O plano de previdência privada é um investimento de longo prazo com vantagens em relação à tributação. Por isso, para otimizar as aplicações, você deve conhecer as regras que afetam os planos, como a diferença entre tabela regressiva e progressiva.

No regime progressivo, a renda é o fator decisivo para calcular o imposto. Já no regressivo, o ponto mais importante é o tempo em que os recursos permaneceram aplicados, com reduções de tributos à medida que os anos passam.

Confira este guia completo para decidir entre as tabelas do IR no seu plano de previdência privada!

Como funciona o imposto de renda na Previdência Privada?

Todo plano de previdência privada dá direito a benefícios tributários. Contudo, a vantagem recebida depende da escolha entre PGBL ou VGBL. Ambos permitem os regimes progressivo e regressivo do imposto de renda. Porém, um deles recebe o tratamento de previdência complementar, enquanto o outro seria um seguro com garantia de sobrevida. 

Entenda como funcionam!

Plano gerador de benefícios livre (PGBL)

O PGBL exige a declaração completa do imposto de renda. Ao fazer isso, você pode deduzir 12% da sua renda, destinando recursos para esse produto de previdência privada.

Os recursos que seriam destinados ao governo são utilizados no seu investimento. Porém, como contrapartida, o pagamento do imposto de renda acontece sobre o montante (aplicações e juros), no momento do resgate.

Para escolher um PGBL, você precisa contribuir para algum sistema público, pois o produto é considerado uma previdência complementar.

São exemplos de profissionais que podem adquirir um plano:

  • empregado com carteira assinada;
  • MEI;
  • servidor público;
  • contribuinte facultativo.

Na prática, o PGBL é a modalidade mais procurada pela dedução no imposto de renda. Com os juros compostos, o efeito de acumulação dos recursos é significativo nessa modalidade.

Uma dica se você não contribui para a previdência pública e deseja utilizar o PGBL é a contribuição facultativa. É possível contribuir pelo modelo de 11% sobre o salário mínimo, que já possibilita o uso da previdência complementar.

Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL)

O plano VGBL também é tributado apenas no resgate, mas somente em relação ao lucro com a aplicação. Contudo, esse produto não oferece a possibilidade de deduções do IR, de modo que você estará investindo com recursos que não iriam para os cofres públicos.

No caso do VGBL, não existe o requisito de contribuição para uma previdência privada. Esse produto é considerado um seguro com cobertura de sobrevida (período de vida a partir de certa data).

A tributação apenas no resgate, comum entre PGBL e VGBL, evita o efeito come-cotas. O imposto de renda não vai reduzir o valor aplicado a cada seis meses, deixando mais recursos acumulados ao longo do tempo.

Outra vantagem compartilhada entre os planos é a facilitação da sucessão patrimonial. Os beneficiários podem fazer o resgate independentemente do inventário, de modo similar ao seguro de vida.

Esses benefícios fiscais são aplicados independentemente da escolha entre tabela regressiva e progressiva.

O que é e como funciona a tabela regressiva?

A tabela regressiva reduz a taxa percentual de imposto de renda de acordo com o tempo em que os recursos permanecem acumulados na previdência privada:

  • até 2 anos = 35%;
  • de 2 a 4 anos = 30%;
  • de 4 a 6 anos = 25%;
  • de 6 a 8 anos = 20%;
  • de 8 a 10 anos = 15%;
  • acima de 10 anos = 10%.

Por isso, o melhor cenário para aplicações nesse regime é o investimento de longo prazo. Assim, você pode atingir a alíquota de 10%.

A tributação acontece na fonte e será definitiva. Você já recebe os recursos com o desconto do imposto de renda, sem ter a possibilidade de pedir restituições com ainda que tenha outras deduções.

O que é e como funciona a tabela progressiva?

A tabela progressiva utiliza a renda como critério decisivo: quanto maior, mais alto será o tributo. Em 2023, as faixas de renda mensal, a partir de maio, são as seguintes:

  • até R$ 2.112,00 = isento;
  • de R$ 2.112,01 até R$ 2.826,65 = 7,5%;
  • de R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 = 15%;
  • de R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 = 22,5%;
  • acima de R$ 4.664,68 = 27,5%.

Nessa situação, a alíquota mais vantajosa está disponível com o menor rendimento tributável com salários, pensões, aposentadoria, resgates de previdência privada, entre outros.

Essa tributação não é definitiva. Por isso, as estratégias que utilizam as deduções para obter restituições e descontos no IR costumam adotar a tabela progressiva.

Quais são as diferenças entre tabela regressiva e progressiva?

A grande diferença entre tabela regressiva e progressiva diz respeito ao ponto-chave do cálculo do tributo. Na tabela regressiva, é o tempo, enquanto na progressiva é o montante. Nesse sentido, como os nomes indicam, elas mantêm relações diferentes com tais grandezas.

