Energias renováveis: conheça as mais rentáveis e quais Investir no Brasil
Cada vez mais se discute sobre as energias renováveis, enquanto alternativa sustentável aos combustíveis fósseis. Entenda o que são essas fontes de energia que se regeneram naturalmente.
Em um país abençoado com abundantes recursos naturais, investir em fontes de energia renovável não é apenas uma escolha ecológica, mas também uma oportunidade econômica.
Com um dos maiores potenciais hidrelétricos do mundo e avanços expressivos nas fontes solar e eólica, o Brasil se consolida como um dos principais destinos globais para investimentos em energias limpas. Segundo estudo da consultoria EY, o país é o mais atrativo da América Latina e ocupa a 13ª posição mundial nesse escopo.
Muitas das empresas de geração de energia renovável têm ações negociadas na bolsa, o que oferece aos investidores brasileiros uma oportunidade de aliar rentabilidade com sustentabilidade.
O que são fontes de energia renováveis?
Antes de explorarmos em profundidade as energias renováveis utilizadas na economia nacional e as oportunidades de investimento que elas proporcionam, é fundamental definir que tipo de fonte de energia estamos abordando.
Fontes de energia renováveis são aquelas que se originam de recursos naturais que se regeneram continuamente, sendo praticamente inesgotáveis ou disponíveis em grande escala. Entre os principais exemplos que integram essa definição estão:
- Energia Solar;
- Energia Eólica;
- Energia Hidrelétrica;
- Biomassa;
- Energia Geotérmica;
- Energia das Ondas e Marés.
Também são conhecidas como energias limpas ou alternativas, pois fazem contraposição às fontes de energia convencionais, como o petróleo, o carvão e o gás natural, que têm reservas finitas e geram altos níveis de poluentes. Por outro lado, as fontes renováveis se destacam por seu baixo impacto ambiental.
Energia solar
A energia solar, em essência, é obtida a partir da luz e do calor do Sol. Essa energia é capturada e transformada em energia elétrica ou térmica, e assim encontra aplicações variadas:
Seja em residências, fornecendo eletricidade para iluminação, aquecimento de água e funcionamento de eletrodomésticos, ou em empresas, onde pode ajudar a reduzir custos operacionais e tornar os processos mais sustentáveis. Outro uso comum se desenrola na agricultura, alimentando sistemas de irrigação, estufas e equipamentos, permitindo maior eficiência nas operações agrícolas.
Como funciona a energia solar?
A captação de energia do Sol pode ser realizada através de diferentes meios tecnológicos, incluindo painéis fotovoltaicos, usinas heliotérmicas e aquecedores solares. Dessa forma, o funcionamento dessa matriz energética pode ser dividido conforme o tipo de tecnologia utilizada, sendo estes os principais:
- Energia solar fotovoltaica: trata-se da mais comum e conhecida. A tecnologia utiliza painéis solares compostos por células fotovoltaicas que convertem a luz solar diretamente em eletricidade. A grosso modo, quando a luz do sol atinge essas células, ela libera elétrons, criando uma corrente elétrica.
- Energia solar térmica: tecnologia que aproveita o calor do sol para aquecer fluidos, que podem ser usados para gerar vapor e, consequentemente, eletricidade em usinas termelétricas solares.
- Energia heliotérmica: em sistemas heliotérmicos, a energia solar é capturada por painéis (espelhos, coletores ou helióstatos) que concentram a luz solar em um ponto focal. Esse calor concentrado é então utilizado para aquecer fluidos, principalmente água, que por sua vez abastece residências, hotéis e clubes.
Vantagens e desvantagens da energia solar
Para abordar os prós e contras da energia solar, vamos focar na tecnologia mais amplamente utilizada: aquela aproveitada de forma fotovoltaica. Em resumo, os especialistas costumam elencar os seguintes benefícios e desafios:
Principais vantagens | Principais desvantagens |
Reduz expressivamente os custos da energia elétrica. | Painéis solares costumam ter um rendimento inferior em comparação com outras fontes energéticas. |
Usabilidade, uma vez que painéis solares podem ser úteis em locais remotos. | O investimento inicial pode ser alto, mesmo para sistemas com menor capacidade. |
Contribui para a valorização de um imóvel – em até 30%, segundo a GBC Brasil. | O armazenamento ocorre em menores quantidades de energia. |
Quanto custa uma placa solar?
De forma geral, o custo para ter uma placa solar varia conforme o tipo de placa, a potência, o sistema e o local de instalação. Em termos de potência, a Genyx estima que o investimento inicial em sistemas de energia solar pode variar consideravelmente.
