Qual setor mais empregou no Brasil em 2025?
No acumulado do ano, já são mais de 1,8 milhão de novos vínculos formais. Veja quais setores mais movimentaram o mercado de trabalho.
Imagem: Canva
O mercado de trabalho brasileiro manteve um ritmo consistente de contratações ao longo de 2025. Somente no acumulado do ano, já são mais de 1,8 milhão de novos vínculos formais, resultado que reforça a retomada gradual da atividade econômica no país.
Considerando o período de novembro de 2024 a outubro de 2025, o saldo positivo chega a 1.351.832 postos de trabalho.
Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O levantamento também aponta quais atividades vêm ganhando força e quais setores, hoje, lideram as admissões — e é justamente esse movimento que iremos analisar mais de perto.
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Retrospecto dos principais setores na geração de empregos
Na maior parte de 2025, o setor de serviços se consolidou como o principal destaque entre os Grandes Grupamentos de Atividades, permanecendo no topo dos cinco setores com melhor desempenho, segundo os dados do Caged.
Os levantamentos mensais mostram que apenas em janeiro o setor não liderou o saldo positivo de admissões — naquele mês, o protagonismo ficou com a indústria geral.
Histórico por setor entre janeiro e outubro de 2025:
| Mês (2025) | Serviços | Comércio | Indústria Geral | Construção | Agropecuária |
| Janeiro | +45.165 | -52.417 | +70.428 | +38.373 | +35.754 |
| Fevereiro | +254.812 | +46.587 | +69.884 | +40.871 | +19.842 |
| Março | +52.459 | -10.310 | +13.131 | +21.946 | -5.644 |
| Abril | +136.109 | +48.040 | +35.068 | +34.295 | +4.025 |
| Maio | +70.139 | +23.258 | +21.569 | +16.678 | +17.348 |
| Junho | +77.000 | +32.900 | +20.100 | +10.600 | +25.800 |
| Julho | +50.159 | +27.325 | +24.426 | +19.066 | +8.795 |
| Agosto | +81.002 | +32.612 | +19.098 | +17.328 | -2.665 |
| Setembro | +106.606 | +36.280 | +43.095 | +23.855 | +3.167 |
| Outubro | +82.436 | +25.592 | -2.875 | -9.917 | -10.092 |
Qual setor mais empregou em 2025?
Sem grandes surpresas, o setor de serviços manteve a liderança na geração de empregos entre janeiro e outubro de 2025, acumulando 961.016 novas vagas (+4,2%).
Em seguida aparece a indústria, com 305.641 postos criados (+3,4%), desempenho impulsionado sobretudo pela fabricação de produtos alimentícios, responsável por 75.252 admissões no período.
Os demais grandes grupamentos também apresentaram resultados positivos.
- O comércio encerrou o intervalo com 218.098 vagas abertas (+2,0%);
- A construção somou 214.717 novos postos e registrou o maior avanço proporcional entre os setores (+7,5%).
- A agropecuária gerou 101.188 empregos (+5,6%), com destaque para atividades como o cultivo de laranja, responsável por 14.619 novas vagas.
Quais estados geraram mais empregos em 2025?
No recorte por unidades federativas, alguns estados se destacam pela forte geração de empregos no balanço anual (jan. à out.).
- São Paulo lidera com folga, somando 502.683 novas vagas e registrando crescimento de 3,5% no emprego formal;
- Em seguida aparece Minas Gerais, com 159.601 postos e alta de 3,2%;
- Enquanto o Paraná completa o ranking dos três maiores geradores, acumulando 129.361 vagas e uma expansão de 4,0% no período.
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Média salarial nas contratações
O salário médio real de admissão apresentou avanço em outubro, tanto na comparação mensal quanto na anual. O valor médio alcançou R$ 2.304,31, o que representa um aumento real de R$ 17,28 em relação a setembro, equivalente a uma alta de 0,8%.
Na comparação com outubro de 2024, o avanço foi ainda mais expressivo: o salário médio real cresceu R$ 54,45 em 12 meses, o que corresponde a uma valorização de 2,4%. O resultado indica uma tendência mais consistente de ganho real de renda no médio prazo.
Diferença salarial entre típicos e não Típicos
Ao analisar o perfil dos trabalhadores, nota-se nos dados do Caged uma disparidade salarial considerável entre os grupos:
- Trabalhadores Típicos representam a forma tradicional de emprego formal no Brasil, caracterizada por contratos por prazo indeterminado e, em geral, por jornada padrão de trabalho.
- Para esse grupo, o salário médio de admissão foi de R$ 2.348,20, valor 1,9% acima da média geral. Esse desempenho reflete, possivelmente, maior nível de formalidade, qualificação ou carga horária.
- Trabalhadores não típicos englobam modalidades de contratação que se afastam do modelo tradicional, como vínculos intermitentes, aprendizes e temporários.
- Nesse segmento, o salário médio de admissão foi de R$ 1.974,07, valor 14,3% inferior à média geral. O dado evidencia a maior vulnerabilidade e o patamar de remuneração mais baixo predominante nas novas admissões com características não típicas.
O que é e como funciona Caged?
O Caged é um sistema do governo federal utilizado para registrar, mês a mês, as movimentações do mercado de trabalho formal no Brasil. Ele acompanha todas as admissões e demissões com carteira assinada, oferecendo um retrato atualizado da dinâmica do emprego no país.
O funcionamento do Caged é baseado no envio obrigatório de informações pelos empregadores. Sempre que uma empresa contrata ou demite um trabalhador formal, ela precisa comunicar a movimentação ao governo por meio do eSocial — plataforma que unifica dados trabalhistas, fiscais e previdenciários.
A partir dessas informações, o governo consolida os números e divulga mensalmente o saldo de empregos, que nada mais é que o resultado da diferença entre o número de admissões e de desligamentos no período.
Calendário Caged 2025
Confira as próximas datas de divulgação dos levantamentos do Caged:
- 29/12/2025 – Competência: novembro de 2025;
- 29/01/2026 – Competência: dezembro de 2025.
Tendências para o mercado de trabalho
Saindo um pouco do escopo do Caged e ampliando a análise para tendências estruturais do mercado, o Relatório sobre o Futuro do Trabalho 2025, da Fundação Dom Cabral (FDC), reúne dados e projeções relevantes sobre o que se pode esperar do setor nos próximos anos.
O estudo reúne análises consistentes e indicadores estratégicos que ajudam a antecipar os principais movimentos do emprego no Brasil e no mundo, considerando o horizonte de 2025 a 2030. Alguns dos principais pontos, neste âmbito, incluem:
Digitalização como eixo central da transformação
A ampliação do acesso digital desponta, segundo a pesquisa, como o principal vetor de transformação do mercado de trabalho. Esse movimento é impulsionado sobretudo pelo avanço da Inteligência Artificial e do processamento de dados, além do crescimento da robótica e da automação e do setor de energia.
Para os pesquisadores, cabe destaque nesse âmbito para o uso acelerado da IA generativa, especialmente nos setores financeiro, educacional e de consultoria, vem acompanhado de fortes investimentos em infraestrutura tecnológica e de um aumento expressivo na procura por profissionais qualificados em tecnologia.
Cenário econômico e tendências para as empresas
O elevado custo de vida, apontado por 50% dos entrevistados, somado ao ritmo mais lento de crescimento econômico, citado por 42%, impõe novos desafios às organizações.
Diante desse cenário de maior pressão sobre margens e consumo, o estudo aponta as empresas tendem a fortalecer a qualificação da mão de obra e a intensificar a adoção de tecnologias voltadas ao ganho de eficiência, produtividade e competitividade.
Transição verde redefine perfis profissionais
O avanço das políticas de redução de carbono e adaptação às mudanças climáticas impulsiona mudanças organizacionais e amplia a demanda por empregos verdes e competências ligadas à sustentabilidade.
“A transição verde continua sendo uma prioridade para muitas organizações, com 47% dos entrevistados prevendo o aumento dos esforços e investimentos para redução das emissões de carbono como um fator de transformação”, aponta a pesquisa.
Envelhecimento e crescimento desigual da população ativa
O relatório também aponto que países ricos enfrentam redução da força de trabalho, enquanto países de baixa renda concentram a expansão de jovens. Até 2050, essas nações devem responder por 59% da população em idade ativa no mundo, afetando diretamente a oferta global de talentos.
Segundo o estudo, 40% dos empregadores já sentem os efeitos da redução da população em idade ativa, enquanto 25% são impactados pelo crescimento. Nos países onde o envelhecimento é mais acentuado, a escassez de talentos preocupa ainda mais, dificultando a atração de profissionais e levando as empresas a priorizar a requalificação de funcionários e a automação de atividades.
Criação e substituição de empregos em larga escala
As transformações previstas devem impactar 22% dos empregos formais atuais, com:
- 170 milhões de novas vagas criadas;
- 92 milhões de postos substituídos;
- Saldo positivo estimado em 78 milhões de empregos até 2030.
Profissões em alta e em declínio
Crescem rapidamente as vagas para especialistas em Big Data, Inteligência Artificial e aprendizado de máquina, enquanto funções administrativas, secretariais e operacionais apresentam forte risco de substituição por tecnologias digitais.
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