As relações econômicas internacionais tem sido marcadas por disputas comerciais e medidas protecionistas. Quando os Estados Unidos, maior economia do mundo, decidem impor tarifas sobre produtos importados, o impacto é sentido em várias partes do planeta.

Esse tipo de medida não afeta apenas o comércio entre países. Ela também influencia o humor do mercado financeiro, mexe com as expectativas dos investidores e altera o desempenho de setores inteiros. E quando falamos em ativos sensíveis ao risco e à incerteza, como o mercado de opções, os efeitos costumam ser imediatos e relevantes.

A seguir, o Melhor Investimento conta por que as tarifas comerciais impostas pelos EUA causam tanto barulho nos mercados e, principalmente, como elas afetam diretamente quem opera com opções. Continue lendo!

O que são tarifas comerciais?

Tarifas comerciais nada mais são do que impostos aplicados sobre produtos estrangeiros. Em geral, elas são usadas para proteger a indústria nacional. Ao tornar os produtos importados mais caros, o governo incentiva o consumo dos itens fabricados dentro do país.

Mas o impacto das tarifas vai muito além dessa lógica básica. Quando um país como os EUA impõe tarifas a parceiros importantes, como China ou União Europeia, por exemplo, isso pode gerar reações em cadeia. Fornecedores e compradores precisam se adaptar, os custos de produção sobem e, em alguns casos, surgem represálias comerciais. Com isso, o cenário global se torna mais incerto.

O mercado financeiro sente primeiro

Investidores são bastante sensíveis a esse tipo de mudança. Sempre que há incerteza sobre o futuro da economia global, aumenta o risco percebido. Isso leva muitos investidores a reavaliar suas posições e procurar ativos considerados mais seguros.

As ações de empresas que dependem da exportação, por exemplo, podem sofrer com a expectativa de menor demanda externa. E mesmo companhias que não estão diretamente ligadas ao comércio exterior podem ser afetadas pela queda de confiança no mercado.

Quando os Estados Unidos impõem tarifas, não é só lá que o mercado reage. Países como o Brasil também acabam sofrendo as consequências, mesmo que de forma indireta.

Veja também: Apagão na Europa: como a crise de energia pode impactar o Brasil?

E o Brasil, como fica nessa história?

Quando os Estados Unidos anunciam tarifas mais altas sobre produtos importados, como fizeram recentemente, o mundo todo sente os reflexos. E o Brasil, claro, também. Mas o impacto disso por aqui pode variar bastante, dependendo do setor e da realidade de cada empresa.

Exportadores ganham, importadores perdem

De um lado, temos as empresas que exportam, como as do agronegócio, mineração e papel e celulose, que geralmente saem ganhando. Isso porque, em momentos assim, o dólar costuma subir, e com o real mais fraco, essas empresas recebem mais em reais por cada venda lá fora.

Mas nem tudo são flores. As companhias que dependem de matéria-prima de fora ou têm dívidas em dólar podem ver os custos dispararem. E isso aperta o caixa e complica as contas.

A Bolsa brasileira também sente

Na Bolsa de Valores, não tem como escapar: quando o clima internacional esquenta, muitos investidores estrangeiros tiram o dinheiro de mercados emergentes como o Brasil. O resultado? A bolsa balança, o Ibovespa cai e a volatilidade aumenta.

Isso pesa principalmente sobre empresas ligadas a commodities, porque o preço dessas matérias-primas muda conforme o humor da economia global, e esse humor muda muito quando os EUA decidem subir tarifas.

E essa tarifa de 50% contra o Brasil?

Agora, o impacto foi ainda mais direto: o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que vai impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025. Isso mesmo: é a tarifa mais alta entre todos os 22 países afetados.

Para os brasileiros, isso é um sinal vermelho. Produtos como aço e alumínio, que já enfrentam dificuldades, vão ficar praticamente fora de competição nos EUA. É como se colocassem um pedágio enorme bem na porta do nosso principal cliente.

E a resposta do Brasil?

O presidente Lula foi direto: o Brasil não aceita imposições e deve responder com medidas parecidas. A tal Lei da Reciprocidade Econômica pode ser acionada, o que significa que tarifas brasileiras podem vir como resposta.

Se isso acontecer, o clima pode esquentar de vez entre Brasil e EUA. E num mundo cada vez mais interconectado, essas rusgas políticas logo viram impacto no dólar, na bolsa, nos juros… e até no seu bolso.

Por que o mercado de opções é tão afetado?

O mercado de opções é extremamente ligado à percepção de risco. Ele permite ao investidor tanto proteger sua carteira quanto buscar lucros em movimentos de curto prazo. Mas isso exige leitura apurada do cenário e das variáveis envolvidas.