Para uma capacidade de 2 kWp, o custo médio é de R$ 10,8 mil. Ao dobrar a capacidade para 4 kWp, o investimento aumenta para R$ 17,5 mil, e para 8 kWp, o valor chega a R$ 31,3 mil. No âmbito comercial industrial, como se pode imaginar, o custo sobe bastante:
- A instalação de geradores de 12 kWp para pequenas empresas pode custar cerca de R$ 44.040,00.
- O custo de instalação de placas solares com um gerador de 150 kWp para indústrias pode custar cerca de R$ 531.000,00.
- O valor de um sistema industrial on-grid para um kit de 1 MWp pode custar cerca de R$ 2.700.000,00.
Energia eólica
A energia eólica é a energia obtida a partir da força do vento. Essa energia cinética, gerada pelos movimentos do ar, é capturada por grandes turbinas eólicas e transformada em energia elétrica. É uma fonte de energia limpa, renovável e cada vez mais utilizada em todo o mundo.
É notável que a tecnologia eólica tem se desenvolvido rapidamente, levando à construção de grandes parques eólicos em diversas regiões. Sejam eles instalados em terra firme ou em plataformas marítimas, esses conjuntos de aerogeradores estão cada vez mais presentes na paisagem global.
Como funciona a energia eólica?
Para compreender como, fundamentalmente, a energia eólica funciona, é preciso compreender o trabalho dos aerogeradores, afinal, são esses enormes dispositivos que transformam a energia cinética dos ventos em eletricidade.
Em síntese, o processo ocorre por meio de dois componentes principais: o rotor, que converte a energia cinética em energia mecânica, e o gerador, que transforma essa energia mecânica em elétrica.
A eficiência dos aerogeradores – estruturas que podem atingir 80 a 120 metros de altura – está diretamente ligada à intensidade do vento. Por essa razão, a localização dos parques eólicos – grandes conjuntos de aerogeradores – é a base para maximizar a produção de energia. A grosso modo, devem estar situados em regiões onde o vento é predominante.
Vantagens e desvantagens
A energia eólica, como vimos, apresenta diversas vantagens e desafios. De forma resumida, os especialistas destacam os seguintes pontos:
Principais vantagens | Principais desvantagens |
Fonte de energia inesgotável, em virtude do vento ser recurso praticamente ilimitado. | Significativo impacto no habitat de diversas aves. |
Uma das energias mais baratas, considerando custo por kWh e manutenção. | Pode causar poluição sonora, haja visto que turbinas eólicas produzem um ruído elevado. |
Fonte limpa de energia, por dispensar processos de combustão. | A produção é variável, pois depende da disponibilidade e intensidade do vento. |
Energia hidrelétrica
A energia hidrelétrica é uma matriz energética que aproveita a força da água em movimento para gerar eletricidade. Para utilizar esse potencial, são necessárias grandes infraestruturas hidráulicas, como represas, barragens e usinas, projetadas para capturar e transformar a energia cinética e potencial da água em eletricidade.
A hidrelétrica ocupa um lugar de destaque na matriz energética mundial, respondendo por 16% da energia gerada globalmente, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA). Essa fonte renovável se consolida como a terceira mais utilizada no planeta.
Como funciona a energia hidrelétrica no Brasil?
A utilização da força da água pode ocorrer de diversas maneiras e via diferentes processos. Para facilitar a compreensão, vamos analisar de forma simplificada o funcionamento de uma usina hidrelétrica.
Nesse sistema, a energia potencial da água armazenada em um reservatório é convertida em energia cinética. A água é conduzida por tubulações, adquirindo velocidade ao superar um desnível.
Ao incidir sobre as turbinas, a energia cinética da água é transformada em energia mecânica, que, por sua vez, é convertida em energia elétrica por um gerador.
Vantagens e desvantagens
Principais vantagens | Principais desvantagens |
Longevidade das infraestruturas hidrelétricas que contam com uma notável vida útil. | Necessário um alto investimento para construir e colocar uma usina para operar. |
Utiliza um recurso natural continuamente renovado. | A construção de usinas hidrelétricas pode trazer impactos ambientais de grande magnitude. |
Conta com um baixo custo operacional e flexível na gestão dos picos de demanda energética. | A construção de usinas também gera impactos sociais significativos, como a alteração nas formas de vida de comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. |
Biomassa
A biomassa é uma fonte de energia renovável obtida a partir de toda matéria orgânica que possa ser transformada em energia mecânica, térmica e elétrica. Entre as matérias que podem ser utilizadas estão plantas, resíduos agrícolas, florestais e até mesmo dejetos animais.
No contexto nacional, a cana-de-açúcar desempenha um papel central na produção de bioenergia. Em suma, o processo de moagem da cana gera grande quantidade de bagaço, que se tornou a principal biomassa utilizada na geração de energia elétrica no país.
