No dia 28 de abril de 2025, um apagão na Europa deixou milhões de pessoas sem energia elétrica em países como Espanha e Portugal, paralisando regiões inteiras e reacendendo discussões sobre a vulnerabilidade dos sistemas elétricos modernos. O episódio não só expôs fragilidades na infraestrutura europeia, mas também levantou questionamentos importantes para o Brasil: estamos preparados para evitar um cenário parecido?

O Melhor Investimento analisa o que aconteceu, as causas do blecaute e as lições que podemos tirar para fortalecer a nossa segurança energética. Confira!

O apagão na Espanha e Portugal: o que aconteceu?

O evento que chamou a atenção do mundo ocorreu de forma rápida e inesperada. Em um intervalo de apenas cinco segundos, cerca de 15 gigawatts (GW) de energia elétrica deixaram de ser fornecidos na Península Ibérica. Para dimensionar, isso equivale a praticamente toda a capacidade da usina de Itaipu, uma das maiores hidrelétricas do mundo.

A consequência foi um blecaute que deixou grandes centros urbanos no escuro. Supermercados lotados, serviços paralisados, transporte comprometido e muita insegurança dominaram as horas seguintes.

Embora a energia tenha sido restabelecida em algumas regiões com relativa rapidez, o episódio gerou um debate importante sobre vulnerabilidades nos sistemas elétricos modernos.

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A magnitude do apagão: comparação com a energia de Itaipu

Para nós, brasileiros, a comparação com Itaipu ajuda a visualizar o tamanho do problema. A usina binacional, localizada entre Brasil e Paraguai, tem capacidade instalada de 14 GW.

O apagão na Europa envolveu uma perda de 15 GW em segundos. Ou seja, praticamente o equivalente a Itaipu ter desaparecido do mapa de uma hora para outra.

Esse nível de perda não é comum. Em geral, apagões envolvem falhas localizadas, como problemas em uma subestação ou interrupções em linhas de transmissão.

Quando o blecaute atinge dois países inteiros simultaneamente, estamos falando de um evento de grandes proporções e que preocupa autoridades de energia no mundo todo.

Causas possíveis: o risco de um ataque cibernético

Uma das perguntas mais discutidas após o apagão foi se o evento teria relação com um ataque cibernético. Não seria a primeira vez que redes críticas, como de energia, são alvo de hackers. A guerra cibernética já é uma realidade no cenário geopolítico global.

Especialistas lembraram que a combinação de tensões entre grandes potências, como Estados Unidos, China e Rússia, e conflitos como o da Ucrânia, aumentam a probabilidade de ataques a infraestruturas estratégicas.

No entanto, até o momento, não houve confirmação oficial de que o blecaute na Europa tenha sido causado por hackers. Mesmo assim, o alerta está dado.

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O que o Brasil pode aprender com a crise de energia europeia?

Um apagão na Europa pode refletir no Brasil de diferentes maneiras, desde o risco de ataques cibernéticos a companhias com operações nos dois mercados, até possíveis interrupções em cadeias produtivas e de abastecimento que contam com insumos ou peças importados do continente europeu.

Embora os sistemas energéticos sejam diferentes, vale entender onde estamos mais seguros e onde precisamos evoluir.

A diferença no sistema energético: Brasil vs Europa

O Brasil tem um sistema interligado nacional que cobre todo o território. Na Europa, a situação é mais fragmentada. Mesmo com integração entre países, cada nação gerencia sua própria matriz e infraestrutura. Isso aumenta a complexidade e a possibilidade de falhas em pontos de interconexão.

Além disso, o Brasil é privilegiado por ter um dos maiores sistemas de geração e transmissão de energia renovável do mundo.

Enquanto a Europa depende de uma matriz mais diversificada e, muitas vezes, importada, nós temos um sistema mais centralizado e com maior capacidade de adaptação.

A predominância de fontes renováveis e seus desafios

Na Espanha, por exemplo, cerca de 60% da energia gerada no momento do apagão vinha da fonte solar. Isso mostra um ponto positivo (o avanço das renováveis), mas também um alerta.

Fontes como solar e eólica são intermitentes, ou seja, dependem das condições climáticas. Se o sol desaparece ou o vento para, a geração cai rapidamente.

O Brasil também está aumentando a participação de renováveis como solar e eólica, o que é excelente do ponto de vista ambiental e estratégico. Porém, é preciso investir em mecanismos de armazenamento e em uma matriz diversificada para garantir segurança energética em situações adversas.

