Índice de Basileia: como funciona o índice de risco dos bancos
Talvez você nunca tenha ouvido falar no Índice de Basileia. Porém, está na hora de conhecer e usar esse indicador ao tomar suas decisões de investimento. Por quê? A resposta é simples: ele aponta como está a saúde financeira dos bancos. Na prática, esse índice permite que você faça uma espécie de análise de crédito […]

Talvez você nunca tenha ouvido falar no Índice de Basileia. Porém, está na hora de conhecer e usar esse indicador ao tomar suas decisões de investimento. Por quê? A resposta é simples: ele aponta como está a saúde financeira dos bancos.
Na prática, esse índice permite que você faça uma espécie de análise de crédito do banco. Assim, é possível fazer investimentos na renda fixa com ainda mais segurança, porque avalia o emissor do título.
Ao mesmo tempo, essa é uma forma de comparar o potencial de perda e de rentabilidade. Afinal, mais do que saber quais são os riscos que você corre na renda fixa, é válido identificar se os rendimentos esperados compensam a chance de prejuízo.
Começou a entender por que esse índice financeiro é importante? Neste post, vamos explicar melhor esse indicador e explicar como ele poder interferir nas suas decisões de investimento. Continue a leitura!
O que é o Índice de Basileia?
O Índice de Basileia é um indicador usado em todo o mundo para identificar a saúde financeira de um banco emissor de títulos da renda fixa. Isso é feito pela análise da relação entre o patrimônio da instituição financeira e o volume de empréstimos existente. Assim, o também chamado Acordo de Basileia permite saber a solvência e a capacidade de pagamento dessas organizações aos investidores.
De forma simples, esse indicador sinaliza qual é o nível de endividamento do banco e o quanto ele está alavancado. Ele impõe regras sobre os requisitos mínimos de capital e verifica se elas estão sendo seguidas. Caso contrário, há indicações de que os recursos financeiros de clientes e investidores estão em risco.
Por isso, essa métrica pode ser considerada equivalente a uma análise de crédito. Como é um modelo de fiscalização, permite que os investidores saibam se o banco é capaz de honrar seus compromissos. Ou seja, a finalidade da sua avaliação é a mesma do score de crédito, que indica se você vai pagar as parcelas do empréstimo ou financiamento.
Como surgiu o Índice de Basileia?
O Índice de Basileia surgiu por meio de acordos entre diferentes entidades. O primeiro ocorreu em 1988 pelo Comitê de Supervisão Bancária de Basileia, um órgão ligado ao Banco de Compensações Internacionais (BIS), criado em 1974. Também chamado de Basileia I, reuniu vários países na cidade suíça homônima e sinalizou a necessidade de adotar um capital mínimo para os bancos manterem suas operações.
O Brasil aderiu a esse modelo de fiscalização em 1994. Dez anos depois, o Basileia I evoluiu e surgiu o Basileia II. Ambos coexistem até hoje e, em 2010, foi criado o Basileia III, que está em vigor.
O motivo de terem permanecido essas três versões é o fato de ser um aprimoramento contínuo da estrutura prudencial dos bancos. Assim, assegura-se que os bancos sejam seguros para clientes e investidores, sendo capazes de enfrentar situações de crise.
Objetivos da implantação do Índice de Basileia:
- trazer resiliência ao sistema financeiro;
- reduzir custos das crises bancárias;
- fomentar o crescimento sustentável dos bancos;
- reformular a estrutura de capital das instituições financeiras.
Como funciona o Índice de Basileia?
O Índice de Basileia funciona com a definição de uma porcentagem mínima que os bancos precisam manter na relação entre o patrimônio de referência e sua alavancagem financeira. Aqueles que ultrapassarem esse resultado, são considerados seguros. No Brasil, o Banco Central (Bacen) delimitou esse parâmetro em 11% para instituições financeiras em geral e 13% para as cooperativas, sendo que o máximo é de 50%.
Dessa forma, os bancos devem estar sempre acima do percentual determinado pelo Bacen. Se ficarem abaixo, sinaliza que há mais risco. Portanto, a emissão dos títulos bancários costumam trazer uma rentabilidade maior, mas a chance de você ficar sem receber o devido valor também aumenta.
