5 ETFs de renda fixa no Brasil para ficar de olho e investir
Neste guia, você entende o conceito de ETFs e descobre quais são as alternativas nessa classe para quem busca investir em renda fixa.

O mercado de ETFs, embora ainda relativamente novo, tem registrado um crescimento expressivo nos últimos anos, conquistando a atenção de um número cada vez maior de investidores. Atualmente, esses produtos já fazem parte da carteira de aproximadamente 10% dos investidores na bolsa.
Em resumo, o crescimento desse mercado é impulsionado, pela percepção de que esses ativos oferecem uma forma eficiente de diversificar a carteira, com maior liquidez e custos mais baixos em comparação a outros investimentos tradicionais.
Afinal, o que são exatamente os ETFs e quais se destacam como as principais opções no segmento, quando o assunto é renda fixa? Continue acompanhando e fique informado sobre essas e outras questões sobre esse instrumento financeiro que vem cada vez mais atraindo investidores.
O que são ETF’s?
ETF é a sigla para “Exchange Traded Funds”, termo em inglês que traduzido ao “pé da letra”, significa: fundos de investimento negociados em bolsa. Em síntese, eles permitem ao investidor aplicar em uma cesta diversificada de ativos, como ações, títulos públicos, commodities e moedas, com a facilidade de negociação em mercado aberto, como se fosse uma ação comum.
Para compreender com plenitude o que são ETFs, é indispensável tratarmos de uma característica básica, fundamental: o fato desses fundos estarem sempre atrelados a um índice de referência ou a um ativo financeiro específico.
Por exemplo, um ETF vinculado ao Ibovespa ou ao S&P 500 investe proporcionalmente em todos os ativos que fazem parte desses índices. Assim, ao adquirir cotas de um ETF, o investidor passa a ter exposição a toda a carteira de ativos do índice, sem a necessidade de comprá-los individualmente. Em virtude dessa característica, ETFs também são conhecidos como fundos de índice.
Como funciona a gestão de ETFs?
Ao contrário dos fundos de investimento tradicionais, que em grande parte dos casos possuem uma gestão ativa, buscando superar o desempenho de um benchmark através de escolhas individuais de ativos, os ETFs adotam uma gestão estritamente passiva.
Em resumo, a gestão passiva tem como objetivo replicar de maneira fiel à composição e o desempenho de um índice de referência previamente estabelecido. Por exemplo, considere um ETF que tenha o IBOVESPA como referência, o principal índice de ações da B3 – bolsa de valores brasileira. O Ibovespa é composto pelas 87 maiores ações negociadas na bolsa brasileira; assim, um ETF que busca replicá-lo adquirirá todas essas ações.
Ao estabelecer a diferença entre a gestão de fundos tradicionais e ETFs, Antônio Nogarotto, sócio assessor da InvestSmart na filial de Santo André, explica que, ao contrário de um ETF, um fundo de ações não precisa seguir rigidamente as ações que integram a carteira teórica do Ibovespa.
Um fundo ativo busca selecionar ações com as melhores perspectivas de retorno, utilizando uma gestão ativa. Já o ETF, por sua natureza, investirá em todas as 87 ações que compõem o IBOV, assegurando uma representação direta do índice.
Tal característica garante ao um investidor um aspecto de vantagem ao ETF referente aos custos operacionais. “Um ETF, justamente por ele ter uma gestão mais passiva, tem uma taxa de administração muito pequena. Em contraste, “nos fundos tradicionais têm que ter toda uma equipe para fazer as alocações, então essas taxas são bem mais altas”, explica Nogarotto em entrevista concedida ao Melhor Investimento.
ETF’s de Renda Fixa: o que são e como investir?
O ETF de renda fixa é aquele cujo objetivo é refletir as variações e a rentabilidade de índices de renda fixa, cujas carteiras teóricas são predominantemente compostas por títulos públicos e títulos privados.
