Você já se perguntou por que os preços das ações sobem e descem tão rapidamente? Essa constante oscilação, conhecida como volatilidade, é uma característica inerente aos mercados financeiros e, muitas vezes, causa incerteza e preocupação nos investidores. 

Embora a volatilidade seja frequentemente vista como um risco, há quem a encare como uma oportunidade valiosa, especialmente por investidores experientes que sabem explorá-la de maneira estratégica.

Em suma, compreender a volatilidade pode auxiliar significativamente na tomada de decisões. Ao entender quando a volatilidade é baixa ou alta, você pode ajustar sua estratégia de acordo, adotando uma postura mais conservadora ou agressiva.

Neste guia, a ideia é desmistificar esse conceito e mostrar como a volatilidade pode se tornar uma aliada no campo dos investimentos. 

O que é volatilidade no mercado financeiro

Começando do começo, a volatilidade no contexto financeiro é uma medida que expressa a variação dos preços de um ativo ao longo do tempo. Em termos simples, ela indica o quanto o preço de um ativo pode oscilar em um determinado período. 

Essa oscilação pode ser influenciada por diversos fatores, como notícias econômicas, eventos políticos, mudanças nas taxas de juros e até mesmo as emoções dos investidores. Quando um ativo é considerado volátil, isso significa que ele pode experimentar grandes flutuações de preço em um curto espaço de tempo, o que pode ser tanto uma oportunidade quanto um risco para os investidores.

Imagine adquirir um ativo em um momento de baixa. Se a volatilidade estiver alta, o potencial de lucro é considerável. No entanto, é crucial lembrar que a mesma volatilidade que impulsiona os preços para cima também pode precipitá-los para baixo. 

Em poucas palavras, alta volatilidade equivale a grandes oscilações de preço em um curto espaço de tempo. Já a baixa volatilidade representa movimentos de preço mais suaves e estáveis.

Por que a volatilidade é importante para os investidores?

A volatilidade é, basicamente, a montanha-russa do mercado financeiro. Os preços dos investimentos sobem e descem o tempo todo, e quanto mais rápido essas mudanças acontecem, mais volátil o mercado está.  Mas calma! Essa oscilação não precisa ser um bicho de sete cabeças. 

Com a estratégia certa, você pode até mesmo tirar proveito desses momentos de alta e baixa. Em suma, volatilidade desempenha um papel central nas decisões de investimento, pois pode impactar significativamente o retorno esperado de um ativo. Existem alguns aspectos-base, que ilustram bem o uso deste termômetro. 

Volatilidade como oportunidade de investimento

Para muitos investidores experientes, a volatilidade não é apenas um risco, mas também uma oportunidade. Altos níveis de volatilidade podem indicar chances de lucrar com a compra e venda estratégica de ativos, sobretudo, para estratégias de investimento de curto prazo. 

Por outro lado, para quem planeja uma carteira voltada para o longo prazo, a escolha de ativos com menor volatilidade pode ser uma estratégia prudente. Esses ativos tendem a oferecer maior estabilidade e previsibilidade, o que é especialmente vantajoso para investidores que priorizam segurança e crescimento consistente ao longo do tempo.

Relação risco x retorno 

O nível de volatilidade de um ativo está diretamente ligado ao seu potencial de retorno. Ativos menos voláteis, como títulos do governo, oferecem um retorno mais previsível e estável, mas também menor. 

Já os ativos mais voláteis, como ações de empresas de tecnologia ou criptomoedas, podem proporcionar retornos mais elevados, mas também expõem o investidor a um risco maior de perda. A decisão de investir em ativos mais ou menos voláteis é comumente tomada com base na tolerância ao risco de cada investidor e no seu horizonte de investimento

O impacto da volatilidade no mercado

A volatilidade exerce uma influência significativa no comportamento do mercado. Durante períodos de alta volatilidade, por exemplo, o mercado tende a reagir de forma mais intensa a notícias e eventos, resultando em movimentos de preços acentuados. 

Em virtude disso, muitos investidores ficam atentos às mudanças nas condições de mercado e adaptam suas estratégias conforme necessário. Essa compreensão permite previsões mais fundamentadas e a elaboração de planos de contingência eficazes.

Tipos de volatilidade

Até aqui, abordamos a volatilidade de maneira geral, entendendo-a, portanto, como um termômetro que mede a intensidade das oscilações no preço de um ativo ao longo do tempo. Contudo, é fundamental destacar que a volatilidade não é um conceito único ou estático. 

