Qual a expectativa para a decisão do Copom nesta quarta-feira (10)?

XP e Santander apontam manutenção da Selic na próxima reunião.

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09 de dez, 2025 às 17:01

O Comitê de Política Monetária (Copom) entra na última reunião de 2025 sob forte consenso no mercado: a taxa Selic deve permanecer em 15% ao ano. A avaliação é compartilhada por economistas da XP e da Santander Asset Management, que veem pouco espaço para o Banco Central iniciar agora um ciclo de cortes, apesar do arrefecimento recente da inflação.

Em debate promovido pela XP com clientes, Eduardo Jarra e Luciano Rais (Santander Asset) e Rodolfo Margato (XP) destacaram que o ambiente econômico ainda exige uma postura defensiva.

Para eles, o BC mantém desde junho uma orientação clara de juros altos por um período prolongado, reforçando a estratégia de “calibrar com calma” antes de tomar qualquer decisão relevante.

Por que a Selic deve se mante em 15%?

Mesmo com a desaceleração da atividade e um quadro inflacionário mais benigno, os economistas afirmam que há motivos suficientes para não antecipar cortes:

  • Inflação ainda acima do centro da meta;
  • Mercado de trabalho forte, mantendo pressões sobre preços;
  • Risco fiscal ampliado pelo calendário eleitoral de 2026;
  • Transição dentro do Banco Central, com saída de diretores mais conservadores;
  • Sensibilidade do câmbio, que depende de juros elevados para segurar volatilidade externa.

A combinação desses fatores sustenta a visão de que o Copom não deve alterar o tom cauteloso nesta quarta.

Cenário global também pesa nas decisões do Copom

O movimento do Federal Reserve é visto como uma peça-chave. Caso o banco central americano confirme cortes no início do próximo ano, a pressão sobre países emergentes diminui, abrindo espaço para ajustes mais seguros no Brasil.

Analistas também observam riscos vindos do mercado global de tecnologia, especialmente o avanço acelerado das empresas ligadas à inteligência artificial e o aumento do crédito nesse setor — pontos que podem influenciar a postura dos bancos centrais.

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Então, quando começam os cortes?

O mercado trabalha com março de 2026 como o ponto de partida mais provável para flexibilização monetária. A projeção predominante é de um corte de 0,50 ponto percentual na reunião de março, embora alguns analistas reconheçam a chance (ainda que menor) de um ajuste já em janeiro.

Para Luciano Rais, o que ocorrer depois das eleições de 2026 será determinante: o novo ambiente político pode ampliar ou limitar o ciclo, estimado entre 2,00 e 3,00 pontos percentuais de queda da Selic ao longo de 2026.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.