Assim como outros ETFs, sua principal função é replicar o desempenho de um índice de referência específico, mas com foco em ativos de menor volatilidade e risco, típicos da renda fixa. Desta forma, um ETF de renda fixa segue um índice que pode ser composto por diferentes títulos, como Tesouro Direto (Selic, IPCA+), CDBs (Certificados de Depósito Bancário) ou papéis corporativos.
Passo a passo para investir
O processo de investimento em ETFs segue o mesmo procedimento utilizado em outras aplicações na bolsa de valores, geralmente por meio de uma corretora de investimentos.
- Abra uma conta em uma corretora – Escolha uma corretora que ofereça acesso a ETFs e complete o cadastro.
- Deposite recursos – Transfira o valor que deseja investir para sua conta na corretora.
- Pesquise os ETFs disponíveis – Explore os ETFs de renda fixa na plataforma e analise suas características, como índices de referência e taxas.
- Escolha o ETF e defina o valor – Selecione o ETF que mais se adequa aos seus objetivos e perfil, e o procure no home broker da corretora.
- Realize a ordem de compra – Acesse a plataforma da corretora, insira a ordem de compra e confirme a transação.
Após a compra, é fundamental acompanhar de perto a performance do ETF. É possível acompanhar a cotação em tempo real diretamente pelas divulgações da B3.
ETFs de renda fixa com destaque no mercado
Elencamos, ao menos, 5 ETFs que podem ser interessantes escolhas para diversificar a carteira. Nogarotto, aliás, destaca esses fundos devido à sua relevância nas atuais conjunturas da inflação, especialmente no contexto de investimentos em renda fixa.
IMAB11
Quem considera investir em ETFs de renda fixa deve conhecer o IMAB11, um dos maiores dessa categoria no Brasil. Criado em 2019 pelo Itaú, em colaboração com o Tesouro Nacional e o Banco Mundial, o fundo se destaca como uma opção sólida para esse tipo de aplicação.
A administração do IMAB11 esclarece que o fundo tem como objetivo principal investir pelo menos 95% de seu patrimônio em títulos do IMA-B e em contratos futuros desse índice, buscando replicar a performance do benchmark. Os demais 5% poderão ser alocados em outros ativos financeiros permitidos pelo regulamento.
Cabe deixar claro que o IMA-B, criado pela ANBIMA, é um índice que acompanha o desempenho de uma carteira teórica de títulos públicos indexados à inflação, especialmente aqueles do tipo NTN-B, conhecidos também como Tesouro IPCA.
Dados gerais | |
Índice referência | IMA-B |
Administrador | Itaú Unibanco S.A. |
Taxa de administração | 0,25% ao ano |
IRFM11
O IRFM11 é o código de negociação do ETF de renda fixa IT Now IRFM P2 lançado em 2019 pelo Itaú, visando oferecer aos investidores uma alternativa prática e eficiente para acessar o mercado de títulos públicos.
Esse fundo tem como principal estratégia replicar a carteira teórica do índice IRF-M P2, que é composta exclusivamente por títulos públicos federais prefixados, como Letras do tesouro nacional (LTN) e Notas do Tesouro Nacional série F (NTN-F). Cabe salientar que o contrato do fundo tem duração de 12 meses, com possibilidade de prorrogação por iguais períodos.
Dados gerais | |
Índice referência | IRFM P2 |
Administrador | Itaú Unibanco S.A. |
Taxa de administração | 0,20% ao ano |
FIXA11
Pioneiro no mercado brasileiro de ETFs de renda fixa, o FIXA11 acompanha de perto as expectativas do mercado em relação à taxa de juros brasileira. Em síntese, sua estratégia consiste em investir em contratos futuros de DI com vencimento em três anos
Conforme a gestão do fundo, ele tem como objetivo aplicar em uma carteira de ativos financeiros de forma a refletir as variações e a rentabilidade do S&P/BM&F Índice de Futuros de Taxa de Juros – DI 3 Anos ER, calculado pela S&P Dow Jones Indices (S&PDJI). A estratégia é baseada na replicação integral da composição do índice, buscando acompanhar fielmente seu desempenho.
