Muitos investidores de criptoativos tem se questionado acerca da pouca influência que notícias muito positivas têm gerado no mercado. Notícias que outrora teriam puxado as criptos com força para cima, neste ciclo tem gerado pouco efeito no preço dos ativos.

O que está acontecendo com o mercado de criptoativos?

Estamos passando pelo quarto Halving do Bitcoin. Nesse interim, o mercado cripto passou por um periodo de maturação, onde saiu de mero instrumento especulativo de jovens degenerados a um mercado global de mais de 3 trilhões de dólares de capitalização.

Durante este crescimento, tivemos diversos países e empresas comprando Bitcoin como reserva de valor, um crescimento exponencial de exchanges pelo mundo disponibilizando o investimento no mercado cripto (spot, alavancado e mercados futuros) e a criação de diversos fundos de investimento e ETFs viabilizando a exposição ao mercado de criptos por meio de corretoras tradicionais.

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Novos ETFs no mercado. Foto: Reprodução Portal Bitcoin
Novos ETFs no mercado. Foto: Reprodução Portal Bitcoin

O impacto da política americana nas criptomoedas

Com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, maior economia do mundo, o cenário ficou ainda mais favorável.

Atualmente, o Governo Federal dos Estados Unidos e mais de 20 estados estão se movimentando para oficializar reservas estratégicas em Bitcoin. A SEC (equivalente à CVM no Brasil) tem adotado uma postura mais favorável aos criptoativos, buscando regulamentar o mercado para ampliar sua adoção. Além disso, há dezenas de pedidos em andamento para a criação de ETFs e mercados futuros dos mais variados ativos digitais.

Grandes bancos e até o Tesouro americano demonstram interesse em negociar ativos tokenizados. Uma nova diretriz da Agência Federal de Financiamento da Habitação dos EUA reconhece o Bitcoin e outros criptoativos como ativos válidos para concessão de hipotecas. Também começam a surgir tokens de ações de empresas americanas, que já estão sendo emitidos e negociados por meio de protocolos DeFi.

É muita notícia positiva ao mesmo tempo.

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Linha do tempo

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Por que então o mercado está lateralizado há mais de 6 meses mesmo com tudo isso acontecendo? 

Como mencionado anteriormente, notícias que antes impactavam diretamente os preços no mercado cripto hoje têm pouca ou nenhuma influência sobre os ativos digitais. Isso significa que o mercado se tornou menos especulativo?

Não exatamente. O que ocorre é que outros fatores passaram a ter mais peso, especialmente fatores de natureza técnica e macroeconômica, em detrimento de aspectos emocionais ou cíclicos.

É importante destacar que não existe uma verdade absoluta sobre o tema. Com todo respeito às teses que defendem a existência de um ciclo próprio de valorização dos criptoativos, independente do cenário econômico, acredito que o travamento atual do mercado se deve, sim, a condições macroeconômicas globais.

O que isso significa na prática? Que, embora o Halving do Bitcoin continue sendo um marco relevante dentro do ciclo de valorização das criptomoedas, a volatilidade dos ativos digitais hoje está fortemente influenciada pelos mesmos indicadores econômicos que movem os mercados tradicionais.

Uma forma objetiva de comprovar esse ponto é por meio da análise de correlação entre ativos. Se o mercado de criptoativos operasse de maneira completamente independente das condições macroeconômicas, seria natural que o Bitcoin e outros tokens apresentassem movimentos descorrelacionados em relação a ativos tradicionais.

No entanto, já é consenso que a macroeconomia influencia diretamente o comportamento dos mercados financeiros globais, inclusive o setor cripto.

E isso fica evidente quando analisamos a correlação entre o Bitcoin e o índice Nasdaq 100, principal referência para o setor de tecnologia dos Estados Unidos. Os dados mostram que há uma forte correlação entre os movimentos desses dois ativos, o que indica que os mesmos fatores macroeconômicos estão direcionando ambos os mercados.

