O índice VIX é um medidor de volatilidade com base no S&P 500. Assim como o Ibovespa é a métrica mais importante no âmbito nacional, o índice da Standard & Poor’s é a chave para avaliar o desempenho das bolsas norte-americanas.

Outra característica do VIX é transformar o fenômeno da volatilidade em um ativo negociável. Um trader, por exemplo, poderia realizar operações, especulando sobre a instabilidade ou estabilidade do mercado.

Neste conteúdo, apresentamos uma visão geral do índice para que você tenha mais uma ferramenta de análise à sua disposição. Continue a leitura e conheça o medidor de medo dos investidores!

O que é o índice VIX?

O índice VIX é uma referência ao CBOE Volatility Index. Essa métrica é utilizada para mensurar a volatilidade no mercado de ações, a partir de projeções sobre a cotação do S&P 500 para os próximos 30 dias.

O Standard & Poor’s 500 é o principal indicador do mercado de ações norte-americano. Nele, estão incluídas empresas que correspondem a cerca de 70% da NASDAQ e da NYSE, que são as maiores bolsas dos EUA.

A relação do VIX com o S&P 500 é inversamente proporcional. Quando o índice de volatilidade está em alta, o mercado de ações historicamente apresenta um desempenho ruim.

O motivo é que as pessoas tendem a vender ativos e causar oscilações quando as expectativas são negativas. Por outro lado, quem enxerga um futuro próspero para suas ações costuma permanecer com os ativos e tornar o mercado mais estável.

Para que serve o índice VIX?

O índice de volatilidade do mercado pode auxiliar os investidores de diferentes formas.

Avaliar o mercado de ações

Na maioria das vezes, o VIX é usado para entender as expectativas de curto prazo. Assim, o investidor pode ponderar se o mercado passará por turbulências, adotando posturas mais conservadoras ou arrojadas conforme o momento.

Tornar a volatilidade um ativo

Os investidores podem realizar aplicações financeiras nos índices de mercado. Ao comprar um ETF do índice VIX, por exemplo, existe uma tendência de lucro caso o mercado passe por períodos de instabilidade, especialmente com oscilações negativas no S&P 500.

Utilizar estratégias de trade

Os traders enxergam oportunidades nas oscilações de preço. Embora a volatilidade seja um risco para o investidor comum, pode ser lucrativa para quem deseja comprar e vender rapidamente no curto prazo.

Proteger os investimentos contra perdas

O VIX pode auxiliar pessoas que desejam se proteger contra a volatilidade do mercado. Por exemplo, com a elevação do índice, um investidor pode comprar opções de venda do S&P 500 para assegurar o valor atual em operações futuras.

Comparar alternativas de renda fixa e variável

A métrica de volatilidade pode ajudar na comparação com títulos públicos, CDBs, letras financeiras e outras alternativas à bolsa de valores. Afinal, pode ser que, no contexto, o risco gerado pelo mercado empurre o investidor para oportunidades mais conservadoras.

Quando foi criado?

A Chicago Board Options Exchange lançou o VIX em 1993. Na época, o matemático Robert Whaley foi incumbido de adaptar a fórmula do Sigma Index, que havia sido publicada no artigo “New Financial Instruments for Hedging Changes in Volatility” de Menachem Brenner e Dan Galai.

No início, o índice da maior bolsa opções dos EUA abrangia as ações do S&P 100. A mudança para o S&P 500 ocorreu em 2003 após uma atualização na metodologia utilizada para calcular a volatilidade do mercado de ações.

Como funciona o cálculo do VIX?

O índice VIX captura as variações ponderadas nos preços das opções de compra e venda. É um modelo inovador em relação aos cálculos que consideram apenas o histórico do ativo no mercado.

Volatilidade histórica

A volatilidade ocorre quando as cotações mudam de forma intensa, veloz e frequente. Ao observar o gráfico de um ativo, podemos olhar claramente esses altos e baixos como subidas e descidas nas linhas que representam o desempenho do ativo.

Nesse contexto, a inovação do índice VIX é ser uma projeção de volatilidade com base no mercado futuro. Não é um cálculo baseado no histórico do S&P 500, mas nas expectativas dos investidores para o curto prazo.

Volatilidade com base no mercado de opções

Esse índice utiliza as cotações das opções de compra e venda do S&P 500. Com isso, captura o comportamento esperado dos investidores em relação ao mercado de ações.

