O interesse pelos ETFs de Bitcoin tem crescido rapidamente no Brasil e no mundo. Desde que os fundos de índice vinculados à criptomoeda foram aprovados em bolsas reguladas, muitos investidores têm se perguntado se vale a pena investir nesse tipo de ativo.

Afinal, ele promete unir o potencial de valorização do Bitcoin à praticidade e à segurança do mercado tradicional de investimentos. Mas será que essa é mesmo a melhor forma de entrar no universo cripto?

O portal Melhor Investimento explica o que é um ETF de Bitcoin, como ele funciona, quais as vantagens e riscos, e quais são as opções disponíveis para investidores brasileiros.

O que é um ETF?

Antes de entender o ETF de Bitcoin, vale compreender o conceito de ETF, sigla para Exchange-Traded Fund, ou fundo de índice. Esse tipo de investimento funciona como uma cesta de ativos que replica o desempenho de um índice de referência, como o Ibovespa ou o S&P 500.

Ao comprar uma cota de ETF, o investidor passa a ter uma fração dessa carteira diversificada, que é negociada na bolsa de valores da mesma forma que uma ação.

A grande vantagem é a simplicidade: o investidor não precisa comprar cada ativo individualmente, pois o ETF faz isso por ele, buscando reproduzir o desempenho médio daquele índice.

Essa estrutura, além de acessível, costuma ter custos menores que os de fundos tradicionais e oferece transparência, já que é possível acompanhar sua variação em tempo real no home broker.

O que é um ETF de Bitcoin?

O ETF de Bitcoin é um tipo de fundo de índice que acompanha o preço do Bitcoin, permitindo que investidores participem das variações da criptomoeda sem precisar comprá-la diretamente.

Em vez de lidar com carteiras digitais, chaves privadas e exchanges de criptomoedas, o investidor adquire cotas de um fundo listado na bolsa, o que torna o processo mais simples e familiar para quem já investe em ações ou fundos.

Existem basicamente dois tipos de ETFs de Bitcoin: os spot e os futuros. Os ETFs spot são aqueles que realmente compram Bitcoin e o mantêm em custódia, refletindo diretamente o preço do ativo.

Já os ETFs de futuros não compram a moeda em si, mas investem em contratos futuros de Bitcoin negociados em bolsas regulamentadas.

Isso significa que, no caso dos ETFs de futuros, o desempenho pode ter pequenas diferenças em relação ao preço real da criptomoeda, já que depende do comportamento desses contratos derivativos.

Na prática, o ETF de Bitcoin funciona como uma “ponte” entre o mercado tradicional e o universo cripto, oferecendo uma forma mais regulada e acessível de se expor ao ativo.

O panorama do ETF de Bitcoin no Brasil

No Brasil, o mercado de ETFs de criptomoedas vem ganhando destaque desde 2021, quando os primeiros produtos começaram a ser negociados na B3.

Hoje, o investidor pode escolher entre diferentes opções, como o BITH11, o QBTC11 e o BITI11, todos com 100% de exposição ao Bitcoin.

Há também o HASH11, que é um dos mais conhecidos e diversifica o investimento entre diversas criptomoedas, não apenas o Bitcoin.

Esses produtos são administrados por gestoras brasileiras e seguem as regras da CVM, o que dá mais segurança ao investidor local.

Em 2025, há expectativa de novas ofertas, inclusive com o lançamento de BDRs de ETFs internacionais, como o fundo da iShares, da BlackRock, que replica o ETF de Bitcoin listado nos Estados Unidos.

O crescimento dos ETFs de Bitcoin e as perspectivas até 2026

De acordo com dados recentes do mercado, os ETFs de Bitcoin listados no Brasil já acumulam mais de 10.000 BTCs sob custódia, o que mostra o crescimento desse segmento.

Com a regulamentação dos ativos virtuais em andamento, prevista para ser totalmente implementada até 2026, o ambiente tende a se tornar ainda mais seguro e transparente para quem deseja investir em criptomoedas por meio de produtos regulados.

