Julho e Agosto marcam a temporada de divulgação dos resultados financeiros dos principais bancos do Brasil no segundo trimestre de 2023 (2T23). Com os números vindo a público, surge a pergunta: qual instituição apresentou os melhores resultados no segundo trimestre de 2023?

E pensando em te ajudar, elaboramos um levantamento que apontou uma ampla vantagem do Nubank em relação aos concorrentes. Veja na leitura a seguir.

Ranking de resultados financeiros dos principais bancos do Brasil 2T23

1º) Nubank (ROXO34): lucro líquido de R$ 11,1 bilhões
2º) Itaú (ITUB4): lucro líquido consolidado de R$ 8,9 bilhões
3º) Banco do Brasil (BBAS3): lucro líquido de R$ 8,5 bilhões
4º) Bradesco (BBDC4): lucro recorrente de R$ 4,51 bilhões
5º) Santander Brasil (SANB11): lucro recorrente de R$ 2,309

O lucro líquido e o lucro líquido recorrente são até termos aparentemente semelhantes, mas com significados ligeiramente diferentes. Em resumo, enquanto o lucro líquido é o resultado final após todas as deduções e inclui todos os eventos financeiros do período, o lucro líquido recorrente é uma métrica que busca focar apenas na parte operacional da empresa, desconsiderando eventos não recorrentes.

Veja mais detalhes sobre o resultado das principais instituições bancárias do país.

Nubank (ROXO34) no 2T23: prejuízo revertido e lucro de US$ 224,9 milhões, cerca de R$ 11 bi na cotação atual

Após reverter as perdas do primeiro trimestre, a fintech Nubank (ROXO34) divulgou seu relatório financeiro do segundo trimestre de 2023 (2T23), revelando um impressionante ganho líquido de US$ 224,9 milhões, cerca de R$ 11 bilhões na cotação atual. Esse marco não apenas compensa o prejuízo líquido de US$ 29,9 milhões do ano anterior, mas também supera a estimativa média de US$ 197,6 milhões da Refinitiv.

O aumento significativo no lucro líquido é ainda mais notável quando observamos o valor ajustado de US$ 262,7 milhões no 2T23, representando um aumento impressionante de 1.445% em relação ao mesmo período no ano anterior (2T22).

Esse desempenho excepcional é atribuído ao crescimento da base de clientes e ao aumento da monetização dos clientes no Brasil, levando a um sólido crescimento da receita. A receita líquida para o segundo trimestre deste ano alcançou um valor notável de US$ 1,868 bilhão, representando um aumento substancial de 61,4% em comparação com o mesmo período de 2022, superando as expectativas de US$ 1,7 bilhão projetadas.

A Receita Média Mensal por Cliente Ativo (ARPAC) atingiu US$ 9,30 no 2T23, experimentando um aumento de 18% em moeda neutra (FXN) em comparação com o 2T22. O Nubank explicou que esse desempenho se deve ao crescimento da base de clientes ativos e ao maior envolvimento dos relacionamentos de contas bancárias principais, resultando em uma adoção mais ampla e lucrativa dos produtos financeiros pelos clientes.

Enquanto isso, o Custo Médio Mensal de Atendimento por Cliente Ativo permaneceu confortavelmente abaixo de US$ 1, fixando-se em US$ 0,80. O lucro bruto atingiu a marca de US$ 782 milhões no 2T23, representando um aumento de 115,1% em relação ao mesmo período de 2022.

Embora as despesas operacionais do 2T23 tenham totalizado US$ 458,0 milhões, representando um crescimento de 18% (ou 17% em FXN) em comparação com o 2T22, elas diminuíram significativamente como proporção da receita total, caindo para 25% em relação aos 34% registrados no 2T22.

Itaú (ITUB4) 2T23: aumento de 14%

No segundo trimestre de 2023, o Itaú (ITUB4) registrou um lucro líquido consolidado de R$ 8,9 bilhões. O lucro líquido recorrente atingiu R$ 8,7 bilhões, o que representa um aumento de aproximadamente 14% em comparação com o mesmo período no ano passado.

