Diversificar a carteira de investimentos é quase uma regra de como estar mais próximo do sucesso no que diz respeito as aplicações financeiras. Muitos profissionais e referências resumem diversificação de uma forma bem simples: não se deve apostar todas as fichas em um investimento só, principalmente ao começar a investir.

Contudo, o conceito não é tão óbvio quanto parece. O motivo é que para diversificar deve-se estar atento aos tipos de risco que a carteira de investimento está exposta e como os ativos investidos relacionam entre si e com a economia como um todo. Ou seja, se a diversificação não for feita da maneira certa, acaba não sendo vantajosa.

Olhando de uma forma mais técnica, diversificar significa DILUIR ou ANULAR riscos. No bom português: riscos sempre existirão, o que queremos é reduzi-los. Portanto, nosso mantra funcionará basicamente assim:

“Quanto mais inteligentemente diversificada for a carteira de investimentos, mais diluídos serão os riscos.”

Tipos de Riscos

Como entendemos os tipos de risco que existem para fazermos uma diversificação inteligente? Existem alguns tipos que impactam de forma diferente os investimentos. Citaremos os 3 principais para os investidores estarem mais atentos. Contudo, antes de mencioná-los, reforçamos que esses tipos de risco impactam de forma DIFERENTE cada ativo. Ou seja, existem ativos que serão mais impactados por um tipo de risco do que outro.

Risco de Mercado

Esse é o risco de oscilação do preço/cotação do investimento. Quanto mais oscilar o preço/cotação de um determinado investimento, MAIOR SEU RISCO DE MERCADO.

  • Ativos que normalmente têm RISCO DE MERCADO BAIXO:
    • Renda Fixa referenciada no CDI
    • Fundos de Renda Fixa Referenciados no CDI
  • Ativos que normalmente têm RISCO DE MERCADO ALTO:
    • Ações,
    • Fundos de Ações,
    • Títulos Públicos de muito longo prazo.

Para reduzir a exposição da sua carteira de investimentos a RISCO DE MERCADO, é necessário escolher investimentos com baixa correlação ou, preferencialmente, correlação negativa entre si. Logo mais explicaremos o que é correlação no detalhe.

Risco de Liquidez

Liquidez é a facilidade ou dificuldade em converter um investimento em dinheiro, ou seja, vendê-lo. Investimentos líquidos são aqueles fáceis de serem transformados em dinheiro rápido.

  • Ativos que normalmente têm RISCO DE LIQUIDEZ BAIXO:
    • Renda Fixa referenciada no CDI,
    • Fundos de Renda Fixa Referenciados no CDI,
    • Ações, alguns Fundos de Ações e Fundos Multimercados
  • Ativos que normalmente têm RISCO DE LIQUIDEZ ALTO:
    • Ativos de Renda Fixa não resgatáveis e com o vencimento longo (CDBs longos, muitas debêntures, CRIs e CRAs),
    • Fundos de Renda Fixa Crédito Privado com resgates longos.

Importante destacar que o RISCO DE LIQUIDEZ também envolve o fato de que, muitas vezes para se desfazer de um ativo pouco líquido, por vezes o investidor sofre uma leve depreciação sobre o “valor justo” do investimento. Por exemplo: se ele esperava que valesse 1000 reais, por ser pouco líquido acabou vendendo por 997.

O risco de liquidez importa muito mais na hora da construção da carteira. O investidor ter noção de quanto precisará de liquidez para seus objetivos de curto, médio e longo prazo é crucial para reduzir o RISCO DE LIQUIDEZ. Uma carteira bem planejada significa ter disponível para resgate nos prazos adequados as quantias certas, evitando resgates antecipados e não planejados.

Risco de Crédito

O risco de crédito é a chance de quem pegou dinheiro emprestado não honrar com os compromissos de pagamento com o investidor. Ou seja, trata-se do risco que o investidor corre de sofrer um calote. O FGC entra para reduzir esse tipo de risco para muitos tipos de investimentos.

