Se você deseja crescer seus ativos financeiros, mas se sente inseguro quanto à escolha dos melhores investimentos, precisa entender como funcionam os fundos de renda fixa.

Trata-se de uma opção bastante acessível e versátil, sem grandes riscos, além de ser adequada tanto para investidores iniciantes quanto para aqueles um pouco mais experientes.

No início de 2023, a Anbima divulgou dados sobre os fundos de investimento. Houve apenas três classes de fundos com rentabilidade positiva, com entrada líquida de R$ 11,4 bilhões e estratégias mais conservadoras. Foram eles:

Mas como identificar os fundos mais viáveis para o seu perfil? Neste artigo, vamos explicar tudo o que você precisa saber para investir nessa modalidade.

O que são fundos de renda fixa?

Os fundos de renda fixa são fundos de investimentos que reúnem produtos de renda fixa pós-fixados ou prefixados, por exemplo:

  • títulos públicos;
  • debêntures;
  • letras financeiras;
  • letras de crédito;
  • CDBs.

Esses ativos têm como característica a previsibilidade do rendimento, já que as estimativas de juros são conhecidas previamente. Além disso, você não precisa se preocupar em gerenciar as suas aplicações sozinho.

Diversas pessoas aportam recursos e o gestor do fundo se encarrega da parte administrativa. Ele escolhe os ativos de forma estratégica para maximizar o retorno.

Isso significa que você pode investir com certa tranquilidade e deixar que outra pessoa trabalhe para fazer o seu dinheiro render. Dessa forma, os rendimentos são repartidos conforme a quantia de cotas adquiridas.

Esse fundo é considerado conservador, pois apresenta menor risco em relação a outros tipos de investimento, a exemplo de ações. Dessa forma, é indicado para diferentes perfis de investidor.

Ou seja, desde os mais conservadores — que buscam manter a rentabilidade próxima à taxa básica de juros — até os mais arrojados — que buscam maximizar os ganhos a partir de estratégias mais sofisticadas.

Como funcionam os fundos de renda fixa?

Os fundos de renda fixa funcionam como uma espécie de investimento coletivo. Assim, os investidores adquirem cotas do fundo, tendo uma participação proporcional aos ativos que compõem sua carteira.

Se houver valorização das aplicações, os investidores que compraram cotas recebem os rendimentos conforme o número de cotas adquiridas.

Vale lembrar que 80% do fundo deve ser composto de ativos de renda fixa. Por sua vez, os outros 20% são derivativos, que permitem a alavancagem nos momentos de baixa da renda fixa. Essa diversificação dos ativos permite diluir os riscos e aumentar a segurança do investimento.

Logo, os fundos de renda fixa são como uma roda gigante, com altos e baixos. Mas, no geral, o movimento é suave e oferece um passeio tranquilo e de certa forma seguro.

Quais são os tipos de fundos de renda fixa?

Na categoria de fundos de renda fixa, existem diferentes modalidades. Cada uma com características específicas.

Neste tópico, vamos falar sobre os principais tipos disponíveis no mercado, para ajudar você a entender qual deles pode é mais adequado aos seus objetivos de investimento.

Fundos Referenciados

São fundos de renda fixa que buscam acompanhar a variação de um indicador de mercado (benchmark). Alguns desses índices são o CDI e a taxa Selic.

O objetivo é proporcionar ao investidor uma rentabilidade próxima à variação do índice de referência escolhido.

Os fundos referenciados são mais conservadores e, como vantagem, apresentam alta liquidez.

Simples

Um fundo simples aloca recursos majoritariamente em títulos públicos de baixo risco, sendo indicado para investidores conservadores.

Além disso, os fundos de renda fixa simples são uma opção interessante para quem está começando a investir. Afinal, é um tipo de investimento fácil de entender e com baixo custo de entrada.

Curto prazo

Os fundos de renda fixa de curto prazo tem o intuito reunir títulos com prazo de vencimento de até um ano. Além dos títulos públicos, ele é composto por títulos privados atrelados à Selic ou Tesouro Direto.

Longo prazo

Os fundos que investem em títulos de renda fixa com prazo de vencimento mais longo, acima de um ano.

É indicado para investidores que desejam uma rentabilidade maior que a dos fundos de renda fixa de curto prazo, a um risco também maior, pois é composto de títulos privados e públicos.

Dívida externa

Já os fundos de renda fixa de dívida externa investem em pelo menos 80% de títulos de dívida externa emitidos pelo governo, mas a negociação acontece no exterior. Ou seja, os títulos são adquiridos por empresas ou instituições estrangeiras. 

Crédito privado

Aqui estamos falando de fundos de renda fixa que investem em títulos emitidos por empresas com diferentes riscos de crédito. Eles são conhecidos por serem mais dinâmicos, e oferecem menor risco.

