A pergunta quanto ganha um executivo é frequente e desperta a curiosidade de muitos. Afinal, essa carreira de alta responsabilidade e visibilidade geralmente está associada a altos rendimentos. Mas qual a realidade por trás dos números? Qual o salário médio de um executivo no Brasil? E quais fatores influenciam essa remuneração?

Para ter uma ideia do potencial financeiro da carreira, recentemente, em junho de 2024, os acionistas da Tesla aprovaram um pacote de remuneração multibilionário para o CEO Elon Musk. Esse fato reforça a imagem de que altos cargos executivos podem vir acompanhados de recompensas financeiras excepcionais.

Ficou curioso para saber quanto ganha um executivo? A seguir, o Melhor Investimento te apresenta o salário médio de um executivo no Brasil, fatores que influenciam o salário, remuneração por cargo, maiores salários de executivos e tendências para o futuro. Boa leitura!

Panorama da remuneração executiva

A remuneração executiva é um componente crítico na gestão das empresas, refletindo a necessidade de atrair, reter e motivar talentos de alto nível para garantir o sucesso organizacional. 

Ela é composta por diversos componentes, incluindo salário base, bônus anual, opções de ações, incentivos de longo prazo e benefícios adicionais. Esses elementos são projetados para atrair, reter e motivar talentos de alto nível, alinhando os interesses dos executivos com os dos acionistas.

Nos últimos anos, a remuneração executiva tem se concentrado cada vez mais no desempenho sustentável e na criação de valor a longo prazo, integrando metas ambientais, sociais e de governança (ESG). Além disso, há uma crescente demanda por transparência e boas práticas de governança, com um equilíbrio entre remuneração fixa e variável sendo ajustado para incentivar o desempenho mensurável.

Desafios da remuneração executiva

Os desafios incluem garantir equidade interna e externa, alinhar remuneração com o desempenho real e atender às expectativas de acionistas e reguladores por práticas justas e transparentes. Para enfrentar esses desafios, empresas realizam benchmarking, implementam planos de retenção e cláusulas de recuperação de bônus (clawback), buscando sempre desenvolver estruturas de remuneração competitivas e eficazes.

A Korn Ferry, empresa global de consultoria em RH, realiza há quase quatro décadas a pesquisa Top Executive Compensation no Brasil. Essa pesquisa aprofunda as práticas de remuneração para cargos de alta liderança.

A 39ª edição da pesquisa revelou que, em termos de massa salarial, os rendimentos do C-Level (como CEOs) ficaram abaixo da inflação. No entanto, para aqueles que permaneceram em seus cargos, os ganhos foram consideráveis. Um ponto de destaque foi o Chief Human Resources Officer (CHRO), cuja remuneração saltou 17% em relação à pesquisa anterior.

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Fatores que influenciam a remuneração de um executivo

A remuneração executiva é influenciada por diversos fatores. Primeiramente, o tamanho da empresa desempenha um papel significativo. Empresas maiores tendem a oferecer salários mais altos para seus executivos, pois têm mais recursos financeiros e uma estrutura hierárquica mais complexa.

Além disso, o setor de atuação da empresa também é relevante. Por exemplo, empresas de tecnologia e finanças costumam pagar salários mais elevados devido à alta demanda por talentos nesses campos específicos.

O desempenho individual e organizacional é outro fator crucial. A remuneração está cada vez mais vinculada ao desempenho. Metas alcançadas, resultados tangíveis e contribuições para o crescimento da empresa impactam diretamente a parte variável da remuneração.

A localização geográfica também influencia os salários dos executivos. Cidades com alto custo de vida tendem a oferecer salários mais altos para compensar as despesas.

A formação acadêmica e a experiência profissional são determinantes. Executivos com formação sólida e experiência relevante costumam receber salários mais altos. MBA, doutorado e experiência em cargos de liderança são fatores importantes.

As regulamentações governamentais também desempenham um papel. Leis trabalhistas e regulamentos podem influenciar a remuneração executiva, variando de país para país.

Por fim, a habilidade de negociação individual do executivo é relevante. Negociar benefícios, bônus e pacotes de remuneração é uma competência valiosa para obter uma remuneração adequada.

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Qual a média salarial dos executivos das principais empresas?