Na primeira, tempo o tributo são inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior um, menor o outro. Já na segunda opção, o montante e o tributo são diretamente proporcionais, isto é, crescem e diminuem juntos.

Por isso, as estratégias com o sistema de redução ao longo dos anos aumentam a lucratividade com mais tempo e renda aplicados. Afinal, a quantidade de recursos não afeta a taxa percentual.

Dessa forma, um investidor com R$ 10 mil acumulados paga 10% tanto quanto aquele que tem R$ 100 mil, por exemplo. Logo, o modelo é ideal para quem pretende resgatar valores elevados que sofreriam com taxas maiores no sistema progressivo.

Por sua vez, a tabela progressiva oferece os melhores ganhos quando reduzimos a renda tributável. Para isso, podemos usar as deduções do imposto de renda, fazer investimentos com isenção ou realizar resgates parcelados, entre outras estratégias.

Como escolher entre tabela progressiva e regressiva?

A escolha entre a tabela regressiva e progressiva no contexto da previdência privada ocorre na contratação do plano PGBL ou VGBL. É possível que a gestora responsável disponibilize ambos os regimes de tributação ou apenas um deles. Por isso, fique atento às regras do produto escolhido.

Também é importante observar a taxa de carregamento e administração. Nesse sentido, é importante procurar um produto com custos que não comprometam a sua rentabilidade líquida excessivamente, ou seja, os ganhos após o pagamento de todas as despesas.

É possível trocar de tabela progressiva para regressiva e vice-versa?

Sim, é possível mudar entre esses sistemas, mas apenas da tabela progressiva para a regressiva, ou seja, o regime tributário não pode ser trocado no sentido contrário, de regressivo para progressivo. Além disso, a mudança vale a partir da transição em diante, desconsiderando o período anterior à alteração para o cálculo do imposto de renda.

Por outro lado, a portabilidade da previdência privada é realizada para um plano com as mesmas características do anterior. Nela, você mantém o tempo acumulado ao trocar um plano na tabela regressiva por outro nas mesmas condições, por exemplo.

Quais são as estratégias com a tabela regressiva e progressiva do IR?

Em relação às estratégias, diversas combinações são possíveis com os planos PGBL e VGBL. Veja algumas dicas para escolher a melhor tabela para o seu caso!

Avalie o tempo de investimento

A tabela regressiva do imposto de renda está ligada a investimentos de longo prazo. Nela, um período abaixo de 4 anos de aplicação é desvantajoso em relação ao regime progressivo. Afinal, a alíquota será superior a 30%, enquanto o pior cenário ao pagar com base na renda é 27,5% no outro modelo.

Ademais, o ideal é buscar a redução do tributo para 10%. Porém, essa redução acontece após 10 anos de plano de previdência, caracterizando uma aplicação para retorno no longo prazo.

Na maioria dos casos, o PGBL será o regime mais vantajoso nesse investimento de duração estendida. Afinal, você ficará um longo período com aplicações fruto do “dinheiro extra”, que vem de sucessivas deduções do imposto de renda.

Entre a tabela regressiva e progressiva, o regime de redução do tributo com o tempo também é mais adequado para retiradas únicas. É o caso de resgatar grandes quantias para objetivos pessoais, como comprar um carro ou um imóvel.

Pense a melhor maneira de realizar o resgate

O resgate da previdência privada também influencia na tributação. Se você tem interesse e pode fazer o resgate mensal nas faixas mais baixas do IR, a tabela progressiva oferece excelentes possibilidades.

Imagine, por exemplo, que você pretende resgatar R$ 1 mil por mês ao longo de 10 anos, em vez de R$ 120 mil em uma só vez. O recebimento do valor mensal junto às suas demais rendas pode ficar na alíquota de 7,5% ou isenta. Logo, é um caso em que é mais vantajoso adotar o sistema progressivo.

Além disso, a tributação acontece por faixas. Uma pessoa que recebe R$ 4.500,00, por exemplo, pagaria o tributo da seguinte maneira:

  • zero sobre R$ 2.112,00;
  • 7,5% sobre R$ 714,54;
  • 15% sobre R$ 924,39;
  • 22,5% sobre R$ 749,07.

Nesse exemplo, embora pareça que a alíquota é de 22,5%, a taxa efetiva é de 8%, em função da segmentação que o cálculo segue para cada valor. Com a nova tabela progressiva, rendimentos tributáveis até R$ 5.000,00 não ultrapassam os 10% da tabela regressiva.

Verifique as deduções futuras

Uma das principais diferenças entre a tabela regressiva e progressiva é a não definitividade da cobrança no segundo caso. Para ter uma alíquota efetiva mais baixa, as deduções do imposto de renda podem ser uma boa estratégia. Algumas opções para atingir esse objetivo é envolver, no cálculo do IR, gastos com:

  • despesas médicas;
  • gastos com educação;
  • previdência privada no PGBL;
  • dependentes.

