Investir em criptomoedas virou realidade para muita gente no Brasil. Com o crescimento dessa modalidade de investimento, muitas dúvidas surgem na hora de prestar contas para a Receita Federal. Afinal, como declarar esses ativos no Imposto de Renda 2025? O que a Receita espera que o contribuinte informe? Existe algum limite para declarar? E como calcular imposto sobre lucro?

A seguir, o Melhor Investimento explica tudo o que você precisa saber para fazer a declaração de criptomoedas de forma correta e segura, com informações atualizadas para 2025. Se você quer evitar problemas com o Leão e organizar suas finanças digitais, continue lendo.

O que a Receita Federal diz sobre criptomoedas?

Desde 2019 a Receita Federal passou a acompanhar de perto as movimentações com criptoativos no Brasil. Isso porque o mercado de moedas digitais cresce rapidamente e movimenta bilhões de reais por ano. A Receita entende que é preciso fiscalizar essas operações para evitar fraudes, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

O órgão exige que todas as pessoas físicas e jurídicas informem a posse e as operações realizadas com criptomoedas, independentemente de onde estejam armazenadas, seja em exchanges brasileiras, internacionais, wallets próprias ou mesmo negociadas diretamente entre pessoas físicas.

Essa obrigatoriedade vale para compra, venda, permuta e até para doações de criptoativos. Portanto, se você teve qualquer movimentação envolvendo moedas digitais em 2024, precisa informar isso no seu Imposto de Renda de 2025.

Quais ativos digitais devem ser declarados?

A Receita Federal não limita o que considera criptomoedas. Isso significa que você deve declarar não só o Bitcoin e o Ethereum, que são as moedas mais populares, mas também stablecoins como USDT, USDC, BRZ, altcoins como Cardano, Solana, Ripple, tokens DeFi e até NFTs, que são ativos digitais colecionáveis.

Mesmo que você tenha poucos centavos em algum desses ativos, se o valor total ultrapassar os limites de declaração, deve informar no IR.

Quais são as obrigações do contribuinte?

O contribuinte precisa informar no IR duas coisas principais: os saldos que possui em criptomoedas no último dia do ano e as operações de compra, venda ou troca realizadas ao longo do ano-calendário. Além disso, caso tenha obtido lucro nas vendas, deve calcular e pagar o imposto sobre ganho de capital, quando for o caso.

A falta de declaração ou a prestação de informações incorretas pode gerar multas, penalidades e levar a processos de fiscalização mais rigorosos.

Quem precisa declarar criptomoedas no IR 2025?

A obrigatoriedade de declarar criptomoedas no Imposto de Renda está vinculada a alguns critérios estabelecidos pela Receita Federal. Nem todo mundo que tem ou mexe com cripto precisa necessariamente declarar, mas muitos estão obrigados.

Limite de valores e isenções

A regra básica é que você precisa declarar se, no último dia do ano, o total dos seus ativos digitais em um mesmo tipo ultrapassar R$ 5.000,00. Por exemplo, se você tinha R$ 4.000,00 em Bitcoin e R$ 2.000,00 em Ethereum, precisa declarar ambos, pois individualmente ambos estão abaixo de R$ 5 mil, mas a Receita exige que o limite seja observado por ativo.

Outra situação importante diz respeito às vendas. Se você vendeu criptomoedas em um único mês por um valor superior a R$ 35.000,00, deve informar essas operações. Mesmo que o lucro tenha sido zero ou negativo, a declaração das operações é obrigatória.

Investidores eventuais x investidores frequentes

É importante diferenciar quem faz operações eventuais, ou seja, compra e vende criptomoedas poucas vezes, de investidores frequentes que fazem várias transações por mês.

Para os investidores eventuais, a Receita entende que pode haver isenção em certas situações, como vendas mensais inferiores a R$ 35.000,00, desde que não haja lucro tributável.

Já para investidores frequentes ou traders profissionais, todas as operações devem ser declaradas detalhadamente, independente do valor. Isso porque essas pessoas atuam como verdadeiros negócios e a Receita entende que o acompanhamento precisa ser mais rigoroso.

Veja também: Stellar criptomoeda vale a pena em 2025? Entenda o que é XLM, como funciona e previsão

Como declarar criptomoedas no Imposto de Renda 2025?

Declarar criptomoedas no IR pode parecer complicado para quem está começando, mas o processo é relativamente simples quando se entende quais campos preencher e qual a documentação necessária.

