CAGED aponta desaceleração do mercado de trabalho: Brasil cria 85 mil vagas e registra pior outubro desde 2020

O Brasil registrou saldo fraco de empregos formais em outubro, com geração abaixo das expectativas e perda de ritmo nos principais setores.

imagem do autor
Última atualização:  27 de nov, 2025 às 16:44
CAGED outubro Rafaela Felicciano/Metrópoles

O mercado de trabalho perdeu fôlego em outubro. O Brasil criou 85.147 vagas com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta quinta-feira (27) pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O resultado ficou abaixo da projeção dos economistas consultados pela Reuters, que esperavam cerca de 105 mil novas vagas.

As empresas contrataram 2.271.460 trabalhadores e demitiram 2.186.313 no mês. Mesmo com saldo positivo, o ritmo de criação caiu ao menor nível para outubro desde o início da série do Novo Caged, em 2020. Um ano antes, o país havia gerado aproximadamente 131 mil postos formais.

No acumulado de janeiro a outubro, o mercado abriu 1.800.650 vagas, volume inferior ao de 2024, quando o saldo somou 2.126.843.

Serviços seguram o emprego; agro e indústria recuam

Dos cinco grandes setores, apenas dois ampliaram o emprego formal. Serviços lideraram a abertura com 82.436 novas vagas. O comércio veio em seguida, com 25.592 contratações líquidas.

No lado negativo, a agropecuária fechou 9.917 postos, enquanto a indústria encerrou 10.092 vagas. Os números consideram dados sem ajuste, inclusive declarações enviadas pelas empresas fora do prazo.

Visão técnica sobre o resultado do Caged em Outubro

Para Sara Paixão, macroeconomista da InvestSmart XP, o dado confirma a esperada perda de ritmo após dois anos de forte expansão no emprego formal.

Segundo ela, o resultado mais fraco não altera o diagnóstico de fundo:

“O dado de hoje confirma a tendência esperada de desaceleração no mercado de trabalho, que vem de meses muito positivos ao longo dos últimos dois anos, principalmente no universo de empregos formais. Vale ressaltar que, apesar do dado de hoje mais fraco do que o esperado, o mercado de trabalho continua aquecido, com taxa de desemprego nas mínimas históricas e um crescimento expressivo na renda real da população. Por isso, o dado não muda a expectativa de que o Banco Central deve manter a taxa Selic inalterada em dezembro, com possibilidade de corte a partir de 2026.”

Sara também faz um alerta sobre o cenário de 2026:

“O cenário exige cautela adicional, pois de um lado temos dados mais fracos no emprego formal, mas por outro a inflação de serviços continua pressionada e, para o ano que vem, a alteração na faixa de imposto de renda e o aumento de repasses fiscais podem impactar positivamente a atividade econômica.”

Informalidade segue como marca regional

O Ministério do Trabalho ressalta que, apesar dos avanços recentes, a informalidade segue como traço estrutural no mercado de trabalho da América Latina e do Caribe; fator que limita a recuperação plena do emprego formal no Brasil.

Salário médio sobe

O salário médio real pago aos trabalhadores contratados em outubro ficou em R$ 2.304,31, alta de 0,8% (R$ 17,28) na comparação com setembro. Frente ao mesmo mês do ano passado, a renda avançou 2,4% (R$ 54,45).

Entre os trabalhadores típicos, o rendimento médio foi de R$ 2.348,20, valor 1,9% acima da média geral. Já entre os não típicos, a remuneração ficou em R$ 1.974,07, cerca de 14,7% abaixo do salário médio nacional.

Achou este conteúdo útil? Siga o Melhor Investimento nas redes sociais: 

Instagram | Linkedin

Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.