Aplicações
A biomassa tem diversas aplicações energéticas e industriais, graças à sua versatilidade e ao fato de ser uma fonte renovável. Veja alguns exemplos:
- Geração de Eletricidade: pode ocorrer através da queima de biomassa em caldeiras para produzir vapor que gera eletricidade.
- Aquecimento: Biomassa utilizada em sistemas de aquecimento residencial, comercial e industrial.
- Biocombustíveis: produção de etanol (cana, milho) e biodiesel (óleos vegetais, gorduras animais).
- Biogás: produção de metano a partir da decomposição de resíduos orgânicos para eletricidade e aquecimento.
- Bioprodutos e bioquímicos: Biomassa usada para criar produtos químicos e plásticos renováveis.
- Carvão Vegetal: carbonização de madeira para combustível em metalurgia e churrasqueiras.
Vantagens e desvantagens
Principais vantagens | Principais desvantagens |
Viabiliza o reaproveitamento de resíduos vegetais e animais. | Usinas de Biomassa podem dispor de um alto nível de emissão de gases tóxicos. |
Dispõe de um baixo custo de produção. | Tem um poder calorífico menor do que outros combustíveis. |
Conta com grande disponibilidade material. | O uso irresponsável pode causar significativos danos ao meio ambiente. |
Energia geotérmica
Embora não seja muito conhecida, a utilização de energia geotérmica é histórica e remonta ainda do século XIX. A grosso modo, trata-se de uma fonte de energia renovável que aproveita o calor natural do interior da Terra para gerar eletricidade ou outras finalidades térmicas.
A utilização desse tipo de fonte de energia depende das características do recurso extraído, como poços secos, gêiseres, vapor seco e da profundidade de perfuração, entre outros fatores relevantes.
Aplicações
Entre as diversas formas de aplicação da energia geotérmica, pode-se destacar:
- Eletricidade: a energia elétrica é comumente gerada por meio de usinas construídas perto de locais com grande quantidade de vapor e água quente.
- Aquecimento: pode ser utilizada para aquecer a água em residências, estufas, parques e piscinas.
- Calefação e refrigeração: A energia geotérmica pode ser utilizada em sistemas de calefação e refrigeração urbanos e para gerar água quente sanitária.
Vantagens e desvantagens
Principais vantagens | Principais desvantagens |
Ilimitada, visto que o calor do interior da Terra é praticamente inesgotável. | Usinas podem causar poluição sonora. |
Útil na demanda de atendimento a comunidades isoladas. | Pode demandar um alto investimento para instalação. |
Flexibilidade na produção, permitindo ajustes de acordo com a demanda. | Pode oferecer riscos ao meio ambiente, como contaminação de rios e lagos, e afundamento do terreno. |
Energia de ondas e das marés
Outra fonte de energia, ainda pouco conhecida entre as alternativas renováveis, é a energia maremotriz, obtida a partir do movimento das marés. Essa energia é gerada pelo constante vai e vem das ondas em direção à costa, um movimento repetitivo e contínuo que oferece grande potencial energético.
Embora essa matriz energética ainda enfrente desafios técnicos, ambientais e regulatórios, organizações como a Ocean Energy Europe (OEE) e o Laboratório Nacional de Energia Renovável (NREL) já estão conduzindo estudos para desenvolver soluções inovadoras que possam responder aos desafios energéticos atuais.
Como funciona?
Em resumo, a energia das marés ou maremotriz é um resultado direto da interação gravitacional entre a Terra, a Lua e o Sol. As marés, geradas por essa força, proporcionam um fluxo constante de água que pode ser aproveitado para produzir energia elétrica.
Por outro lado, a energia das ondas é o resultado da ação do vento sobre a superfície do oceano. Esse movimento constante gera energia mecânica que, por meio de diferentes tecnologias e dispositivos, é convertida em eletricidade.
Vantagens e desvantagens
Principais vantagens | Principais desvantagens |
Altamente previsível e consistente | Dispositivos para captar energia das ondas e marés podem impactar os ecossistemas marinhos. |
Conta recursos praticamente inesgotáveis | Ricos quanto a alteração do fluxo natural de correntes oceânicas |
Não depende do clima, como no caso de outras fontes de energia renovável. | Custos elevados na instalação dos equipamentos necessários. |
Desafios e limitações ao investir em energias renováveis
Muito embora a transição energética já seja uma realidade no Brasil e no mundo, o setor de energia renovável ainda enfrenta diversos obstáculos que precisam ser superados para alcançar pleno desenvolvimento e adoção em larga escala. Entre os principais desafios pode-se destacar:
Infraestrutura e pouco subsídio
A carência de financiamento e subsídios, aliada à complexidade de integrar as fontes renováveis às redes energéticas existentes, constitui um conjunto de desafios que impactam o investimento nesse setor.
