IPCA: Inflação desacelera para 0,09% em outubro, menor índice em mais de 25 anos
O recuo foi impulsionado pela queda na conta de luz e pela estabilidade nos alimentos.
Foto: Envato Elements
A inflação desacelera para 0,09% em outubro, marcando o menor resultado para o mês em mais de duas décadas, segundo dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após a alta de 0,48% registrada em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostrou perda de força, contrariando as expectativas do mercado, que projetavam avanço de 0,15%, de acordo com levantamento da Bloomberg.
A queda reflete, principalmente, o alívio nos custos da energia elétrica e a estabilidade nos preços dos alimentos, fatores que contribuíram para conter a pressão inflacionária.
Inflação em outubro surpreende e se mantém abaixo das projeções
O resultado de outubro consolida o IPCA em 3,73% no acumulado do ano e em 4,68% nos últimos 12 meses. Essa é a primeira vez, desde janeiro, que o índice em 12 meses fica abaixo dos 5%, aproximando-se do teto da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) — de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Com a inflação dentro dessa faixa, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, ganha fôlego. Caso o indicador se mantenha até o fim do ano dentro de 4,5%, ele não precisará redigir nova carta explicando o descumprimento da meta — algo que ocorreu em duas oportunidades desde o início de sua gestão.
Esse desempenho reforça a percepção de que a inflação no Brasil está controlada, mesmo diante de oscilações em alguns grupos de consumo.
Energia elétrica foi o principal fator de desaceleração
O recuo de 2,39% no preço da energia elétrica residencial foi o principal responsável pela desaceleração do IPCA. O resultado reflete a mudança na bandeira tarifária, que passou da vermelha patamar 2 para o patamar 1, reduzindo o impacto na conta de luz das famílias.
Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE, “sem o efeito dos preços de energia e de alimentos, o índice de outubro teria ficado em 0,25%”. O dado mostra como o setor energético tem peso relevante no cálculo da inflação, e como políticas tarifárias podem influenciar diretamente o comportamento do indicador.
Esse alívio contribui também para uma melhor percepção do poder de compra das famílias, especialmente nas regiões mais afetadas pelo custo da eletricidade, como o Sudeste e o Nordeste.
Alimentação mostra estabilidade após quatro meses de queda
O grupo alimentação e bebidas teve leve alta de 0,01%, interrompendo uma sequência de quatro meses de queda, mas sem exercer pressão significativa sobre o índice geral. A alimentação no domicílio registrou recuo de 0,16%, impulsionado pela redução no preço do arroz (-2,49%) e do leite longa vida (-1,88%).
Entre os produtos com queda expressiva também está o café, que acumula retração de 3,52% nos últimos quatro meses, após um período de forte alta. Mesmo assim, o grão ainda acumula alta de 48,13% em 12 meses. De acordo com Gonçalves, essa movimentação pode estar ligada à redução do consumo interno e à expectativa de revisão de tarifas sobre o café impostas pelos Estados Unidos, o que influencia diretamente as cotações internacionais.
Já entre os alimentos com aumento de preço destacam-se a batata-inglesa (+8,56%) e o óleo de soja (+4,64%), itens que tradicionalmente apresentam volatilidade em função de condições climáticas e de safra.
Grupos que mais pressionaram o IPCA em outubro
Enquanto alguns setores ajudaram a conter a inflação, outros mantiveram pressão sobre o índice. O grupo saúde e cuidados pessoais avançou 0,41%, puxado pelo aumento dos preços de artigos de higiene pessoal (+0,57%) e dos planos de saúde (+0,50%).
O setor de transportes também apresentou alta, de 0,32%, influenciado pelo aumento das passagens aéreas (+4,48%) e pelos combustíveis (+0,32%). Entre eles, apenas o óleo diesel teve queda. Já etanol (+0,85%), gás veicular (+0,42%) e gasolina (+0,29%) ficaram mais caros.
O grupo de vestuário foi o que apresentou maior variação no mês, com alta de 0,51%, reflexo da elevação nos preços de calçados e acessórios (+0,89%) e roupas femininas (+0,56%), típicos da virada de estação e reposição de coleções no varejo.
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