Esses fundos costumam conter pelo menos metade da carteira em títulos privados, como debêntures, emissões bancárias e FIDCs (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios).

Além disso, podem ser subdivididos em três tipos: grau de investimento (high grade), high yield e debêntures incentivadas.

Os fundos grau de investimento investem em ativos de baixa classificação de risco de crédito, como letras financeiras. Já os fundos high yield têm perfil de risco mais elevado, com objetivos de retorno acima da média.

Por fim, os fundos de debêntures incentivadas investem em debêntures de infraestrutura, possibilitando a isenção fiscal do Imposto de Renda (IR) para investidores pessoa física.

Qual a diferença entre investir em renda fixa e em fundos de renda fixa?

Investir em renda fixa significa aplicar individualmente em títulos emitidos por empresas ou governos, como:

Nesse caso, o investidor faz a aquisição desses ativos de acordo com suas próprias decisões. Ele recebe os juros e o valor principal no vencimento do título. Ou seja, ele não conta necessariamente com a expertise de um profissional ao fazer a escolha.

Por outro lado, investir em fundos de renda fixa significa aplicar em um fundo que investe em diversos títulos de renda fixa  selecionados previamente por um gestor para compor uma carteira.

Então, a principal diferença é que, nos títulos de renda fixa, o investidor tem mais controle sobre os ativos em que está investindo e pode escolher as opções que melhor se adequam ao seu perfil.

Já ao investir em fundos de renda fixa, o gestor do fundo é quem decide quais ativos comporão a carteira, e o investidor recebe a rentabilidade proporcional às cotas que adquiriu no fundo.

Como é a rentabilidade do fundo de renda fixa?

A rentabilidade ideal dos fundos de renda fixa variam entre 90% do CDI e 110% do CDI. Isso dependerá de diversos fatores, como:

  • taxa de juros;
  • inflação;
  • prazo dos títulos em que o fundo investe;
  • estratégia adotada pelo gestor do fundo.

Com a atual Selic em 13,75%, há uma estimativa interessante para investidores que desejam um retorno mais seguro e previsível. No entanto, essa classe de fundo oferece retornos menores que outros tipos de fundos de investimento, como os fundos de ações.

Como você já sabe, a rentabilidade é obtida por meio dos juros pagos pelos títulos do fundos de renda fixa. Nessa linha, alguns ativos do fundo podem oferecer retornos mais elevados, como:

  • CRIs;
  • CRAs;
  • letras financeiras;
  • debêntures incentivadas.

Inclusive, segundo o Valor Investe, as debêntures incentivadas tiveram rentabilidade 1,23% maior que a do título público ligado à inflação entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023.

Exemplo

Suponha que um fundo de renda fixa tenha uma carteira composta por títulos públicos e privados que rendem, em média, 6% ao ano.

Se o investidor João Roberto aplicar R$ 10 mil no fundo, ele adquire uma quantidade de cotas proporcional ao valor investido.

Vamos considerar o seguinte. A cota do fundo vale R$ 100 e João tem 100 cotas.

Ao final de um ano, ao ter em mente que a rentabilidade média dos ativos do fundo foi de 6%, haverá um rendimento de R$ 600,00. Para chegar a esse valor, basta fazer o cálculo de 6% de R$ 10 mil.

No resultado desse investimento, não consideramos as taxas de administração e os impostos, que veremos no próximo tópico.

Como são as tributações, custos e taxas?

É importante ficar de olho na tributação, nos custos e nas taxas dos fundos de renda fixa. Afinal, esses fatores influenciam a rentabilidade dos seus investimentos.

Assim, não haverá surpresas desagradáveis em relação às aplicações. Existem os seguintes custos e tributações dos fundos de renda fixa: 

  • Imposto de Renda (IR);
  • Imposto sobre Operações Financeiras (IOF);
  • taxa de administração;
  • taxa de performance.

Imposto de Renda

A tributação de fundos de renda fixa é regida pelo come-cotas. Ele funciona da seguinte forma: a cada seis meses, em maio e novembro, é cobrado um percentual de IR sobre os rendimentos do fundo.

A cobrança é automática, porque o IR é retido na fonte. Para fundos de curto prazo, a incidência do imposto é de 20%. Para fundos de longo prazo, é de 15%.

Porém, dependendo do momento do resgate do investimento, é cobrada uma alíquota complementar sobre os rendimentos, conforme a tabela regressiva do IR.

Confira abaixo como funciona a tabela, para fundos de curto e longo prazo, respectivamente.

