Curva de juros: o que é e qual impacto nos investimentos
A curva de juros desempenha um papel crucial no mundo dos investimentos. Ela fornece insights valiosos sobre as expectativas do mercado em relação às taxas de juros futuras e pode impactar diretamente os ativos de renda fixa e indiretamente os ativos de renda variável. Neste artigo, apresentamos o que é a curva de juros, o […]

A curva de juros desempenha um papel crucial no mundo dos investimentos. Ela fornece insights valiosos sobre as expectativas do mercado em relação às taxas de juros futuras e pode impactar diretamente os ativos de renda fixa e indiretamente os ativos de renda variável.
Neste artigo, apresentamos o que é a curva de juros, o que são juros futuros, tipos de curva de juros, onde acessá-la, como ela impacta seus investimentos e como usá-la como estratégia para escolher os melhores investimentos. Aproveite a leitura!
O que é curva de juros?
A curva de juros é uma representação gráfica que mostra a relação entre as taxas de juros e os prazos de investimento. Ela indica como as taxas de juros variam de acordo com o tempo, fornecendo uma visão das expectativas do mercado em relação às taxas futuras.
Essa curva é uma ferramenta importante na área de investimentos porque é usada como um indicador de risco e da saúde da economia do país.
Para obter a curva de juros, é desenhada uma linha ligando cada ponto que representa as várias projeções das taxas ao longo do tempo — projeções que são feitas segundo expectativas do mercado ou dos agentes econômicos.
Essas projeções podem ser de curto prazo (considerandos meses) ou longo prazo (considerandos anos ou décadas). As taxas ou expectativas de rentabilidade mudam de valor em relação aos diferentes prazos. Quanto maior for a incertezas em relação ao futuro, maior o “prêmio” do investimento no momento do resgate.
Tanto os investimentos do presente quanto os investimentos do futuro são impactados por essa representação gráfica, principalmente as aplicações em renda fixa que possuem prazos mais longos.
Nesse momento você pode estar se perguntando: como são definidas essas taxas? A resposta é que elas são definidas a partir do mercado futuro.
O que são juros futuros?
A taxa de juros é negociada diariamente no mercado futuro da Bolsa de Valores, por meio dos Contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI) — que são contratos com vencimento em uma data pré-estabelecida que podem ser usados como forma de proteção ou de especulação.
Quando são operados contratos futuros de DI (taxa média de juros paga pelos bancos para emprestar dinheiro uns aos outros por um dia útil), o que está sendo negociado são taxas estimadas da taxa básica de juros para diferentes períodos, os valores variam de acordo com as perspectivas dos investidores e do mercado como um todo.
Entendendo o contexto: a cada 45 dias o Copom (Comitê de Política Monetária) define qual vai ser a taxa Selic — taxa básica de juros da economia brasileira — para as próximas seis semanas.
A partir dessa decisão e de uma série de dados como:
- inflação;
- dívida pública;
- política fiscal e monetária;
- balança comercial;
- expectativas e resultados do PIB;
- resultado primário do governo;
- nível geral de emprego e câmbio;
Assim, o mercado faz uma projeção de como poderá estar a taxa em determinado período e precifica os contratos futuros negociados na Bolsa de Valores.
Quais são os tipos de curva de juros?
Existem diferentes tipos de curvas de juros que refletem as condições econômicas e as expectativas do mercado. Aqui estão os tipos mais comuns:
- Curva de juros normal: Nesse cenário, os juros de longo prazo são mais elevados do que os juros de curto prazo. Essa configuração indica que os investidores estão otimistas em relação ao crescimento econômico futuro.
- Curva de juros fortemente inclinada: Também conhecida como curva de juros íngreme, essa curva é caracterizada por uma grande diferença entre os juros de curto e longo prazo. Essa situação pode sugerir expectativas de inflação ou um aumento nas taxas de juros no futuro.
- Curva de juros flat: Nesse caso, não há uma diferença significativa entre os juros de curto e longo prazo. Essa curva pode refletir incertezas ou expectativas de estagnação econômica.
- Curva de juros plana: é quando os juros de curto e longo prazo são praticamente iguais. Isso pode indicar uma economia estável e sem grandes mudanças esperadas.
- Curva de juros invertida: é quando os juros de curto prazo são mais altos do que os juros de longo prazo. Isso pode ser um sinal de expectativas de desaceleração econômica ou recessão no futuro.
É importante observar que essas curvas de juros podem variar dependendo do contexto econômico e das políticas monetárias.
Como funciona a curva de juros?