Estes resultados superaram as expectativas dos analistas de mercado coletadas pela Bloomberg, que projetavam um valor de R$ 8,6 bilhões.

Segundo informações do TradeMap, o Itaú alcançou o segundo maior lucro já registrado na história entre os bancos brasileiros de capital aberto. Esse desempenho notável foi impulsionado principalmente pelo aumento na margem financeira com os clientes, que foi favorecida pelo efeito positivo do crescimento da carteira de clientes.

A carteira de crédito total cresceu 6,2% ante o segundo trimestre de 2022, atingindo R$ 1.151,6 bilhão em junho de 2023, enquanto o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE).

O banco também alcançou uma margem financeira gerencial de R$ 26 bilhões, o que representa um aumento de 14,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

No 2T23, houve um aumento de 1,4% nas receitas provenientes de serviços e seguros. O Itaú identificou três razões para esse crescimento:

  • crescimento das receitas provenientes de cartões, tanto na emissão quanto nas transações de pagamento;
  • expansão das receitas provenientes da gestão de consórcios;
  • elevação dos prêmios adquiridos, o que desempenhou um papel significativo no aumento de 17,5% nos rendimentos provenientes de seguros durante o mesmo intervalo de tempo.

Banco do Brasil (BBAS3) no 2T23: aumento de 11,7%

No segundo trimestre de 2023, o Banco do Brasil (BBAS3) divulgou um lucro líquido ajustado de R$ 8,8 bilhões, representando um aumento de 11,7% em relação ao mesmo período no ano anterior. Em comparação com o primeiro trimestre deste ano, o resultado foi superior em 2,8%.

O desempenho superou as expectativas, visto que o consenso Refinitiv projetava um lucro líquido de R$ 8,592 bilhões para o segundo trimestre.

O retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL ou ROE) do banco atingiu 21,3% no segundo trimestre, uma elevação de 0,3 ponto percentual em relação aos primeiros três meses do ano. No período equivalente do ano anterior, o ROE estava em 20,8%.

A margem financeira líquida do banco totalizou R$ 15,711 bilhões, com um aumento anual de 11,3%. A margem financeira proveniente de clientes foi de R$ 20,049 bilhões, enquanto a margem oriunda do mercado alcançou R$ 2,838 bilhões.

As receitas provenientes de serviços totalizaram R$ 8,286 bilhões, apresentando um crescimento de 5,6%.

A carteira de crédito ampliada da instituição financeira atingiu R$ 1,045 bilhão, com um aumento de 1,2% em relação ao primeiro trimestre e de 13,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

A carteira ampliada de pessoa física teve um crescimento de 0,6% comparado a março de 2023 e de 10% em 12 meses, totalizando R$ 302,1 bilhões.

No caso da carteira ampliada de pessoa jurídica, houve um aumento de 2,5% em relação ao trimestre anterior e de 10,4% em termos anuais, atingindo R$ 371,9 bilhões. Vale destacar o crescimento na carteira de micro, pequenas e médias empresas, com um aumento de 1,4% no trimestre e 21,8% em 12 meses.

Quanto às grandes empresas, houve um aumento trimestral de 2,9% e um crescimento anual de 9,3%.

A carteira ampliada voltada para o agronegócio alcançou um saldo de R$ 321,6 bilhões, representando um crescimento anual de 22,7%.

Bradesco (BBDC4) 2T23: redução de 35,8% no mesmo período do ano anterior

No segundo trimestre de 2023, o Bradesco (BBDC4) anunciou um lucro líquido recorrente de R$ 4,51 bilhões. Esse valor representa uma redução de 35,8% em comparação ao mesmo período no ano passado, quando o segundo maior banco privado do Brasil registrou ganhos de R$ 7,04 bilhões. Contudo, em relação ao primeiro trimestre deste ano, a empresa experimentou um aumento de 5,6%.