Passo a passo no programa da Receita

  1. Primeiro, abra o programa do Imposto de Renda, disponível para download no site da Receita Federal ou pelo aplicativo “Meu Imposto de Renda”.
  2. Depois, vá até a ficha chamada Bens e Direitos. É aqui que você deve informar todos os ativos que possui, incluindo suas criptomoedas.
  3. Clique em “Novo” para adicionar um ativo. O grupo para criptoativos é o grupo 08, intitulado exatamente “Criptoativos”.
  4. Agora escolha o código que melhor representa o seu ativo digital. O programa oferece códigos separados para Bitcoin, Ethereum e outros.

Códigos corretos para cada tipo de criptoativo

  • Código 01: Bitcoin (BTC)
  • Código 02: Ethereum (ETH)
  • Código 03: Tokens baseados em Ethereum (exemplo: ERC-20)
  • Código 99: Outros criptoativos e tokens que não se enquadram nas opções anteriores, incluindo altcoins, stablecoins, NFTs, etc.

Se você tem diferentes tipos de ativos, deve declará-los separadamente, usando o código correspondente para cada um.

Exemplo de preenchimento

Na discriminação, escreva detalhes que ajudem a Receita a identificar o ativo. Informe a quantidade, a data e valor de aquisição, a corretora ou wallet onde ele está armazenado e outros detalhes que achar relevantes.

Por exemplo:

“Compra de 2 Ethereum em 10/04/2024, pelo valor total de R$ 25.000,00, realizada na corretora XYZ (CNPJ 00.000.000/0001-00).”

Nos campos “Situação em 31/12/2023” e “Situação em 31/12/2024”, informe os valores que você tinha nessas datas, considerando o custo de aquisição. Caso tenha comprado o ativo em 2024, o campo para o ano anterior deve ser preenchido com zero.

Lembre-se: você deve informar o valor pago pela criptomoeda, não o preço atual de mercado.

Leia também: As 5 melhores corretoras de criptomoedas do Brasil

Criptomoedas são tributadas? Quando há imposto a pagar?

Uma dúvida muito comum entre investidores é se a venda de criptomoedas gera imposto a pagar. A resposta é sim, mas com algumas regras importantes.

Regras de isenção para vendas mensais até R$ 35 mil

Se você vendeu criptomoedas por um valor total de até R$ 35.000,00 em um mês e teve lucro nessas vendas, está isento de pagar imposto sobre o ganho de capital.

Por exemplo, se vendeu R$ 30.000,00 em Bitcoin em abril e teve lucro, não precisa recolher imposto sobre esse ganho.

Mas atenção: essa isenção vale apenas para operações feitas em corretoras brasileiras. Caso a venda tenha sido realizada em corretora estrangeira, mesmo que abaixo dos R$ 35 mil, o lucro deve ser tributado.

Como funciona o ganho de capital em cripto

Ganho de capital é o lucro que você obtém ao vender um ativo por um valor maior do que pagou por ele. Para calcular o ganho de capital em criptomoedas, você deve considerar o custo médio de aquisição.

Suponha que você tenha comprado 1 Bitcoin em janeiro por R$ 100.000,00 e vendido em agosto por R$ 130.000,00. Seu ganho de capital foi de R$ 30.000,00 e deverá ser tributado.

Alíquotas aplicáveis

O imposto de renda sobre ganhos de capital em criptomoedas segue uma tabela progressiva de alíquotas que varia conforme o lucro obtido:

  • Até R$ 5 milhões: 15%
  • De R$ 5 milhões até R$ 10 milhões: 17,5%
  • De R$ 10 milhões até R$ 30 milhões: 20%
  • Acima de R$ 30 milhões: 22,5%

É importante lembrar que o imposto deve ser pago mensalmente até o último dia útil do mês seguinte ao da venda.

Imposto de Renda 2025: como declarar criptomoedas como o Bitcoin

Quais documentos guardar para comprovação?

Guardar documentos é essencial para comprovar à Receita Federal que suas informações estão corretas.

Notas fiscais ou comprovantes de exchanges

Sempre que comprar ou vender criptomoedas, guarde os comprovantes emitidos pela corretora. Esses documentos detalham a quantidade de ativos negociados, valores, data e local da transação.

