Entenda a remuneração fee based (taxa fixa) dos gestores de investimentos
Você já ouviu falar em fee based (taxa fixa)? A modalidade emergente de remuneração dos profissionais do investimento, é frequentemente associada à transparência e alinhamento de interesses entre investidores e gestores. Em geral, o Fee Based é colocado como o contraponto de outro termo muito utilizado no mercado financeiro, o Commission Based (comissão). Historicamente, o […]

Você já ouviu falar em fee based (taxa fixa)? A modalidade emergente de remuneração dos profissionais do investimento, é frequentemente associada à transparência e alinhamento de interesses entre investidores e gestores.
Em geral, o Fee Based é colocado como o contraponto de outro termo muito utilizado no mercado financeiro, o Commission Based (comissão). Historicamente, o modelo que remunera o aconselhamento por meio de comissões predomina no mercado brasileiro, todavia, já se observa um movimento no qual a cobrança fixa torna-se a escolha preferida entre os investidores.
Antes de tomar qualquer decisão, é de suma importância entender, entre outros pontos, como essa alternativa funciona e como ela se alinha junto a fatores individuais e de mercado. Somente assim será possível avaliar a opção mais vantajosa.
O que é fee based?
Fee-based é um termo comum no mercado americano que, traduzindo “ao pé da letra”, significa “baseado em uma taxa”. Ele indica que, ao adquirir um ativo, o investidor paga uma remuneração única ao gestor, aplicada como uma taxa fixa sobre o título.
Em síntese, o termo é utilizado para se referir a um modelo de cobrança no qual o profissional ou empresa do mercado de investimentos cobra uma taxa fixa, ou percentual por seus serviços, em vez de receber comissões sobre produtos ou investimentos recomendados.
Caso ainda haja dúvidas, ao falar de Fee Based, estamos falando de uma cobrança do campo de serviços financeiros, a exemplo de consultorias ou assessorias de investimentos. Nesse modelo, o cliente paga diretamente pelo aconselhamento e gestão, de modo que a remuneração do profissional provém taxa fixa anual sobre o patrimônio.
Estruturação das taxas fixas no Modelo fee based
- Percentual do patrimônio: a taxa fixa geralmente é calculada em base anual como um percentual do patrimônio total do cliente. Por exemplo, pode variar de 0,5% a 1% ao ano, dependendo do acordo entre o cliente e o consultor.
- Pagamentos regulares: a taxa pode ser cobrada em intervalos regulares, como mensal, trimestral ou semestral. Isso proporciona previsibilidade e facilita o planejamento financeiro do cliente.
Exemplo de cálculo e cobrança da taxa fixa
Como previamente dito, a taxa fixa é calculada, geralmente, sobre o patrimônio do cliente. Para ilustrar essa dinâmica de forma geral, imagine que um determinado investidor tem um portfólio de investimentos no valor de R$ 100 mil e o consultor cobra uma taxa fee-based de 0,3% ao semestre. O cálculo seria:
Valor do portfólio (patrimônio): R$ 100.000;
Taxa fee based: 0,3% ao semestre;
Valor pago = Valor do portfólio × Taxa fee based;
R$ 100.000 × 0,003 = R$ 300
Portanto, esse investidor pagaria uma taxa fixa de R$ 300 por semestre pelo serviço financeiro. Lembrando que o fee based é um modelo de remuneração em que o gestor de investimentos recebe um percentual fixo sobre o valor total investido, independentemente do desempenho da carteira.
Assim o valor da taxa não se altera, nesse intervalo semestral, mesmo com a valorização do portfólio. Ou seja, se o investimento render mais R$ 50.000 nesse período, por exemplo, a taxa continuaria sendo de R$ 300 e não seria ajustada para R$ 450.
Benefícios e desvantagens da Taxa Fixa
Entre as vantagens frequentemente associadas ao modelo de taxa fixa, destacam-se os seguintes aspectos:
- Mais transparência: com custos claros e definidos, sem comissões ocultas, a informação é mais transparente, permitindo que o investidor avalie com precisão se o valor pago está alinhado com os serviços recebidos.
- Redução do conflito de Interesses: o consultor trabalha no melhor interesse do cliente, afinal seus ganhos estão atrelados aos rendimentos do investidor
- previsibilidade dos custos: o investidor sabe exatamente quanto pagará em taxas todos os meses ou semestres, o que permite que ele possa planejar seu orçamento de forma mais eficiente.
Embora o modelo fee based apresente vantagens significativas, é importante considerar algumas possíveis desvantagens, como a cobrança de taxas sobre ativos que já possuem custos embutidos, como os títulos do Tesouro Direto.
Além disso, a mudança para esse modelo pode resultar em uma cobrança duplicada de taxas em alguns casos, especialmente em relação a ativos de renda fixa. Outro aspecto a ser considerado, diz respeito a pressão por aumento da base de ativos sob gestão pode levar a um desalinhamento entre os interesses do consultor e as necessidades específicas do cliente.
Exemplos de serviços de gestão que utilizam o Modelo Fee Based
No cenário dos investimentos no Brasil, o modelo fee based ainda tem uma presença discreta em comparação ao comission based. No entanto, já é possível encontrar serviços que operam nessa modalidade.
Consultoria de investimento
Consultores de valores mobiliários independentes frequentemente utilizam o modelo fee based para oferecer aconselhamento sobre planejamento financeiro, investimentos, aposentadoria e gestão de patrimônio.
