Copom: qual a função do Comitê de Política Monetária?
Se você acompanha as notícias do mercado financeiro, já ouviu falar no Copom. Ou, pelo menos, nas consequências das decisões tomadas pelo Comitê de Política Monetária. Isso porque a instituição interfere em todo o contexto econômico brasileiro, mesmo que você nem perceba. Além de influenciar os preços de produtos e serviços, e a contratação de […]

Se você acompanha as notícias do mercado financeiro, já ouviu falar no Copom. Ou, pelo menos, nas consequências das decisões tomadas pelo Comitê de Política Monetária. Isso porque a instituição interfere em todo o contexto econômico brasileiro, mesmo que você nem perceba.
Além de influenciar os preços de produtos e serviços, e a contratação de linhas de crédito, o órgão também impacta os investimentos. Especialmente, os de renda fixa. Por isso, é importante entender seu funcionamento e as implicações de suas decisões.
É o que vamos mostrar neste artigo. Continue lendo e saiba mais!
O que é o Copom?
O Copom é o Comitê de Política Monetária, um órgão do Banco Central que define a taxa básica de juros, a Selic, a cada 45 dias. Ele é formado por um presidente e diretores, tendo sido criado em 20 de junho de 1996 com o objetivo de definir as diretrizes da política monetária brasileira.
Portanto, fica sob seu escopo a análise dos relatórios de inflação e outros indicadores econômicos brasileiros. Assim, ele toma decisões que buscam:
- gerar o crescimento econômico do país;
- proporcionar a estabilidade de preços;
- garantir um alto nível de emprego.
Vale a pena destacar que a estrutura do Copom foi criada como uma inspiração do Federal Open Market Committee (FOMC), dos Estados Unidos, e do Central Bank Council, da Alemanha. No entanto, sofreu algumas alterações ao longo dos anos. Desde 1999, a diretriz de política monetária adotada é aquela baseada nas metas de inflação.
Qual a importância do Comitê de Política Monetária?
A importância do Copom se refere à responsabilidade de definir o caminho a ser seguido pela política monetária brasileira.
Por isso, suas decisões interferem em vários fatores, como o controle da oferta da moeda, o preço de produtos e serviços e a concessão de crédito. Além do mais, a depender das definições, a economia pode ser estimulada ou retraída.
Portanto, ainda que de maneira indireta, o Comitê de Política Monetária influencia a geração de empregos, o Produto Interno Bruto (PIB) e a alta ou a queda da taxa de câmbio de determinada moeda em relação ao real. Tudo isso impacta a vida dos brasileiros.
No caso dos investidores, o órgão pode elevar ou diminuir a rentabilidade das aplicações financeiras. Isso quando os títulos tiverem rendimento pós-fixado ou híbrido, ou ainda atrelado à Selic. Portanto, antes de saber como começar a investir, vale a pena conhecer o funcionamento do Copom.
Qual a função do Comitê de Política Monetária?
A função do Copom é definir a taxa básica de juros — que servirá de referência para as outras operações — e as diretrizes seguidas pela política monetária. Por isso, é um órgão que regula a liquidez da economia nacional e analisa o cenário macroeconômico, verificando os principais riscos associados.
Dentro desse contexto, a divulgação do relatório de inflação trimestral também é função desse órgão do Banco Central. Por isso, é importante saber o que significa a inflação estar acima dos seus rendimentos. Afinal, o documento do Comitê de Política Monetária permite fazer uma análise precisa para tomar decisões mais acertadas nos seus investimentos.
Ou seja, as definições do órgão impactam vários níveis da vida dos brasileiros. Quando a Selic aumenta, por exemplo, o investidor tende a ter sua rentabilidade aumentada. Porém, se a inflação estiver alta, o rendimento acaba sendo corroído.
Ao mesmo tempo, fica mais caro contratar empréstimos e financiamentos. Por isso, o consumo é reduzido. Com o tempo, isso impacta o comércio e a indústria, que vendem e produzem menos. Assim, o desemprego pode aumentar.
A situação inversa acontece com a queda da Selic. O investidor ganha menos, mas é mais barato contratar linhas de crédito. Isso faz o consumo aumentar e o comércio e a indústria aceleram, gerando mais empregos.
Essa explicação simples nem sempre corresponde à realidade. Afinal, existem vários fatores que interferem na política monetária e no crescimento econômico de um país. Porém, ele explica em linhas gerais a importância do Copom — e por que você deveria atentar às decisões dessa instituição.