Sempre que há um aumento de incerteza, como o causado por tarifas comerciais, a volatilidade tende a subir. Isso mexe diretamente com os preços das opções, tornando-as mais caras e, ao mesmo tempo, mais procuradas por quem quer se proteger ou aproveitar os movimentos do mercado.

Quando o mundo entra em modo “alerta”, os investidores correm para se proteger. Isso valoriza as opções de venda (as famosas puts) e eleva os prêmios das opções no geral. Quem opera nesse mercado precisa redobrar a atenção.

Afinal, mais volatilidade significa mais chance de ganho… e também de prejuízo. Tudo depende da estratégia.

Volatilidade pode gerar oportunidade, mas também aumenta o risco

A volatilidade é um dos principais fatores que influenciam o preço das opções. Quando os mercados ficam mais instáveis, os prêmios dessas opções sobem, refletindo a maior incerteza.

Para quem já conhece bem esse tipo de ativo, esse momento pode representar uma chance interessante. Estratégias como venda coberta ou travas de alta e baixa ganham espaço. No entanto, é preciso cautela. A mesma volatilidade que abre portas para ganhos maiores também amplia o risco de perdas rápidas.

Leia também: Call e Put Option: entenda os conceitos do mercado de opções

Opções de venda (puts) como ferramenta de proteção

Uma das maneiras mais comuns de se proteger da queda de preços no mercado é comprando opções de venda, também conhecidas como puts. Elas funcionam como um seguro. Se o preço da ação cair, você pode exercer o direito de vendê-la a um valor previamente acordado, evitando perdas maiores.

Essa estratégia é bastante usada em momentos de tensão internacional, como os causados por políticas tarifárias. No entanto, quanto maior o medo no mercado, mais caro esse seguro se torna. Por isso, é importante avaliar se o custo da proteção compensa diante do risco que se quer evitar.

Especular em tempos de incerteza exige mais atenção

Também há quem use as opções com foco em ganhos rápidos, tentando se aproveitar dos movimentos de curto prazo. Em tempos de instabilidade, as oscilações podem ser mais intensas, o que parece uma oportunidade tentadora.

Mas aqui é fundamental ter disciplina. Quando o cenário é imprevisível, como durante disputas comerciais entre grandes potências, o risco de errar o tempo da operação é alto. Estratégias mais equilibradas, como as chamadas “travas”, podem ser alternativas mais seguras para quem não quer arriscar tanto.

A importância da volatilidade implícita

Além da volatilidade observada nos preços dos ativos, existe também a chamada volatilidade implícita. Ela representa a expectativa do mercado sobre quanto um ativo pode oscilar no futuro. É esse dado que os modelos usam para precificar as opções.

Quando a volatilidade implícita sobe, os prêmios das opções também aumentam, mesmo que o preço do ativo não tenha se movido tanto. E é exatamente isso que costuma acontecer quando surgem notícias de novas tarifas, embargos ou sanções.

Quem entende essa dinâmica consegue identificar com mais clareza quando uma opção está cara ou barata em relação ao risco do momento.

Como se preparar para os diferentes cenários?

Diante de um cenário internacional incerto, como o das tarifas comerciais dos EUA, o ideal é montar um plano de ação pensando em diferentes possibilidades.

Se houver escalada das tensões, por exemplo, as opções de venda podem ajudar a proteger sua carteira. Caso um acordo comercial traga alívio ao mercado, pode ser o momento ideal para estratégias mais voltadas à geração de renda.

Além disso, é preciso acompanhar o câmbio, os juros e os preços internacionais de commodities, que também influenciam bastante o desempenho das ações brasileiras e, por consequência, das opções sobre esses ativos.

Informação e visão de longo prazo continuam sendo os maiores aliados

Apesar da volatilidade e dos ruídos de curto prazo, manter o foco no longo prazo ainda é a melhor estratégia. O investidor que entende o cenário, conhece suas ferramentas e respeita seu perfil de risco consegue navegar mesmo em águas turbulentas.

O mercado de opções pode ser um grande aliado nesse processo. Mas ele exige preparo, disciplina e, acima de tudo, informação de qualidade. Com esse tripé, é possível transformar momentos de tensão em oportunidades reais.

Este conteúdo tem caráter informativo e não constitui recomendação personalizada de investimento. Para decisões alinhadas ao seu perfil e objetivos, consulte um assessor de investimentos autorizado.

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Carolina Gandra

Jornalista do portal Melhor Investimento, especializada em criptomoedas, ações, tecnologia, mercado internacional e tendências financeiras. Transforma temas complexos como blockchain, inteligência artificial e estratégias de mercado em conteúdos acessíveis e envolventes. Com análises atuais e visão estratégica, ajuda leitores a decifrar o futuro dos investimentos e identificar oportunidades no mercado financeiro.