  • Ativos que normalmente têm RISCO DE CRÉDITO MAIS BAIXO:
    • Títulos Públicos
    • Ativos de Renda Fixa cujo investidor esteja coberto pelo FGC
    • Ativos de Renda Fixa líquidos e/ou emitidos por empresas com finanças saudáveis
  • Ativos que normalmente têm RISCO DE CRÉDITO MAIS ALTO:
    • Ativos de Renda Fixa não resgatáveis e com o vencimento longo (CDBs longos, muitas debêntures, CRIs e CRAs),
    • Ativos não cobertos pelo FGC
    • Fundos de Renda Fixa Crédito Privado com resgates longos
    • FIDCs

Na ótica de gestão de riscos de uma carteira de investimentos, o risco de crédito é reduzido atentando-se para o FGC ou, no caso de alocação em fundos de investimento de crédito, reduz-se o risco com fundos bem diversificados nos ativos adquiridos.

Atenção a correlação!

É importante que, além de diversificar os ativos atentando-se para os tipos de risco expostos, o investidor opte por investimentos que não estejam correlacionados ou que apresentem comportamentos contrários. De maneira geral, as performances positivas de determinados ativos devem neutralizar as negativas, vindas de outras aplicações. Isso evita que todos os ativos tomem a mesma direção quando existem tendências definidas no mercado. Quando um mercado está em alta, todos querem investir. Contudo, quando o contrário acontece e existe uma tendência de baixa, estar exposto a ativos que não tenham correlação com a tendência do mercado ou que caminhem na direção contrária, aumenta a diversificação e a performance da carteira, tornando-a também mais defensiva. Para chegar nesse equilíbrio é fundamental estar atento para não escolher aplicações com desempenhos parecidos.

Entenda o que é correlação

Para se entender como ativos se relacionam, devemos entender em que setor eles estão inseridos e o que é determinante para o sucesso ou fracasso desses investimentos. Alguns exemplos:

Vale e Gerdau

São empresas concorrentes e inseridas no mesmo setor, exportam o mesmo produto e têm a receita atrelada ao dólar. Portanto, apresentam comportamentos semelhantes. A figura abaixo representa esse exemplo de como esses dois ativos apresentam correlação positiva (comportamento semelhantes):

Vale e Gerdau

Vale e Gerdau

Ibovespa e Dólar

Um dos casos mais comum de correlação negativa!

Quando a Bolsa de Valores sobe, normalmente acontece em função da melhora nas expectativas da economia do país. Com isso, a maior confiança na economia brasileira resulta em entrada de recursos para investimentos no país e também um fortalecimento da moeda, o real. Real forte significa uma redução do dólar.

Quando as perspectivas com a economia do país pioram, a dinâmica inversa acontece. Logo, a bolsa e o dólar são negativamente correlacionados normalmente, quando um sobe o outro tende a descer. A figura abaixo representa esse exemplo:

Ibovespa e Dólar

Ibovespa e Dólar

Cuidado com a adequação aos seus investimentos!

Para o investidor conservador, diversificar é incluir pequenas porções de ativos com risco. Já o agressivo são porções maiores de ativos com risco. Contudo, se forem ativos muito arriscados, mas, negativamente correlacionados, o risco se anula. Então, mesmo que a pessoa seja conservadora e invista 40% em renda fixa, 30% em IBOV e 30% Dólar, como IBOV e dólar tem correlação negativa, o risco fica reduzido.

Mesmo que faça sentido na carteira de aplicações, tem investidor que não está tolerante ao risco e diversificar acaba sendo uma dor de cabeça. Então, o aconselhável é entender exatamente até onde ele é capaz de chegar, de forma que não perca o sono pensando nas oscilações que um ativo pode sofrer. Afinal, viver preocupado pelo risco de algum investimento, não vale a pena!

Conclusão

Equilíbrio é a chave para o sucesso! Não coloque todos os ovos em uma cesta só, distribua um pouco em cada lugar. E aí, ainda está confuso sobre como diversificar a sua carteira de investimentos? Procure um assessor, ele pode te auxiliar nisso!

Equipe MI

Equipe de redatores do portal Melhor Investimento.