Ouro em queda histórica: comprar na baixa ou esperar mais?
Ouro cai 6,3% e tem maior baixa desde 2013 com dólar forte e alívio nas tensões EUA-China. Entenda os motivos e veja se é hora de comprar na baixa.

O ouro viveu nesta terça-feira (21) uma das maiores quedas em mais de uma década, em meio a uma onda de realização de lucros e alívio nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
O metal precioso caiu até 6,3%, para US$ 4.082,03 a onça, segundo dados da Bloomberg, enquanto a prata recuou 8,7%, para US$ 47,89, registrando o maior tombo desde 2021.
A correção técnica encerrou uma sequência de altas expressivas: só em 2025, o ouro acumulava valorização de 64%, impulsionado por apostas em cortes agressivos nas taxas de juros do Federal Reserve (Fed) e pela busca por proteção diante de déficits fiscais crescentes.
Volatilidade recorde no Ouro
O movimento de venda foi acelerado por indicadores técnicos sobrecomprados e pelo fortalecimento do dólar, que reduz o apelo do ouro como reserva de valor. O analista Ole Hansen, do Saxo Bank, avaliou que a correção faz parte de um ciclo natural após um rali prolongado.
“É durante as correções que a verdadeira força de um mercado é revelada. Desta vez não deve ser diferente, com a demanda subjacente provavelmente limitando qualquer recuo”, afirmou Hansen à Bloomberg.
Segundo o Valor Econômico, o cenário também foi afetado por declarações otimistas da Casa Branca sobre as negociações com Pequim e pela paralisação temporária das compras de ouro na Índia, segundo maior consumidor global, durante o festival de Diwali.
Na semana anterior, o mercado já indicava tensão: mais de 2 milhões de contratos de opções lastreados no maior ETF de ouro do mundo foram negociados, o maior volume da história, reflexo da alta especulação e da tentativa de traders de se protegerem contra novas quedas.
Oportunidade de compra?
Apesar do tombo, o ouro ainda acumula ganho anual de mais de 50%, segundo levantamento do portal TNH1. Especialistas veem o momento como ambíguo: a queda oferece oportunidade de entrada para investidores de longo prazo, mas a volatilidade elevada exige cautela.
“Os fundamentos de médio prazo continuam positivos, especialmente se o Fed confirmar cortes nas taxas em 2026. Mas o curto prazo tende a permanecer turbulento”, afirmou Tatiana Darie, estrategista macro da Bloomberg Intelligence.
A força do dólar e a perspectiva de desaceleração na demanda física, sobretudo na Ásia, podem manter o ouro pressionado no curto prazo. Ainda assim, o metal segue como um dos principais instrumentos de proteção em períodos de incerteza econômica.
O que observar nos próximos dias
- Movimento do dólar: o fortalecimento da moeda americana segue sendo o principal fator de pressão sobre o ouro.
- Política monetária dos EUA: novos dados de inflação e emprego podem indicar o ritmo dos cortes de juros pelo Fed.
- Demanda asiática: a retomada das compras na Índia e na China será decisiva para estabilizar os preços.
O ouro atravessa, portanto, uma fase de reprecificação global, após meses de ganhos históricos. Para investidores atentos, a queda pode representar uma janela de compra estratégica, desde que acompanhada de uma visão de longo prazo e gestão ativa de risco.
Gostou deste conteúdo? Siga o Melhor Investimento nas redes sociais: