IPCA-15 de julho sobe e supera expectativas do mercado
O IPCA-15 registrou alta de 0,33% em julho, acima das expectativas do mercado. Com isso, a prévia da inflação acumula 5,30% em 12 meses.

O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial no Brasil, registrou alta de 0,33% em julho, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (25). O índice representa uma aceleração em relação ao mês anterior, quando a taxa foi de 0,26%. No acumulado de 12 meses, a inflação medida pelo IPCA-15 chegou a 5,30%, superando a projeção do mercado financeiro, que previa avanço de 5,28%.
Com esse desempenho, o índice também acumula alta de 3,40% em 2025, até julho. Os resultados reforçam o alerta sobre pontos de pressão nos preços ao consumidor, especialmente em setores como energia elétrica e transportes, que influenciaram fortemente o comportamento do índice neste mês.
Inflação acelera em julho: o que puxou o IPCA-15 para cima?
O avanço do IPCA-15 em julho foi impulsionado principalmente pelos aumentos nos grupos Habitação e Transportes, que concentraram os maiores impactos positivos no índice geral.
No grupo Habitação, a alta foi de 0,98%, sendo o maior responsável pela inflação do mês. O destaque ficou para a energia elétrica residencial, que subiu 3,01%, resultado da continuidade da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que adiciona uma cobrança extra de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. Capitais como São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte tiveram reajustes significativos nas contas de luz, o que aumentou ainda mais o peso desse item no cálculo do índice.
Já no grupo Transportes, a alta de 0,67% foi puxada por passagens aéreas, com variação de +19,86%, e aplicativos de transporte, que subiram 14,55%. Apesar da pressão desses itens, os combustíveis ajudaram a suavizar o impacto, com queda de 0,57%. A gasolina, por exemplo, recuou 0,50%, enquanto o etanol caiu 0,83%.
Grupos com menor peso contribuíram para estabilidade
Além dos grupos de maior impacto, outros setores apresentaram comportamento mais moderado ou até queda nos preços. O grupo Alimentação e bebidas recuou 0,06%, influenciado por uma queda de 0,40% na alimentação no domicílio. Produtos como batata, cebola e arroz registraram retração, enquanto o tomate foi o destaque de alta, com avanço de 6,39%.
Em contrapartida, a alimentação fora de casa subiu 0,84%, pressionada por lanches (+1,46%) e refeições (+0,65%).
No grupo Despesas pessoais, a variação positiva foi de 0,25%, com destaque para os jogos de azar, que subiram 3,34%. Já Saúde e cuidados pessoais avançou 0,21%, impactado pelos reajustes nos planos de saúde. Segundo a ANS, os reajustes autorizados variam entre 6,06% e 7,16%, dependendo do tipo de contrato.
Outros setores com desempenho negativo foram Artigos de residência (-0,02%) e Vestuário (-0,10%), que contribuíram para atenuar o resultado final do índice.
IPCA-15 acima do esperado reacende alerta para inflação
A leitura do IPCA-15 de julho veio acima das projeções do mercado, que esperavam uma alta de 0,31% no mês. O resultado reforça os sinais de que a inflação segue resistente, especialmente em componentes administrados e serviços.
O desempenho acima do esperado levanta questionamentos sobre o ritmo de cortes na taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central. Com o índice em alta, a tendência é que o Comitê de Política Monetária (Copom) adote uma postura mais cautelosa nas próximas reuniões, aguardando sinais mais claros de desaceleração.