Inflação de outubro atinge 0,56%, superando expectativas e pressionada por energia e carne
Em outubro, a inflação no Brasil acelerou, registrando uma alta de 0,56%, acima das expectativas. Os principais responsáveis pela pressão foram os aumentos nos preços da energia elétrica e das carnes.
A inflação no Brasil voltou a acelerar em outubro, surpreendendo analistas e elevando as expectativas para o fechamento do ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,56% no mês, um valor superior ao esperado de 0,53%, conforme indicava pesquisa da Reuters. Esse aumento foi impulsionado principalmente pela alta nos preços da energia elétrica e da carne, pressionando ainda mais o bolso dos consumidores brasileiros.
Inflação acima do teto da meta em outubro
O IPCA acumulado nos últimos 12 meses até outubro chegou a 4,76%, um aumento considerável em relação aos 4,42% registrados em setembro. Esse resultado é o maior desde outubro do ano passado (4,82%) e fica acima do teto da meta de inflação estabelecido pelo governo para 2024, que é de 4,5% com uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Com isso, a taxa de inflação superou o limite superior da meta definida pelo governo, sinalizando um cenário de pressão inflacionária persistente.
Energia elétrica e carne como principais causadores do aumento
Entre os itens que mais influenciaram o resultado do IPCA, destacam-se a energia elétrica e a alimentação, que registraram aumentos de 4,74% e 1,22%, respectivamente. O aumento de 4,74% na tarifa de energia elétrica se deu devido à bandeira tarifária vermelha patamar 2, que implica em uma cobrança extra nos consumidores. Esse aumento é uma consequência da redução nos níveis de reservatórios das hidrelétricas, especialmente no período de seca, o que afetou diretamente o custo da geração de energia no país.
Além disso, o preço das carnes também subiu consideravelmente, com destaque para cortes como acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%). Esse aumento reflete tanto a menor oferta de carne no mercado devido ao clima seco, que resultou em um menor número de animais abatidos, quanto o elevado volume de exportações do setor.
O impacto da inflação no orçamento das famílias brasileiras
A alta nos preços de alimentos e energia tem gerado grande impacto no orçamento das famílias brasileiras, que já enfrentam desafios econômicos devido à alta taxa de juros e ao aumento de custos de vida. O aumento nas tarifas de energia e nos preços da carne, itens essenciais para a alimentação, tem pressionado especialmente as famílias de classe média e baixa, que sentem diretamente os reflexos no bolso.
Outro ponto relevante foi o aumento de 0,35% nos preços dos serviços, que continua a ser um fator de pressão sobre a inflação. Com isso, a inflação de serviços acumulou 4,57% nos últimos 12 meses, o que continua afetando o poder de compra dos consumidores.
Queda nos preços de transportes e o impacto no IPCA
Por outro lado, um dos poucos itens que apresentou queda foi o setor de Transportes, com uma diminuição de 0,38%. A queda foi principalmente influenciada pela redução nos preços das passagens aéreas, que tiveram uma queda de 11,50%. Esse declínio ajudou a moderar a inflação no geral, mas não foi suficiente para impedir a aceleração da inflação geral no mês de outubro.
Reação do Banco Central e perspectivas para o futuro
Diante do cenário de inflação acelerada e da desancoragem das expectativas do mercado, o Banco Central decidiu, na última quarta-feira, aumentar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, elevando-a para 11,25% ao ano. O aumento da Selic visa controlar a inflação e tentar evitar uma desancoragem ainda maior das expectativas de preços.
O Banco Central também revisou suas previsões de inflação para 2024, passando a estimativa de 4,3% para 4,6%. O presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, tem demonstrado preocupação com a desancoragem das expectativas inflacionárias, o que justifica o ajuste na taxa de juros.
Além disso, a pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central, mostrou que as expectativas de mercado para a inflação de 2024 estão em 4,59%. Embora a inflação esperada para 2024 esteja abaixo da taxa registrada em outubro, ainda supera o teto da meta do governo, indicando que o controle da inflação será um dos maiores desafios para o próximo ano.
O índice de difusão e a expansão da inflação
O índice de difusão, que mede a disseminação das variações de preços entre os produtos e serviços, subiu para 62% em outubro, refletindo que mais produtos estão experimentando aumentos de preço. Em setembro, esse índice estava em 56%, o que indica que a pressão inflacionária está se espalhando por uma maior variedade de produtos e serviços.
Expectativas para novembro
Em novembro, os preços da energia elétrica devem apresentar uma desaceleração, pois a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária será amarela, o que representa uma cobrança menor. A melhora nas condições de geração de energia no país, com a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas, deve aliviar o impacto da energia no custo de vida.