Juros altos: seria o fim da casa e carro próprio?
Em um ambiente caracterizado por taxas de juros elevadas e uma pressão inflacionária muito acima das previsões do mercado, o custo do crédito se torna mais oneroso. Consequentemente, aqueles que aspiram investir, possuir uma residência ou um automóvel próprio, mas não dispõem do valor total para adquiri-los à vista, veem a concretização de seus objetivos […]
Juros altos: seria o fim da casa e carro próprio?
Em um ambiente caracterizado por taxas de juros elevadas e uma pressão inflacionária muito acima das previsões do mercado, o custo do crédito se torna mais oneroso.
Consequentemente, aqueles que aspiram investir, possuir uma residência ou um automóvel próprio, mas não dispõem do valor total para adquiri-los à vista, veem a concretização de seus objetivos se distanciar cada vez mais.
Essa situação foi verificada com a pandemia do coronavírus. Na época, a inflação no Brasil chegou à casa dos dois dígitos e o brasileiro deu preferência para os gastos essenciais. Ou seja, ele se afastou daquelas aquisições mais caras, como um imóvel ou um carro.
Com a tendência de manutenção das taxas de juros elevadas em 2023, está na hora de entender como isso impacta a sua vida. Afinal, a Selic — taxa básica de juros da economia brasileira — tem uma ligação com a compra de casa e carro próprio, mesmo que não seja o referencial oficial dos financiamentos imobiliários.
Assim, para financiamentos de longo prazo, cada ponto de aumento nos juros faz uma diferença enorme nas parcelas. Então, que tal entender melhor como os juros altos interferem na compra de casa e carro próprio?
Por que os juros estão tão altos?
Os juros estão tão altos, porque a inflação também está elevada. Como esse foi um problema crônico no Brasil entre os anos 1980 e 1990, após o chamado “milagre econômico”, foram criados mecanismos para conter o crescimento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Um deles é aumentar a taxa Selic.
A ideia de utilizar essa forma de contenção da inflação é simples. Quando os juros estão altos, os preços se elevam. Isso acontece devido à alta demanda por produtos e serviços no mercado.
Ou seja, as pessoas estão consumindo mais, gastando mais, a indústria está acelerada e tudo começa a ficar mais caro. Perceba que esse é um processo que costuma iniciar nas pequenas empresas e no comércio varejista, e vai subindo a escala até atingir o governo.
Para evitar um descontrole, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, tende a elevar a Selic, a taxa básica de juros da economia. Esse índice regula a cobrança de juros em linhas de crédito em geral. Portanto, fica mais caro contratar empréstimos e financiamentos.
Isso faz com que as pessoas comecem a gastar menos, a demanda diminua e a inflação também seja reduzida. Assim, os preços se mantêm sob controle. Como consequência, também é colocada uma espécie de freio na economia, já que o consumo se retrai.
É claro que o aumento da inflação e dos juros pode acontecer por outros motivos. Foi o caso da pandemia de coronavírus, que interrompeu a produção em muitos países.
Nesse caso, a economia ficou em um processo de estagnação e os preços se elevaram devido à crise sanitária. Porém, o funcionamento mais comum é o da explicação acima.
Em junho de 2023, o Copom optou por manter a Selic em 13,75% ao ano, um patamar elevado. Os juros altos já vinham sendo aplicados desde 2022, mas foi feita uma sinalização de que podem começar a diminuir.
Aqui, vale a pena mencionar que o Copom se reúne a cada 45 dias. Portanto, os rumos da Selic são definidos com certa frequência durante o ano.
Isso interfere em vários fatores, desde a vida cotidiana, como a compra de casa e carro próprio, até o governo. Por exemplo, os juros altos encarecem a dívida bruta do Brasil e podem gerar um custo extra de até R$ 182 bilhões por ano.
Como a alta dos juros impacta a economia?
A alta dos juros impacta a economia, porque encarece os empréstimos e os financiamentos. Isso significa que o consumidor precisa pagar mais para as instituições financeiras para adquirir casa e carro próprio ou fazer uma compra parcelada, por exemplo. Por sua vez, se a Selic diminui, há um “barateamento” dessas operações.
Apesar dos juros altos parecer ser sempre ruim, não é bem assim que acontece. Na verdade, há quem ganhe com essa situação — e é exatamente isso que você precisa entender para se enquadrar nesse caso.
Veja, a seguir, como os juros altos impactam as suas finanças pessoas e os seus investimentos.
Impacto da alta dos juros nas finanças pessoais
Com a alta da inflação, os produtos e serviços costumam ficar mais caros. Para entender, basta ver o preço do litro do leite ao produtor em 2023. Somente entre janeiro e abril, a alta real — isto é, já com o desconto da inflação — foi de 11,8%. Assim, se o valor era de R$ 2 no primeiro mês do ano, atingiu R$ 2,23 apenas 4 meses depois.
Para o consumidor, a alta tende a ser maior e não se restringe a um produto único. Portanto, pesa no bolso. Isso acontece em todas as esferas, inclusive com as empresas. Por isso, torna-se necessário conseguir mais linhas de crédito para financiar as atividades.
No momento em que os juros ficam altos para conter a inflação, o crédito encarece. Isso afeta também as pessoas físicas, que têm dificuldade de conseguir empréstimos e financiamentos para carro e casa. Além disso, quem tem dívidas pode entrar no ciclo da inadimplência.