A título de exemplo, a geração de energia solar e eólica, dependente respectivamente da insolação e da velocidade do vento, apresenta um caráter intermitente. Essa característica contrasta com o funcionamento constante das usinas termelétricas, a base do sistema elétrico tradicional, e exige soluções para garantir a estabilidade da rede.
Custos elevados
O alto custo inicial das tecnologias renováveis, quando comparado às fontes tradicionais, representa um significativo obstáculo econômico, mesmo em cenários de mercado favoráveis.
Embora os custos das energias renováveis tenham se tornado mais competitivos, ainda há uma disparidade significativa em relação às fontes tradicionais, principalmente no que diz respeito aos investimentos iniciais. Essa diferença pode dificultar a transição energética, especialmente em países com recursos financeiros limitados.
Política e regularização
A falta de políticas consistentes e de longo prazo é um dos principais desafios a serem superados para garantir o crescimento sustentável do setor.
A previsibilidade é fundamental para atrair investimentos no setor de energias renováveis. No entanto, a instabilidade política e regulatória, somada à burocracia excessiva, cria um ambiente de incerteza que afasta investidores e impede o planejamento de projetos de longo prazo.
Qual a energia renovável mais adotada no Brasil?
Como previamente dito, o Brasil é um dos líderes em termos de transição energética no cenário global, sendo o mais proeminente do grupo BRICS no segmento. Por aqui, são quatro os tipos mais significativos: hidrelétrica, eólica, solar e de biomassa.
Um dado impressionante: em 2023, 93,1% da energia gerada no Brasil teve origem em fontes limpas e renováveis, segundo levantamento da CCEE. Esse índice coloca o país em uma posição de destaque no cenário energético mundial, superando significativamente a média global, que ficou em pouco mais de 30% no mesmo período.
O Brasil possui um dos maiores potenciais hidrelétricos do mundo, e isso se reflete em sua matriz energética. A energia hidrelétrica, que representa 58% da geração total, é a principal fonte de energia do país. Com sua ampla rede de rios e represas, o Brasil possui uma capacidade considerável de geração de energia a partir da força das águas.
Formas de obter rendimento com energias renováveis
A principal forma de investir em fontes de energia renovável, se desenrola através da aquisição de suas ações de empresas do segmento na bolsa de valores (B3). No entanto, antes de tomar essa decisão, é fundamental que o investidor realize uma análise aprofundada da empresa, com especial atenção aos critérios ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa, na sigla em inglês).
Ao pesquisar a empresa ideal para investir, o investidor pode também considerar, além do índice ESG, outros dois indicadores relevantes: o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 (ISE B3) e o Índice Carbono Eficiente da B3 (ICO2 B3). Esses índices fornecem informações adicionais sobre práticas sustentáveis e eficiência de carbono das empresas listadas na bolsa brasileira.
Por fim, vale destacar a opção de investir no setor de energias renováveis por meio de fundos de investimento. Essa modalidade permite que investidores direcionem recursos para um portfólio diversificado de ativos ligados a energias sustentáveis, diluindo os riscos e aliando a rentabilidade da carteira a transição energética nacional.
- Leia também: Green bonds: como investir em títulos sustentáveis?
Quais as principais empresas de energias renováveis no Brasil?
Diferentes empresas brasileiras já possuem em seu portfólio investimentos em fontes de energia renovável. Veja alguns dos principais exemplos:
Empresa | Ticker na B3 |
AES Brasil | AESB3 |
Auren | AURE3 |
Alupar | ALUP3 |
Copel | CPLE6 |
CPFL Energia | CPFE3 |
Raízen | RAIZ4 |
EDP Brasil | ENBR3 |
Eletrobrás | ELET3 |
Energisa | ENGI3 |
Eneva | ENEV3 |
Engie Brasil | EGIE3 |
Equatorial | EQTL3 |
Neoenergia | NEOE3 |
Omega Energia | MEGA3 |
Vale a pena investir em ações de energia renovável?
Investir em ações de energia renovável pode valer a pena, especialmente considerando o crescente compromisso global com a transição energética e a busca por soluções mais sustentáveis.
De todo modo, é importante lembrar que cada decisão de investimento deve ser individualizada e baseada em uma análise cuidadosa das circunstâncias pessoais. Antes de considerar esse tipo de investimento, é importante avaliar o seu perfil de risco, objetivos financeiros e o horizonte de investimento.
O setor de energias renováveis apresenta potencial de crescimento a longo prazo, impulsionado por políticas governamentais e inovações tecnológicas, mas também pode ser volátil e afetado por variáveis externas, como flutuações de mercado e mudanças regulatórias.
Este artigo não recomenda tampouco desaconselha o investimento nessas ações específicas. Para escolhas mais sólidas e melhor embasadas, considere a consulta de um assessor de investimentos.