Para o investidor brasileiro, o ETF de Bitcoin representa uma oportunidade de entrar nesse mercado sem precisar lidar com carteiras digitais ou riscos de segurança cibernética. Contudo, é fundamental avaliar aspectos como a liquidez, a taxa de administração e o histórico da gestora antes de investir.

Por que os ETFs de Bitcoin estão em alta?

Desde a aprovação dos ETFs de Bitcoin spot pela SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) em 2024, o interesse global por esse tipo de investimento aumentou de forma exponencial.

A decisão representou um marco histórico, pois consolidou o Bitcoin dentro do sistema financeiro tradicional e abriu caminho para que investidores institucionais passassem a operar o ativo de forma regulamentada.

Essa institucionalização trouxe credibilidade e liquidez para o mercado. Com mais fundos, bancos e corretoras adotando o Bitcoin como ativo alternativo, os ETFs se tornaram uma das portas de entrada mais seguras e acessíveis para novos investidores.

No Brasil, o movimento foi semelhante: os ETFs de cripto cresceram em volume, impulsionados pela demanda por produtos regulados e pela curiosidade de investidores que desejam diversificar suas carteiras.

Além disso, o ETF de Bitcoin facilita a declaração de imposto de renda, já que é tratado como um ativo financeiro comum, sem a complexidade das criptomoedas autônomas. Essa simplificação tem atraído tanto investidores de varejo quanto profissionais.

Vantagens do ETF de Bitcoin

Entre as principais vantagens, está o acesso facilitado. Investir em Bitcoin via ETF é muito mais simples do que comprar o ativo diretamente em uma exchange. Basta usar a corretora de valores, como se estivesse adquirindo uma ação.

Além disso, os ETFs são produtos regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que garante maior transparência e proteção jurídica ao investidor.

Outro ponto positivo é que o ETF de Bitcoin pode ser facilmente integrado a uma carteira diversificada. Ele permite que o investidor tenha exposição ao mercado de criptomoedas sem precisar alterar toda a sua estratégia ou lidar com diferentes plataformas.

É uma forma prática de adicionar um ativo alternativo à carteira tradicional de renda variável.

Desvantagens do ETF de Bitcoin

Por outro lado, há desvantagens importantes. O investidor que compra um ETF não possui o Bitcoin de fato, apenas uma cota que reflete o seu preço.

Isso significa que não é possível transferir, vender ou utilizar a criptomoeda fora do fundo. Além disso, os ETFs cobram taxas de administração que podem reduzir o retorno ao longo do tempo.

Outro ponto a considerar é o chamado tracking error, ou erro de acompanhamento. Ele ocorre quando o desempenho do ETF não replica exatamente a variação do Bitcoin, algo mais comum em fundos baseados em contratos futuros.

Também vale lembrar que, enquanto o Bitcoin é negociado 24 horas por dia, os ETFs só funcionam durante o horário da bolsa, o que pode gerar pequenas diferenças de preço. E, claro, mesmo dentro de uma estrutura regulada, a volatilidade continua sendo alta, afinal, trata-se de um ativo de risco.

Comprar Bitcoin direto ou investir em ETF: qual a melhor escolha?

A decisão entre comprar Bitcoin diretamente ou investir em um ETF depende do perfil e dos objetivos do investidor.

Quem busca controle total sobre o ativo, quer transferir criptomoedas ou utilizá-las em transações digitais, provavelmente se sentirá mais confortável comprando o Bitcoin diretamente em uma exchange.

Essa modalidade oferece liberdade, mas exige mais responsabilidade com segurança, custódia e gestão de chaves privadas.

Quando o ETF de Bitcoin é mais vantajoso

Já quem prefere praticidade e quer apenas se expor à variação de preço do ativo, sem se preocupar com a parte técnica, pode optar pelo ETF. Ele é ideal para quem já investe em ações e deseja diversificar de forma simples, usando a mesma corretora e a mesma plataforma.

Os custos também variam. Comprar Bitcoin diretamente pode implicar taxas de corretagem e de conversão de moeda, enquanto os ETFs cobram taxas de administração anuais.

Para pequenos aportes, o ETF costuma ser mais prático, mas para investidores com valores maiores, comprar o ativo diretamente pode ser mais eficiente em termos de custo.

