ESG: o que é, importância e como investir de forma sustentável
ESG é uma tendência que revoluciona o mercado financeiro, abrindo caminho para um futuro mais verde, justo e próspero. Mais do que uma sigla, ESG representa uma mudança de paradigma que coloca a sustentabilidade no centro das decisões de investimento. Mas o que significa ESG? Como ele pode ser aplicado na prática? E quais os […]
ESG é uma tendência que revoluciona o mercado financeiro, abrindo caminho para um futuro mais verde, justo e próspero. Mais do que uma sigla, ESG representa uma mudança de paradigma que coloca a sustentabilidade no centro das decisões de investimento.
Mas o que significa ESG? Como ele pode ser aplicado na prática? E quais os benefícios para o planeta, para a sociedade e para os próprios investimentos?
O Melhor Investimento reuniu tudo o que você precisa saber sobre ESG, desde sua origem e princípios básicos até as diferentes formas de aplicação e os impactos positivos. Neste guia completo, você também descobrirá as principais tendências do mercado e como começar a investir de forma sustentável. Continue lendo!
O que é ESG?
ESG (Environmental, Social and Governance) ou ASG (Ambiental, Social e Governança) é um conjunto de critérios que avalia o desempenho das empresas em três pilares fundamentais para a sustentabilidade: ambiental, social e governança.
A indústria global de fundos de investimento com foco em ESG atingiu US$ 3,12 trilhões em junho de 2023, de acordo com o relatório do Morgan Stanley Institute for Sustainable Investing. Esse valor representa 7,9% do total de recursos sob gestão no mundo, demonstrando um crescimento significativo em relação a 2022 (US$ 2,79 trilhão, 7,6%).
No Brasil, o desenvolvimento de fundos sustentáveis ainda é lento. Dados da ANBIMA (Associação do Mercado de Capitais) indicam que, até novembro de 2023, havia cerca de R$ 10,5 bilhões alocados em 59 fundos de investimento sustentável (IS) e 30 fundos que integram fatores ESG em suas estratégias.
Embora esse volume represente um aumento de 16% em relação ao final de 2022, ainda é mínimo se comparado ao tamanho da indústria nacional de fundos, que totaliza R$ 8,27 trilhões.
A adoção de práticas ESG não é apenas uma questão ética, mas também uma necessidade estratégica. Empresas com bom desempenho nesses critérios tendem a atrair mais investimentos, fidelizar clientes e colaboradores, aumentar sua competitividade e se preparar melhor para os desafios do futuro.
Environmental (Meio Ambiente)
Environmental, ou Ambiental em português, é um dos pilares que compõem o ESG. Ele diz respeito às práticas de uma empresa que visam reduzir o impacto ambiental de suas atividades e contribuir para a sustentabilidade.
Um dos principais pontos é a redução da poluição através de medidas como a implementação de processos de produção mais limpos, o uso de tecnologias menos poluentes e o investimento em fontes de energia renováveis.
Outro fator é o uso de recursos renováveis, como solar, eólica e hidrelétrica, a gestão eficiente da água e a reciclagem de materiais.
Por último, o combate às mudanças climáticas através da redução de suas emissões de gases de efeito estufa, do investimento em florestas e do desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis.
Social
Já o Social condiz com as práticas de uma empresa voltadas para o impacto social e para o bem-estar das pessoas. Simplificando, diz respeito à forma como a empresa lida com seus funcionários, com a comunidade e com a sociedade como um todo.
As relações trabalhistas justas são incentivadas, com práticas que envolvem o pagamento de salários justos, o fornecimento de boas condições de trabalho, o respeito aos direitos dos trabalhadores e o incentivo ao desenvolvimento profissional.
As empresas socialmente responsáveis promovem a diversidade na contratação e na ascensão de funcionários, criando um ambiente de trabalho inclusivo para pessoas de diferentes origens, etnias, gêneros, idades e orientações sexuais.
Além disso, o respeito aos direitos humanos é imprescindível nos critérios ESG. As empresas socialmente conscientes evitam práticas que possam violar os direitos humanos em sua cadeia de fornecedores, como o trabalho escravo ou infantil.
Outra característica é a contribuição para a comunidade, com empresas que podem se engajar em ações que beneficiem a comunidade local, como o investimento em educação, saúde ou projetos ambientais.