No mercado financeiro, ela se apresenta de diferentes formas, cada uma com características próprias e implicações específicas para os investidores. Nesta perspectiva, a volatilidade costuma ser classificada em três categorias principais, são elas: 

Volatilidade Histórica 

A volatilidade histórica se refere, essencialmente, às flutuações passadas nos preços de um ativo, ou seja, ao seu comportamento registrado ao longo do tempo. Esse índice é calculado com base nos dados históricos de preços, revelando como o valor de um ativo variou em um período específico.

Embora a volatilidade histórica possa ser útil como indicador para prever possíveis variações futuras, é importante ressaltar que ela não garante que essas oscilações realmente ocorrerão. Trata-se de uma ferramenta de análise, não de uma certeza sobre o comportamento do mercado.

Volatilidade Implícita 

A volatilidade implícita é um conceito intrínseco ao mercado de opções. Ela representa a volatilidade que está “implícita” nos preços das opções, ou seja, a volatilidade que os investidores acreditam ser necessária para justificar o preço atual dessas opções

Embora possa oferecer insights valiosos sobre o comportamento esperado do ativo, é importante destacar que, assim como a volatilidade histórica, a volatilidade implícita não garante que essas previsões se concretizem. Trata-se de uma ferramenta baseada em probabilidades. 

Volatilidade Real 

Refere-se à volatilidade observada no presente, analisando o comportamento atual dos preços dos ativos. É muito útil para traders que operam no curto prazo, pois ajuda a entender as oscilações de preço em tempo real. 

Para monitorar esse indicador, é necessário utilizar o valor da ação no mercado futuro como referência. Nesse contexto, os ganhos estão diretamente ligados às oscilações de preço, ou seja, à diferença entre o valor de compra e de venda do ativo.

Estratégias de investimento baseadas na oscilação de preços

Volatilidade
Imagem: Envato Elements

Muitos investidores adotam estratégias cuja volatilidade desempenha um papel central, seja como guia para a tomada de decisões, seja como um dos principais fatores a serem considerados ao realizar aportes financeiros. A seguir, conheça algumas das abordagens mais utilizadas que aproveitam a volatilidade como elemento estratégico:

Estratégia de compra e venda

Uma das estratégias mais conhecidas é a “compra e venda”, que basicamente consiste em adquirir ativos durante períodos de baixa volatilidade e vendê-los quando a volatilidade aumenta. Essa abordagem permite que os investidores aproveitem momentos de estabilidade para acumular ativos e realizem lucros quando o mercado se torna mais agitado. No entanto, essa estratégia exige um monitoramento constante das condições do mercado e uma compreensão aprofundada das tendências de volatilidade.

Diversificação para gerenciar riscos

A diversificação é outra estratégia eficaz para lidar com a volatilidade. Ao combinar ativos com diferentes níveis de oscilação em um portfólio, os investidores podem reduzir o impacto das flutuações de preço. Isso significa que, mesmo que um ativo enfrente alta volatilidade, outros podem compensar possíveis perdas, promovendo maior estabilidade.

Uso de opções para lucrar com a volatilidade


Outra abordagem comum é a utilização de “opções”, instrumentos financeiros que permitem aos investidores lucrar com oscilações de preço sem precisar adquirir o ativo subjacente. Por exemplo, é possível comprar opções de compra em ativos que se espera tornarem-se mais voláteis ou opções de venda para proteger posições em períodos de alta volatilidade. Essa flexibilidade torna as opções uma ferramenta poderosa em um portfólio diversificado, ajudando os investidores a se beneficiarem da volatilidade em vez de apenas se protegerem contra ela.

Como calcular a volatilidade de um ativo

Calcular a volatilidade de um ativo é um processo que envolve algumas etapas matemáticas, mas é uma habilidade essencial para qualquer investidor. O método mais comum para calcular a volatilidade é usando o desvio padrão dos retornos. Para tal, é preciso estar ciente de três passos essenciais, são eles: 

  1. Primeiro é necessário descobrir a média da variação, o valor médio das mudanças de preço de um ativo em um determinado período. Para calculá-la, somamos todas as variações de preço e dividimos pelo número de períodos.
  2. Em seguida, é preciso calcular a variância amostral, que mede a dispersão dos dados em torno da média. Para isso, subtraímos a média de cada dado, elevamos a diferença ao quadrado, somamos todos os resultados e dividimos pelo número de dados menos um.
  3. O desvio padrão é a raiz quadrada da variância. Ele indica, em média, o quanto um dado se afasta da média.

