Se você está em busca de investimentos que ofereçam uma rentabilidade maior do que a poupança e os títulos públicos, os títulos privados de renda fixa podem ser uma boa opção.

Esses papéis se destinam a investidores com perfil conservador ou moderado. A emissão se dá por empresas ou bancos, ao contrário dos títulos públicos, que são expedidos pelo governo.

Inclusive, o momento está favorável para investir em títulos privados referenciados pelo IPCA, segundo a Folha. É possível encontrar ativos de menor risco, como Certificados de Depósito Bancário (CDBs), que possuem garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Por outro lado, há outros de maior risco, como debêntures, que não possuem essa garantia, mas podem ser mais rentáveis. Para saber mais, acompanhe a leitura!

O que são títulos privados?

Os títulos privados de renda fixa são investimentos oferecidos por empresas, securitizadoras, instituições financeiras e bancos, que buscam captar recursos junto aos investidores para financiar diferentes atividades. Esses ativos se apresentam como alternativas aos títulos públicos, como os do Tesouro, e oferecem diferentes oportunidades.

Eles podem ter prazos de vencimento variados, desde alguns meses até anos. Alguns sofrem incidência de Imposto de Renda, enquanto outros são isentos. Em geral, são interessantes para uma maior diversificação da carteira.

Embora possa haver um risco maior que o de títulos públicos, a rentabilidade prevista é superior nos títulos privados.

Existe também uma subclassificação nesse nicho, que é a de títulos de crédito privados. Eles são emitidos por securitizadoras e empresas não-financeiras. Como segue a lógica do mercado, essas alternativas têm riscos e possibilidades de rendimentos maiores.

Como funcionam os títulos privados de renda fixa?

Os títulos privados de renda fixa funcionam de forma semelhante a um empréstimo. O investidor empresta dinheiro à empresa emissora do título e, em troca, recebe uma remuneração na forma de juros na data de vencimento.

Aporte mínimo

O aporte mínimo para investir em títulos privados pode variar dependendo do emissor e do tipo de título. Se pensarmos nos CDBs, por exemplo, há casos em que o aporte mínimo é R$ 1. Por outro lado, no caso dos fundos de crédito privado, o valor mínimo para investir gira em torno de R$ 1 mil.

Rentabilidade

Existem basicamente três tipos de rentabilidade nos títulos privados, que são: pré-fixada, pós-fixada e híbrida.

Na pré-fixada, o investidor opta por um título e já conhece de antemão quanto sua aplicação vai render e a quantia que vai receber. Afinal, no instante em que ele faz a aplicação já existe uma taxa fixa ao ano. É preciso aguardar o vencimento para obter os rendimentos previstos.

Por sua vez, na rentabilidade pós-fixada, o investimento se baseia em uma taxa de referência, a exemplo da Selic, a taxa nacional básica de juros, ou do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).

Consequentemente, o quanto você recebe é influenciado pelas oscilações na taxa. Quando a taxa se altera, a rentabilidade também sofre alteração.

Por último, no formato híbrido existem atributos da pós-fixada e da pré-fixada. Ou seja, o montante final é resultado de uma taxa fixa e um indicador que se altera ao longo do tempo.

Tipo de rentabilidadeDescrição
Pré-fixadaUma taxa fixa anual determinará os rendimentos.
Pós-fixadaO rendimento está atrelado a uma taxa de referência, como a Selic ou o CDI, que pode variar.
HíbridaCombinação da pré e da pós-fixada.

Liquidez

A liquidez dos títulos privados pode variar segundo as condições de mercado. Alguns títulos privados, como o CDBs, possuem liquidez diária. Isso quer dizer que é possível se desfazer do investimento com facilidade.

Outras opções, como Letra de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letra de Crédito Agrícola (LCAs), têm menos liquidez em comparação a outros ativos de renda fixa.

Ou seja, há títulos que são mais difíceis para realizar a venda antes da data de vencimento, enquanto outros podem ser resgatados rapidamente.

Segurança

Os títulos privados podem ter níveis diferentes de segurança. No Brasil, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é uma entidade que oferece proteção aos investidores em caso de quebra do emissor do título.

Alguns títulos privados têm proteção do FGC, enquanto outros não. Os CDBs, as LCIs, as LCAs e as Letras de Câmbio (LCs) contam com essa proteção. Por outro lado, as debêntures, as debêntures incentivadas, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e os Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs) não são cobertos pela instituição.

O FGC garante o reembolso do valor investido caso alguma dessas operações financeiras falhe. A quantia se limita a R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira. 

Fora o Fundo Garantidor de Créditos, há outros fatores que podem influenciar na segurança dos títulos privados. Por exemplo, a análise da saúde financeira da organização emissora, a classificação de risco do ativo por agências, sua liquidez no mercado e o histórico de pagamentos da empresa.

