Balanço patrimonial: como analisar a saúde financeira das empresas

O balanço patrimonial é um relatório contábil necessário a muitas empresas, especialmente aquelas de capital aberto. Elas são obrigadas a fazer sua divulgação regularmente, a fim de manter a conformidade e a transparência. Afinal, os dados são úteis para quem deseja aplicar seu capital.

Isso porque a análise de investimentos precisa ser embasada em dados. Dessa forma, você consegue identificar quais são as melhores oportunidades do mercado financeiro e as empresas mais sólidas.

Esse é o motivo pelo qual vale a pena entender como analisar o balanço patrimonial. Neste post, vamos explicar melhor sobre esse documento, sua importância e como ele pode ser usado para tomar decisões de investimento. Continue lendo!

O que é o balanço patrimonial?

O balanço patrimonial é um relatório contábil que apresenta ativos, passivos e patrimônio líquido de uma empresa. Assim, ele apresenta os bens, direitos e valores, indicando as condições financeira e patrimonial de uma companhia em determinado período, normalmente, 12 meses.

A elaboração desse documento é uma obrigação imposta para todas as empresas, exceto Microempreendedores Individuais (MEIs). Para empresas de capital aberto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exige a divulgação dos dados para que os investidores tenham acesso a eles.

Essa publicação deve ocorrer a cada 3 meses no Formulário de Informações Trimestrais (ITR) e 1 vez por ano nas Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP). Assim, é possível verificar como está ocorrendo a evolução contábil do patrimônio da companhia.

Já a Lei 6.404/1976 determina que sua apresentação é obrigatória no encerramento do exercício social, isto é, a cada final de ano.

Por isso, seus dados funcionam como uma espécie de fotografia, o que permite aos gestores visualizarem a movimentação dos recursos financeiros.

As informações fornecidas também são válidas aos investidores. Isso porque fica mais fácil criar estratégias de investimentos, já que é possível saber se a empresa está em um bom momento ou não. Assim, você toma decisões melhores para o seu portfólio.

Qual o objetivo do balanço patrimonial?

O objetivo do balanço patrimonial é trazer uma visão clara e detalhada da situação financeira, econômica e contábil de uma empresa. Ele foca um período determinado e ajuda tanto gestores quanto investidores a tomarem decisões estratégicas e alinhadas aos seus objetivos.

Isso porque ele traz indicações da capacidade de pagamento da companhia, da gestão dos recursos (se é adequada ou não) e da solidez do patrimônio. Dessa forma, gestores conseguem definir os rumos da companhia, enquanto investidores podem decidir se a alocação de capital em determinada empresa é uma boa ideia.

Onde encontrar o balanço patrimonial?

Você pode encontrar o balanço patrimonial nos sites da B3 e de Relação com Investidores (RI) de cada empresa. No caso da bolsa de valores, é só informar de qual companhia deseja saber. Para isso, escolha a inicial ou digite o nome no campo de busca.

Na página que aparecer, clique em “Relatórios Estruturados”. Ali, você verá as ITRs e as DFPs. Uma nova janela vai surgir na tela e você poderá escolher entre Demonstrações Financeiras Consolidadas e Individuais.

A diferença é que o documento consolidado traz os dados da companhia principal e de suas subsidiárias. Já o relatório individual apresenta apenas os números da matriz. Por isso, os investidores costumam analisar o primeiro, porque ele traz uma visão mais completa e realista.

Então, selecione entre balanço patrimonial ativo e passivo — explicaremos os conceitos adiante. O documento pode ser salvo em PDF ou ser impresso.

Por sua vez, o site de RI é criado por todas as empresas de capital aberto. Ele traz o balanço patrimonial e outras informações. Para encontrar o da companhia desejada, busque “RI nome da empresa” no Google.

Qual a diferença entre balanço patrimonial, DRE e DFC?

A diferença entre balanço patrimonial, DRE e DFC é a função. O BP mostra a situação financeira do negócio no ano-exercício fiscal. A Demonstração de Resultados do Exercício indica a performance em determinado período, que pode ser maior ou menor do que o fiscal. E o Demonstrativo de Fluxo de Caixa traz dados em tempo real.

Na prática, os três são relatórios contábeis obrigatórios para empresas de capital aberto. Portanto, todos eles ajudam na análise fundamentalista, especialmente, que considera um horizonte de tempo maior para o investidor.

No entanto, o foco de cada um desses documentos é diferente. Assim, o balanço patrimonial traz vários dados relevantes, como total de dívidas, saldo em caixa, estoques, despesas antecipadas e quanto tem a receber dos clientes.

Na análise de investimentos, atentar a esses dados faz toda a diferença. Porém, a sua avaliação pode ser complementada com a DRE e o DFC para trazer um embasamento maior.

Em conjunto, balanço patrimonial e DRE trazem uma visão mais ampla. Já o DFC indica se a empresa tem saúde financeira ou se está em dificuldades. Isso diminui as chances de você investir em uma companhia à beira da falência em curto, médio ou longo prazo.

Estratégia de Warren Buffett

A estratégia de Warren Buffett é o value investing, em que o capital é alocado em empresas descontadas na bolsa. Na prática, isso significa que o preço da ação está baixo, mas a companhia tem amplo potencial de crescimento. Para chegar ao sucesso, o investidor criou um método de análise de balanços — inclusive, um livro foi escrito sobre esse assunto.

O objetivo de analisar os balanços é verificar os resultados passados e tentar prever o futuro. Nesse cenário, Buffett analisa o balanço patrimonial, o DRE e o DFC.

Dessa forma, ele descobre o patrimônio líquido da companhia e identifica quanto a empresa investe, vende e recompra de ações e títulos. Além disso, sabe qual foi o lucro ou o prejuízo em determinado período.

Portanto, é uma estratégia diferenciada, que trouxe uma nova perspectiva. Se antes de Buffett o foco era apenas o lucro ou o prejuízo, depois passou a considerar a origem do dinheiro.

Esse foco no longo prazo permite fazer uma análise mais estruturada. Assim, você consegue compor a sua carteira de investimentos da forma desejada, correndo o nível de risco esperado e com o potencial de rentabilidade preferido.

Para que serve o balanço patrimonial?

O balanço patrimonial serve para analisar a saúde financeira e o desempenho da empresa, cumprir as obrigações fiscais e legais, e pagar dividendos aos acionistas. Também melhora as tomadas de decisão por apresentar a posição financeira consolidada do negócio. Entenda!

Analisar a saúde financeira

Por relacionar o total de ativos e passivos, o balanço patrimonial mostra como está a saúde financeira da empresa. Inclusive, você identifica o nível de endividamento, a capacidade da companhia gerar valor e se ela está em posição de solidez.

Dessa forma, você descobre se há condições de cumprir os compromissos assumidos. Se a análise for positiva, há indicativo de que é uma boa ideia investir o seu dinheiro.

Avaliar o desempenho das empresas

O balanço patrimonial permite saber como está a performance empresarial e sua evolução em determinado período. Isso porque é possível comparar diferentes relatórios. Assim, também fica mais fácil identificar as tendências e verificar qual é a eficiência da gestão financeira.

Portanto, essa análise ainda permite descobrir as estratégias adotadas e se elas trazem resultados positivos. Se esse não for o caso, há a possibilidade de fazer correções e ajustes.

Cumprir as obrigações fiscais e legais

A elaboração de documentos fiscais é obrigatória pela legislação brasileira. Esse é o caso do balanço patrimonial, que também deve ser divulgado pelas companhias de capital aberto. Mais do que ser uma exigência, a elaboração desse documento é válida para outras finalidades, como o pagamento de impostos.

Melhorar a tomada de decisões

Tanto o gestor empresarial quanto os investidores usam o balanço patrimonial para tomarem decisões estratégicas. Esse documento consiste em uma ferramenta útil para descobrir pontos fortes e fracos, planejar expansões e estabelecer metas. Também serve para analisar a capacidade de crescimento organizacional.

Pagar dividendos aos acionistas

O balanço patrimonial também serve para pagar dividendos aos acionistas. Isso porque a declaração desse provento gera um passivo no relatório contábil. Isso se mantém até o repasse dos valores, reduzindo o passivo.

O que deve conter em um balanço patrimonial?

Ativos

Os ativos são bens e direitos da empresa, isto é, elementos que contribuem para o processo de produção de produtos e serviços. No balanço patrimonial, eles são divididos em diferentes classes.