Governance (Governança)
Por último, Governança diz respeito às práticas de uma empresa relacionadas à sua estrutura interna, liderança e tomada de decisões. É como a empresa se organiza e se garante que está operando de forma ética, transparente e responsável.
Segundo os critérios ESG, uma governança forte conta com um conselho de administração diverso e independente, capaz de supervisionar a gestão da empresa e tomar decisões no melhor interesse dos acionistas e de todos os stakeholders.
Além disso, empresas com boa governança respeitam os direitos dos acionistas, como o direito de voto e o acesso à informação.
Outras características de Governança são:
- Transparência: a divulgação clara e precisa de informações financeiras e não financeiras é importante para a governança corporativa, incluindo dados sobre as práticas ambientais e sociais da empresa.
- Ética nos negócios: possui um código de ética e conduta bem definido, e combate práticas como corrupção e suborno.
- Combate à corrupção: empresas comprometidas com a governança implementam medidas para prevenir e combater a corrupção em todas as suas operações.
Quando surgiu o ESG?
A década de 1970 marca o início do ESG, com o surgimento de investimentos motivados por crenças e estilos de vida, influenciados por eventos como a Guerra do Vietnã.
Esse senso moral influenciou investidores e empresas por décadas, até que em 2004, o ESG ganhou forma concreta. O termo foi introduzido em “Who Cares Wins”, uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial.
Em 2007, os “green bonds” surgiram como instrumentos para financiar projetos de impacto ambiental positivo. Desde então, os critérios ESG se expandiram globalmente, consolidando-se como um caminho irreversível no mundo dos investimentos.
A Europa serve como exemplo: segundo o relatório da PwC, estima-se que 57% dos ativos de fundos mútuos, cerca de 7,6 trilhões de euros (US$ 8,9 trilhões), sigam os princípios ESG até 2025.
Quais são as características do ESG?
Enquanto o conceito de ESG abrange critérios ambientais, sociais e de governança, algumas características tornam sua implementação estratégica e vantajosa para as empresas.
Crescimento sustentável
O ESG é uma visão de longo prazo. Empresas ESG buscam crescimento a longo prazo, considerando o impacto de suas ações no meio ambiente, na sociedade e na própria organização.
Valor compartilhado
Uma empresa comprometida com Ambiental, Social e Governança não pensa apenas no lucro para o acionista. Ao considerar os anseios de todos os seus stakeholders, como funcionários, fornecedores e comunidades vizinhas, constrói relacionamentos de confiança e cria valor compartilhado.
Transparência
A transparência é fundamental para empresas ASG, que divulgam regularmente informações sobre suas práticas. Relatórios integrados e auditorias independentes comprovam o compromisso das empresas com os critérios Ambiental, Social e Governança.
Sustentabilidade
Outra característica importante é a sustentabilidade. O modelo de negócio verde vai além da minimização do impacto ambiental, buscando empresas que contribuam ativamente para o meio ambiente. Ações de prevenção são essenciais para antecipar problemas e propor soluções proativas.
Governança e gestão diferenciadas
As empresas ESG tendem a ser transparentes e cumpridoras das leis, resultando em volatilidade reduzida e diminuindo o risco de problemas jurídicos. Práticas de governança e gestão diferenciadas focam na mitigação de riscos e na sustentabilidade a longo prazo.
Retorno consistente
A evolução histórica demonstra retornos consistentes e promissores, evidenciando a rentabilidade e o impacto social e ambiental.
Qual é a importância do ESG?
A agenda ESG vai além do lucro, considerando o impacto social e ambiental das empresas.
Uma pesquisa global da PwC Global ESG Survey revela que 79% dos investidores consideram o ESG em suas escolhas. Empresas que adotam boas práticas ESG contribuem para um futuro melhor e colhem diversos benefícios:
- Reputação reforçada, atraindo clientes, talentos e investidores que valorizam a responsabilidade corporativa.
- Mitigação de riscos regulatórios, financeiros e de imagem.
- Ampliação do acesso a capital, visto que cada vez mais investidores exigem práticas ESG.
- Melhoria da governança com práticas de gestão transparentes e eficientes.
- Aumento da produtividade e engajamento dos colaboradores.
A pesquisa da PwC também indica que 49% dos investidores pretendem retirar recursos de empresas sem ações reais em ESG. Isso demonstra a importância de as empresas demonstrarem comprometimento com a implementação de práticas ESG robustas e transparentes para atrair e manter investimentos.
Quais são os principais índices ESG?