Avaliando riscos e proporção ideal na carteira

Em ambos os casos, a volatilidade é alta e o risco é significativo. O Bitcoin é um ativo que pode valorizar rapidamente, mas também registrar quedas bruscas.

Por isso, especialistas recomendam que a exposição às criptomoedas não ultrapasse uma pequena porcentagem da carteira, geralmente entre 3% e 10%, dependendo do perfil de risco de cada investidor.

Os riscos que você deve considerar

Apesar das vantagens, o ETF de Bitcoin continua sendo um investimento de alto risco. O principal deles é a volatilidade. O preço do Bitcoin pode variar dezenas de por cento em poucos dias, e o ETF acompanha essa oscilação.

Outro risco importante é o erro de acompanhamento. Nem todos os ETFs conseguem reproduzir com precisão o preço do Bitcoin, especialmente aqueles baseados em contratos futuros. Em períodos de forte oscilação, essa diferença pode aumentar.

A regulação também é um ponto a observar. Embora o Brasil e outros países estejam avançando na criação de leis específicas para o mercado de criptoativos, mudanças regulatórias podem afetar a estrutura dos ETFs ou impor novas exigências para custódia e tributação.

Por fim, há o risco de liquidez. Alguns ETFs ainda têm volume de negociação limitado, o que pode dificultar a compra ou venda em determinados momentos. Antes de investir, é essencial verificar o volume médio diário e a liquidez do fundo escolhido.

Como investir em um ETF de Bitcoin

O processo de investimento é simples. Primeiro, é necessário escolher o ETF que mais se adequa ao seu perfil.

É importante verificar se ele tem exposição total ao Bitcoin ou se é composto por outros criptoativos. Também vale analisar o tipo de ETF, se é spot ou de futuros, já que isso influencia diretamente o desempenho e o risco do fundo.

Depois, basta acessar sua corretora de valores, procurar pelo ticker do ETF escolhido e realizar a compra como se fosse uma ação. As negociações acontecem dentro do horário da B3, e as cotas ficam custodiadas automaticamente pela instituição, sem necessidade de carteira digital.

Apesar da praticidade, é importante monitorar o desempenho do ETF e entender que ele pode não refletir exatamente o preço do Bitcoin em tempo real, especialmente em momentos de alta volatilidade.

Além disso, o investidor deve ficar atento à tributação, pois os ganhos obtidos com ETFs estão sujeitos às mesmas regras de outros fundos negociados em bolsa, conforme a legislação brasileira.

Vale a pena investir em ETF de Bitcoin?

A resposta depende do seu perfil de investidor. Se você tem apetite a risco, busca diversificação e acredita no potencial de longo prazo do Bitcoin, o ETF pode ser uma excelente alternativa. Ele combina praticidade com acesso a um mercado promissor, sem as dificuldades técnicas do investimento direto em cripto.

Por outro lado, se você é conservador, prefere previsibilidade e não quer lidar com oscilações acentuadas, o ETF de Bitcoin pode não ser adequado. É importante lembrar que, embora regulamentado, o produto continua atrelado a um ativo extremamente volátil.

A melhor estratégia é avaliar quanto risco você está disposto a correr e qual parcela do seu portfólio pode ser destinada a investimentos alternativos.

Independentemente da escolha, o mais importante é investir com consciência e informação. O Bitcoin e os ETFs que o representam podem fazer parte de uma estratégia sólida, desde que sejam tratados com o cuidado e o planejamento que todo investimento exige.

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As informações apresentadas neste artigo têm caráter exclusivamente informativo e educacional. Elas não constituem recomendação de investimento, compra ou venda de ativos financeiros. Antes de investir em ETFs de Bitcoin ou qualquer outro produto, avalie seu perfil de investidor e consulte um profissional qualificado.

Carolina Gandra

Jornalista do portal Melhor Investimento, especializada em criptomoedas, ações, tecnologia, mercado internacional e tendências financeiras. Transforma temas complexos como blockchain, inteligência artificial e estratégias de mercado em conteúdos acessíveis e envolventes. Com análises atuais e visão estratégica, ajuda leitores a decifrar o futuro dos investimentos e identificar oportunidades no mercado financeiro.