A primeira é o ativo total, que representa a soma dos recursos.

A segunda é o ativo circulante, que são itens com alta liquidez. Por exemplo, aplicações financeiras, estoques, caixa e equivalente de caixa, contas a receber, créditos tributários em recuperação e despesas antecipadas.

Já a terceira é o ativo não circulante, que é mais difícil de ser convertido em dinheiro. Essa categoria é dividida em investimentos a longo prazo, ativo realizável a longo prazo (como os recebíveis em aberto), intangível (patentes, direitos autorais etc.) e imobilizado (como máquinas e equipamentos).

Passivos

Os passivos são obrigações e dívidas que a empresa já tem e que diminuem os ativos. Esses compromissos podem ser relativos a pessoas físicas ou jurídicas.

Aqui, também há a divisão. Nesse caso, o passivo circulante contempla os pagamentos a serem feitos no prazo de 12 meses. Por exemplo, empréstimos, impostos, obrigações sociais e trabalhistas, fornecedores e provisões.

Por sua vez, o passivo não circulante é aquele de longo prazo. Esse é o caso de uma linha de crédito cujo pagamento será feito em um prazo maior do que 12 meses. Por exemplo, financiamentos, tributos diferidos, lucros e receitas a apropriar.

Patrimônio líquido

O patrimônio líquido é a soma de obrigações, bens e direitos. Assim, consiste na diferença entre ativos totais e passivos totais.

Na prática, o ativo é igual ao passivo mais o patrimônio líquido. Esse último elemento ainda é formado por várias contas.

Uma delas é o capital social, que é o valor investido pelos proprietários e acionistas. Outra é a reserva de lucros, que é a parcela de lucros retida e utilizada para pagamento de dividendos, reinvestimentos e mais.

Ainda tem os prejuízos acumulados. Eles são os resultados negativos obtidos nos períodos contábeis anteriores.

Dessa forma, o patrimônio líquido é a situação financeira da empresa em relação aos seus recursos próprios. Isso significa que, se for negativo, a tendência é de que a companhia esteja com problemas financeiros e até em um cenário de potencial insolvência.

Vale a pena ressaltar que a organização dessas contas no balanço patrimonial é realizada na ordem decrescente de liquidez. Portanto, aquelas com prazo curto de recebimento ou pagamento aparecem no início do relatório, enquanto os valores com um horizonte de tempo mais longo ficam no final.

Quais são os principais indicadores do balanço patrimonial?

Indicadores de renda

Os indicadores de renda são aqueles que relacionam ativo total, lucro e patrimônio líquido. Por isso, eles são úteis para credores, instituições financeiras e investidores.

Um dos indicadores de renda é o giro de ativos, que analisa se os bens da companhia geram lucro. Ele é calculado por: vendas ÷ ativo total.

Também há o retorno sobre os ativos (Return on Assets – ROA). Esse índice avalia qual a eficiência na utilização dos recursos para a geração de lucros. A fórmula é: lucro líquido ÷ ativo total.

Ainda existe o retorno sobre patrimônio líquido (ROE). Nesse caso, o foco é saber quanto é gerado de lucro a partir do capital aplicado pelos acionistas. Sua fórmula é: lucro líquido ÷ patrimônio líquido.

Indicadores de liquidez

Os indicadores de liquidez mostram se a empresa tem boas condições de honrar os compromissos financeiros assumidos. Isso porque avalia a rapidez da capacidade de pagamento em relação às obrigações existentes.

Aqui, um dos pontos analisados é a liquidez imediata. Esse indicador de desempenho analisa se a empresa é capaz de pagar suas dívidas em curtíssimo prazo, isto é, imediatamente. Por isso, o cálculo é feito da seguinte forma: disponível ÷ passivos circulantes.

Ainda tem a liquidez corrente. Ela indica se a empresa consegue transformar seus ativos em dinheiro para arcar com os compromissos. A fórmula é: ativo circulante ÷ passivo circulante.

Já a liquidez seca sinaliza a capacidade da empresa de pagar as suas dívidas de curto prazo. Por isso, o estoque é desconsiderado, já que ele pode demorar para ser transformado em dinheiro. Assim, o cálculo é feito por: (ativos circulantes – estoques) ÷ passivos circulantes.

