Na última quarta-feira, 29 de outubro de 2025, o Federal Reserve (Fed) anunciou um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros de referência, ajustando-a para a faixa de 3,75% a 4,00% ao ano. Além disso, o Fed informou que, a partir de 1º de dezembro, vai interromper a redução do seu balanço patrimonial, o que o mercado chama de “quantitative tightening” (QT).

Essa decisão marca uma mudança significativa para o mercado financeiro global. O presidente Jerome Powell adotou um tom cauteloso, deixando claro que novos cortes em dezembro não estão garantidos, citando incertezas econômicas, incluindo o “apagão” causado pelo shutdown do governo dos EUA.

Impactos do corte de juros do Fed no Brasil

A decisão do Fed impacta diretamente o Brasil por meio de canais financeiros e macroeconômicos. Os principais efeitos esperados incluem:

1. Câmbio e fluxo de capitais

Com os juros americanos menos atrativos, investidores estrangeiros tendem a buscar retornos mais altos em mercados emergentes, o que favorece a entrada de capital no Brasil. Implicação: valorização do real em relação ao dólar, aliviando os custos de importação e reduzindo a pressão cambial sobre empresas e famílias que têm dívidas em moeda estrangeira.

2. Mercado de ações e risco percebido

O corte aumenta o apetite por ativos de risco, beneficiando ações brasileiras e setores cíclicos. O Ibovespa já reagiu com alta após o anúncio. Implicação: investidores mais cautelosos ou agressivos podem aumentar sua exposição em ações ou fundos de mercados.

Veja também:

3. Política monetária doméstica (Selic)

Apesar do alívio externo, o Brasil enfrenta inflação elevada, e o Banco Central tende a manter a Selic alta por mais tempo.

  • Implicação: títulos públicos e CDBs continuam atrativos; cortes da Selic podem ser adiados para 2026.

4. Custo de crédito externo

Juros menores nos EUA reduzem o custo de financiamento internacional para empresas brasileiras.

  • Implicação: empresas exportadoras ou com dívida em dólar ganham margem de manobra, beneficiando investidores em debêntures e títulos corporativos internacionais vinculados ao Brasil.

5. Pressão inflacionária importada

Um dólar mais fraco tende a baratear insumos importados, máquinas e componentes eletrônicos.

  • Implicação: margens de empresas dependentes de importados podem melhorar, beneficiando consumidores de produtos importados.

Por que o Fed decidiu cortar a taxa de juros?

O corte de juros do Fed em 2025 tem como objetivo aliviar as pressões sobre a economia americana, que já mostra sinais de desaceleração no mercado de trabalho, como a diminuição na criação de empregos. A ideia é encontrar um equilíbrio: estimular a economia sem perder de vista a inflação que ainda persiste.

Além disso, a interrupção do QT sugere que o Fed quer evitar um aperto excessivo na liquidez e criar espaço para uma acomodação gradual da política monetária.

Leia em detalhes:

Limitações e riscos que merecem cautela

  • Discurso cauteloso do Fed: Powell deixou claro que cortes adicionais “não são garantidos”, criando incerteza sobre expectativas futuras.
  • Choques internos no Brasil: pressões salariais, política fiscal expansionista ou surpresas negativas podem impedir cortes fortes da Selic, mesmo com alívio externo.
  • Volatilidade cambial: movimentos bruscos do câmbio podem reduzir vantagens esperadas.
  • Mercado já precifica: parte do cenário já era antecipada, limitando ganhos marginais.

O que investidores de diferentes perfis podem fazer

Perfil conservador/moderado (renda fixa, curto prazo)

  • Manter posições em títulos públicos e CDBs: juros reais ainda atraentes.
  • Avaliar oportunidades moderadas em CRI/CRA e debêntures estruturadas.
  • Considerar cobertura cambial para parcelas em dólar.

Perfil moderado/agressivo (ações, renda variável)

  • Rever alocação em ações brasileiras, priorizando setores cíclicos ou exportadores.
  • Diversificar risco internacionalmente.
  • Monitorar política monetária doméstica e fiscal.

Perfil internacional/global

  • Aproveitar oportunidades de carry trade em países emergentes com juros maiores.
  • Observar empresas brasileiras com forte presença global ou exportadoras.
  • Acompanhar sinais de reversão nos EUA e impactos globais.

Cenário para investidores em 2025/2026

O corte de 0,25 ponto percentual feito pelo Fed combina estímulo moderado com forte cautela para o futuro. No Brasil, o movimento atua como vento favorável: pode atrair capitais, favorecer ativos de risco e aliviar parte do câmbio.

Para investidores, o momento exige equilíbrio: aproveitar oportunidades sem negligenciar riscos. É hora de ajustar a carteira, diversificar e monitorar os próximos movimentos do Fed.

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Pedro Gomes

Jornalista formado pela UniCarioca, com experiência em esportes, mercado imobiliário e edtechs. Desde 2023, integra a equipe do Melhor Investimento.