Dados gerais | |
Índice referência | SPBDI1FP |
Administrador | BB Asset Management |
Taxa de administração | Entre 0,30% e 0,40% ao ano |
B5P211
O B5P211 é um ETF de renda fixa também oferecido pelo Itaú, só que a partir de 2020. Ele replica o índice P2, subíndice do IMA-B que também mede o desempenho de uma carteira teórica de títulos públicos federais indexados à inflação.
No entanto, conta com um diferencial, sua carteira é composta apenas por títulos públicos indexados ao IPCA com vencimento em até cinco anos, ou seja, de curto e médio prazo. Assim, pode-se dizer que o B5P211 é um ativo que reflete a variação da inflação, por sua vez, somada a uma taxa de juros de mercado estabelecida nos títulos do tesouro.
Dados gerais | |
Índice referência | IMAB-5 P2 |
Administrador | Itaú Unibanco S.A. |
Taxa de administração | 0,20% ao ano |
IB5M11
Se no ETF imediatamente supracitado o limite de vencimento dos títulos é de 5 anos, no IB5M11, este representa o prazo mínimo. Isto porque, o fundo replica o índice IMA-B5+.
Mais especificamente, o IMA-B5+ é uma segmentação do subíndice IMA-B, que reflete a rentabilidade de uma carteira composta por títulos públicos atrelados à inflação com prazos de vencimento iguais ou superiores a 5 anos. Os ativos que integram o índice irão compor 95% do IB5M11, conforme informa a gestora.
Dados gerais | |
Índice referência | IMAB-5+ |
Administrador | Itaú Unibanco S.A. |
Taxa de administração | 0,25% ao ano |
ETF’s de Renda Fixa x títulos e fundos de Renda Fixa tradicionais
Quando discutimos ETFs voltados para renda fixa, é natural que surjam dúvidas sobre as vantagens desses fundos em comparação a outros instrumentos da mesma classe, como os fundos tradicionais e os próprios títulos.
Para esclarecer esse paralelo de forma mais abrangente, consultamos novamente Antônio Nogarotto, sócio assessor da InvestSmart, que possui vasta experiência no assunto. Segundo ele, podemos destacar quatro benefícios principais atrelados ao aporte em ETFs, diversificação, liquidez, custos reduzidos e tributação.
Diversificação
Nogarotto destaca que os ETFs oferecem uma maneira prática de diversificar a carteira, já que um único ETF pode dar acesso a uma cesta diversificada de ativos.
“Em comparação a uma carteira composta por ativos individuais, para alcançar o mesmo nível de diversificação seria necessário a compra de uma grande quantidade de ativos específicos, o que gera grandes custos e esforço de gestão do investidor”, explica.
Liquidez
ETFs contam com melhor liquidez nesse paralelo, haja visto que ativos são listados em bolsa, diferentemente de alguns títulos de renda fixa tradicionais, que possuem um vencimento fixo. “O investidor já pode contar com o valor em D+2 na sua conta, facilitando o seu acesso”, destaca Nogarotto.
“Na renda fixa tradicional temos prazos de vencimentos determinados e uma liquidez limitada, além de penalidades no caso de resgates antecipados e a negociação no mercado secundário pode ser difícil”, complementa.
Baixo custo operacional
Em contraste com os fundos tradicionais, os ETFs oferecem uma estrutura de custos de gestão que tende a ser mais vantajosa para os investidores. Enquanto os fundos convencionais frequentemente enfrentam taxas de administração mais elevadas e custos adicionais associados à gestão ativa, os ETFs, por serem geridos de maneira passiva e replicarem índices, conseguem proporcionar uma redução significativa nas despesas.
