Peter Thiel é um nome que ressoa tanto no mundo dos negócios e da tecnologia quanto no cenário político dos Estados Unidos. Cofundador do PayPal, investidor inicial do Facebook e uma das figuras mais influentes do Vale do Silício, Thiel construiu uma fortuna bilionária enquanto investia no futuro de startups, então pouco conhecidas. 

Entretanto, sua trajetória vai além do sucesso empresarial. Thiel é uma figura marcada por controvérsias, com posições políticas alinhadas ao conservadorismo americano e um histórico de influenciar na política empregando bilhões de dólares. Neste artigo, exploramos os feitos, a influência e as polêmicas que cercam um dos bilionários mais impactantes da atualidade nos EUA.

Quem é Peter Thiel?

Peter Andreas Thiel é um empreendedor e investidor alemão-americano, amplamente conhecido por sua trajetória de sucesso no mundo dos negócios, que o levou a construir uma fortuna bilionária. Nascido em 11 de outubro de 1967, em Frankfurt, na Alemanha, mudou-se ainda na infância com sua família para os Estados Unidos, onde consolidou sua carreira e influência no setor de tecnologia e investimentos.

Ele foi um dos co-fundadores do PayPal, sendo um dos grandes responsáveis pela consolidação da empresa como uma das maiores plataformas de pagamentos digitais do mundo. Além disso, destacou-se como um dos primeiros grandes investidores do Facebook, apostando no potencial da rede social ainda em seus estágios iniciais.

O nome do bilionário na mídia não se restringe aos seus no mercado de negócios e investimentos.  Ele também está frequentemente envolvido em questões políticas, atraindo atenção por suas posições conservadoras e liberais.  

Neste escopo, Thiel é conhecido por fazer política por meio de investimentos substanciais. Em mais de uma ocasião, ele já fez doações bilionárias para figuras proeminentes e causas alinhadas à direita americana, incluindo a campanha presidencial de Donald Trump nos Estados Unidos.

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Trajetória acadêmica e início de carreira 

Muitos bilionários com perfis ligados a investimentos em tecnologia e iniciativas inovadoras compartilham uma característica em comum: o fato de, historicamente, não terem concluído suas graduações. 

Exemplos emblemáticos incluem Mark Zuckerberg, que deixou Harvard para se dedicar ao desenvolvimento do Facebook, e Bill Gates, que chegou a cursar matemática, direito e ciência da computação, mas abandonou os estudos cerca de dois anos depois.

Esse, porém, não é o caso de Peter Thiel. Após se estabelecer em seu “país adotivo” e concluir o colegial – equivalente ao ensino médio – na San Mateo High School, ele prosseguiu com sua formação acadêmica ao ingressar na renomada Universidade de Stanford.

Formação 

Embora tenha sido considerado um prodígio em matemática durante seus anos escolares, foi na área de Filosofia que Peter Thiel conquistou sua primeira graduação. Anos mais tarde, ele ampliou sua formação acadêmica ao cursar direito, tornando-se doutor em jurisprudência pela Stanford Law School. 

Primeiros passos no mercado financeiro

Após uma breve incursão no mundo jurídico, onde trabalhou no escritório Sullivan & Cromwell, Peter Thiel rapidamente percebeu que a advocacia não era seu caminho. Em busca de novos desafios, ingressou no mercado financeiro como operador no Credit Suisse. 

Mais tarde, surgiu seu primeiro empreendimento: a Confinity, uma empresa cujo nome combinava as palavras “confidence” e “infinity” (“confiança” e “infinito”). Essa iniciativa viria a estabelecer as bases do que mais tarde se tornaria o PayPal, um marco na revolução dos pagamentos digitais.

Peter Thiel e o Paypal

Não é exagero dizer que a grande virada na carreira de Peter Thiel ocorreu com o PayPal. Inicialmente, quando ainda operava sob o nome de Confinity, a empresa oferecia um sistema simples de transferências financeiras entre usuários. Para impulsionar o crescimento da base de clientes, a estratégia adotada incluía recompensas de US$ 10 tanto para novos cadastros quanto para indicações. 

Ao longo do tempo, o negócio criado por Thiel e um grupo de amigos, que incluía Max Levchin, foi ganhando tração no mercado. O crescimento da empresa chamou tanta atenção que, na época, surgiram concorrentes como o PayMe e o X.com. Este último, aliás, teve papel central na consolidação da empresa. 

Relação com Elon Musk e fusão com a X.com

Em 2000, a Confinity compartilhava o mesmo andar de escritórios com outra startup de pagamentos digitais, a X.com, empresa fundada pelo, hoje, conhecido Elon Musk. As duas empresas eram vistas como complementares, e a proximidade física, possivelmente, contribuiu para a decisão de se fundirem em março daquele ano. 

Inicialmente, a empresa resultante da fusão manteve o nome X.com. Elon Musk assumiu o cargo de presidente, enquanto Peter Thiel se tornou o diretor financeiro. No entanto, divergências internas sobre a direção da empresa culminaram na saída de Musk do cargo. 

Foco no serviço Paypal 

Impulsionada pelo boom do comércio eletrônico e pela crescente demanda por soluções de pagamento online, a empresa centralizou seus esforços no serviço PayPal em 2001. Mais adiante, a estratégia se provou certeira, de modo que o nome passou a intitular a empresa. 

Sob a liderança de Peter Thiel, o PayPal, recém-reformulado, demonstrou uma notável resiliência. Enquanto a bolha das ponto com se desinflava, a demanda por soluções de pagamento online seguras e eficientes continuava a crescer. 

