IPCA sobe em março, puxado por alimentos e dentro do esperado pelo mercado
O IPCA subiu em março, em linha com as expectativas do mercado, segundo o IBGE. O avanço foi impulsionado principalmente pelo grupo Alimentação e bebidas, com destaque para itens como tomate, ovos e café moído.

A inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) sobe 0,56% em março, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (11). O resultado veio em linha com as expectativas do mercado, que projetavam uma variação mensal de 0,56% e avanço de 5,48% na comparação anual.
Com esse desempenho, o IPCA acumula alta de 2,04% no primeiro trimestre de 2025 e de 5,48% nos últimos 12 meses. O índice marca uma aceleração importante em relação ao mês anterior, quando havia registrado avanço de 0,83% em fevereiro e de 5,06% na taxa anualizada. Em março de 2024, a variação mensal havia sido de apenas 0,16%, mostrando o impacto crescente dos preços no consumo das famílias.
Grupo Alimentação e bebidas lidera a pressão inflacionária
O principal responsável por esse avanço foi o grupo Alimentação e bebidas, que apresentou aceleração de 0,70% em fevereiro para 1,17% em março, contribuindo com 0,25 ponto percentual (p.p.) para o índice geral. O segmento representou cerca de 45% do IPCA de março, sendo o mais expressivo entre os nove grupos analisados.
Entre os itens que mais influenciaram a inflação do mês, destacam-se o tomate (22,55%), o ovo de galinha (13,13%) e o café moído (8,14%). Juntos, esses três produtos foram responsáveis por um quarto do avanço do IPCA no mês, evidenciando o impacto dos alimentos in natura e industrializados sobre o orçamento das famílias brasileiras.
Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, as variações observadas têm relação direta com fatores sazonais e logísticos. “No caso do tomate, o calor intenso do verão antecipou a maturação da safra, o que comprometeu a oferta em março. Já os ovos subiram em função da alta do milho, insumo básico na alimentação das aves, além da maior procura típica do período da quaresma”, explicou.
Café moído acumula alta de quase 80% em 12 meses
Outro destaque entre os vilões da inflação foi o café moído, que acumula impressionante alta de 77,78% nos últimos 12 meses. A valorização decorre, segundo o IBGE, de uma combinação de fatores climáticos e de mercado. A produção global foi impactada por quebras de safra no Vietnã, um dos maiores exportadores do mundo, além de perdas nas lavouras brasileiras devido a intempéries.
Esse cenário pressionou os preços internacionais e, consequentemente, os valores praticados no mercado interno. Para o consumidor final, isso se traduz em maiores custos com um dos produtos mais tradicionais na mesa do brasileiro.
Todos os grupos registraram alta em março
Embora a maior contribuição tenha vindo da alimentação, todos os grupos de produtos e serviços tiveram variações positivas em março, segundo o IBGE. Esse comportamento generalizado reforça a complexidade do cenário inflacionário atual, exigindo atenção redobrada por parte do Banco Central na definição da política de juros.
Vale lembrar que a inflação acumulada em 12 meses já ultrapassa o centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% para 2025, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Esse contexto pode influenciar futuras decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic — você pode acompanhar essas atualizações na nossa editoria de [economia e política monetária].
Perspectivas e reação do mercado
Apesar da pressão dos alimentos, o fato de o IPCA subir 0,56% em março ter vindo exatamente conforme o esperado ajudou a manter a calma nos mercados. Analistas avaliam que o resultado não deve, por si só, mudar a trajetória prevista para os juros nos próximos meses, embora alerte para o risco de persistência inflacionária no curto prazo.