As opções de compra permitem adquirir um ativo dentro do prazo de vencimento. As opções de venda concedem o direito de se desfazer dele. E ambas contam com valores predeterminados.

Esses ativos terão seus preços fixados pela oferta e demanda. Por exemplo, se o mercado prevê a desvalorização de um ativo, a demanda por opções de venda — que garantem o preço atual para vender no futuro — aumenta. Logo, o instrumento de proteção custará mais caro.

Preço de exercício

O preço de exercício (strike price) é a cotação que, uma vez alcançada, a opção pode ser liquidada pelo titular, e o investidor obter lucro. Quanto mais distante da cotação atual for o preço de exercício, mais barata tende a ser a opção.

Por exemplo, se uma pessoa aposta na probabilidade de a Petrobras valer R$ 1,00 daqui a um mês, muitas pessoas estariam dispostas a vender essa opção. Ao mesmo tempo, haveria pouquíssimos compradores. 

Por outro lado, uma queda de 2% na cotação teria uma demanda mais expressiva, valorizando o chamado derivativo.

Metodologia do índice VIX

No mercado, existem pessoas dispostas a se proteger do risco de desvalorização do S&P 500, adquirindo opções de venda. Outro grupo quer garantir a cotação atual, porque acredita que o valor subirá, obtendo opções de compra. Também há diferentes níveis de preço de exercício nessas escolhas.

Essas operações no mercado de opções revelam se as expectativas são positivas ou negativas. Funcionam como uma amostragem para se avaliar as tendências de comprar ou vender no futuro.

Para serem consideradas, as opções do S&P precisam ter vencimento previsto para a terceira sexta-feira de cada mês. Além disso, o prazo deve ficar entre 23 e 37 dias. O índice VIX utiliza essas cotações de opções para avaliar se o S&P 500 terá baixas, médias ou grandes oscilações nos próximos 30 dias.

Como é a Interpretação do índice VIX?

Os resultados do índice VIX representam as faixas em que o índice S&P 500 pode oscilar nos próximos 30 dias. Essa pontuação é classificada em cinco níveis.

Baixo

A pontuação de 0 a 15 representa um mercado em estado de otimismo. Existe baixa oscilação nos preços e interesse em comprar ações.

Moderado

O cenário acima de 15 até 20 corresponde ao funcionamento normal do mercado. Não há otimismo nem pessimismo acentuados sobre o futuro.

Médio

Números acima de 20 e abaixo de 25 revelam temores e pessimismo em estágio inicial. A volatilidade é elevada, mas ainda não é algo generalizado e preocupante.

Alto

O cenário acima de 25 pontos até 30 representa medo e turbulência. É o cenário em que o VIX informa variações significativas nos preços nos próximos 30 dias.

Muito alto

O índice VIX acima de 30 é o contexto de turbulência e volatilidade extremas. Geralmente, esse patamar exige grandes eventos globais.

O recorde do VIX, por exemplo, ocorreu durante a pandemia, em que o índice fechou em 82,69 em março de 2020.

Por que é chamado de índice do medo?

A expressão índice do medo é atribuída ao VIX porque o movimento do mercado que causa mais oscilações é a incerteza e temor dos investidores. São essas expectativas negativas que elevam o interesse em vender os ativos da carteira teórica do S&P 500, causando oscilações nos preços.

No contexto inverso, o otimismo sobre os resultados leva as pessoas a permanecer com suas ações. Isto é, a expectativa positiva encoraja os investidores a manter ou ampliar suas posições atuais.

As opções de compra e venda são maneiras de antecipar essas vontades para um futuro próximo. Por isso, quando o índice VIX avança, existe uma sinalização de medo do mercado.

Como é o histórico do índice VIX?

O histórico do VIX demonstra a eficiência do índice em capturar as instabilidades da bolsa de valores. Atualmente, a métrica está em um patamar de otimismo, alcançando 13,45 em 25 de janeiro de 2024. Porém, não foi a regra em um passado recente.

Crise do Subprime em 2007

A crise de 2007 foi marcada por problemas severos nos setores imobiliário e financeiro dos EUA. Na época, títulos de hipoteca com alto risco foram vendidos com excelentes avaliações de crédito.

Essa prática era executada por bancos, empacotando os ativos podres em cestas com outros ativos. Assim, o investidor recebia um título com a avaliação prime, ou seja, de baixo risco.