IPO e venda bilionária 

Em 2001, o PayPal realizou sua oferta pública inicial (IPO), sendo avaliado em cerca de US$ 800 milhões. No ano seguinte, em 2002, o eBay adquiriu a empresa por expressivos US$ 1,5 bilhão. 

A participação de Peter Thiel, que correspondia a quase 4% da empresa, resultou em um lucro significativo de US$ 55 milhões, o que solidificou ainda mais sua posição no mundo dos negócios.

Empreendimentos de Peter Thiel após a venda do Paypal 

Após a venda para o eBay em 2002, Thiel continuou a fazer investimentos e a tocar negócios de destaque. Alguns dos principais empreendimentos incluem: 

  1. Clarium Capital: ainda em 2002, Thiel fundou o Clarium Capital, um fundo de hedge global macro que gerenciava cerca de US$ 270 milhões em 2007.
  2. Palantir Technologies: no ano seguinte, Thiel co-fundou a Palantir Technologies, uma empresa de análise de dados que utiliza tecnologia avançada para ajudar a detectar fraudes e atividades criminosas. A empresa operou extensivamente com agências governamentais, tendo inclusive o apoio da CIA (Central Intelligence Agency). Em 2020, a companhia abriu o capital por meio de listagem direta na bolsa americana. 
  3. Founders Fund: em 2005, Thiel fundou o Founders Fund, um fundo de capital de risco que investe em startups de alto crescimento. O portfólio também conta com investimento em empresas de destaque como a SpaceX, Nubank e até o próprio Paypal. 
  4. Thiel Fellowship: em 2010, Thiel lançou o Thiel Fellowship, um programa que oferece bolsas de US$ 100.000 a jovens empreendedores para que possam focar em seus projetos em vez de seguir caminhos mais convencionais, como cursar uma faculdade.

O bilionário também esteve envolvido na criação e gestão de outras empresas como a Valar Ventures, especializada em financiar startups inovadoras ao redor do mundo, a Mithril Capital, focada em investimentos de longo prazo em tecnologia. 

Facebook e outros investimentos de Thiel 

Reconhecido como um dos primeiros grandes investidores do Facebook, Peter Thiel tem um perfil caracterizado pelo investimento em ações de risco. Ele injetou US$ 500.000 em 2004, adquirindo uma participação de 10,2% na rede social de Zuckerberg ainda em seus primórdios.

Thiel chegou a deter cerca de 26 milhões de ações da empresa. Com a abertura de capital da companhia, ele aproveitou a valorização dos papéis e vendeu a maior parte de sua participação, arrecadando aproximadamente 1 bilhão de dólares. Em 2022, ele saiu de seu cargo no conselho administrativo da empresa.

Apesar do montante significativo obtido com a venda de sua participação no Facebook, muitos consideram que a decisão de liquidar sua parte na empresa pode não ter sido a mais acertada. O argumento é de que, se Thiel tivesse mantido sua participação, hoje ele poderia contar com uma quantia muito mais expressiva. No momento de seu IPO, o Facebook era avaliado em US$ 100 bilhões, mas, em janeiro do ano passado, a empresa alcançou a impressionante marca de US$ 1 trilhão em valor de mercado.

Atualmente, Peter Thiel continua como sócio-geral da empresa de capital de risco Founders Fund, onde desempenha um papel ativo na definição de estratégias e na tomada de decisões sobre grandes investimentos. Em 2018, ele deixou São Francisco e se mudou para Los Angeles, após criticar o Vale do Silício, descrevendo-o como um “one-party state” — expressão que, em português, significa “estado de partido único”.

Peter Thiel e sua conexão com o Campo Conservador

Peter Thiel há muito tempo mantém uma conexão com as causas ideológicas republicanas nos Estados Unidos. Muito antes de Elon Musk figurar entre os bilionários da tecnologia alinhados ao espectro conservador, Thiel já se destacava por sua proximidade com o campo político da direita.

Apoio a Donald Trump em 2016

Em 2016, Peter Thiel chamou a atenção ao se tornar um dos poucos magnatas das big techs a declarar publicamente apoio a Donald Trump, em um momento em que o empresário era visto como um novato e uma aposta arriscada na política. No entanto, Thiel não se limitou ao discurso: ele contribuiu com expressivos US$ 1,25 milhão para a campanha presidencial do então candidato republicano.

Novamente patrocinador em 2022

Esse papel de patrocinador político se intensificou em 2022, quando Thiel apoiou J.D. Vance, um ex-crítico de Trump, em sua candidatura ao Senado por Ohio. Atuando como uma espécie de mentor e financiador, Thiel injetou US$ 15 milhões na campanha de Vance. Além disso, ele destinou outros US$ 20 milhões a campanhas de diversos postulantes republicanos ao Congresso.

Influência de Thiel nas últimas eleições

Nas últimas eleições, embora Peter Thiel não tenha realizado contribuições financeiras diretas à campanha de Donald Trump, ele desempenhou um papel significativo ao utilizar sua influência, que, segundo especialistas, deve continuar a reverberar no cenário político americano. 

Considerado pela imprensa um conselheiro informal de Trump, Thiel também é apontado por críticos como o “criador” de J.D. Vance, devido à forte influência de seus ideais sobre o atual vice-presidente.

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Fortuna de Peter Thiel

Com uma fortuna estimada em US$ 15 bilhões, Peter Thiel figura como um dos investidores mais influentes e bem-sucedidos do mundo, ocupando a posição de número 116 na prestigiada lista Forbes 400 em 2024. 

Além de sua colocação entre os maiores bilionários do planeta, Thiel também ocupa a 12ª posição na Midas List: Top Tech Investors de 2024, um ranking que celebra os investidores mais bem-sucedidos e influentes da indústria tecnológica.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.