Para ilustrar, considere uma pessoa que recebe R$ 9.000,00 já com o resgate da previdência privada. Se esse contribuinte consegue deduzir R$ 3.000,00, a alíquota efetiva é de 8,50%, conforme o simulador da Receita Federal. Logo, está abaixo do melhor resultado pela tabela regressiva.

Considere investimentos isentos do imposto de renda

Ao montar a carteira de investimentos, você pode diversificar os produtos escolhidos com ativos isentos de imposto de renda. Assim, a alíquota efetiva será reduzida pela renda obtida não ser tributável.

Um exemplo é escolher ações pagadores de dividendos. Nesse caso, como a empresa já paga o IR antes de distribuir o lucro, o valor chega livre de imposto para os acionistas.

Outro exemplo é o rendimento com LCA e LCI. Tais títulos de renda fixa são isentos de tributação pelo IR e podem ser uma alternativa para complementar o investimento em previdência privada.

Vale ressaltar que as estratégias para reduzir a alíquota efetiva só podem ser aplicadas na tabela progressiva. Ao optar pelo sistema regressivo, a tributação já realizada na fonte não pode ser alterada com a declaração do IR.

Pondere a opção pela declaração simplificada

Quem não tem muitas deduções para realizar no imposto de renda pode usar a declaração simplificada. Nesse caso, obtém-se um desconto automático de 20%, até R$ 16.754,34, sem precisar de nenhuma comprovação de despesas.

Essa declaração é usada mais frequentemente com a tabela regressiva. Afinal, o modelo exige que o contribuinte abra mão de indicar as deduções do imposto de renda, que são fundamentais para conseguir uma alíquota efetiva mais baixa pela tabela progressiva.

Um cuidado é sempre realizar a simulação para confirmar o seu caso. Afinal, o investimento em previdência privada é acessível para diferentes perfis de renda.

Mesmo com os resgates mensais somados à aposentadoria, uma pessoa pode ter mais vantagens com a tabela progressiva. Tudo depende da renda tributável após a soma dos salários, resgates, aposentadorias e demais arrecadações.

Independentemente da opção entre tabela regressiva e progressiva, a declaração simplificada não possibilita o uso do PGBL. Por isso, se no momento do resgate você quiser continuar a investir na previdência privada e obter o desconto padronizado, será preciso escolher um plano VGBL.

Considere se os resgates são elevados

A tabela regressiva também é indicada para quem deseja resgatar valores mais elevados. Sempre que nos recebimentos mensais ou integrais a alíquota real ficar acima de 10% pode ser mais vantajoso utilizar o regime que reduz a alíquota ao longo do tempo, desde que o investimento seja de longo prazo.

Em suma, ao escolher entre a tabela regressiva e progressiva, precisamos encontrar o plano que melhor atende ao perfil de renda. Uma boa prática é considerar a previdência privada em relação a outros investimentos que possam trazer isenções de imposto de renda ou uma boa rentabilidade para sua carteira.

Ao consultar uma assessoria de investimentos, você consegue todas as informações para se planejar e montar uma estratégia adequada ao seu perfil. É a partir do conhecimento sobre a tributação e sobre as opções no mercado que você pode otimizar os seus resultados com a previdência privada.

A opção entre tabela regressiva e progressiva, por exemplo, depende de fatores como renda, tempo e deduções na hora de receber os valores dos investidores. Ao analisar essas questões, é possível encontrar a estratégia que fará você pagar a menor tributação possível, dentro das regras legais. 

Por isso, quanto mais conhecimento, melhores tendem a ser os seus resultados no mundo dos investimentos.

Para ter auxílio especializado nesse processo, confira o conteúdo sobre como funciona uma assessoria de investimentos e saiba como receber apoio técnico sem custos adicionais nas suas aplicações!

Resumindo

Qual a diferença da tabela progressiva e regressiva?

As principais diferenças entre a tabela progressiva e regressiva do Imposto de Renda são:

  • na tabela progressiva, a grandeza que guia o cálculo do tributo é o montante, enquanto na tabela regressiva é o tempo da aplicação;
  • na tabela progressiva, a relação entre o montante e a taxa tributada é diretamente proporcional, enquanto na regressiva a relação entre o tempo e a taxa é inversamente proporcional;
  • no regime regressivo, a tributação na fonte é definitiva, ou seja, não cabe pedido de restituição, enquanto no progressivo essa taxação não é permanente.

O que é melhor: tabela progressiva ou regressiva?

Não existe resposta certa para qual opção é melhor entre tabela progressiva e regressiva. A decisão mais adequada varia conforme cada caso. Via de regra, para aplicações de longo prazo o regime regressivo costuma ser o melhor. Por outro lado, o progressivo tende a ser a alternativa mais vantajosa no curto prazo.