A tensão política em Bangladesh ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (17) após a Justiça condenar à morte a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, de 78 anos, por crimes contra a humanidade ligados ao levante popular de 2024; episódio que derrubou seus 15 anos de governo e deixou centenas de mortos.

O veredicto foi anunciado em um tribunal de Daca e transmitido ao vivo. Segundo o juiz Golam Mortuza Mozumder, o caso apresentou “todos os elementos constitutivos de um crime contra a humanidade”, justificando a pena máxima.

O ex-ministro do Interior Asaduzzaman Khan também recebeu a sentença de morte, enquanto um ex-chefe de polícia ,que colaborou como testemunha do Estado, foi condenado a cinco anos de prisão.

Segurança reforçada e clima de tensão em Bangladesh

Horas antes da leitura do veredicto, o governo interino reforçou a segurança na capital com tropas paramilitares e policiamento extra. O ambiente já era de alerta após novos relatos de explosões de bombas caseiras em Daca, incluindo uma ocorrida no domingo em frente à casa de um assessor com status de ministro.

A polícia local recebeu autorização para agir com força máxima. O chefe de polícia de Daca, Sheikh Mohammad Sazzat Ali, autorizou agentes a “atirar para matar” caso ocorram tentativas de incendiar veículos ou lançar artefatos explosivos. Só na última semana, o país registrou quase 50 ataques incendiários e dezenas de explosões, com ao menos duas mortes confirmadas.

Partido de Sheikh Hasina convoca paralisação nacional

Exilada na Índia e julgada à revelia, Sheikh Hasina classificou o tribunal como “de fachada” e acusou o governo interino de manipular o processo judicial. Seu partido, o Awami League, convocou uma paralisação nacional em protesto contra a decisão.

Em uma mensagem de áudio enviada a apoiadores antes da sentença, a ex-premiê pediu que não ficassem “nervosos com o veredicto”.

A instabilidade já vinha afetando a rotina do país. Relatos de explosões e ataques levaram ao fechamento de escolas, suspensão de transportes e clima generalizado de insegurança.

Crimes contra a humanidade: o que pesa contra a ex-primeira-ministra de Bangladesh

Hasina e Khan foram acusados de comandar uma repressão violenta contra uma revolta estudantil que tomou as ruas de Bangladesh entre julho e agosto de 2024.

Um relatório da ONU divulgado em fevereiro deste ano estimou até 1,4 mil mortos durante o levante. O governo interino reconhece mais de 800 mortos e cerca de 14 mil feridos.

O futuro político de Bangladesh após a condenação

Hasina foi deposta em 5 de agosto de 2024 e fugiu para a Índia. Três dias depois, o Nobel da Paz Muhammad Yunus foi nomeado chefe do governo interino.

Yunus prometeu responsabilizar a antiga liderança política e proibiu as atividades do Awami League. Ele também anunciou que realizará eleições em fevereiro — sem a participação do partido de Hasina.

Mesmo com o calendário eleitoral, Bangladesh segue em uma encruzilhada política. Analistas internacionais apontam um cenário de baixa estabilidade e risco crescente de violência até o pleito.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.