Fundos de curto prazo

Prazo de permanênciaCome-cotas no semestreAlíquota complementarAlíquota total
Até 180 dias20%2,5%22,5%
Mais de 180 dias 20%020%

Fundos de longo prazo

Prazo de permanênciaCome-cotas no semestreAlíquota complementarAlíquota total
180 dias 15%7.5%22.5%
181 a 360 dias15%5%20%
361 a 720 dias15%2,5%17,5%
Mais de 720 dias 15%015%

Para exemplificar, suponha que Cecília tenha feito um investimento em um fundo de renda fixa a longo prazo em 1º de janeiro de 2023.

Em 1º de agosto do mesmo ano, ou seja, após 7 meses, ela decide resgatar suas cotas do fundo.

Como o investimento não completou 360 dias, a alíquota complementar será aplicada sobre os rendimentos no período. Além disso, considere que houve cobrança do come-cotas de 15% em maio.

Se foram retidos os 15% de come-cotas, em agosto ela precisa subtrair: 20% da tabela regressiva do IR menos 15% de come-cotas.

Ou seja, ela pagará a alíquota complementar de 5% sobre o rendimento no resgate.

Por outro lado, se Cecília decidir esperar mais de 720 dias para resgatar, a alíquota complementar será zero, como você pode observar na tabela.

IOF

O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) é um imposto federal cobrado sobre várias operações financeiras, como indica o nome, inclusive em fundos de renda fixa. A tributação varia conforme o prazo de resgate do investimento. Até 30 dias, é feita a cobrança, e os percentuais vão de 96% a 0.

Por exemplo, no primeiro dia da aplicação, a cobrança é de 96%, ou 0,96. No 15º dia, é de 50%, ou 0,5, enquanto no 30º dia é 0.

Logo, se você quiser se isentar desse imposto, é bom evitar o resgate nos 30 primeiros dias da aplicação.

Veja quais são os percentuais do IOF na tabela a seguir:

DiaIOFDiaIOFDiaIOFDiaIOFDiaIOFDiaIOF
1966801163164621302613
2937761260174322262710
390873135618402323286
486970145319362420293
5831066155020332516300

Taxa de administração

A taxa de administração em fundos de renda fixa é uma cobrança anual realizada pela instituição financeira responsável pela gestão do fundo.

Ela é diluída ao longo dos meses, pois a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabelece essa regra. Assim, a taxa varia conforme o tipo de fundo. Em geral, pode chegar a até 3% ou mais ao ano.

Um valor de 3% pode parecer irrisório em um primeiro momento, mas pode não ser atrativo dependendo dos ativos do fundo.

Para você ter uma ideia, se um fundo de renda fixa tem patrimônio líquido de R$ 10 milhões e uma taxa de administração de 3%, o valor pago à gestão do fundo será de R$ 300 mil por ano.

Ou seja, é preciso avaliar bem o custo-benefício conforme os tipos de ativos que compõem a carteira para saber se a taxa é viável.

Taxa de performance

A taxa de performance é um incentivo para a equipe de gestão do fundo que consegue obter resultados acima do benchmark (índice de referência). Ou seja, um desempenho superior ao mercado.

A cobrança está vinculada a um parâmetro específico de rentabilidade do fundo, definido no momento da contratação do investimento. Se o fundo superar esse parâmetro, a instituição financeira pode cobrar uma taxa adicional sobre o rendimento excedente.

Vamos supor que um fundo de renda fixa tenha o CDI como índice de referência. Ele estabelece uma taxa de performance de 15% sobre o CDI.

Se o CDI render 10% em um ano e o fundo render 14%, a taxa de performance será cobrada somente sobre a diferença de 4%. Assim, a taxa de performance seria de 15% sobre os 4% de retorno excedente, ou seja, 0,6%. 

Portanto, se um investidor tiver aplicado R$ 10 mil no fundo, terá rendimento bruto de R$ 1.400 (14% do valor aplicado).

Se for cobrada uma taxa de administração de 1% ao ano e uma taxa de performance de 0,6%, o investidor receberá rendimento líquido de R$ 1.240 (14% – 1% – 0,6% = 12,4%).

Vale lembrar que a CVM adota normas claras sobre a cobrança de taxa de performance. Em princípio, essa prática é proibida, exceto em determinadas situações. Uma delas é quando o fundo é voltado para investidores considerados qualificados, como informa o próprio portal do governo.

Quais são as vantagens e os riscos dos fundos de renda fixa?

É sempre bom entender as vantagens e os riscos dos fundos de renda fixa antes de começar a aplicar seu dinheiro, certo?

Abaixo, listamos alguns pontos relevantes para que você tenha uma compreensão panorâmica sobre a questão.

