A temporada de balanços do terceiro trimestre (3T25) chegou ao fim com resultados mistos entre os principais bancos do país. Enquanto Itaú (ITUB4) e BTG Pactual (BPAC11) voltaram a entregar números robustos, Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) mostraram evolução moderada. Já o Banco do Brasil (BBAS3) ficou com o pior desempenho, puxando para baixo o lucro consolidado do setor.

Lucro consolidado cai na comparação anual

Levantamento da consultoria Elos Ayta aponta que o lucro líquido somado dos cinco maiores bancos alcançou pouco mais de R$ 29 bilhões no 3T25, alta de quase 4% sobre o trimestre anterior, mas queda de 6,62% na comparação anual.

A retração reflete, sobretudo, a forte redução no lucro do Banco do Brasil — um contraste com o desempenho mais resiliente dos demais bancos. No terceiro trimestre de 2024, o grupo havia lucrado R$ 30,9 bilhões.

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Síntese de desempenho do setor no 3T25

BancoTickerLucro 3T25Variação anualROE
ItaúITUB4R$ 11,9 bilhões+11,3%23,3%
BTG PactualBPAC11R$ 4,54 bilhões+42%28,1%
Santander BrasilSANB11R$ 4 bilhões+9,4%17,5% (ROAE)
BradescoBBDC4R$ 6,2 bilhões+18,8%14,7%
Banco do BrasilBBAS3R$ 3,785 bilhões–60%8,4%

Itaú mira novo recorde

O Itaú Unibanco (ITUB4) registrou lucro líquido recorrente de R$ 11,9 bilhões, avanço de 11,3% na comparação anual. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) subiu para 23,3%, consolidando o banco como líder em rentabilidade entre os gigantes do setor.

A performance foi favorecida pela expansão da margem financeira, gestão mais eficiente das provisões e controle da inadimplência. O mercado já projeta que o banco ultrapasse R$ 12 bilhões em lucro no quarto trimestre, podendo renovar o recorde histórico.

Analistas destacam ainda o aumento da carteira de crédito, maior margem com passivos e forte geração de caixa — fatores que fortalecem expectativas sobre dividendos adicionais no início de 2026.

BTG lidera ganhos na Bolsa

Entre as ações do setor listadas na B3, o BTG Pactual é o destaque absoluto de 2025, com valorização superior a 100% até novembro 2025. Segundo estudo da Ellos Ayta, , as units do banco (BPAC11) registraram retorno de 102,64% no período, enquanto as ações ordinárias (BPAC3) avançaram 121,82%.

No trimestre, o banco reportou lucro líquido ajustado de R$ 4,54 bilhões, crescimento de 42% em relação ao ano anterior. A receita total avançou 37%, alcançando R$ 8,82 bilhões.

O ROE do BTG subiu para 28,1%, reforçando a tendência de expansão da rentabilidade. A combinação de novas linhas de negócios, eficiência operacional e aumento do fluxo de operações reforçou o balanço do trimestre.

Santander entrega sexto recorde seguido de lucro

O Santander Brasil (SANB11) reportou lucro gerencial de R$ 4 bilhões, alta de 9,4% frente ao ano anterior e crescimento de 9,6% ante o segundo trimestre. Mesmo com leve recuo na margem financeira bruta — que ficou em R$ 15,2 bilhões — a receita total do banco avançou para R$ 20,76 bilhões.

O retorno sobre o patrimônio líquido anualizado avançou para 17,5%. O indicador mostrou expansão tanto na comparação anual, com alta de 0,5 ponto percentual, quanto na trimestral, quando cresceu 1,2 ponto percentual

Segundo relatório da XP, o banco surpreendeu positivamente no lucro, acumulando seu sexto recorde trimestral consecutivo. Unidades do Reino Unido, Brasil, Espanha e EUA tiveram desempenho acima das expectativas, enquanto o Chile ficou aquém do previsto.

Bradesco acelera recuperação e já sobe 70% no ano

Após anos de resultados pressionados, o Bradesco (BBDC4) finalmente mostrou sinais sólidos de recuperação. O lucro recorrente somou R$ 6,2 bilhões, avanço de 18,8% em relação ao ano anterior e em linha com o consenso de mercado, que estimava um lucro de aproximadamente R$ 6,1 bilhões, segundo levantamento da Bloomberg.

O ROE avançou para 14,7%, uma alta de 0,1 ponto percentual frente ao trimestre anterior e de 2,3 pontos percentuais na comparação anual. Apesar da recuperação, o indicador ainda permanece abaixo.

Segundo o CEO Marcelo Noronha, a qualidade da carteira segue como prioridade absoluta. Ela foi mantida sob controle mesmo em um cenário de expansão do crédito.

“A qualidade da nossa carteira é inegociável, uma cláusula pétrea do Bradesco. Mesmo com crescimento, mantemos nossa inadimplência sob controle”, afirmou o executivo.

Na B3, as ações acumulam mais de 70% de valorização no ano, desempenho que fica atrás apenas do BTG, entre os grandes bancos.

BB tem queda no lucro e revisa projeções

O Banco do Brasil (BBAS3) viveu o trimestre mais desafiador entre os principais bancos. O lucro ajustado foi de R$ 3,785 bilhões, praticamente estável na comparação trimestral, mas 60% menor que há um ano. O impacto veio principalmente do aumento das quebras no agronegócio — setor que representa cerca de um terço da carteira de crédito do banco.

As provisões para perdas dispararam para R$ 17,9 bilhões, alta de 78% em um ano. A inadimplência acima de 90 dias atingiu 4,9%, avanço de 1,6 ponto percentual em 12 meses. No agronegócio, o índice foi ainda maior, chegando a 5,3%.

Com o cenário adverso, o banco reduziu suas projeções de lucro para o ano. O resultado contábil caiu 66%, e o ROE despencou de 21,1% para 8,4%, marcando um dos piores desempenhos entre os grandes bancos brasileiros.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com quase 5 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.