A ANBIMA é um dos órgãos reguladores de investimentos. No setor financeiro, há uma intensa competição entre indivíduos e empresas. No entanto, há outros interesses que dizem respeito a todos.

Nesse contexto, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais promove a cooperação nos temas comuns. Para isso, atua com representação, autorregulação, educação e informação para melhorar a transparência, segurança e confiabilidade do mercado.

A seguir, abordamos o que é a ANBIMA e como essa entidade tem um impacto sobre os investidores. Continue a leitura!

O que é a ANBIMA?

ANBIMA é uma organização privada formada por bancos, gestoras, corretoras, distribuidoras e administradoras do mercado financeiro e de capitais. Seu propósito é aprimorar o ambiente dos associados, prestando serviços de autorregulação, educação, informação e representação.

Essa organização teve início em 2009. A criação ocorreu a partir da união da ANBID (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) e da ANDIMA (Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro). 

Assim sendo, apesar de ser mais recente, a experiência da entidade remonta aos anos de 1967 e 1971, respectivamente, quando surgiram suas antecessoras.

Como a ANBIMA funciona?

As atividades da ANBIMA estão relacionadas aos mercados financeiro e de capitais. O mercado financeiro abrange as atividades ligadas ao dinheiro, como empréstimos, câmbio, pagamentos e investimentos. 

Já o mercado de capitais se dedica à captação de recursos, geralmente com a emissão de títulos para investimento coletivo, como ações, debêntures e letras financeiras.

A entidade é privada, e não um órgão público. Diferente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), as regras são seguidas de forma voluntária, mesmo por pessoas que não são associadas. Contudo, tal qual um contrato, os membros têm a obrigação de cumprir as normas por terem se comprometido com elas.

No Brasil, a CVM é uma entidade que regulamenta, disciplina, fiscaliza e desenvolve o mercado de valores mobiliários. É ela quem diz como devem funcionar os fundos, ações, títulos e outros instrumentos de captação de recursos. Além disso, cria as regras para habilitação profissionais de investimento.

A ANBIMA pode criar regras adicionais e voluntárias, sem confrontar as normas da CVM. Na definição das agendas, decisões e atividades, existem medidas voltadas para o diálogo com associados, como fóruns, conselhos, eventos e pesquisas. 

É por meio dessa coleta de demandas que nascem as propostas encaminhadas às entidades públicas, assim como às regulamentações da associação.

Ademais, as associações podem ter poderes concedidos por lei ou por entidades públicas. Um exemplo é a emissão de certificações profissionais. A ANBIMA é uma entidade autorizada a capacitar e habilitar pessoas para o mercado financeiro.

Quais são os objetivos da ANBIMA?

A ANBIMA tem como objetivo proteger os interesses comuns do mercado financeiro e de capitais, o que implica em quatro compromissos.

Representar

A representação busca levar os interesses dos membros para as discussões políticas, administrativas e judiciais. Com isso, a ANBIMA auxilia os associados com mudanças nas leis, melhoraria nas regulamentações de mercado e busca de direitos nos tribunais.

As temáticas associativas abrangem interesses comuns a todos, mesmo que não sejam membros do grupo. A transparência, ética, sustentabilidade e integridade no mercado financeiro beneficiam não só os associados, mas também a sociedade em geral, por exemplo.

O interesse também pode estar ligado especificamente às classes ou grupos de associados. As regulamentações de fundos de investimento, por exemplo, afetam diretamente os direitos e obrigações das instituições do mercado financeiro e de valores.

A representação, por fim, pode abranger direitos individuais que podem ser mais facilmente defendidos em conjunto. Por exemplo, se membros sofrem com cobranças indevidas de tributos, como Cofins, ICMS e Contribuição Previdenciária Patronal, a ANBIMA pode ser um aliado para resolver o problema, até mesmo com medidas judiciais.

Autorregular

A autorregulação é o nome dado às regras criadas por entidades privadas e que são seguidas por meio da adesão das partes interessadas. Essas diretrizes podem abranger tópicos como publicidade, concorrência, práticas empresariais, padronização de produtos, entre outros aspectos.

Os principais regulamentos estão nos Códigos de Autorregulação e Melhores Práticas:

  • administração e gestão de recursos;
  • atividades conveniadas;
  • certificação;
  • distribuição;
  • ética;
  • negociação de instrumentos financeiros;
  • ofertas públicas;
  • processos;
  • serviços qualificados.

As funções de autorregulação são importantes para o investidor comum. Afinal, ao seguirem as normas, as instituições modificam processos, produtos e serviços que afetam a vida dos destinatários das soluções. Logo, pode melhorar a qualidade e segurança das soluções disponibilizadas no mercado.