Vantagens dos fundos de renda fixa

As principais vantagens dos fundos de renda fixa são:

  • investimento inicial baixo;
  • baixo risco de perda de capital;
  • diversificação dos investimentos e da carteira;
  • liquidez diária em alguns fundos;
  • facilidade de investimento;
  • fundo conduzido por um gestor experiente;
  • aplicação em mais de um ativo com apenas um investimento;
  • opções com diferentes prazos e estratégias de investimento.

Riscos dos fundos de renda fixa

Os principais riscos dos fundos de renda fixa incluem:

  • baixa rentabilidade em períodos de juros baixos;
  • variação dos preços dos títulos no mercado;
  • risco de crédito, devido à possibilidade de inadimplência dos emissores dos títulos;
  • risco de liquidez, o que pode dificultar o resgate;
  • inflação pode corroer o poder de compra e influenciar o valor dos rendimentos;
  • taxas e impostos que podem reduzir a rentabilidade do investimento, a exemplo do come-cotas;
  • ausência de garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

O que considerar antes de investir?

Antes de investir em fundos de renda fixa, é importante considerar algumas questões, como:

  • perfil de investidor: conhecer o próprio perfil é o primeiro passo para saber se a aplicação é compatível com o grau de tolerância a riscos;
  • objetivos financeiros: é preciso definir os objetivos financeiros para saber se esse investimento é adequado para alcançá-los.
  • rentabilidade histórica: outro ponto é avaliar a rentabilidade passada, para ter uma ideia de como o investimento tem se comportado em diferentes cenários;
  • taxas de administração: as taxas podem impactar na rentabilidade;
  • prazo de resgate: aqui você definirá o prazo de resgate, ou seja, quanto tempo é necessário esperar até poder resgatar o valor que você espera receber;
  • liquidez: a liquidez do fundo também deve ser considerada, ou seja, a facilidade de resgatar o dinheiro investido.
  • risco de crédito: é preciso avaliar o risco de crédito dos emissores dos títulos que compõem o fundo, de modo a saber se há algum possível sinal de inadimplência futura.
  • monitoramento do investimento: acompanhar periodicamente a evolução do investimento garante que ele esteja alinhado aos objetivos financeiros e a volatilidade. Veja, por exemplo, quem são os bancos emissores e o CNPJ do fundo.
  • diversificação: é recomendável diversificar os investimentos em diferentes fundos de renda fixa para reduzir o risco de concentração em um único fundo.
  • orientação profissional: buscar orientação profissional é algo que faz uma grande diferença na tomada de decisões, por exemplo, qual fundo escolher.

Como investir em fundos de renda fixa?

Em primeiro lugar, é preciso escolher o tipo de fundo que melhor se adéqua aos seus objetivos financeiros.

Por exemplo, você já sabe a diferença entre fundos referenciados e simples, certo? Qual deles parece mais interessante para você? Quanto aos fundos de crédito privado, você está disposto a arriscar mais?

Existem diversos tipos de fundos de renda fixa, cada um com suas próprias peculiaridades, como já explicamos em tópicos anteriores. Uma vez que você tenha escolhido o tipo de fundo, é hora de selecionar o fundo específico em que deseja investir.

É bom avaliar diversos aspectos importantes, como desempenho e risco de crédito. Veja o passo a passo a seguir!

Crie uma conta na corretora

Ao criar uma conta na corretora, você terá uma ampla variedade de fundos de investimento, com diferentes rentabilidades e riscos.

Com a ajuda de consultores financeiros especializados, é possível avaliar as opções com cuidado e encontrar as alternativas certas para cada perfil de investidor.

Transfira dinheiro para sua conta

Após criar sua conta, é hora de transferir dinheiro para ela. Você pode fazer isso por meio de um TED, por exemplo.

O valor mínimo para investir em fundos de investimento varia de acordo com cada fundo.

Análise dos fundos

No aplicativo da corretora você terá acesso a todas as informações necessárias para analisar os fundos disponíveis de modo tomar uma decisão embasada. Alguns dados para prestar atenção são: rentabilidade passada, riscos e taxas.

A corretora oferece diversos fundos de renda fixa com diferentes rentabilidades. Se preferir, pode contratar uma consultoria ou assessoria de investimentos para um atendimento personalizado, como a InvestSmart.

Adquira a aplicação

Uma vez que tenha escolhido o fundo de renda fixa ideal para você, adquirir a aplicação é mais simples do que você imagina. Após isso, basta acompanhar os rendimentos ao longo do tempo.

Como vimos, os fundos de renda fixa são vantajosos, porém é preciso analisar com cautela os tipos de fundo disponíveis, os custos e riscos envolvidos.

Se você ainda tiver dúvidas ou dificuldades para ingressar no mercado de investimentos, os assessores especializados da InvestSmart podem te ajudar a alcançar seus objetivos financeiros. Saiba mais no site!