Exatamente por isso é recomendado diversificar os investimentos. A ideia é distribuir o valor aplicado entre diferentes empresas e tipos de títulos e reduzir o risco de perdas.

Prazo de vencimento

O vencimento de um título é o prazo final para o pagamento do valor principal com acréscimo de juros ou do valor resultante de uma valorização. Em outras palavras, é a data em que o investidor fará o resgate.

Existem aplicações financeiras cuja liquidez se dá apenas na data de vencimento. É diferente da liquidez diária, na qual você pode se desfazer do título privado a qualquer momento. Além disso, há situações em que pode ser necessário vender o título no mercado secundário.

Dependendo de como funciona o título privado escolhido, o resgate antecipado pode acarretar perdas. Portanto, é bom ficar atento à marcação a mercado, que é uma atualização diária do valor do investimento para quem deseja fazer resgates antes do prazo.

Tributação

Não são todos os títulos privados que sofrem incidência do Imposto de Renda (IR). No caso das LCIs e LCAs, há isenção, o que é um incentivo para investidores.

Porém, quando acontece a tributação do IR, o cálculo tem como referência o rendimento total no período de aplicação. Este cálculo acompanha a tabela regressiva, do seguinte modo:

  • até o prazo de 180 dias: 22,5%;
  • prazo de 181 a 360 dias: 20%;
  • prazo de 361 a 720 dias: 17,5%;
  • prazo acima de 720 dias: 15%.

Como você pode perceber, quanto maior for o prazo do investimento, menor será a alíquota de imposto a ser paga sobre os rendimentos. Além disso, a retenção do IR acontece na fonte. Então, quando você fizer o resgate, a quantia que receberá já estará com o devido desconto.

Qual a diferença entre títulos privados e públicos?

A diferença entre títulos privados e públicos é o emissor do papel. A expedição dos primeiros ocorre por meio de securitizadoras, bancos e empresas, enquanto os últimos são emitidos pelo governo, por meio do Tesouro Direto.

Além disso, os títulos privados podem oferecer uma maior diversidade de opções de investimento, com prazos, rentabilidades e riscos variados. Por sua vez, os títulos públicos são considerados investimentos de baixo risco, com rendimentos também menores.

Alguns exemplos de títulos públicos são: Tesouro Prefixado, Tesouro Selic, Tesouro IPCA e Tesouro RendA+. Quanto aos privados, podemos mencionar: CDBs, LCI e LCAs, LCs, entre outros.

Títulos públicos

As principais características dos títulos públicos são as seguintes:

  • são emitidos pelo governo federal;
  • são considerados os investimentos mais seguros;
  • têm liquidez diária, ou seja, podem ser resgatados a qualquer momento;
  • são indicados para investidores conservadores e que buscam segurança;
  • têm menor rentabilidade em relação aos títulos privados;
  • há cobrança de Imposto de Renda e de Imposto de Operações Financeiras (IOF) para resgates anteriores a 30 dias.

Títulos privados

Quanto aos títulos privados, as principais características são as seguintes:

  • são títulos de renda fixa emitidos por empresas privadas, financeiras, securitizadoras e bancos;
  • têm maior rentabilidade em relação aos títulos públicos;
  • são indicados para investidores conservadores ou moderados, buscam maior rentabilidade;
  • têm prazos de vencimento mais longos, o que pode dificultar o resgate antecipado;
  • têm maior risco de crédito, ou seja, há possibilidade de a empresa não honrar o pagamento do título;
  • podem ser isentos de IR ou sofrer tributação.

Portanto, cabe ao investidor avaliar seus objetivos e perfil de investimento antes de escolher entre um ou outro tipo de título.

Quais são os ativos de títulos privados?

Existem diversos tipos de títulos privados de renda fixa disponíveis para investimento. Confira quais são!

CDBs

O CDB é um título emitido por bancos para captar recursos de investidores. Ao aplicar nele, o investidor empresta dinheiro ao banco e recebe uma remuneração na forma de juros ao longo do tempo.

Ou seja, serve como capital de giro para instituições bancárias, de modo que elas possam fazer empréstimos a seus clientes. A forma de remuneração pode ser atrelada à inflação, prefixada ou pós-fixada. Além disso, costumam ter data de vencimento.

Debêntures

As debêntures são títulos que as empresas de Sociedade Anônima emitem com o intuito de levantar recursos para financiamento de suas atividades. Em geral, a remuneração desses títulos se dá na forma de juros. Eles são provenientes de empresas de capital aberto.

No caso de debêntures incentivadas, referem-se à arrecadação de recursos para financiar projetos de desenvolvimento nacional, em especial de infraestrutura.