Qual a relação entre Copom e taxa Selic?
A relação entre Copom e taxa Selic é o fato do Comitê de Política Monetária ter a responsabilidade de definir a taxa básica de juros.
Isso acontece a cada 45 dias, em reuniões realizadas durante dois dias, sempre na terça e na quarta-feira. Assim, a decisão anunciada influencia o mercado de investimentos, o valor da moeda e a precificação de produtos e serviços.
Portanto, a Selic tem uma influência importante em vários aspectos da sociedade. Nesse cenário, é preciso entender como funciona a taxa básica de juros.
Basicamente, a sigla Selic vem de Sistema Especial de Liquidação e Custódia. A taxa refere-se à média cobrada em negociações com os títulos públicos federais. Ou seja, os bancos realizam empréstimos entre si para fecharem o caixa no positivo.
Essas transações definem a chamada Selic Over, ou efetiva. Ela também é relevante para a alíquota do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e outras taxas de juros presentes no mercado.
No entanto, o índice definido pelo Copom é chamado Selic Meta. Ela é a referência a ser perseguida pela taxa over. Em 4 de abril de 2023, por exemplo, essa alíquota estava em 13,75% ao ano.
Como esse resultado é alto, significa que o crédito está caro e os investimentos de renda fixa trazem um bom resultado. Portanto, a sua carteira de investimentos precisa considerar esse aspecto. Inclusive, porque os títulos públicos e privados são ideais para entender a importância de ter uma reserva de emergência.
Agora, a questão é: como a Selic é definida pelo Copom? Vários fatores são analisados, como a inflação, a atividade econômica, o cenário externo e as contas públicas.
Esses aspectos permitem compreender o cenário macroeconômico e os riscos associados. Com essa análise, verifica-se o melhor caminho a seguir.
Assim, a decisão é tomada em conjunto pelos diretores e pelo presidente do Copom. Como existem diferentes aspectos a considerar, nem sempre a regra apresentada antes é seguida.
Ou seja, ainda que a tendência de aumento da inflação leve a uma alta da Selic, os participantes do órgão podem optar por outra alternativa.
Isso porque é importante analisar o cenário macroeconômico nacional e internacional. Por exemplo, durante uma crise global, a indústria tende a se retrair.
Assim, aumentar a taxa básica de juros pode ser complicado, já que diminuiria o consumo e levaria os setores econômicos a reduzirem ainda mais a sua produção, estagnando a economia geral.
É por esse motivo que é válido saber a regra geral, mas entender que existem situações em que ela não é seguida. Portanto, é necessário saber mais do que o que é Selic, CDI e IPCA, indicador que mede a inflação oficial brasileira.
O ideal é fazer uma análise holística, que verifique todo o mercado. Afinal, o foco do Comitê de Política Monetária é garantir o melhor resultado possível para a economia brasileira — e isso depende da avaliação de diferentes dados.
Quem faz parte do Copom?
Os presidentes e diretores do Banco Central fazem parte do Copom. Essa é a formação básica do Comitê, que ainda é complementada por outros agentes de mercado, relacionados à economia de forma direta ou indireta.
Assim, a composição do Comitê de Política Monetária é a seguinte:
- presidente;
- diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos;
- diretor de Administração;
- diretor de Regulação;
- diretor de Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural;
- diretor de Política Monetária;
- diretor de Política Econômica;
- diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania;
- diretor de Fiscalização.
Nas reuniões, ainda participam os chefes de departamento do Banco Central listados a seguir:
- Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos;
- Departamento de Operações do Mercado Aberto;
- Departamento Econômico;
- Departamento de Assuntos Internacionais;
- Departamento de Estudos e Pesquisas;
- Departamento das Reservas Internacionais;
- Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais.
Como funciona a reunião do Copom?
A reunião do Copom funciona como o encontro de todos os participantes do Comitê, que debatem durante dois dias qual será o rumo da política monetária brasileira. As sessões acontecem a cada 45 dias, totalizando 8 por ano.
Todas começam na terça-feira e terminam na quarta-feira. Dessa forma, são feitas apresentações técnicas relativas à conjuntura econômica e, ao final, é decidida a taxa Selic Meta.
No primeiro dia da reunião, os membros do Comitê verificam as apresentações técnicas. Elas trazem dados sobre as perspectivas econômicas do Brasil e do mundo, e como está sendo a evolução desses indicadores.
Além disso, informações sobre a liquidez e o comportamento de diferentes mercados são apresentadas. O objetivo é analisar todos os dias e fazer comparações com o que era esperado.