A curva de juros serve para definir a taxa de todos os investimentos de renda fixa. Os títulos do governo, por exemplo, possuem taxas de rentabilidade de acordo com as taxas de juros futuras previstas pelo mercado.
A manutenção dos juros é a forma que os Bancos Centrais encontraram para tentar controlar a inflação. Quando a inflação está elevada e sem perspectivas de queda, os juros básicos sobem — com a intenção de estimular a poupança e as aplicações financeiras, fazendo com que a economia desaqueça, evitando a pressão pelo aumento dos preços.
Da mesma forma, se a economia estiver parada e com baixa inflação, os juros são reduzidos para injetar mais dinheiro no mercado, oferecendo um crédito mais barato.
É importante ressaltar que o governo não pode escolher de forma arbitrária os juros dos títulos que vende porque o mercado não aceita, a precificação sempre deve ser baseada na taxa de juros do mercado futuro, de acordo com as expectativas de cada ano.
O Banco Central do Brasil define apenas a taxa Selic, ele não consegue controlar a estrutura completa da curva de juros.
Por isso, quando ocorre uma crise e o mercado futuro sobe muito as taxas, é ruim para o governo porque na hora de captar recursos no mercado ele só vai conseguir se financiar com taxas altíssimas.
Quando falamos de empresas privadas, que podem ser mais instáveis do que o governo em questão de saúde financeira, os papéis emitidos podem ter uma rentabilidade maior, visto que o spread (diferença entre o preço de compra e o de venda de um ativo financeiro) é somado a taxa de juros futura.
Mas isso não é uma norma, por muitas vezes os títulos públicos podem ser mais rentáveis que títulos privados. Sempre analise as duas possibilidades antes de aplicar.
Onde ver/acessar a curva de juros
A curva de juros pode ser consultada em diversas fontes, incluindo:
- Banco Central do Brasil (BCB)
- Bolsa de Valores
- Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec)
- Bancos comerciais
- Corretoras de valores
O Banco Central do Brasil é a principal fonte de informações sobre a curva de juros, pois realiza mensalmente a publicação da tabela com as taxas de juros de títulos públicos brasileiros em relação a diversos vencimentos.
A Bolsa de Valores (B3) também publica diariamente as taxas de juros de títulos públicos negociados no mercado de balcão. Já o Ibmec publica mensalmente um relatório com as expectativas do mercado, enquanto os bancos comerciais e as corretoras divulgam em seus sites e aplicativos com assiduidades distintas.
O que impacta a curva de juros?
Política Monetária
Essa é uma das principais influências na curva de juros. Quando o Banco Central de um país aumenta as taxas de juros, geralmente resulta em uma curva de juros mais elevada.
Isso ocorre porque taxas altas tornam os títulos do governo mais atraentes para os investidores, aumentando a demanda por esses títulos e levando a um aumento nos preços e uma queda nos rendimentos.
Por outro lado, quando o Banco Central reduz as taxas de juros, isso leva a uma curva de juros mais baixa.
Inflação
Caso a inflação esteja alta, os investidores exigem taxas de juros mais altas para compensar a desvalorização do dinheiro ao longo do tempo. Isso resulta em uma curva de juros mais elevada.
Em contrapartida, quando a inflação está baixa, os investidores estão dispostos a aceitar taxas de juros mais baixas, o que leva a uma curva de juros mais baixa.
Câmbio
Caso a moeda de um país se desvalorize em relação a outras moedas, a taxa de juros tende a subir.
Isso ocorre porque uma moeda mais fraca pode levar a um aumento da inflação, o que, por sua vez, leva a uma maior demanda por taxas de juros mais altas. Em compensação, uma moeda forte pode resultar em taxas de juros mais baixas.
Desemprego
Quando o desemprego está alto, os investidores tendem a ser mais cautelosos e preferem investimentos mais seguros, como títulos do governo.
Isso aumenta a demanda por esses ativos e, consequentemente, reduz as taxas de juros. Em um contexto inverso, quando o desemprego está baixo, os investidores tendem a assumir mais riscos, o que pode resultar em taxas de juros mais altas.
Resultados do PIB
Conforme o Produto Interno Bruto (PIB) cresce rapidamente, os investidores podem esperar um aumento na demanda por empréstimos e, consequentemente, uma curva de juros mais alta.
Por outro lado, quando o PIB está desacelerando, os investidores podem esperar uma curva de juros mais baixa.
Balança comercial
Quando um país tem um superávit comercial, geralmente resulta em uma curva de juros mais baixa, pois indica uma economia forte e estável.
Mas quando ocorre um déficit comercial pode levar a uma curva de juros mais alta, pois indica uma economia mais fraca e menos atrativa para os investidores.
