Inflação de fevereiro sobe 1,31%, maior patamar para o mês em 22 anos
Em fevereiro de 2025, a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA, subiu 1,31%, o maior aumento para o mês de fevereiro desde 2003.

Em fevereiro de 2025, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, registrou uma alta de 1,31%, o maior aumento para o mês de fevereiro desde 2003 e o maior valor desde março de 2022. Esse crescimento representa uma aceleração substancial da inflação, que foi de apenas 0,16% em janeiro. O aumento no mês refletiu um forte impacto nos preços de energia elétrica, mensalidades escolares e alimentos, conforme dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O que impactou a inflação de fevereiro?
O IPCA de fevereiro foi amplamente influenciado por três grupos de produtos e serviços: Habitação, Educação e Alimentação e Bebidas. Cada um desses grupos apresentou variações significativas que afetaram diretamente o índice geral.
Habitação, em especial, teve a maior contribuição, com uma alta de 4,44%. Esse aumento foi puxado pela energia elétrica residencial, cujos preços subiram 16,80%, como resultado da normalização das contas de luz após a aplicação do Bônus de Itaipu em janeiro. Além disso, as tarifas de água e esgoto também registraram aumento em algumas cidades, como Campo Grande e Belo Horizonte, com variação média de 0,14%.
Educação teve o segundo maior impacto, com uma alta de 4,70%, devido ao reajuste das mensalidades escolares. Os aumentos mais expressivos ocorreram nas escolas de ensino fundamental (7,51%), médio (7,27%) e pré-escola (7,02%).
No setor de Alimentação e Bebidas, os preços subiram 0,70%, impulsionados por produtos como ovos e café moído. O aumento de 15,39% nos preços dos ovos foi principalmente resultado do aumento nas exportações, devido a fatores como a gripe aviária nos Estados Unidos e a maior demanda no período de volta às aulas.
O que isso significa para o bolso do brasileiro?
O IPCA de fevereiro, que registrou uma alta acumulada de 5,06% nos últimos 12 meses, está bem acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central do Brasil, que é de 3% ao ano, com um intervalo aceitável entre 1,50% e 4,50%. Esse resultado eleva ainda mais as preocupações sobre o controle da inflação, já que a pressão sobre os preços continua forte, especialmente nos serviços e nos preços administrados, como energia elétrica e combustíveis.
A inflação de serviços teve uma aceleração de 0,82%, refletindo o aquecimento do mercado de trabalho e a maior demanda por serviços como escolas particulares, restaurantes, salões de beleza e serviços bancários. Esse aumento pode impactar diretamente o custo de vida das famílias, especialmente aquelas com menores rendimentos, uma vez que esses serviços são menos flexíveis em relação ao aumento de preços.
Para o assessor Antônio, da InvestSmart de Santo André, a alta da inflação reforça a necessidade dos investidores adotarem estratégias defensivas. “O momento exige cautela e uma revisão estratégica das alocações. Com a taxa de juros em alta, ativos de renda fixa atrelados à inflação e investimentos que protejam o poder de compra ganham relevância. A diversificação e uma análise criteriosa do cenário econômico são fundamentais para mitigar riscos e preservar o patrimônio em um ambiente de inflação persistente.”
Quais os impactos nos preços monitorados?
Os preços monitorados, como energia elétrica, combustíveis e tarifas de transporte público, foram os grandes responsáveis pela aceleração da inflação em fevereiro. Com a alta de 16,80% na energia elétrica e reajustes nos combustíveis — gasolina (2,78%), etanol (3,62%) e óleo diesel (4,35%) — o índice de preços monitorados subiu 3,16% no mês, acumulando uma alta de 5,19% nos últimos 12 meses.
Essa subida dos preços monitorados tem um impacto direto na vida do consumidor, pois muitos desses serviços são essenciais e não estão sujeitos à mesma dinâmica de oferta e demanda que outros produtos. A maior parte dessas tarifas é ajustada pelo governo, como é o caso da energia elétrica e dos combustíveis, o que pode dificultar o controle da inflação em setores mais sensíveis.
O futuro da inflação e as medidas do Banco Central
A inflação alta continua a ser uma preocupação para o Banco Central, que já aplicou quatro aumentos consecutivos na taxa Selic, que atualmente está em 13,25% ao ano. A expectativa do mercado é que, devido à aceleração nos preços de energia e serviços, o Banco Central possa manter a política de juros elevados para conter a inflação e evitar que ela ultrapasse os limites da meta anual.
Com o mercado de trabalho aquecido e uma demanda crescente por serviços, os economistas observam que o controle da inflação pode se tornar mais desafiador. A alta inflação de fevereiro também é um reflexo das pressões externas, como o aumento no preço dos alimentos e a instabilidade no mercado de energia.
Impactos sobre o INPC
Além do IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda mais baixa, também subiu em fevereiro, com uma alta de 1,48%. O acumulado dos últimos 12 meses atingiu 4,87%. Esses aumentos significam que, para muitas famílias, o poder de compra continua a ser pressionado, o que pode afetar o consumo e o bem-estar da população.