Gráfico, Histograma

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E as Altcoins? Relação com o índice Russel 2000

No mercado cripto, os demais projetos além do Bitcoin são chamados de Altcoins. Será que eles possuem correlação com algum índice do mercado tradicional?

Como se tratam de projetos com menor capitalização de mercado, o ideal é que sejam correlacionadas com Small Caps, ou seja, ativos do mercado financeiro tradicional que tenham como característica a baixa capitalização e a sensibilidade maior a eventos de liquidez, como alterações nas expectativas de juros, aumento da liquidez global e etc. No caso, o principal indice que é composto por esses ativos nos EUA é o Russel 2000. 

Gráfico, Histograma

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Utilizando como parâmetro o índice TOTAL3, que retrata a capitalização do mercado cripto excluindo Bitcoin e Ethereum, podemos verificar que os movimentos também possuem forte correlação, o que denota que os eventos que movimentam o principal índice de Small Caps americano também vêm impactando o mercado das Altcoins.

Os criptoativos estão se tornando parte do mercado tradicional?

O mercado cripto é cada vez mais tradicional e, por isso, está cada vez mais integrado aos fatores macroeconômicos que movimentam os mercados. Isso é bom tanto para o mercado financeiro, que abre espaço e fomenta a inovação e o futuro, como também para os defensores dos criptoativos, que veem a regulamentação resultar em uma maior adesão na economia real e o crescimento do investimento em novos projetos.

Contudo, com essas mudanças, alguns cuidados são necessários, principalmente para o investidor de cripto que costuma acompanhar “especialistas” que o auxiliam na tomada de decisões. 

Por que digo isso? Por muitos anos, pelo fato do mercado de cripto ser muito nichado, não era dificil prever seus movimentos. Como era um mercado com baixa liquidez, esses “especialistas” acompanhavam os investidores que possuíam mais dinheiro investido, chamados de “baleias”, que serviam de norte para suas análises sobre o mercado.

Contudo, com o crescimento e adesão do “mercado tradicional”, os fatores macroeconômicos que movem o mercado financeiro começaram a fazer cada vez mais preço no mercado cripto. Com isso, os antigos “especialistas”, que possuem comunidades com 50, 100 e até mais de 400 mil seguidores, tiveram que começar a tentar se adequar a essa novidade, visando a manutenção da sua audiência. No entanto, infelizmente, macroeconomia e experiência de mercado não são coisas que se aprende do dia para a noite. 

Durante a minha vivência no mercado cripto, acabei me deparando incontáveis vezes com esses “especialistas” fazendo leituras erradas de indicadores econômicos, desinformando sua audiência, e, por vezes, tentando prever movimentos de mercado com teses macroeconômicas sensacionalistas que não guardavam qualquer relação com a realidade, o que acabou levando investidores que confiam nas suas avaliações a tomar decisões erradas e perder dinheiro.

Muitos, o dinheiro de uma vida. E o argumento após a falha em suas análises costumeiramente é o mesmo: manipulação.  

Infelizmente, muitos influencers não se preocupam com a sua audiência, apenas em continuar tendo a fonte de renda que é a sua comunidade, fazendo o que for necessário para mantê-la. Para tanto, usam reiteradamente palavras bonitas como “fundamento”, tentando passar uma imagem profissional sobre o assunto que estão falando, mas sem conseguir trazer qualquer argumento técnico acerca da análise que estão fazendo. 

“Influência dos influencers”

Por isso, evite o “especialista generalista”, que fala como se dominasse todos os assuntos. Dominar um assunto de forma profunda no mercado, como em qualquer profissão, é uma tarefa que leva uma carreira para ser cumprida.

Trate o seu influencer de cripto como alguém que você busca para receber atualizações sobre os projetos de cripto, que é o que ele tem a oferecer.

Evite os que vendem sonhos e rentabilidades estratosféricas e busque se informar e estudar sobre questões especificas de mercado com quem realmente possui experiência no assunto que procura compreender. Ter esses cuidados já vai facilitar muito a sua trajetória no mercado financeiro.