O investidor que busca opções de renda fixa precisa conhecer os tipos de debêntures. Esses títulos costumam oferecer juros mais vantajosos, porém também demandam cuidados específicos. 

Ao compreender as vantagens e desvantagens, podemos avaliar os produtos, considerando o perfil e a estratégia de investimentos. Isso nos permitirá ter uma expectativa adequada à realidade, ao mesmo tempo em que buscamos ganhos mais expressivos.

Exploraremos os 7 tipos de debêntures mais comuns no mercado de valores!

O que são debêntures?

Debêntures são valores mobiliários que representam um direito de crédito contra uma empresa. Trata-se, essencialmente, de um empréstimo do investidor para uma organização. A empresa devedora se compromete a devolver o valor acrescido de juros no vencimento ou a pagar outro tipo de compensação estabelecida no título.

Essa categoria de valores mobiliários abrange títulos ou contratos oferecidos ao público em troca de participação, parceria ou remuneração. Portanto, todos os tipos de debêntures fazem parte desse grupo de aplicações financeiras.

No mercado de valores, as empresas utilizam debêntures para captar recursos a custos mais baixos. Além disso, o financiamento se torna mais acessível, uma vez que a dívida pode ser dividida em pequenas partes, permitindo a participação de diferentes investidores.

Como funcionam esses valores mobiliários?

A emissão de debêntures ocorre em séries. Esse conjunto de títulos garante que os investidores que concederam empréstimos nas mesmas condições tenham direitos iguais.

Rendimento

Geralmente, as debêntures oferecem juros como compensação pelo capital emprestado à empresa. Essa taxa pode ser prefixada, pós-fixada ou híbrida.

Tipo de taxa de juros:

  • prefixada — a remuneração tem número definido para todo o contrato;
  • pós-fixado — um índice que pode oscilar, como SELIC e CDI, é utilizado;
  • híbrido — combinação de taxas pré e pós-fixadas.

O rendimento é influenciado pela concorrência com os CDBs e o Tesouro Direto. Para atrair investidores, as debêntures precisam oferecer rendimentos superiores às taxas DI e Selic. Caso contrário, seria mais vantajoso buscar os mesmos rendimentos com riscos menores.

Tributação

A tributação das debêntures segue a tabela regressiva do imposto de renda. Quanto mais tempo os recursos permanecem investidos, menor é a alíquota aplicada aos rendimentos. 

Tabela regressiva nas debêntures:

  • até 180 dias — 22,5%;
  • após 180 dias até 360 — 20%;
  • de 361 até 720 dias — 17,5%.

A tributação pode variar conforme o tipo de debênture. Títulos incentivados, por exemplo, podem estar isentos de impostos.

Liquidez

As debêntures não são indicadas para investidores em busca de alta liquidez. Em sua maioria, o resgate está condicionado ao vencimento do título.

Uma alternativa é vender as debêntures na bolsa de valores. No entanto, compradores geralmente se interessarão apenas se a transação for vantajosa.

Dessa forma, os diferentes tipos de debêntures são recomendados para quem busca maiores ganhos na renda fixa. Não são adequados para constituir uma reserva de emergência ou mitigar riscos de liquidez.

Riscos

O risco principal é o de crédito. É crucial não depender apenas das taxas de juros atrativas, mas também avaliar a capacidade de pagamento da empresa emissora do título.

Ao contrário de CDBs, LCI e LCA, as debêntures não contam com o Fundo Garantidor de Crédito.

Investimentos que fazem parte do FGC:

  • depósito à vista;
  • poupança;
  • certificados de depósito bancário (CDB);
  • recibos de depósito bancário (RDB);
  • letras de crédito do agronegócio (LCA);
  • letras de crédito imobiliário (LCI);
  • letras hipotecárias (LH);
  • letras de câmbio (LC).

O FGC oferece seguro para investimentos de até R$250.000,00. Portanto, como as debêntures não oferecem essa proteção, é importante considerar atentamente os riscos de crédito.

Garantias da dívida

Algumas debêntures podem incluir garantias, como bens e direitos, para assegurar o pagamento das dívidas. Por exemplo, um imóvel pode ser utilizado como garantia.

Nesse cenário, o agente fiduciário dos debenturistas desempenha um papel crucial. Designado na emissão das debêntures, ele defende os interesses dos credores. Caso ocorra inadimplência, o agente pode acionar a garantia e distribuir os recursos entre os debenturistas.

As garantias também têm importância em caso de falência ou recuperação judicial, definindo a ordem de pagamento.