Por fim, outro indicador é o de liquidez geral. Ele mede se a empresa tem condições de arcar com os compromissos de curto e longo prazo. Assim, a fórmula é: (ativos circulantes + ativos realizáveis a longo prazo) ÷ (passivos circulantes + exigível a longo prazo).

Indicadores de dívidas

Os indicadores de dívidas mostram qual é o nível de endividamento da empresa. Portanto, quanto maior, mais comprometida ela está.

Nesse sentido, um indicador analisado é o grau de endividamento. Ele indica a saúde financeira da companhia e se são utilizados recursos de terceiros ou dos proprietários. Por isso, o cálculo é feito da seguinte forma: passivo ÷ patrimônio líquido.

Ainda tem o endividamento. Nesse caso, o foco é saber quanto a empresa está endividada em relação ao patrimônio líquido. Assim, seu cálculo é feito por: passivo total ÷ ativo total.

Como analisar o balanço patrimonial ao investir?

Para analisar o balanço patrimonial ao investir, verifique os dados históricos, compare-os com os números da concorrência e leia as apresentações e notas explicativas. Além disso, faça uma análise fundamentalista completa, que considere indicadores do mercado de investimentos, perspectivas e fatores da macroeconomia.

Ou seja, ainda que o balanço patrimonial seja bastante relevante na tomada de decisões de investimentos, ele requer complementos. Isso porque uma avaliação bem fundamentada deve considerar mais do que a situação financeira atual da companhia.

Esse é o motivo pelo qual é fundamental observar os dados históricos do negócio. Avalie os balanços patrimoniais de anos anteriores e veja como está a evolução.

Aqui, é preciso ter alguns cuidados. Por exemplo, um amplo estoque é positivo, porque pode se transformar em dinheiro em curto prazo. Por outro lado, também pode ser negativo, pois representa capital de giro parado. Assim, vale a pena ter algum conhecimento sobre o negócio e/ou o mercado.

Também é válido comparar com outras empresas do mesmo segmento de atuação. A concorrência pode trazer uma boa base de interpretação, mas é necessário cuidar com as diferenças de processos e modelos de gestão. Então, nesse caso, o objetivo é utilizar os dados como referência.

Já a leitura das notas explicativas e das apresentações é importante para ter uma visão holística, e não centrada apenas nos números. Os dados são relevantes, mas é válido considerar outros fatores qualitativos para fazer uma interpretação adequada.

Nesse cenário, as projeções e opiniões de especialistas também são interessantes. Especialmente, se eles integrarem uma assessoria de investimentos, como a InvestSmart.

Isso porque o assessor é o profissional adequado para fazer a leitura do mercado e de diferentes indicadores. Ele também é capaz de analisar o balanço patrimonial de diferentes empresas e chegar a uma visão mais clara de qual companhia é mais indicada.

Além disso, são identificadas oportunidades alinhadas aos seus objetivos e perfil de investidor. Isso ajudará a montar uma carteira de investimentos adequada.

Perceba que essa análise pode ser complexa e exige conhecimentos em administração e, principalmente, em gestão financeira. Assim, você conseguirá interpretar os números do balanço patrimonial e entender o que eles indicam sobre a situação atual da companhia.

No entanto, ao acessar os balanços de outros períodos, você consegue ter uma base de comparação útil para a tomada de decisões. Assim, é possível pensar no longo prazo, controlando os riscos e tendo um retorno consistente.

Ou seja, é necessário considerar diferentes aspectos, inclusive o balanço patrimonial. Dessa forma, e com a ajuda de especialistas, você terá mais embasamento para tomar suas decisões e poderá formar um portfólio ajustado ao que você deseja.

Então, que tal se aprofundar no assunto e conhecer mais índices relevantes para a sua análise? Conheça os 12 principais indicadores financeiros para investimentos.

Resumindo

O que deve constar no balanço patrimonial?

No balanço patrimonial, deve constar ativos, passivos e patrimônio líquido. Essas são as 3 principais contas desse relatório contábil.

Quais são os três principais grupos de contas do balanço patrimonial?

Os três principais grupos de contas do balanço patrimonial são ativos (bens e direitos da empresa), passivos (dívidas e obrigações) e patrimônio líquido (conjunto de obrigações, bens e direitos).