Por sua vez, quanto mais acima desse índice ficar uma instituição financeira, mais sólida ela é. Aqui, vale a pena ressaltar que a recomendação internacional fica abaixo do percentual no Brasil. Nesse caso, o mínimo é de 8%.
Quais são as medidas de Basileia?
As medidas de Basileia buscam definir uma metodologia comum para avaliar o risco de crédito dos bancos e a manutenção de um índice mínimo de capital. Ou seja, o foco é garantir a resiliência do setor bancário e diminuir a chance de ocorrerem crises financeiras que impactem todo o mundo.
Nesse sentido, a Basileia III trouxe outras iniciativas relevantes. Elas definem o que precisa ser seguido pelos bancos para que a renda fixa continue sendo investimentos de baixo risco, como é a prerrogativa.
Principais medidas da Basileia III:
- mais rigor na exigência de capital para aumentar a capacidade de absorver perdas;
- buffer adicional de capital para períodos de crescimento anormal da economia;
- mais rigor nos padrões de liquidez para atender às saídas de caixa durante crises;
- limitação da alavancagem excessiva;
- divulgação de informações detalhadas sobre ativos, riscos e estrutura de capital dos bancos;
- equilíbrio internacional da definição do capital;
- aumento do escopo dos riscos captados pela estrutura de capital.
Aqui, é importante fazer algumas considerações. No primeiro ponto, o propósito é que o banco consiga enfrentar choques do mercado e riscos inesperados. Por isso, é preciso ter 6% de capital mínimo para os ativos ponderados pelo risco e reserva de 7% do faturamento para um fundo contra crises.
Já o segundo ponto serve para evitar que os bancos sofram com o excesso do risco de crédito nessas situações. Portanto, essa é uma das modalidades de capital suplementar impostas aos bancos.
Qual a diferença entre Índice de Basileia e Índice de Mobilização?
A diferença entre Índice de Basileia e Índice de Mobilização é o foco da análise. Enquanto o primeiro avalia o nível de solvência da instituição, o segundo mede quanto o banco tem investido em ativos imobilizados. Por isso, eles são bem diferentes: um deve ser o mais alto possível, enquanto o segundo, o mais baixo possível.
Explicando mais detalhadamente: o Índice de Mobilização diz respeito aos ativos imobilizados do banco, representados por imóveis e veículos, por exemplo. Por não poderem ser transformados em dinheiro com facilidade, esses itens são sinônimo de custos para a instituição financeira e podem até impedi-la de honrar seus compromissos.
Isso acontece, principalmente, em períodos de crise. Nessas situações, é difícil que o banco consiga vender terrenos, imóveis, carros, materiais, entre outros bens para adquirir dinheiro rápido. Então, isso é um risco enfrentado pelos investidores.
Esse é o motivo pelo qual o Bacen determinou que o máximo de ativos imobilizados equivale a 50% do patrimônio. Se ultrapassar essa porcentagem, é preciso vender alguns desses até cumprir os requisitos legais.
Qual é o Índice de Basileia do Banco do Brasil?
O Índice de Basileia do Banco do Brasil é de 16,7%. Essa informação se refere a maio de 2023, mas o índice muda conforme os dados obtidos pela instituição financeira, já que o cálculo considera o patrimônio de referência e o preço dos ativos ponderados pelo risco. Isso significa que a instituição está 5,7% acima do valor de referência estabelecido pelos critérios do Bacen.
Qual é o banco com maior Índice de Basileia?
Veja abaixo qual é o banco com maior Índice de Basileia no Brasil:
- Banco Inter: 29,8%;
- Caixa Econômica Federal: 18,4%;
- Nubank: 17,7%;
- Banco do Brasil: 16,7%;
- Bradesco: 15,8%;
- BTG Pactual: 15,2%;
- Itaú: 14,7%;
- Santander Brasil: 14,4%;
- Banco Safra: 12,3%.
Os dados foram retirados do Banco Central e do site Banco Data. Você também pode fazer essa pesquisa inserindo nos campos de pesquisa os nomes das instituições financeiras para conferir as informações atualizadas.
Como é calculado o Índice de Basileia?