Tipos de garantia nas debêntures:

  • garantia real — bens do ativo da empresa ou de terceiros
  • garantia flutuante — privilégio sobre o ativo em caso de falência
  • garantia quirografária — sem privilégio ou preferência sobre o ativo
  • garantia subordinada — preferência apenas em relação aos acionistas.

Quais são as vantagens e desvantagens das debêntures?

As debêntures apresentam riscos de crédito e liquidez, mas oferecem juros atrativos para os investidores. Antes de investir, é crucial compreender as vantagens e desvantagens.

As vantagens das debêntures

Oferecer taxas de juros mais elevadas

As taxas de juros das debêntures são o principal atrativo. É muito comum encontrar títulos com valores expressivos.

Geralmente, os títulos de mais longo prazo são os mais vantajosos em relação à compensação financeira. É comum, por exemplo, encontrar opções que asseguram o pagamento acima da inflação para oferecer ganhos reais aos investidores.

Ter benefícios tributários

As debêntures recebem benefícios tributários, como a tabela regressiva e a isenção. Por isso, levam vantagem nesse quesito em comparação com aplicações sem vantagens no imposto de renda.

Encontrar aportes acessíveis

O mercado de valores oferece debêntures acessíveis ao pequeno investidor, como aquelas na faixa de 1 a 10 mil reais. Por isso, é um dos caminhos para buscar ganhos mais expressivos na renda fixa sem que o aporte seja um impeditivo.

Desvantagens das debêntures

Assumir riscos adicionais de crédito

A principal desvantagem das debêntures é oferecer um risco mais elevado pelas chances de inadimplemento dos títulos. Por isso, ao escolher esse produto, é importante buscar empresas com ótima reputação e classificação de crédito.

Encontrar dificuldades para antecipar o resgate

A baixa liquidez também é uma desvantagem em comparação com outros ativos de renda fixa. É possível ter prejuízos caso seja preciso antecipar a saída, mesmo que exista o mecanismo de vender na bolsa de valores.

Assumir prazos de vencimento mais longos

As debêntures têm prazos superiores a um ano. Além disso, as mais vantajosas costumam ter o vencimento para o médio e longo prazos.

Ao escolher essa aplicação financeira, o investidor precisa estar preparado para manter o dinheiro indisponível por um longo período.

Quais são os tipos de debêntures?

Existem diversos tipos de debêntures, cada um com características específicas. Alguns exemplos são:

1. Debêntures comuns

As debêntures comuns seguem a tributação normal, via tabela regressiva do imposto de renda. Portanto, há benefícios fiscais, mas são similares a outros investimentos de renda fixa, como CDBs e tesouro direto.

2. Debêntures incentivadas

As debêntures incentivadas são emitidas por empresas para financiar projetos de infraestrutura.

Setores mais comuns nas debêntures incentivadas:

  • abastecimento de água;
  • energia;
  • saneamento;
  • coleta de resíduos sólidos;
  • mobilidade urbana.

Para o investidor, a vantagem é a isenção do imposto de renda. Se duas debêntures oferecerem as mesmas taxas de rentabilidade e uma for incentivada, essa aplicação terá um retorno mais favorável pela ausência do tributo.

3. Debêntures Simples

A debênture simples dá direito de crédito contra a empresa. Esse modelo é bem próximo aos demais títulos de renda fixa.

Um investidor interessado adquire o título, realizando a aplicação financeira. Na data de vencimento, recebe o dinheiro de volta com juros.

Perceba que tanto as debêntures comuns como as incentivadas podem ser simples. As classificações se combinam.

4. Debêntures Conversíveis

As debêntures conversíveis permitem a troca por ações da empresa. Nesse caso, o investidor tem um prazo para definir se deseja ou não exercer esse direito, conforme a sua escolha.

Ao considerar a conversão, o investidor deve ficar atento à quantidade de debêntures necessária para obter uma ação. A troca pode utilizar o número de títulos ou valor deles como referência.

5. Debêntures Permutáveis

As debêntures permutáveis têm as ações de outras empresas como garantia. Além disso, o investidor tem a opção de trocar as debêntures por esses títulos, como forma de pagamento.

Nesse modelo, a empresa que emitiu o título compra as ações de outra organização para servir de garantia aos investidores.

6. Debêntures perpétuas

As debêntures perpétuas não contam com um prazo de vencimento. Nesse caso, não haverá o resgate da aplicação inicial, tão somente dos juros.

É possível realizar uma analogia com a compra de um imóvel. Ao comprar um apartamento, a pessoa pode ter uma renda com o aluguel ou venda do bem para um terceiro.

