias como a do criador do Facebook Mark Zuckerberg. Deixou Stanford, após dois anos de estudo, para se dedicar integralmente a um empreendimento tecnológico. 

Naquela época, Altman concentrou todos os esforços na Loopt, uma das primeiras redes sociais baseadas em geolocalização, que permitia aos usuários compartilhar sua localização com amigos em tempo real.

Mais tarde, ele afirmou que considerou os riscos de abandonar a faculdade — sabendo que sempre poderia retornar — compensados pelas possíveis recompensas de seguir um caminho fora da carreira tradicional. “Em um mundo que hoje é muito dinâmico, o verdadeiro risco é não tentar as coisas que podem realmente dar certo”, disse ele.

A plataforma alcançou sucesso inicial, mas, com o tempo, não conseguiu sustentar uma base sólida de usuários. Eventualmente, Altman vendeu o Loopt para a empresa financeira Green Dot em 2012, por US$ 43,4 milhões.

Sócio na Y Combinator

Em 2011, Altman tornou-se sócio da Y Combinator, uma potência entre aceleradoras de startups de tecnologia e firmas de capital de risco, fundada em março de 2005 por Paul Graham, Jessica Livingston, Robert Tappan Morris e Trevor Blackwell.

Sam Altman
Sam Altman como Teil de Start-up-Teams de Y Combinator, 2005 (Foto: Heller Jonas/Wkimedia Commons/CC)

Em fevereiro de 2014, foi promovido a presidente por Graham. Sob sua liderança, a YC investiu em mais de 5.000 empresas, incluindo DoorDash, Airbnb, Instacart, Twitch e Reddit. Altman também introduziu o programa YC Continuity, voltado para apoiar startups em estágios mais avançados, e fundou a Y Combinator Research, com um investimento inicial de 10 milhões de dólares.

Em dezembro de 2015, Altman estimou que todas as empresas da YC juntas valiam mais de 65 bilhões de dólares. Ele deixou o cargo de presidente em 2019; segundo Paul Graham, cofundador da YC, Altman não foi demitido, e a saída foi uma decisão pessoal para se concentrar em outro empreendimento em ascensão.

Sam Altman na OpenAI

O tal empreendimento em ascensão era justamente a OpenAI, empresa cofundada em 2015 por Sam Altman, Greg Brockman e o já bilionário empresário sul-africano Elon Musk. A fundação do projeto também contou com outros nomes de peso, como Reid Hoffman e Peter Thiel.

O objetivo, segundo um comunicado divulgado no site oficial da empresa em dezembro de 2015, era “promover a inteligência digital da maneira que mais provavelmente beneficiará a humanidade como um todo”. Até hoje, essa missão continua sendo uma das principais prioridades para Altman.

“Há muitas coisas sobre as quais sinto um grande peso, mas provavelmente nada mais do que o fato de que, todos os dias, centenas de milhões de pessoas conversam com o nosso modelo”, disse à CNBC. 

Hoje, o empresário é líder absoluto na empresa, e se mantém no cargo de CEO desde 2019. Sua liderança, no entanto, foi testada de forma dramática em novembro de 2023, quando ele chegou a ser demitido. 

O que parecia um fim de linha se transformou em um retorno triunfal, poucos dias depois, após um ultimato de centenas de funcionários — incluindo o cofundador Greg Brockman — que ameaçaram deixar a empresa caso Altman não voltasse.

Nascimento e evolução do ChatGPT

Em 2018, nasce o GPT (Generative Pre-trained Transformer), a primeira versão do modelo de linguagem baseada em transformadores, capaz de gerar textos coerentes a partir de prompts. No ano seguinte, a OpenAI adota um modelo híbrido, permitindo investimentos externos, entre eles o aporte de US$ 1 bilhão da Microsoft.

Em 2020, é lançado o GPT-3, com impressionantes 175 bilhões de parâmetros, representando um salto significativo na capacidade de geração de texto e na compreensão da linguagem natural.

Em novembro de 2022, o mundo testemunhou uma verdadeira revolução: a OpenAI lança a primeira versão gratuita e pública do ChatGPT, seu principal produto. Sua habilidade de interagir de forma natural e responder a perguntas de maneira contextualizada evidenciou o enorme potencial da inteligência artificial. 

Em menos de dois meses, o aplicativo já havia sido acessado por mais de 100 milhões de usuários, tornando-se o software de consumo com crescimento mais rápido da história.

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Sam Altman e Elon Musk: de sócios à rivais

A parceria entre Sam Altman e Elon Musk começou positiva e alinhada a um objetivo claro: impulsionar a pesquisa em IA sem comprometer o interesse público. No entanto, a relação começou a se desgastar em 2018, quando Musk decidiu deixar a OpenAI. Divergências estratégicas e potenciais conflitos de interesse foram apontados como motivos principais. 

Mais tarde, o homem mais rico do mundo chegou a criticar Altman publicamente: “Ele afastou radicalmente a OpenAI de sua missão original. Não é uma pessoa em quem você pode confiar”, afirmou em 2024, após processar Altman por transformar “o propósito para o qual a empresa foi fundada”. 

A rivalidade já era consolidada desde que Musk lançou a x.AI e seu chatbot Grok, definido por ele como “um chatbot anti-woke”, uma clara provocação ao ChatGPT, frequentemente acusado por conservadores de respostas “politicamente corretas”. 

Altman, por sua vez, nunca poupou críticas ao ex-parceiro. Sobre uma recente tentativa de Musk de adquirir a OpenAI por quase US$ 100 bilhões, declarou que não acha “que Elon Musk seja uma pessoa feliz. Tudo o que ele faz, ele faz por insegurança. Sério, eu sinto pena dele”, declarou após categoricamente recusar a oferta. 

Altman investidor: fortuna e influência

É comum olhar para figuras de notável sucesso financeiro e se questionar como elas ficaram ricas. Se essa pergunta fosse direcionada a Sam Altman, sabendo que ele cofundou a OpenAI e é hoje uma das pessoas mais influentes no campo da IA, seria natural imaginar que ele enriqueceu diretamente com a própria empresa.

No entanto, ao que tudo indica, essa presunção não poderia estar mais longe da realidade. Apesar de ocupar o cargo de CEO da OpenAI, Altman recebe um salário anual simbólico de apenas US$ 65 mil, valor surpreendentemente baixo para alguém à frente de uma companhia avaliada em cerca de US$ 157 bilhões.

Diferente de outros magnatas da tecnologia, Altman não acumulou riqueza diretamente com seu empreendimento. Seu patrimônio bilionário, estimado em US$ 1,2 bilhão, é resultado de investimentos estratégicos, especialmente em startups promissoras. Segundo a Forbes, no início de 2025, Altman ocupava a posição 2.530 na lista dos mais ricos do mundo.

Entre seus investimentos mais notáveis estão:

  • Reddit – Altman detém 8,7% da rede social;
  • Stripe – fintech atualmente avaliada em US$ 70 bilhões;
  • Uber – investimento realizado ainda nos estágios iniciais da empresa;
  • Airbnb – participação obtida de forma similar à da Uber, em seus primeiros anos de operação.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.