Quando a bolha de crédito estourou, houve uma inadimplência generalizada. O índice VIX chegou ao patamar de 80,86 pontos em novembro de 2008. Essa volatilidade é cerca de 6 vezes os números do mercado atualmente.

Pandemia do Covid-19

A pandemia gerou uma desvalorização generalizada nas bolsas de valores ao redor do mundo. Inclusive, o chamado circuit breaker foi acionado por diversas vezes, interrompendo as negociações devido à queda nos preços.

Nesse período, o VIX bateu seu recorde histórico com 82,69 pontos em março de 2020. Simultaneamente, o S&P 500 registrou uma desvalorização expressiva de 33,9% entre 19 de fevereiro e 23 de março.

Invasão da Ucrânia pela Rússia

A guerra entre Rússia e Ucrânia foi iniciada com a invasão dos territórios ucranianos em 24 de fevereiro de 2022. No início do mês (01/02/2022), o VIX terminou o pregão em 20,56 pontos, o que representa um risco médio.

Um mês depois, em 01/03/2022, o índice de volatilidade alcançou o patamar de 33,40 pontos. A escalada ocorreu ao longo de 30 dias, à medida que as tensões do conflito aumentaram.

Guerra entre Israel e Hamas

O conflito recente no Oriente Médio entre Israel e Hamas também causou oscilações no índice VIX. Após os ataques terroristas de 06/03/2023, em menos de 5 dias, o mercado alcançou estágio de alta volatilidade.

Ao olhar o VIX em 08/03/2023, encontramos um mercado em nível médio de volatilidade, com 19,11 pontos no índice. Pouco depois, em 08/03/2023, o cenário mudou para 26,52 em 13/03/2023, que é considerado um cenário de alto risco e medo dos investidores.

Como o índice VIX impacta o mercado brasileiro e o Ibovespa?

Um aumento no índice VIX sinaliza o pessimismo dos investidores. Essas expectativas repercutem em diferentes países, devido à posição global da economia norte-americana. Por isso, mesmo quem não deseja investir no exterior precisa ficar atento à volatilidade nos EUA.

Cotação do dólar

As instabilidades na economia dos EUA afetam o preço da principal moeda mundial, o dólar. Por estar integrado à economia global, o Brasil sofrerá os efeitos dessas variações, especialmente na balança comercial.

Fluxo de capitais

Outro cenário provável é que, com o medo da volatilidade do mercado, os investidores buscam produtos mais conservadores. Logo, mercados em que há riscos mais elevados podem ser prejudicados, como é o caso da economia brasileira.

Ativos estrangeiros

Os investidores também podem sentir os reflexos do índice VIX em ETFs, ações, fundos de investimentos e outros ativos estrangeiros negociados no Brasil. Aliás, atualmente, por meio dos BDRs, esses ativos se tornaram mais acessíveis para o investidor nacional.

Oscilações no mercado internacional

Com o mercado globalizado, os fatores que causam a oscilação das empresas em um país podem ocasionar resultados similares em outros países. Por exemplo, um aumento nas taxas de juros nos EUA pode levar a uma desaceleração da economia americana, mas também gerar fuga de capitais do Brasil.

Na prática, ocorre um efeito dominó nas bolsas de valores globais. As baixas nos principais mercados prejudicam o desempenho nos países emergentes. Com isso, o Ibovespa é afetado indiretamente pela volatilidade no mercado dos EUA.

Sendo assim, o índice VIX apresenta consequências globais, influenciando o resultado da bolsa de valores brasileira. É uma métrica importante para se acompanhar, ainda que você não invista nos EUA.

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Resumindo

O que é o índice VIX?

O CBOE Volatility Index é um índice financeiro que mensura a volatilidade no S&P 500 para os próximos 30 dias. Para isso, o medidor de desempenho se baseia nos preços das opções de compra e venda para o curto prazo.

Como operar o índice VIX?

O índice VIX pode ser operado por meio de ETFs, sendo VIX o código de identificação na bolsa. Com isso, é possível investir em volatilidade, tornando o fenômeno um ativo negociável.

O que é índice do medo?

O índice VIX é chamado de índice de medo por representar cenários de pessimismo dos investidores. Sua alta ocorre em momentos de instabilidade, em que o mercado de ações pode sofrer grandes desvalorizações.

Equipe MI

Equipe de redatores do portal Melhor Investimento.