O Índice de Basileia é calculado pela fórmula: IB = PR ÷ RWA. O PR é o patrimônio de referência, obtido pela soma do capital Nível I (capital principal somado ao complementar) e Nível II (instrumentos de dívida subordinada que atendem a requisitos de elegibilidade e apresentam vencimento predeterminado). Já o RWA é o valor dos ativos ponderados pelo risco. Ele é composto pela somatória das parcelas dos riscos de mercado, crédito e operacional.
Vale reforçar que o capital principal é formado por reserva de lucros, ações ordinárias e preferenciais, e lucros acumulados. Portanto, o cálculo pode ser um pouco complexo, já que você precisa recuperar a demonstração contábil da instituição financeira.
Ao verificar esses documentos, você verá o capital principal, o complementar e o Nível II. Ainda verá o RWA, tudo bem definido. Então, basta inserir os dados na fórmula.
Por exemplo, utilizando as demonstrações contábeis do Banco do Brasil relativas a 2022, verifica-se que o Nível I mais o Nível II resultou na quantia de R$ 178.688.546,00. Já o RWA foi de R$ 1.072.894.044,00. O documento com os números foi retirado do site de Relações com Investidores da instituição.
Assim, aplicando os valores na fórmula, chega-se a um resultado de 0,1665. Multiplicando por 100, para obter a métrica como porcentagem, o Índice de Basileia foi de 16,65% naquele ano.
Como interpretar o Índice de Basileia?
A interpretação do Índice de Basileia é simples: quanto maior o seu valor, melhor estruturada está a instituição financeira. Da mesma forma, quanto menor o indicador, mais vulnerável ela está às imprevisibilidades do mercado. No caso, um banco com pior reputação no índice, tende a oferecer aplicações de renda fixa mais rentáveis, porém menos seguras.
Como saber os valores do Índice de Basileia?
Você pode saber os valores do Índice de Basileia por meio da consulta ao Banco Central ou ao Banco Data. Também é possível realizar o cálculo a partir dos dados disponíveis no site de Relações com Investidores ou com a ajuda de uma assessoria de investimentos. Assim, você saberá a série histórica de alguns indicadores financeiros e poderá tomar uma decisão de investimento mais acertada.
Como usar o Índice de Basileia para investir?
O investidor pode usar o Índice de Basileia para realizar uma comparação objetiva entre os riscos de diferentes títulos privados de renda fixa em análise na montagem do seu portfólio. Se há dois ativos, por exemplo, muito próximos em outros critérios como rentabilidade e liquidez, ele pode utilizar essa métrica para selecionar o que acrescentará segurança a sua carteira.
De maneira secundária, ele também pode utilizar a métrica para rastrear aplicações de renda fixa mais rentáveis. Isso acontece é possível, porque instituições financeiras com menores valores no indicador tendem a oferecer investimentos mais rentáveis para competir na captação de recursos.
De toda forma, essa análise é mais interessante quando você conhece os benefícios de ter uma assessoria de investimentos. Ao contar com o apoio de especialistas como os da InvestSmart, você tem o auxílio necessário para decidir o que fazer e construir seu portfólio da forma certa.
Isso porque, mesmo que a renda fixa seja conservadora e tenha poucos riscos, eles ainda existem. Por isso, é necessário ter esse apoio da assessoria e do Índice de Basileia para escolher os melhores títulos para a sua carteira de investimentos.
Então, o que acha de se aprofundar no mercado financeiro para encontrar outras opções de investimento? Confira tudo que você precisa saber sobre fundo multimercado para diversificar a carteira.
Resumindo
Qual banco com maior Índice de Basileia?
No Brasil, os bancos com as melhores classificações no Índice de Basileia são:
- Banco Inter: 29,8%.
- Caixa Econômica Federal: 18,4%.
- Nubank: 17,7%.
- Banco do Brasil: 16,7%.
- Bradesco: 15,8%.
- BTG Pactual: 15,2%.
- Itaú: 14,7%.
- Santander Brasil: 14,4%.
- Banco Safra: 12,3%.
Como interpretar o Índice de Basileia?
Você deve interpretar o Índice de Basileia como um indicador de solidez financeira do banco. Por isso, quanto mais alto, melhor. O exigido pelo Banco Central é que seja acima de 11% para instituições financeiras em geral e de 13% para as cooperadas. Se ficar acima disso, há um risco menor de calote aos investidores.