Informar

A informação é uma atividade ligada à transparência e segurança do mercado, além de fornecer fundamentos confiáveis para decisões de investimento. Para cumprir esse objetivo, a ANBIMA atua em pesquisas, estudos, relatórios, projeções e outros instrumentos de análises de mercado.

Essa base de conhecimento é um ambiente útil para o investidor. É possível conhecer dados sobre o desempenho de fundos, títulos da renda fixa, curva de juros e outros indicadores relevantes antes de realizar as aplicações financeiras.

Educar

A ANBIMA também procura disseminar o conhecimento em eventos, capacitações e certificações. Aliás, a associação é uma das entidades credenciadas pela CVM para formação de profissionais para o mercado financeiro.

Nesse sentido, os investidores comuns são diretamente afetados. O setor de educação capacita as pessoas que prestam serviços no mercado, sendo um selo de qualidade para as competências profissionais.

Um exemplo recorrente é a comercialização de produtos do mercado financeiro, como títulos de capitalização e fundos de investimentos. Esse trabalho é realizado por pessoas que passaram na certificação ANBIMA e no processo de habilitação da CVM.

Importância da Anbima no mercado financeiro

A atuação da Anbima traz diversos benefícios para o mercado financeiro, que demonstram a importância da entidade para o setor.

Aperfeiçoar as práticas do mercado financeiro

As normas da ANBIMA contribuem para a melhorar processos, produtos e serviços das entidades. Além disso, a associação conta com equipes para acompanhar a adoção dos Códigos de Autorregulação e Melhores Práticas com supervisão e orientação junto aos associados.

Manter um ambiente de concorrência leal

A autorregulação funciona como um limitador de práticas abusivas e concorrência desleal entre os membros. Com isso, cria um ambiente de negócios mais confiáveis, com benefícios para os clientes e empresas.

Fortalecer a credibilidade do mercado

A implantação de regras claras e a divulgação de informações ajuda a construir a confiança dos investidores. O mercado se beneficia com mais facilidade para captação de recursos nacionais e estrangeiros.

Melhorar a qualidade das soluções para o investidor

O investidor é diretamente afetado com profissionais capacitados, informações sobre o mercado financeiro, aumento da transparência e segurança. Por isso, o papel da ANBIMA ultrapassa os resultados para os seus associados.

Contribuir para a criação de leis e regulamentações

A representação pela ANBIMA permite que o setor financeiro tenha voz ativa diante das criações de leis e regulamentações. Com isso, a tendência é que as normas sejam mais adequadas à realidade das instituições financeiras.

Quais são as certificações da ANBIMA?

As certificações da ANBIMA são atestados de conclusão e aprovação dos processos de qualificação da entidade. 

Em algumas atividades, é imprescindível apresentar esse documento para obter a habilitação na CVM e atuar no setor financeiro, como gestores de fundos de investimento e assessores de gerentes bancários.

CPA-10 (Certificação Profissional ANBIMA Série 10)

A CPA-10 é destinada aos profissionais responsáveis por comercializar produtos de investimentos em agências e plataformas de instituições financeiras. É uma habilitação que pode ser obtida por praticamente qualquer profissional bancário, que tenha o objetivo de crescer na carreira.

Contudo, seu principal público são os gerentes bancários. Esses profissionais atuam diretamente no atendimento aos clientes e precisam oferecer informações adequadas sobre os produtos, riscos, despesas etc.

A prova de certificação CPA-10 conta com 50 questões de múltipla escolha. Nela, o candidato terá duas horas para alcançar 70% de acertos.

Diversas competências são exigidas na prova, por exemplo:

  • ética;
  • sistema financeiro nacional;
  • renda variável e renda fixa;
  • princípios de investimentos;
  • previdência privada
  • noções de economia e finanças.

CPA-20 (Certificação Profissional ANBIMA Série 20)

A CPA-20 é uma certificação para produtos de investimentos mais complexos, como os destinados ao público de alta renda, private, corporate e investidores institucionais. Também é uma formação com gerentes e profissionais bancários como público-alvo.

Nessa avaliação, o número de questões aumenta para 60 perguntas. Além de exigir os conhecimentos da CPA-10, essa prova aborda temas como gestão de performance e riscos, conformidade legal e mercado futuro.

CFG (Certificação ANBIMA de Fundamentos em Gestão)

A certificação em fundamentos de gestão reconhece o conhecimento técnico para gestão de recursos de terceiros. É importante, por exemplo, para profissionais que desejam atuar nas equipes de gestão de ativos.