Registros de transações P2P (peer-to-peer)

Muitas pessoas negociam criptomoedas diretamente com outras, fora das corretoras. Nessas situações, é recomendável guardar prints de conversas, comprovantes de pagamento e qualquer documento que comprove a transação. Isso ajuda a justificar a origem e o valor declarado.

Criptomoedas em exchanges internacionais: como declarar?

Se você opera com corretoras internacionais, saiba que a Receita não faz distinção no que diz respeito à obrigatoriedade da declaração.

Diferença entre corretoras nacionais e estrangeiras

As corretoras brasileiras são obrigadas a informar à Receita Federal as operações feitas pelos seus clientes, enquanto as internacionais não têm essa obrigação. Por isso, a responsabilidade de declarar corretamente fica toda com o investidor.

Obrigatoriedade da declaração mesmo sem envio ao Brasil

Mesmo que você nunca tenha transferido as criptomoedas para uma carteira brasileira, se tem ativos em exchanges internacionais, precisa declarar e, se houver lucro, pagar o imposto correspondente.

Como calcular o lucro sobre criptomoedas?

Calcular o lucro corretamente evita erros na declaração e problemas futuros.

Custo médio de aquisição

O custo médio de aquisição é a média ponderada dos valores que você pagou para comprar as unidades do ativo ao longo do tempo. Essa média é usada para calcular o lucro na venda, independentemente de quantas vezes você comprou.

Conversão para reais na data da operação

Como as criptomoedas são negociadas em dólar ou outras moedas, é fundamental converter o valor para reais usando a cotação oficial do dólar (PTAX) na data da operação.

Ferramentas e planilhas úteis

Para facilitar esse trabalho, há ferramentas gratuitas e pagas que ajudam a organizar e calcular seus ganhos, como planilhas disponíveis na internet, softwares de controle financeiro e aplicativos de declaração específicos para criptoativos.

Veja também: As melhores 10 criptomoedas de inteligência artificial para investir em 2025

Preciso pagar DARF sobre criptomoedas? Quando e como emitir?

Se você teve lucro acima dos limites de isenção, precisa pagar imposto e isso é feito através do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF).

Quando é obrigatório emitir DARF

O DARF deve ser emitido sempre que houver lucro na venda de criptomoedas que ultrapasse o limite mensal de R$ 35.000,00 em vendas em corretoras nacionais ou qualquer lucro em corretoras internacionais.

O pagamento deve ser feito até o último dia útil do mês seguinte à venda.

Como preencher e pagar o Documento de Arrecadação

Para emitir o DARF, você pode usar o programa GCAP, disponível no site da Receita. Preencha os dados com o código do imposto 4600, informe o valor do imposto devido e gere a guia para pagamento.

O pagamento pode ser feito em bancos, casas lotéricas ou pelo internet banking.

O que acontece se não declarar criptomoedas no IR?

Deixar de declarar criptomoedas ou prestar informações incorretas pode trazer consequências sérias.

Penalidades e multas

A Receita Federal pode aplicar multas que variam entre 1% e 20% do valor do imposto devido, dependendo da gravidade e do tempo de atraso. Além disso, o contribuinte fica sujeito a juros e correção monetária sobre o valor não pago.

Risco de cair na malha fina

A malha fina é o nome dado ao processo de fiscalização onde a Receita identifica inconsistências nas declarações.

Quem não declara criptomoedas pode ser chamado para prestar esclarecimentos, ter a declaração retida e ainda ser obrigado a pagar multas elevadas.

Declarar criptomoedas no Imposto de Renda 2025 não é tão complicado quanto parece. Com atenção aos prazos, documentação e valores, é possível fazer tudo de forma correta e evitar problemas com a Receita.

Se você tem dúvidas mais específicas ou uma carteira grande, vale a pena consultar um contador especializado em criptoativos. Assim, você garante que tudo estará em ordem.

O importante é começar a organizar as informações e declarar tudo o que a Receita pede para ficar tranquilo e aproveitar seus investimentos digitais com segurança.

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Carolina Gandra

Jornalista do portal Melhor Investimento, especializada em criptomoedas, ações, tecnologia, mercado internacional e tendências financeiras. Transforma temas complexos como blockchain, inteligência artificial e estratégias de mercado em conteúdos acessíveis e envolventes. Com análises atuais e visão estratégica, ajuda leitores a decifrar o futuro dos investimentos e identificar oportunidades no mercado financeiro.