Gestão de fundos e carteiras particulares
Gestores de fundos de investimento e gestores de carteiras particulares podem cobrar uma taxa baseada no valor dos ativos sob gestão, garantindo que seus interesses estejam alinhados com os dos clientes.
Assessoria de investimento
Assessores de investimento ajudam clientes a desenvolver estratégias de investimento personalizadas e alinhadas aos seus respectivos perfis e objetivos financeiros. Embora a grande maioria desses profissionais seja remunerada via comissão, é possível encontrar opções que dispõem do modelo de taxa fixa, a depender do assessor, da instituição intermediária, das necessidades do investidor e outras variáveis.
- Leia também: As diferenças entre bancos, corretoras e assessorias
Comission based: o contraponto da taxa fixa
Ao contrário do modelo fee-based, o comission Based é um modelo de remuneração que se baseia em rebates recebidos pelos intermediários na distribuição de produtos financeiros. Em essência, cada produto de investimento inclui uma comissão destinada ao banco ou corretora.
Em média, os intermediários ficam 50% do valor líquido gerado por essas vendas. Nessa dinâmica, baseada em comissões e predominante no setor de investimentos, a recompensa do assessor vem a cada produto financeiro recomendado por ele, no portfólio do cliente.
Comparação entre Taxa Fixa e Comissão: critérios de escolha das opções
A decisão entre um modelo com cobrança fixa ou um baseado em comissões é complexa e não admite uma resposta única. Para tal é demandada uma análise fundamentada, na qual vários elementos entram em jogo, como a natureza dos investimentos, o prazo dos ativos e o valor aplicado.
Nesta perspectiva, o processo de avaliação deve, inclusive, se estender para além dos aspectos comerciais, havendo que considerar, aliás, o profissional propriamente dito e do modelo mais aderente para cada investidor.
A análise deve ser abrangente, considerando não apenas os aspectos comerciais, mas também o profissional que prestará o serviço e a compatibilidade do modelo de investimento com o perfil de cada investidor.
O fator transparência da taxa fixa
Como já mencionado, o ambiente de maior confiança criado pela taxa fixa é um diferencial desse modelo, pois oferece uma estrutura de custos mais transparente, permitindo que o cliente saiba exatamente pelo que está pagando nos serviços de aconselhamento.
Em geral, muitos destacam a transparência como uma vantagem do modelo fee base, enquanto uma clara contraposição commission based. Isso ocorre sob o argumento de que, ao contrário do comissionado, a taxa fixa elimina a possibilidade de surpresas, como comissões ocultas ou incentivos para a recomendação de produtos específicos.
Questão do alinhamento de Interesses entre gestor e investidor
Outro ponto amplamente colocado a favor do fee base, é o alinhamento de interesses entre as partes no processo. Como a remuneração do consultor está vinculada ao desempenho dos investimentos, há um incentivo direto para maximizar os retornos dos clientes.
No modelo comissionado, esse é um ponto mais delicado, uma vez que, para muitos, apresenta um maior risco de conflito de interesses. Tal concepção surge da possibilidade do assessor priorizar a venda de produtos que gerem maiores comissões, em vez de buscar as melhores opções para o cliente.
Nesse contexto, a recomendação de um ativo em vez de outro por um consultor financeiro pode gerar desconfiança no investidor. Como contraponto, o Superintendente da ABAI (Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos) reconhece que essa preocupação é válida, mas destaca que outros fatores também devem ser levados em conta.
Embora Amarante considere que isso possa ocorrer, o especialista aponta que o conflito de interesses profissionais não é exclusivo do modelo comissionado.
Em exemplo, ele explica que um cliente conservador pode estar pagando uma taxa 1% por uma carteira simples, enquanto um cliente mais arrojado pode ter uma carteira complexa, pagando os mesmos 1%, como uma estratégia que não justifica a taxa cobrada.
“Mesmo que em alguns casos tenham razão, não é correto generalizar, nem para um lado e nem para o outro. O cliente é o único ativo que um assessor ou um consultor possui e, portanto, não ser sincero com ele é colocar em risco a sua longevidade na profissão”, argumentou o Amarante em publicação no Infomoney.
Tendências e futuro da remuneração Fee Based
Conforme vem sendo noticiado nos veículos de comunicação, a taxa fixa de gestão de patrimônio tem ganhado cada vez mais adeptos, impulsionada pela nova regra de transparência estabelecida pela Resolução 179 da CVM.
É previsto pela resolução que a partir de novembro, os investidores terão uma visão completa dos custos envolvidos com comissões cobradas diretamente, incluindo taxas de administração, performance, spread, corretagem e taxas de câmbio. Especialistas indicam que essa maior clareza nas informações tende a fortalecer a confiança dos investidores e a impulsionar a adoção de modelos de gestão mais transparentes.
O mercado financeiro vive um momento de incertezas quanto à implementação da nova regra de transparência, e levanta expectativas sobre um possível novo adiamento. Neste escopo, há especulações de que a entrada em vigor possa coincidir com a nova regulamentação sobre transparência na remuneração de fundos, prevista para junho de 2025.
De todo modo, é notável que o setor já demonstra uma busca constante por um novo equilíbrio, no que tange a conciliação entre o modelo tradicional, ainda predominante, com o modelo fiduciário, que vem ganhando cada vez mais espaço.
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