Além do desvio padrão, existem outras formas de mensurar a volatilidade, como a utilização do Índice de Volatilidade (VIX), que mede a expectativa de volatilidade do mercado de ações norte-americano. O VIX é frequentemente chamado de “índice do medo”, pois tende a aumentar em tempos de incerteza no mercado, refletindo a percepção de risco dos investidores. 

O que são ativos voláteis? Exemplos e padrões de movimentação

Diversos ativos financeiros são conhecidos por sua considerável volatilidade, ou seja, por sua natureza de dispor mais oscilações de preço em um espaço de tempo relativamente pequeno. Entender seus padrões de movimentação pode ajudar os investidores a tomar decisões mais informadas. Entenda com alguns exemplos: 

  • Ações de Big techs: os papéis de grandes empresas da tecnologia, como as da Apple e da Amazon, frequentemente apresentam alta volatilidade devido ao rápido avanço da tecnologia e mudanças nas expectativas do mercado. Movimentos bruscos nos preços dessas ações podem ser observados em resposta a anúncios de resultados financeiros ou inovações de produtos.
  • Criptoativos: as criptomoedas e outros ativos de mesma categoria também são um exemplo notável de ativos voláteis. O Bitcoin, por exemplo, é famoso por suas flutuações de preço extremas, que podem ocorrer em questão de horas. Essas oscilações são frequentemente impulsionadas por fatores como regulamentações, adoção institucional e mudanças na percepção do mercado. 
  • Commodities: a exemplo do petróleo e do ouro, commodities também apresentam padrões de volatilidade significativos, por sua vez, bem influenciados por fatores econômicos e geopolíticos. O preço do petróleo, por exemplo, pode ser afetado por crises políticas em países produtores, enquanto o ouro frequentemente se valoriza em momentos de incerteza econômica.

E quais ativos são conhecidos por terem baixas oscilações de preço? 

De maneira geral, quando nos referimos a ativos que apresentam menores oscilações de preço, estamos falando dos chamados produtos financeiros de renda fixa. Esses ativos são conhecidos por sua maior estabilidade, pois oferecem retornos previsíveis e tendem a sofrer variações de preço menos acentuadas. 

Exemplos incluem CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e títulos do Tesouro. Em essência, os investimentos em renda fixa são atraentes por sua maior previsibilidade, uma vez que seus retornos são, em grande parte, definidos no momento da aplicação, e geralmente estão atrelados a índices de referência como a Selic ou IPCA. 

Tais características os tornam menos vulneráveis às oscilações do mercado. Já os investimentos em renda variável, como as ações, são influenciados por uma série de fatores, desde o desempenho da empresa até o cenário econômico global, o que resulta em uma maior volatilidade. 

Um meio-termo entre essas classes de ativos são os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário). Embora apresentem menos volatilidade do que as ações e criptos, os FIIs ainda possuem flutuações de preço mais acentuadas do que os produtos de renda fixa.

Volatilidade não é o mesmo que risco

Como discutido ao longo deste artigo, embora volatilidade e risco sejam frequentemente tratados como conceitos semelhantes no imaginário coletivo, eles não são a mesma coisa.

A volatilidade está mais relacionada à intensidade e à frequência das oscilações no preço de um ativo ao longo do tempo, enquanto o risco diz respeito à probabilidade de que o retorno de um investimento seja diferente do esperado, seja para mais ou para menos.

Ao investir em ações, por exemplo, você está sujeito ao risco de não obter o retorno esperado, ou até mesmo de perder dinheiro. A volatilidade, ou seja, a variação do preço de uma ação, é um indicador desse risco, não ele em si. Quanto maior a volatilidade, maior a incerteza sobre o futuro do investimento.

Em última analise, não é exagero dizer que compreender a volatilidade é essencial para qualquer investidor que deseja navegar com sucesso no mercado financeiro. A volatilidade não é apenas uma medida de risco, mas também uma oportunidade para aqueles que sabem como utilizá-la estrategicamente.

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Lucas Machado

Redator do Melhor Investimento e psicólogo de formação, com mais de dois anos de experiência em redação de artigos relacionados aos mais variados assuntos e campos do saber.