LCIs e LCAs

A LCI e a LCA são títulos emitidos por instituições financeiras com o objetivo de captar recursos para financiar o setor imobiliário e do agronegócio, respectivamente. São parecidos com os CDBs. Porém, investem em setores específicos da economia nacional.

Um dos benefícios desta modalidade de investimento é a isenção de Imposto de Renda para pessoa física. Além disso, outro detalhe é que a forma de remuneração pode ser prefixada ou pós-fixada.

Esses títulos contam com cobertura do FGC, o que oferece uma maior segurança ao investidor.

RDBs

O Recibo de Depósito Bancário (RDB) é um título de renda fixa emitido por bancos, semelhante ao CDB, mas com algumas diferenças, principalmente quanto à liquidez.

No caso dos RDBs, o resgate se dá apenas no vencimento, ou seja, a retirada do valor investido deve ser realizada apenas na data prevista.

Além disso, não há negociação de RDBs no mercado secundário, como acontece com os CDBs. Quanto ao IR, incide de acordo com a tabela regressiva. A rentabilidade, por sua vez, pode ser pré, pós-fixada ou híbrida.

CRIs e CRAs

O CRI e o CRA são, respectivamente, certificados de recebíveis nos setores de imóveis e do agronegócio. São as securitizadoras que os emitem com o objetivo de antecipar dinheiro para empresas dos segmentos mencionados.

Diferentemente das LCIs e LCAs, não há garantia do FGC, o que eleva o nível de risco. Por outro lado, os juros são mais elevados e há isenção de IR para pessoas físicas.

As formas de proteção ao investidor nesses casos são: nos CRIs, existe garantia com a alienação fiduciária, enquanto os CRAs são vinculados a direitos creditórios e podem contar com penhor de produção ou alienação da terra.

COE

O Certificado de Operações Estruturadas (COE) é um tipo de investimento que combina diferentes ativos financeiros, como ações, títulos de renda fixa, moedas estrangeiras, entre outros. É semelhante às Notas Estruturadas, comuns na Europa e nos Estados Unidos. Ele é estruturado conforme o perfil e os objetivos de cada investidor.

Quais são as vantagens de investir em títulos privados?

Existem diversos benefícios de se investir em títulos privados. Conheça-os de maneira mais detalhada abaixo!

Facilidade

Ao contrário de outros tipos de investimentos, como ações, que exigem muito conhecimento e experiência, investir em títulos privados é relativamente simples. É possível investir sem burocracia pela internet.

Flexibilidade

Existem diferentes tipos de títulos privados disponíveis, como debêntures, letras de crédito, entre outros, cada um com suas próprias características. Você pode adotar estratégias de curto, médio ou longo prazo com essas opções.

Diversificação da carteira

Investir em títulos privados também permite que você diversifique seu portfólio de investimentos. Ou seja, ajuda a reduzir o risco total da sua carteira, porque você estará distribuindo recursos em diferentes ativos.

Cobertura do FGC

Muitas das principais opções de títulos públicos disponíveis no mercado contam com a garantia do FGC, o que torna o risco do investimento extremamente menor.

Previsão de retorno

Embora os títulos privados, que são de renda fixa, tenham retornos mais baixos em comparação com os de renda variável, eles oferecem rendimentos mais previsíveis para que você tenha uma estimativa de quanto o dinheiro vai render.

Reserva de emergência

Investir em títulos privados é uma ótima opção para construir uma reserva de emergência, em especial no caso dos títulos de liquidez elevada.

Vamos supor que você tenha uma reserva de emergência equivalente a seis meses das suas despesas mensais. Se surgir algum imprevisto, como o tratamento de uma enfermidade, ela pode ser utilizada para cobrir suas despesas, evitando o endividamento.

Logo, a reserva de emergência é um valor que você mantém separado para cobrir despesas inesperadas.

Quais os riscos de investir em títulos privados?

Apesar das vantagens, investir em títulos privados de renda fixa também envolve riscos, como inerente a qualquer aplicação disponível no mercado. Entenda abaixo!

Risco de crédito

O risco de crédito está relacionado à possibilidade de a empresa emissora do título não honrar os compromissos financeiros. Por isso, é importante avaliar a saúde financeira da empresa antes de investir em seus títulos.

Afinal, o FGC cobre valores de R$ 250 mil por banco emissor, sendo o teto total de R$ 1 milhão por CPF. Se você faz aplicações financeiras em grande volume, o risco pode ser maior em relação a investidores que investem quantias menores. Além disso, não são todos os investimentos que têm a garantia do FGC.