Dívida pública
Já na dívida pública alta, os investidores podem exigir taxas de juros mais altas para compensar o risco de inadimplência. Por outro lado, quando a dívida pública é baixa, os investidores podem estar dispostos a aceitar taxas de juros mais baixas.
Em resumo, a curva de juros é influenciada por uma série de fatores. É importante entender como esses fatores interagem entre si e como eles afetam a curva de juros para tomar decisões de investimento informadas e desenvolver estratégias adequadas.
Acompanhar as notícias econômicas e as políticas governamentais pode ajudar os investidores a antecipar as mudanças na curva de juros e ajustar suas estratégias de acordo.
Como a curva de juros influencia os investimentos?
A curva de juros exerce influência tanto direta quanto indireta sobre todos os tipos de investimentos. Em relação aos investimentos de renda fixa, a curva de juros afeta diretamente os investimentos realizados no presente.
Além disso, também influencia os títulos antigos, especialmente os de prazo mais longo. Isso ocorre porque o mercado traz a valor presente a expectativa de rentabilidade desses títulos prefixados, contratados a juros mais altos no passado, e eles passam a ter um valor maior em momentos de juros mais baixos. Quanto maior for o prazo de investimento, maior será o valor incorporado.
É importante ressaltar que as mudanças nos preços de mercado só afetarão o investidor caso ele venda o título antes do vencimento. Caso contrário, ele receberá a taxa de juros acordada no momento da compra.
A curva de juros também tem impacto sobre os investimentos de renda variável. Quanto maiores forem as perspectivas de taxas futuras, menor será a atratividade dos investimentos nesse tipo de aplicação.
Isso ocorre porque os investidores tendem a preferir investimentos mais seguros e estáveis, como títulos de renda fixa, que oferecem uma boa rentabilidade com uma taxa de juros garantida.
Por outro lado, os investimentos em renda variável, como ações, possuem um maior risco e estão sujeitos a oscilações de preços. Portanto, se as perspectivas de taxas futuras forem altas, os investidores podem optar por investimentos de renda fixa em vez de investir em renda variável.
É fundamental que os investidores avaliem e ponderem as possibilidades do mercado, levando em consideração as expectativas futuras. Essas expectativas podem variar significativamente e impactar as decisões de investimento.
Compreender a curva de juros e interpretar suas movimentações é essencial para tomar decisões informadas e adequadas ao cenário econômico e às perspectivas do mercado.
Caso você tenha dúvidas de como tomar as melhores decisões de investimentos, há empresas de consultoria especializadas nisso, como a InvestSmart — maior escritório da XP em número de assessores.
Como usar a curva de juros para investir?
A curva de juros pode ser uma ferramenta importante para os investidores, pois as interpretações da curva fornecem informações sobre as expectativas do mercado em relação às taxas de juros futuras, o que auxilia na tomada de decisões em relação aos ativos que melhor se enquadram na carteira.
Veja alguns exemplos de como usar a curva de juros para investir:
- Se a curva de juros está ascendente, significa que os investidores esperam que os juros aumentem no futuro. Isso pode ser um sinal de que a economia está se expandindo e que os investimentos de maior risco podem ser mais lucrativos;
- Se a curva de juros está descendente, significa que os investidores esperam que as taxas diminuam no futuro. Isso pode ser um sinal de que a economia está desacelerando e que os investimentos de menor risco podem ser mais lucrativos;
- Se a curva de juros está plana, significa que os investidores não têm certeza de como as taxas de juros irão se comportar no futuro. Isso pode ser um sinal de que a economia está estagnada e que os investimentos de risco podem ser mais voláteis.
No entanto, é importante ressaltar: não existe uma fórmula mágica que assegure retorno positivo no mercado financeiro.
Portanto, ao tomar decisões de investimentos baseadas na curva de juros, leve em consideração que não há garantia de rentabilidade e que você pode tanto ganhar quanto perder dinheiro.
Sempre analise bem as opções e todas as variáveis e só aplique o montante que não fará falta.
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Resumindo
O que é a curva de juros?
A curva de juros é uma representação gráfica que mostra a relação entre os prazos de vencimento e as taxas de juros. Ela é influenciada por diversos fatores econômicos, como política monetária, inflação, câmbio e desemprego, e tem um impacto significativo nos investimentos.
Como entender a curva de juros futura?
Entender a curva de juros futura envolve analisar as taxas de juros de diferentes prazos ao longo do tempo, representadas graficamente. A curva de juros futura pode ser influenciada por fatores econômicos, políticos e eventos globais, e sua compreensão é fundamental para investidores e instituições financeiras.