A B3 oferece diversos índices para você investir em empresas comprometidas com a sustentabilidade, o futuro do mercado. Conheça cada um:
ISE B3: pioneirismo em sustentabilidade
Criado em 2005, o ISE B3 é uma carteira teórica composta por ações e units de empresas listadas na B3 que demonstram forte compromisso com a sustentabilidade empresarial. O ISE B3 serve como referência para o desempenho das empresas que adotam práticas sustentáveis, auxiliando investidores na tomada de decisões.
O ISE B3 é um índice de retorno total, que considera o valor das ações e reinvestimentos de dividendos. Ele reúne empresas reconhecidas por suas práticas em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa.
IGCT B3: governança corporativa para um futuro melhor
O IGCT B3 reúne empresas que buscam aprimorar sua gestão e gerar impacto positivo para a sociedade. Investir nesse índice significa contribuir para um futuro mais responsável e ético.
Sigla para Índice de Governança Corporativa Trade, o IGCT é um indicador que acompanha o desempenho das ações de empresas listadas na B3 que adotam práticas diferenciadas de governança corporativa. Ele é composto por uma carteira teórica baseada em critérios específicos.
O principal objetivo do IGCT, índice de retorno total, é medir o desempenho das empresas com boa governança corporativa, medindo a valorização das ações e os dividendos pagos aos acionistas.
O IGCT é composto por ações e units de ações de empresas listadas na B3 que cumprem os critérios de inclusão.
S&P/B3 Brasil ESG: investindo em ESG com responsabilidade
O S&P/B3 Brasil ESG reúne empresas do S&P Brazil BMI que demonstram compromisso com a responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG).
Para integrar o índice, a empresa precisa estar aberta a investimentos estrangeiros e comprometer-se com os princípios de sustentabilidade do Pacto Global da ONU. O índice exclui empresas dos setores tabagista, carvoeiro e armamentista, além de empresas que não possuem pontuação ESG da S&P DJI ou que não aderiram aos princípios do Pacto Global.
O S&P/B3 Brasil ESG oferece aos investidores a oportunidade de investir em empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável e serve como indicador da performance do mercado de ações brasileiro em termos de ESG.
ICO2: combate ao aquecimento global
Criado pela B3 em parceria com o BNDES em 2010, o ICO2 reúne empresas da indústria comprometidas com a redução das emissões de carbono e o combate ao aquecimento global. O ICO2 B3 é um instrumento que incentiva a transparência e a ação das empresas na divulgação de suas emissões de gases de efeito estufa (GEE).
O índice também abre caminho para o financiamento de projetos de crédito de carbono, que geram benefícios para o meio ambiente e para as comunidades locais. Eles permitem que empresas compensem suas emissões de GEE, investindo em projetos que reduzem as emissões em outros setores.
O ICO2 B3 tem como objetivo estimular a gestão de emissões nas empresas brasileiras, preparando o mercado para uma economia de baixo carbono. O índice é composto por 100 empresas e é uma referência para o futuro sustentável do país.
Como investir em ESG? Conheça as principais formas
Investir em ESG é uma maneira de alinhar seus objetivos financeiros com a busca por um futuro mais sustentável. Para isso, existem várias opções de investimento, como fundos ESG, ETFs com foco em critérios ambientais, sociais e de governança, ou ainda a compra direta de ações de empresas reconhecidas por boas práticas nessas áreas.
ETFs
Através dos Fundos Negociados em Bolsa (ETFs) com foco em ESG, você pode diversificar seu portfólio e contribuir para um mundo mais sustentável.
Na B3, a bolsa de valores brasileira, você encontra 3 ETFs que te conectam a esse universo:
1. ECOO11: seu desempenho acompanha o Índice Carbono Eficiente (ICO2), que reúne empresas com baixas emissões de carbono e alta performance ambiental. Ideal para quem busca investir em um futuro mais verde e com menor impacto climático.
2. GOVE11: sua rentabilidade está atrelada ao Índice Governança Corporativa Trade (IGCT), composto por empresas com práticas de governança corporativa de excelência. Uma opção para quem busca empresas transparentes, responsáveis e com alta gestão.
3. ISUS11: seu desempenho acompanha o tradicional Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), que reúne as empresas brasileiras com melhores práticas em ESG. Uma escolha para quem busca investir em empresas líderes em sustentabilidade, com histórico comprovado de compromisso com o meio ambiente, o social e a governança.