Já no segundo dia, é feita uma reunião reservada que discute as definições que serão adotadas. Nesse momento, o cenário macroeconômico e os riscos associados são considerados. Por isso, são avaliadas as perspectivas da inflação.
A partir disso, é definida a Selic Meta. Vale lembrar que esse processo sempre considera o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A ideia é que o indicador caminhe em direção à meta determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Terminada a reunião, o Copom anuncia a Selic Meta. No entanto, a ata da reunião só é divulgada na terça-feira seguinte, às 8h. Assim, há uma espécie de explicação sobre os motivos que levaram à decisão e indicações das perspectivas dos próximos encontros.
Por que esse documento é importante? Basicamente, a ata do Comitê de Política Monetária permite entender o que deve acontecer nos próximos meses com a taxa básica de juros.
Dessa forma, você consegue criar estratégias de investimento mais adequadas e até adequar a sua carteira, se necessário.
Inclusive, pode optar por migrar parte do seu patrimônio para uma classe de ativos diferente. Essa é uma opção escolhida por quem deseja fazer hedge, mas percebe que uma crise vai se instalar na política monetária do país. Então, é interessante avaliar as alternativas e ver se é válido modificar algumas delas.
Quando acontece a reunião do Comitê de Política Monetária?
A reunião do Copom acontece a cada 45 dias, sempre nas terças e quartas-feiras. Por isso, não existem datas fixas para a realização do encontro. De toda forma, o Comitê divulga o calendário anual, que pode ser consultado a qualquer momento pelo site do Banco Central.
Em 2023, as reuniões ficaram programadas para os seguintes dias:
- 31 de janeiro e 1.º de fevereiro;
- 21 e 22 de março;
- 2 e 3 de maio;
- 20 e 21 de junho;
- 1°e 2 de agosto;
- 19 e 20 de setembro;
- 31 de outubro e 1.º de novembro;
- 12 e 13 de dezembro.
Como as decisões do Copom impactam os investimentos?
As decisões do Copom impactam os investimentos por influenciar os juros pagos nos títulos de renda fixa. Apesar disso, também há interferência no comportamento dos ativos de renda variável.
Para entender melhor qual a diferença entre renda fixa e variável no que se refere às decisões do Copom, vamos ver os detalhes, a seguir. Confira.
Renda fixa
No caso dos títulos públicos — isto é, no Tesouro Direto —, há uma influência direta da Selic. Existe o Tesouro Selic, que varia conforme a taxa básica de juros e os outros papéis sofrem influência desse indicador. Portanto, a regra geral é que o aumento do índice gera crescimento da rentabilidade.
Já nos títulos privados, o rendimento costuma variar conforme o CDI, que segue a Selic. Ainda existe a indexação pelo IPCA, que gera influência, como explicado. Ainda existem os títulos prefixados, com sua rentabilidade modificada conforme a oscilação da Selic.
Vale a pena ressaltar que a poupança também é influenciada pela taxa básica de juros. A regra de rentabilidade é a seguinte:
- se a Selic estiver maior do que 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR);
- se a Selic estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a rentabilidade passa a ser de 70% da taxa básica de juros mais a TR.
Renda variável
A taxa de juros dos investimentos em renda variável e a consequente rentabilidade desses ativos também é influenciada pelas decisões do Copom.
Isso porque a taxa Selic pode incentivar a migração de investidores da renda fixa para os ativos mais arriscados. Como resultado, há uma demanda maior por eles e o retorno tende a aumentar.
Assim, a queda da Selic incentiva o consumo e a produção da indústria. Dessa forma, a tendência é que o lucro dessas companhias aumente e o valor das ações, também. Com isso, há possibilidade de uma rentabilidade mais elevada. O movimento inverso também acontece.
Por isso, fica claro que o Comitê de Política Monetária toma decisões que impactam a vida de todos os brasileiros. No caso dos investidores, é preciso ter um cuidado maior com as perspectivas e anúncios.
Afinal, a estratégia da carteira de ativos pode exigir uma modificação para que você continue tendo bons resultados.
Assim, o recomendado é contar com uma assessoria de investimentos. Dessa forma, você terá especialistas à sua disposição para atentar às definições do Copom e indicar qual é o melhor movimento na atualidade. Isso vai garantir uma carteira equilibrada e com boa rentabilidade.
Gostou de entender melhor o impacto do Comitê de Política Monetária sobre a sua vida e seus investimentos? Continue acompanhando os conteúdos do blog e atualize-se!