Nas debêntures perpétuas, a compra do título gera um pagamento de juros como renda passiva. Além disso, o investidor pode vender o título para um terceiro caso queira se desfazer dele. Porém, não fará o resgate.

7. Debêntures participativas

As debêntures participativas dão direto a uma fração dos lucros de uma empresa ou projeto financiado. Essa participação pode ter um prazo determinado para encerrar os ganhos.

No entanto, é possível que não exista um vencimento preestabelecido. Nesse caso, uma das possibilidades é a remuneração vinculada a um projeto da empresa, como a exploração de jazidas, minas e obras de infraestrutura. Logo, enquanto for lucrativo, haverá a participação.

Como investir em debêntures?

Os diferentes tipos de debêntures são investimentos mais complexos que demais alternativas de renda fixa. Ao pesquisar sobre o assunto, o investidor pode encontrar opções com excelentes taxas de juros, mas deve ter cuidado ao escolher os produtos financeiros.

Entenda o seu perfil de investidor

O primeiro passo é entender se os tipos de debêntures oferecem riscos compatíveis com o seu perfil de investidor. Geralmente, o investimento é indicado para o perfil moderado, que tenta equilibrar segurança e rentabilidade das aplicações.

Os conservadores que já contam com outros produtos com alta liquidez e baixo risco podem considerar um percentual de debêntures para ter ganhos mais expressivos. Já os arrojados costumam se interessar pelos títulos apenas quando oferecem ganhos mais expressivos, principalmente no longo prazo.

Considere a diversificação dos investimentos

A diversificação de investimentos possibilita um gerenciamento mais efetivo dos riscos. Trata-se de montar uma carteira com produtos de diferentes características.

Um desempenho aquém do esperado em um deles não afeta toda a carteira.

Levante os produtos disponíveis pela corretora de valores

A compra das debêntures exige o cadastro em uma corretora de valores. Lá você terá acesso a plataformas digitais para realizar as aplicações.

Esses títulos podem ser adquiridos pelo pregão da bolsa ou nas prateleiras virtuais da instituição financeira.

Leia atentamente as condições e prazos das debêntures

Um dos cuidados é entender os tipos de debêntures que serão adquiridas. Há diferentes formas de remuneração, prazos e características. Por isso, é importante ler atentamente as condições antes de investir.

Fique atento ao rating de crédito

Todos os tipos de debêntures são avaliados por agências especializadas em análise de crédito. Ao pesquisar um título, você pode encontrar o risco de inadimplemento.

Principais agências de classificação de risco:

  • S&P;
  • Moody’s;
  • Fitch Ratings.

Geralmente, o investidor busca as debêntures com baixo risco de inadimplência. São aquelas com rating A em diante.

Conte com o apoio de um assessor de investimentos

O investimento em dívidas das empresas oferece juros expressivos na renda fixa. No entanto, o produto é mais complexo em comparação com CDB’s e títulos da dívida pública. Afinal, além de diferentes tipos de debêntures, é preciso analisar o risco de crédito.

Uma boa prática para começar é buscar uma assessoria de investimentos. Esse serviço não tem custos adicionais para o investidor, pois a remuneração acontece com as taxas que já existem nas aplicações financeiras.

A InvestSmart, por exemplo, oferece um atendimento personalizado. Assim, você pode contar com um profissional habilitado pela CVM para entender o seu perfil de investidor e encontrar soluções no mercado financeiro compatíveis com os seus objetivos.

Ao conhecer os tipos de debêntures, você já entende que a renda fixa tem oportunidades além dos títulos oferecidos por bancos e governos. Então, vale a pena buscar o apoio necessário para conhecer os riscos e oportunidades, montando uma carteira personalizada que atenda às suas expectativas.

Para conhecer o papel da assessoria de investimentos, confira o artigo “Decisão de investimento: como uma assessoria especializada pode te ajudar?” e tire todas as suas dúvidas!

Resumindo

O que é debênture e quais os tipos?

As debêntures são títulos que dão direito de crédito contra uma empresa, permitindo que o investidor receba juros em troca da aplicação financeira. Os principais tipos são as comuns e as incentivadas, sendo essas segundas isentas de imposto de renda.

Como escolher o tipo de debêntures?

Os tipos de debêntures geram diferentes formas de remuneração para o investidor, como juros, conversão em ações ou participação nos lucros. Por isso, o investidor deve considerar os riscos e vantagens, segundo as condições do título e chances de descumprimento pela empresa.