Isso fica claro ao comparara média de juros paga em operações de crédito. Em janeiro de 2023, estava em 124% ao ano para pessoas físicas e 61% ao ano para pessoas jurídicas. Nesse período, a Selic estava em 13,75% ao ano.
Em janeiro de 2021, a média era de 92% ao ano para pessoas físicas e 41% ao ano para pessoas jurídicas. A taxa básica de juros estava em 2% ao ano.
Todo esse cenário gerou um cenário grave de inadimplência. Em abril de 2023, 78,3% dos brasileiros tinham dívidas, em dia ou atrasadas. Além disso, 29,1% estavam inadimplentes, isto é, tinham contas em aberto já vencidas, com possibilidade de inclusão do CPF na lista de negativados.
Impacto da alta dos juros nos investimentos
Nos investimentos, o impacto dos juros altos é diferente. A alta da Selic favorece a renda fixa, já que boa parte dos títulos é vinculada à taxa básica de juros ou ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), indicador que segue a Selic e é usado como referência nas operações de empréstimos entre os bancos.
Portanto, costuma haver uma fuga de capitais da renda variável, já que os investidores migram para a renda fixa. Para ter uma ideia, o total de pessoas que alocaram seu dinheiro na modalidade conservadora no 1° trimestre de 2023 aumentou 34% em relação ao mesmo período de 2022.
Muito desse resultado é derivado da boa rentabilidade oferecida pelos juros elevados. Tanto é que a média foi de 13,23% em 12 meses, fechados em 22 de junho de 2023. Assim, os investimentos em renda fixa se tornam mais atrativos e são boas opções para todos os perfis de investidor.
Como investir com juros altos?
Para investir com juros altos, o foco deve estar na renda fixa, principalmente. Isso significa que você pode optar pelo Tesouro Direto, Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Imobiliário (LCI), debêntures etc.
Ainda existem os fundos de renda fixa, que trazem a praticidade de serem administrados por gestores profissionais. De toda forma, essa é a classe de produtos que tende a oferecer uma rentabilidade melhor.
Essa também é uma forma de você construir seu patrimônio de maneira segura, já que os riscos que você corre na renda fixa são próximos de zero. Ou seja, você consegue obter o máximo benefício na relação entre potencial de perdas e de ganhos.
Agora, você pode estar se perguntando: com os juros altos, deixa de valer a pena investir na renda variável? Não. Na verdade, tudo depende da sua estratégia e da sua decisão de investimento. Por isso, o ideal é contar com uma assessoria personalizada, como a da InvestSmart, que vai analisar o seu caso e verificar qual é a melhor alternativa para você.
De qualquer maneira, existem opções para que você realize o sonho da casa e do carro próprio, mesmo com juros altos. Com a inflação em crescimento e o risco de desvalorização das reservas financeiras, uma alternativa pode ser investir parte do valor, aquela que seria usada na entrada do financiamento. Assim, você consegue se programar melhor.
Com a Selic em 13,75% ao ano, os investimentos em renda fixa acabam sendo atrativos. Eles ainda trazem um pouco mais de segurança para os indivíduos que não estão familiarizados com o mercado financeiro. Sendo assim, é possível usar os juros altos a seu favor e otimizar a rentabilidade com essa modalidade de ativos.
Quem não tem a urgência de comprar um imóvel ou automóvel, pode optar por esperar um pouco mais e deixar o capital rentabilizando. Isso permite tirar proveito do cenário atual dos juros.
De acordo com especialistas, o ideal é que esse público circule por operações financeiras cujo perfil é mais conservador. Ou seja, a dica é escolher ativos com mais liquidez até que os juros comecem a cair.
Investimentos para cenários de juros altos
- Tesouro Direto, especialmente o Tesouro Selic.
- CDB.
- LCI e LCA.
- Fundos de renda fixa.
Assim, saber direitinho quais decisões financeiras você pretende ter no curto prazo será fundamental para guiar sua escolha futura. Logo, investir o seu capital pensando na conquista futura de uma casa ou carro próprio é uma maneira de driblar a alta dos juros de financiamentos.
Entretanto, é importante conhecer bem as opções de investimentos e evitar riscos desnecessários que possam adiar o seu sonho. Neste post, apresentamos algumas sugestões para que você possa aproveitar esse cenário.
Afinal, ao entender a dinâmica dos juros altos, você escolhe melhor os ativos da sua carteira e pode aproveitar para rentabilizar mais. Assim, é possível comprar sua casa e carro próprio, e o que mais quiser.
E você, quer entender melhor como funciona esse processo de rentabilidade das aplicações financeiras? Veja como os juros compostos influenciam o rendimento dos seus investimentos.
Resumindo
Por que os juros são altos?
Os juros são altos, porque a inflação está elevada. Esse é o principal fator que leva ao aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic. Isso porque ela é capaz de conter o aumento excessivo de preços, que já foi um problema crônico nos anos 1980 e 1990 no Brasil.
Quem ganha com os juros altos no Brasil?
Quem ganha com os juros altos no Brasil é o investidor da renda fixa. Ele pode ser pessoa física ou jurídica. Nesse sentido, um destaque são as seguradoras, que costumam aplicar seu capital ocioso nessa classe de aplicações financeiras.