Em 2024, a remuneração média mensal dos executivos no Brasil varia de acordo com o faturamento das empresas. De acordo com um levantamento da Page Executive, as médias salariais começam na faixa de R$ 40 mil e crescem à medida que o faturamento aumenta. Descubra quanto ganha um diretor executivo, além de outros cargos e suas faixas salariais:

  • CEO (Chief Executive Officer): pode variar de R$ 50.000 a R$ 200.000 ou mais.
  • CIO (Chief Information Officer): entre R$ 30.850 e R$ 51.650;
  • CTO (Chief Technology Officer): entre R$ 29.850 e R$ 50.000;
  • CSO (Chief Security Officer): entre R$ 26.950 e R$ 45.200;
  • Gerente de Segurança da Informação: entre R$ 23.100 e R$ 38.700;
  • Gerente de Desenvolvimento: entre R$ 21.600 e R$ 36.150.

O executivo mais bem remunerado do Santander (SANB11) recebeu R$ 59 milhões em 2021, um aumento de 26% em relação a 2020. Na Vale (VALE3), o executivo mais bem pago recebeu R$ 55,1 milhões no mesmo período, um aumento de 75% em relação ao ano anterior. Já no Itaú Unibanco (ITUB4), o executivo mais bem remunerado recebeu R$ 52,9 milhões em 2021, um aumento de 52% em relação a 2020. 

Por fim, a Eneva (ENEV3) registrou o maior crescimento na comparação com 2020, com uma remuneração de R$ 52,7 milhões para seu executivo mais bem pago, um aumento de 195%.

Além disso, a remuneração anual conjunta dos 90 CEOs das empresas que compõem o Ibovespa superou R$ 1,1 bilhão em 2021, com um salário médio mensal de mais de R$ 1 milhão por executivo. Esses números podem variar dependendo do setor e do desempenho das empresas. Vale lembrar que esses valores são médias e podem não refletir a realidade de todas as empresas. 

Estagnação salarial: por que os acionistas estão relutantes em aumentar salários?

Mão segurando caneta sobre calculadora, pilhas de moedas ao lado, analisando quanto ganha um diretor executivo.

Um estudo realizado entre 2020 e 2023, que analisou assembleias de acionistas de empresas de capital aberto com os ativos mais negociados do mercado brasileiro (IBr-X 50), indicou que os investidores estão cada vez menos dispostos a aprovar as propostas de remuneração dos executivos.

Essa tendência pode ser preocupante, especialmente considerando que a média dos salários dos trabalhadores caiu 6,9% em 2022 no Brasil, enquanto os ganhos de acionistas de empresas aumentaram 23,8% em relação ao ano anterior. 

Segundo o levantamento, os acionistas brasileiros receberam US$ 34 bilhões, uma quantia que quase equivale aos cortes salariais enfrentados pelas trabalhadoras e trabalhadores do país. A desigualdade de renda é um desafio significativo em um país já severamente desigual.

Elon Musk: a exceção à regra

O CEO da Tesla, Elon Musk, terá um pacote de remuneração aprovado pelos acionistas da empresa no valor de R$ 305 bilhões. Essa soma é relevante até para Musk, cuja fortuna é estimada em US$ 214,1 bilhões (equivalente a R$ 1,16 trilhão), de acordo com a Forbes. 

O valor da remuneração indica a aprovação à liderança de Musk e atua como um incentivo para que ele continue focado em sua principal fonte de riqueza.

É importante mencionar que, para receber essa quantia, Musk pode enfrentar uma longa disputa judicial, já que a validade do pacote de bônus foi questionada. Considerado o homem mais rico do mundo em junho de 2024, Musk recebe essa soma como um voto de confiança dos investidores.

Ao contrário da maioria dos CEOs, Musk não recebe salário fixo, bônus ou opções de ações tradicionais. Em vez disso, sua remuneração está atrelada a metas de desempenho da Tesla, principalmente o aumento do valor das ações.

Em 2018, o plano de remuneração aprovado para Musk previa a concessão de opções de ações em tranches, vinculadas ao cumprimento de metas de crescimento da empresa. Se todas as metas fossem atingidas, o valor total das ações poderia chegar a US$ 56 bilhões, um recorde histórico para um CEO.

A aprovação do plano gerou grande controvérsia, com críticas direcionadas à falta de transparência, à ausência de um salário fixo e ao potencial conflito de interesses entre as metas da empresa e os incentivos de Musk.