A prova conta com 60 questões de múltipla escolha e enfatiza as áreas de finanças, economia e análise técnica de investimentos. Além disso, é um pré-requisito para as certificações obrigatórias: CGA e CGE.

CGA (Certificação de Gestores ANBIMA)

A CGA é a certificação obrigatória para a gestão de recursos de terceiros. Por isso, é voltada para profissionais que estarão na posição de tomada de decisão nos fundos de investimentos e carteiras administradas.

Nas avaliações, o profissional precisa responder a 45 questões. Os temas abordados são a gestão de carteiras de renda fixa e variável, riscos, investimentos no exterior, assim como a legislação aplicável ao setor.

CEA (Certificação ANBIMA de Especialistas em Investimento)

A certificação de especialista em investimentos é a capacitação para recomendar investimentos e assessorar gerentes de instituições financeiras. Essa certificação é bastante desejada por consultores independentes e profissionais da carreira bancária.

Os tópicos são similares às certificações CPA -10 e CPA -20, mas vistas sob a perspectiva das funções de consulta e assessoramento dos bancos. Ao todo, são 70 questões de múltipla escolha.

CGE (Certificação de Gestores ANBIMA para Fundos Estruturados)

A certificação CGE é uma opção específica para fundos com operações estruturadas. Nesse tipo de fundo, o investimento coletivo é voltado em setores da economia real, como projetos imobiliários, agrícolas e de varejo.

Na prova, o profissional precisa demonstrar conhecimentos de cada um dos produtos desse campo. Fundos imobiliários, fundos de índice e seguros são exemplos.

Como obter uma certificação da ANBIMA?

As certificações ANBIMA são obtidas com a inscrição online. Adicionalmente, é necessário que o interessado pague a taxa de inscrição e agende uma avaliação presencial em até seis meses.

Taxas de inscrição na prova da ANBIMA:

  • CPA-10 — R$ 250,00;
  • CPA-20 — R$ 360,00;
  • CFG — R$ 475,00.
  • CGA — R$ 550,00;
  • CEA — R$ 520,00;
  • CGE — R$ 550,00.

Validade do certificado

Os certificados ANBIMA contam com uma validade de 5 anos para profissionais das instituições financeiras associadas. Já os demais precisam realizar a atualização do documento em 3 anos.

A atualização é procedimento similar a certificação. A inscrição e o agendamento são realizados online. Porém, a prova também pode ser realizada em ambiente virtual.

Para que serve a ANBIMA?

Os certificados da ANBIMA são destinados principalmente para quem deseja realizar uma carreira dentro de uma instituição financeira. 

Além dos casos obrigatórios pela CVM, os associados da ANBIMA devem respeitar percentuais de pessoas certificadas ao abrir processos seletivos. Por isso, a aprovação é importante para contratação e promoção no mercado financeiro.

Um cuidado é não confundir a ANBIMA com as certificações de agente autônomo de investimentos. Esse certificado é concedido pela ANCORD (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias).

O papel do agente autônomo é apoiar as pessoas nas decisões de investimentos. É um serviço remunerado pelas corretoras de valores nas taxas que já estão presentes nos produtos financeiros. 

Com isso, sem custos adicionais, o cliente é auxiliado a montar a carteira de investimentos e adotar práticas adequadas ao perfil de investidor.

As certificações ajudam o cliente a identificar soluções confiáveis, oferecidas por pessoas capacitadas, com informações e análises técnicas. Assim, afetam diretamente a vida do investidor, porque dizem respeito às competências dos profissionais que influenciam nas decisões.

Sendo assim, a ANBIMA é uma entidade com grande importância. As regulações da associação influenciam o mercado. Além disso, a entidade é responsável pela capacitação e certificação de diversos profissionais das instituições financeiras.

Agora que você sabe o que é ANBIMA, conheça o Comitê de Política Monetária (COPOM) e entenda o funcionamento do órgão responsável pela estabilidade da moeda!

Resumindo

O que é ANBIMA?

ANBIMA é uma associação privada que reúne instituições do mercado financeiro e de valores. Suas funções dizem respeito a representação, autorregulação, educação e informação nos assuntos de interesse dos membros. Além disso, é uma das principais certificadoras de profissionais credenciadas pela CVM.

Para que serve a ANBIMA?

O certificado da ANBIMA é exigido pelas entidades associadas. Além disso, no caso das habilitações para gestão de fundos (CGA e CGE) e especialista em investimentos (CEA), a aprovação na prova da entidade é pré-requisito para obter a habilitação da CVM e exercer a atividade profissional.