Em experiência própria na filial de Santo André da InvestSmart, o assessor de investimentos evidencia que as taxas cobradas pelos ETFs geralmente variam entre 0,2% e 0,3%. Em contraste, os fundos tradicionais de renda fixa costumam apresentar taxas a partir de 1,5% e podem, aliás, serem iguais ou superiores a 2,5%.
Ele explica que essa diferença se deve, em grande parte, à necessidade de uma equipe de análise mais robusta nos fundos tradicionais, essencial para a implementação de um modelo de gestão ativa.
Tributação
Nogarotto também elenca certas vantagens tributárias, na contraposição entre investir em ETFs de renda fixa, ao invés de fundos tradicionais da classe. Neste âmbito, o assessor destaca o mecanismo do come-cotas como um fator decisivo.
Essa característica dos fundos tradicionais, que retém parte dos rendimentos a cada seis meses para pagamento de impostos, pode impactar a rentabilidade do investidor, ao contrário dos ETFs, que oferecem uma tributação mais favorável.
Atenção à curva de juros
“A sensibilidade à curva de juros, é uma das grandes desvantagens destes ativos, especialmente em um cenário de elevação de juros podendo mostrar uma volatilidade negativa em curtos prazos. Por terem sua negociação em bolsa de valores, estes ativos ainda tem um nível consideravelmente baixo de negociação o que impacta em sua oscilação natural”, acrescenta Nogarotto como contraponto aos ETFs.
Comparação de rentabilidade histórica
Ainda no campo comparativo, Nogarotto estabelece um paralelo entre a rentabilidade histórica dos índices de referência dos ETFs e dois importantes benchmarks: o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e o Ibovespa.
Em relação CDI
“Ao longo da última década o IMAB superou o CDI em alguns anos especialmente em períodos de inflação alta, apresentando uma média anual de 11% frente ao CDI que apresentou uma média de 9% no mesmo período, que embora este seja uma taxa relativamente estável tende a entregar rendimentos inferiores ao investidor em períodos de juros baixos como ocorreu entre 2019 a 2021”, destaca
Nogarotto também traz do IMA-B5 que também demonstrou ser uma opção atrativa em cenários de alta inflação. Entre 2021 e 2022, por exemplo, o índice obteve um retorno de 10,5%, superando os 9,7% do CDI.
Em relação ao Ibovespa
Ao sairmos do universo das taxas de juros e olharmos para o Ibovespa, o contraste se torna ainda mais marcante. “Embora o Ibovespa tenha tido anos de alta expressiva seu comportamento e mais volátil enquanto o IMAB e o IMAB-5 mantiveram uma trajetória mais previsível e estável”, analisou o assessor da InvetStmart.
“Em períodos de grande instabilidade econômica como entre 2015 e 2016 o Ibovespa performou negativamente em aproximadamente -13%, com uma recuperação parcial ao longo de 2016 enquanto o IMAB e o IMAB-5 performaram 12% e 11% respectivamente no mesmo período devido a uma recessão econômica”, exemplificou.
Conclusão
Os ETFs que replicam índices de inflação emergem como uma escolha estratégica para investidores que buscam preservar o poder de compra de suas aplicações em um cenário de incertezas econômicas.
Ao oferecer diversificação em uma ampla gama de ativos e com custos operacionais reduzidos, esses fundos permitem que os investidores construam portfólios mais resilientes, protegidos dos efeitos erosivos da inflação e com alta liquidez.
“Proteção contra a inflação no cenário brasileiro nunca é mais, e quando essa mecânica é feita de forma prática e sempre bem vinda”, diz Nogarotto.
De todo modo, é fundamental que o investidor esteja ciente dos riscos envolvidos, como a sensibilidade à curva de juros citada. Além disso, é essencial que ele avalie se o aporte faz sentido com seus objetivos e perfil de risco.
Lembrando que este artigo tem viés informativo, e não substitui, em nenhuma circunstância, uma orientação personalizada. Por isso, recomenda-se fortemente a consulta individual com um profissional qualificado, antes de qualquer decisão.