Apesar das críticas, o plano se mostrou extremamente eficaz na motivação de Musk e no impulsionamento do crescimento da Tesla. Sob sua liderança, a empresa se tornou a montadora automotiva mais valiosa do mundo, com um valor de mercado que supera o de gigantes tradicionais como Toyota e Ford.

Importância dos executivos para o sucesso das empresas

Os executivos desempenham um papel importante no sucesso das empresas. São eles que definem a direção estratégica, tomam decisões cruciais e inspiram os colaboradores a alcançarem os objetivos da organização.

O CEO (Chief Executive Officer), por exemplo, é a liderança máxima, responsável por definir a visão de longo prazo da organização, estabelecer estratégias e garantir que a cultura organizacional seja mantida. 

Além disso, outros cargos C-Level, como CTO (Chief Technology Officer), COO (Chief Operating Officer), CMO (Chief Marketing Officer) e CFO (Chief Financial Officer), também desempenham funções essenciais, supervisionando tecnologia, operações, marketing e finanças, respectivamente. 

A formação de líderes capacitados é fundamental para impulsionar a cultura corporativa, inovação e desempenho, tornando-os pilares de uma empresa bem-sucedida e sustentável.

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5 tendências futuras na remuneração executiva

O futuro da remuneração executiva está sendo moldado por diversas tendências, impulsionadas por fatores como a globalização, a transformação digital, as mudanças nas expectativas dos colaboradores e a crescente ênfase na sustentabilidade. Veja algumas das principais tendências que podemos observar:

1. Maior foco na individualização

Os programas de remuneração estão se tornando mais individualizados, com base no desempenho individual, habilidades e contribuições de cada executivo. Isso significa que os tradicionais planos de bônus baseados em metas de toda a empresa estão se tornando menos comuns.

A individualização da remuneração exige que as empresas implementem sistemas de avaliação de desempenho robustos e justos. Também é importante garantir que os programas de remuneração sejam transparentes e comunicados de forma eficaz aos executivos.

2. Crescimento da remuneração variável

A remuneração variável, como bônus e opções de ações, está se tornando uma parte maior da remuneração total dos executivos. Isso ocorre porque as empresas vinculam cada vez mais a remuneração ao desempenho individual e aos resultados da empresa.

A remuneração variável pode ser um motivador poderoso para os executivos, mas é importante que os programas sejam cuidadosamente projetados para garantir que sejam alinhados com os objetivos da empresa e que sejam justos para todos os executivos.

3. Maior importância das metas de sustentabilidade

As empresas estão cada vez mais vinculando a remuneração dos executivos ao cumprimento de metas de sustentabilidade, como redução de emissões de carbono, aumento da diversidade e inclusão e promoção de práticas de governança corporativa.

Essa tendência é impulsionada pela crescente demanda dos investidores e stakeholders por empresas que operem de forma sustentável. As metas de sustentabilidade podem ajudar a garantir que os executivos estejam focados em criar valor de longo prazo para todos os stakeholders.

4. Aumento da transparência

A transparência na remuneração executiva está se tornando cada vez mais importante. As empresas estão sendo pressionadas a divulgar mais informações sobre como definem a remuneração dos executivos e quais fatores são considerados ao determinar os pacotes de remuneração.

A maior transparência ajuda a garantir que os acionistas e stakeholders tenham confiança de que a remuneração dos executivos está alinhada com os interesses da empresa. Também pode ajudar a reduzir a percepção de que os executivos estão sendo pagos em excesso.

5. Flexibilização dos pacotes de remuneração

Os pacotes de remuneração executiva estão se tornando mais flexíveis, com uma gama mais ampla de opções disponíveis para os executivos. Isso inclui coisas como dinheiro, bônus, opções de ações, ações restritas, unidades de desempenho restritas e benefícios não monetários.

A maior flexibilidade permite que as empresas criem pacotes de remuneração que sejam mais atraentes para os executivos individuais e que estejam alinhados com os objetivos da empresa.

A remuneração dos executivos é um tema complexo que precisa ser debatido de forma aberta e transparente, levando em consideração os diferentes pontos de vista dos stakeholders. Ao buscar soluções justas e equilibradas, as empresas podem garantir a atração e retenção de talentos, promover a equidade salarial e contribuir para uma sociedade mais justa e próspera.

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Carolina Gandra

Jornalista e redatora do portal Melhor Investimento.