O papel das hidrelétricas e a segurança energética brasileira

O grande trunfo brasileiro está nas hidrelétricas. Elas funcionam, na prática, como uma bateria natural. Quando há demanda, libera-se a água para gerar energia de forma instantânea.

Esse mecanismo confere ao sistema uma flexibilidade e uma segurança que países com menos hidrelétricas não possuem.

Mesmo assim, não estamos imunes a riscos. Secas prolongadas, como as de 2001 e 2021, já mostraram que a dependência excessiva da água pode ser problemática. Por isso, a diversificação continua sendo a palavra-chave.

O impacto da crise no setor elétrico e nos investimentos no Brasil

Se você acompanha o setor ou investe em ações de empresas de energia, deve estar se perguntando: o que isso tudo significa para os negócios e para meu portfólio?

O mercado de energia no Brasil: transmissoras vs geradoras

No Brasil, as empresas do setor elétrico se dividem basicamente em três segmentos: geração, transmissão e distribuição. Cada um deles reage de forma diferente a uma crise ou a mudanças na matriz energética.

As transmissoras e distribuidoras costumam ter receitas mais estáveis, pois recebem pelo serviço prestado, independentemente da quantidade de energia circulando. Já as geradoras podem sofrer mais com oscilações de preço e demanda.

Como as transmissoras protegem o sistema elétrico

As transmissoras são responsáveis por levar a energia gerada até os centros consumidores. No Brasil, a malha de transmissão é extensa e interligada, o que permite transferir energia de regiões com excesso para regiões com escassez.

Esse fator reduz o risco de apagões de grandes proporções como os vistos na Europa. Além disso, para o investidor, as transmissoras costumam ser consideradas a “renda fixa” do setor elétrico, com receitas previsíveis e menos volatilidade.

O retorno das geradoras com o uso de fontes termelétricas

Nos últimos anos, as geradoras de energia renovável enfrentaram preços mais baixos, o que afetou seus resultados.

No entanto, com o uso crescente de fontes termelétricas para complementar a oferta em momentos de pico, essas empresas voltaram a ganhar relevância.

As termelétricas podem ser acionadas rapidamente e garantir estabilidade no fornecimento, algo que se torna ainda mais importante em um cenário de transição energética e crescimento das fontes intermitentes.

O que isso significa para os investidores no setor de energia?

Para quem investe, o recado é claro: diversificação é essencial. Ter exposição a transmissoras oferece estabilidade.

Já as geradoras, especialmente as que combinam hidrelétricas, termelétricas e renováveis, oferecem potencial de retorno em um cenário de maior demanda por flexibilidade.

Além disso, ficar atento aos avanços em tecnologias de armazenamento, como baterias e hidrogênio verde, pode abrir novas oportunidades no médio e longo prazo.

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O Brasil está preparado para enfrentar uma crise energética?

A resposta curta é que o Brasil está mais preparado do que a Europa para evitar um apagão semelhante. Nossa matriz é mais flexível, a malha de transmissão é robusta e temos experiência com crises hídricas que nos forçaram a aprimorar a gestão de energia.

Por outro lado, não podemos baixar a guarda. O aumento da participação de fontes renováveis intermitentes, os riscos climáticos e a ameaça de ataques cibernéticos exigem atenção constante.

Investimentos em infraestrutura, inovação tecnológica, segurança cibernética e planejamento estratégico continuam sendo fundamentais para garantir que eventos como o da Europa não se repitam por aqui.

O apagão na Europa foi um alerta para o mundo, inclusive para o Brasil. Embora o nosso sistema energético tenha vantagens importantes, os desafios estão aí e exigem um olhar atento de gestores públicos, empresas e investidores.

Para quem acompanha o setor ou investe nele, entender as dinâmicas da matriz energética e as tendências de inovação é o melhor caminho para tomar decisões mais seguras e informadas.

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Carolina Gandra

Jornalista do portal Melhor Investimento, especializada em criptomoedas, ações, tecnologia, mercado internacional e tendências financeiras. Transforma temas complexos como blockchain, inteligência artificial e estratégias de mercado em conteúdos acessíveis e envolventes. Com análises atuais e visão estratégica, ajuda leitores a decifrar o futuro dos investimentos e identificar oportunidades no mercado financeiro.