Risco de mercado

Risco de mercado é a possibilidade de perda financeira decorrente de flutuações nos preços de mercado. Esse risco é influenciado por diversos fatores, como mudanças nas condições econômicas, políticas governamentais, eventos globais e movimentos no mercado financeiro.

Os títulos privados podem estar sujeitos às variações do mercado, por exemplo, nas taxas pós-fixadas, o que pode afetar a rentabilidade. É importante estar atento a fatores econômicos antes de investir.

Risco de liquidez

Risco de liquidez é a possibilidade de um investidor não conseguir vender um ativo pelo preço justo no momento em que desejar. Esse risco pode ocorrer quando há uma falta de compradores no mercado ou quando as condições econômicas mudam de forma repentina.

Alguns títulos privados possuem uma liquidez menor. Por exemplo, no caso dos RDBS, eles não podem ser resgatados antes do prazo de vencimento. É importante considerar essas possíveis restrições antes de investir.

Onde são custodiados os títulos privados?

A empresa depositária dos títulos privados é a Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos, a CETIP. É ela quem faz o registro e a liquidação das transações financeiras desses ativos.

A entidade existe desde 1984, mas começou a operar apenas em 1986. Ela abrange corretoras de valores, concessionárias, fundações, seguradoras, entre outras instituições. Em 2017, a CETIP, junto à BM&F Bovespa, deram origem à B3 (Bolsa de Valores).

Ela oferece diversas soluções, como negociação de ativos, liquidação e depósitos. A regulamentação é feita pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), enquanto a fiscalização fica a cargo do Banco Central do Brasil (Bacen).

Como investir em títulos privados?

Investir em títulos privados de renda fixa pode ser uma alternativa interessante para diversificar a carteira de investimentos. O passo a passo é o seguinte:

Faça uma pesquisa de mercado

Antes de investir, pesquise sobre os diferentes tipos de títulos privados disponíveis no mercado, como debêntures, CDBs, LCIs, LCAs, entre outros. Compreenda os riscos, as taxas de retorno e as condições específicas de cada título.

Avalie seu perfil de investidor

Analise seu perfil de investidor para determinar qual tipo de título privado é mais adequado para você. Considere seus objetivos financeiros, tolerância ao risco e prazo de investimento.

Existem três tipos de perfis de investidor, que são:

  • conservador: é indicado para quem prefere investimentos de baixo risco e está disposto a abrir mão de grandes rendimentos em troca de maior segurança.
  • moderado: é para aqueles que buscam um equilíbrio entre risco e retorno.
  • arrojado: é destinado para quem está disposto a correr riscos mais elevados em busca de rendimentos maiores.

Escolha uma corretora

O jeito mais simples de investir é por meio de uma corretora de valores. Para a escolha, é bom que as taxas sejam atrativas e que a empresa apresente solidez financeira e qualidade dos produtos oferecidos.

Abra uma conta na corretora

Para abrir uma conta na corretora, você precisará fornecer alguns documentos, como RG, CPF e comprovante de residência. Além disso, é necessário preencher um questionário de perfil de investidor, que ajudará a corretora a entender seu perfil de risco e sugerir os melhores produtos para você.

Escolha o título privado

Com a conta aberta na corretora, você poderá escolher entre diversos títulos privados disponíveis no mercado. Verifique as características de cada título, como prazo, taxa de juros e risco de crédito, e escolha aquele que melhor se adequa às suas perspectivas.

Faça a aplicação

Após escolher o título privado, basta fazer a aplicação por meio da plataforma da corretora. É importante verificar as condições da aplicação, como o valor mínimo e a forma de pagamento, que costuma ser por transferência bancária.

Acompanhe seus investimentos

Após fazer a aplicação, é importante acompanhar seus investimentos regularmente para verificar se estão rendendo conforme o esperado.

Além disso, fique atento às variações do mercado e às notícias que possam afetar seus investimentos. É sempre bom contar com a ajuda de uma assessoria, como a da InvestSmart.

Gostou de saber mais sobre títulos privados? Leia também o artigo: Tesouro RendA+: vale a pena investir neste título público?

Resumindo

Quais são os títulos privados?

Existem diversos títulos privados. Os principais deles são: CDBs, debêntures, LCI, LCA, CRI, CRA e COE. Eles consistem em investimentos em renda fixa e são emitidos por empresas, bancos ou instituições privadas. Além disso, são mais conservadores do que os investimentos em renda variável.

Qual a diferença de títulos públicos e privados?

Tanto os títulos públicos quanto os privados são investimentos em renda fixa. Porém, a responsabilidade pelas suas emissões são atribuídas a organizações diferentes. Os títulos públicos são expedidos pelo governo, enquanto os privados são emitidos por empresas, securitizadoras, bancos e instituições financeiras.

Equipe MI

Equipe de redatores do portal Melhor Investimento.