As expectativas do mercado, conforme indicado pela Bloomberg, giravam em torno de um lucro de R$ 4,48 bilhões.

No que se refere à carteira de crédito expandida, esta teve um incremento anual de 1,6%, totalizando aproximadamente R$ 868,7 bilhões, com a maior parte atribuída ao segmento pessoa jurídica. Comparado ao trimestre anterior, houve um declínio de 1,2% nesse valor.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) alcançou 11,1%, uma diminuição de 7 pontos percentuais em relação a 2022, mas houve um leve aumento de 0,5 ponto percentual em comparação com o trimestre anterior. Entretanto, o índice de inadimplência acima de 90 dias teve um acréscimo de 2,4 pontos percentuais, chegando a 5,9%.

A margem financeira do banco totalizou R$ 16,5 bilhões, o que corresponde a um aumento anual de 1,2%. As provisões para devedores duvidosos (PDD expandida) atingiram R$ 10,3 bilhões, apresentando um aumento de quase 100%. Esse aumento se deve às despesas crescentes nessa categoria, principalmente decorrentes das condições econômicas enfrentadas por micro e pequenas empresas, de acordo com o Bradesco.

O banco também mencionou que observou uma melhora no índice de inadimplência em novas operações, embora a taxa média líquida continue pressionada devido às situações existentes, resultando em um aumento nas despesas com PDD.

A margem com os clientes atingiu R$ 16,6 bilhões no segundo trimestre, uma redução de 1,7% em relação ao ano anterior, influenciada pelas políticas de crédito mais restritas.

Santander (SANB11) no 2T23: redução de 45%

No segundo trimestre de 2023 (2T23), o Santander (código SANB11) registrou um lucro líquido recorrente de R$ 2,309 bilhões, representando uma redução de 45% em comparação com o mesmo período de 2022.

O lucro líquido gerencial, excluindo o ágio de aquisições, foi de R$ 2,309 bilhões no 2T23, mostrando uma diminuição de 43% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) gerencial foi de 11,24% no 2T23, sofrendo uma queda de 961 pontos-base em comparação com o mesmo período do ano passado.

A margem financeira bruta do banco, que reflete os ganhos provenientes de operações com juros, alcançou R$ 13,579 bilhões, um aumento de 6,3% em um ano. Esse desempenho foi impulsionado pela margem de mercado, que exibe o resultado da atividade de tesouraria do banco. Houve uma nova perda de R$ 843 milhões, mas esse valor foi 44% melhor do que no ano anterior e 28% mais robusto do que no trimestre anterior.

A tesouraria do Santander tem apresentado resultados negativos desde o ano passado, devido ao aumento da taxa Selic e à consequente elevação da curva de juros futuros no mercado. O banco mantém principalmente posições pré-fixadas, que perdem valor em um ambiente de taxas de juros em ascensão. No entanto, durante este trimestre, houve uma diminuição das taxas de juros futuros, impulsionada pelas expectativas de cortes na taxa Selic a partir de agosto.

Em relação às margens com os clientes, o resultado no trimestre totalizou R$ 14,422 bilhões, representando um crescimento de 1% em comparação com o ano anterior e um aumento de 0,7% em relação ao trimestre anterior. Essa categoria inclui os resultados provenientes das operações de crédito. Os spreads, que indicam a diferença entre o custo de captação e os juros cobrados, reduziram 1,6 ponto percentual em um ano, chegando a 9,9%.

O Santander Brasil encerrou junho com ativos totais de R$ 1,096 trilhão, refletindo um aumento de 11,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em comparação com o primeiro trimestre deste ano, houve um aumento de 4,5%.

A despesa referente à provisão para créditos de liquidação duvidosa atingiu R$ 5,980 bilhões, registrando um aumento de 4,1% em relação ao ano anterior.

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