Fundos de investimentos
Os fundos de investimento são uma alternativa para quem busca investir em sustentabilidade. A ANBIMA criou a classificação “IS” para identificar fundos com foco 100% sustentável, que seguem regras rígidas para garantir o alinhamento com práticas ESG.
Apesar da lista da ANBIMA ser um avanço, alguns especialistas apontam falhas na classificação dos fundos. A crítica é que alguns fundos rotulados como IS poderiam estar na categoria “integração ESG” por investirem em empresas variadas, mas que consideram fatores ESG em suas decisões.
Existem também fundos que integram critérios ESG em sua gestão, mesmo que não seja o objetivo principal. É importante analisar a gestora por trás do fundo, sua cultura e se ela de fato incorporou o ESG em sua filosofia e processo de investimento.
O ESG é um framework com diferentes estratégias. Escolha a que melhor se encaixa no seu perfil de investidor, considerando seu horizonte de investimento e visão geral de mercado.
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Ações
O mercado de ações oferece diversas oportunidades para quem busca investir num futuro onde o planeta e a sociedade estejam em equilíbrio. Empresas que priorizam práticas ambientais, sociais e de boa governança (ESG) estão cada vez mais atraindo investidores.
Para investir em ações ESG, uma opção é conhecer as empresas listadas na bolsa com histórico positivo em sustentabilidade. Como já foi dito, a B3 dispõe do Índice Sustentabilidade (ISE), reunindo empresas avaliadas em critérios ESG.
É importante analisar os critérios ESG de cada empresa antes de investir. Vá além do ISE, buscando informações em relatórios de sustentabilidade, notícias e análises de especialistas. Lembre-se de diversificar seu portfólio, investindo em empresas de diferentes setores para minimizar riscos.
Alguns especialistas questionam a tomada de decisão baseada apenas em índices ESG. As metodologias de avaliação podem variar, tornando complexa a comparação entre empresas.
Se você está começando, os índices podem ser um bom ponto de partida para conhecer empresas preocupadas com a sustentabilidade. Lembre-se de fazer a sua pesquisa antes de investir.
Empresas ESG
Outra opção é investir diretamente em empresas com práticas ESG. O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) reúne 28 empresas de diversos setores que se comprometem com práticas responsáveis, como a redução de emissões e a reciclagem de materiais.
É importante definir seus objetivos, pesquisar as alternativas e diversificar sua carteira ao investir em empresas ESG. Acompanhe o desempenho dos seus investimentos, faça ajustes quando necessário e lembre-se que investimentos envolvem riscos. Fundos e ETFs podem ter taxas de administração.
Mesmo que este conteúdo forneça informações sobre investimentos em ESG, não se trata de uma recomendação personalizada. Para uma análise individualizada e assertiva, busque a orientação de um assessor de investimentos qualificado.
Com a InvestSmart, você será conectado a um time experiente de assessores de investimento que te auxiliará a investir em ESG com segurança e tranquilidade, de acordo com seus objetivos e perfil de investidor.
Resumindo
O que é ESG?
ESG é uma sigla para Environmental (Ambiental), Social e Governance (Governança). Refere-se a um conjunto de critérios que avaliam o desempenho das empresas em práticas que contribuem para a sustentabilidade do planeta, para a sociedade e para a própria empresa.
Por que ESG é importante?
ESG é importante por contribuir para um futuro mais sustentável, obter retornos consistentes, mitigar riscos e atrair e fidelizar clientes, talentos e investidores.
Como investir em ESG?
É possível investir por meio de fundos de investimento, ETFs, ações e empresas com a agenda ESG.
Onde encontrar mais informações sobre ESG?
A B3 possui uma seção dedicada ao ESG, com informações sobre índices, empresas e fundos de investimento. A ANBIMA também conta com uma seção dedicada ao ESG, com materiais educativos e informativos. Além disso, diversas empresas possuem seções em seus sites dedicadas às suas práticas ESG.
O que preciso saber antes de investir em ESG?
Investir envolve riscos. Antes de investir, é importante fazer sua própria pesquisa e conversar com um assessor de investimentos. Um especialista experiente pode te guiar e ajudar a tomar decisões conscientes. Além disso, procure diversificar seu portfólio investindo em diferentes empresas e setores.
ESG é uma tendência que veio para ficar. Cada vez mais empresas e investidores estão adotando os critérios ESG como forma de construir um futuro mais sustentável.
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