Luis Stuhlberger é uma das personalidades mais reconhecidas do mercado de investimentos. Tido como o mais importante gestor do país, ele é responsável por um dos fundos mais rentáveis do Brasil, o Fundo Verde da conceituada Verde Asset Management. Sob sua gestão, a empresa, fundada no final da década de 90, atualmente administra 49 bilhões de reais em ativos.

Seus feitos e capacidades de prosperar em meio às incertezas que caracterizam o universo dos negócios e finanças, o transformaram em uma verdadeira referência na Faria Lima. Neste artigo, o Melhor Investimento explora a biografia e trajetória de Stuhlberger, incluindo sua formação, perfil e caminho de sucesso.

Quem é Luis Stuhlberger?

Luis Stuhlberger é um dos mais renomados gestores de fundos do Brasil, conhecido principalmente por sua atuação na Verde Asset Management, empresa que fundou e onde atua como CEO (Chief Executive Officer) e CIO (Chief Information Officer). 

Como fundador do Fundo Verde, um dos mais bem-sucedidos do Brasil, ele ostenta uma impressionante trajetória. Desde a sua criação em 2 de janeiro de 1997 até 2024, o Verde valorizou extraordinários 24.602,91%, em termos nominais, marca que supera com folga o CDI (Certificado de Depósito Interbancário). 

Em contraste, a taxa de referência, neste mesmo período, teve um desempenho de 3.036,39%, o que representa um percentual mais de 8 vezes menor que o retorno nominal histórico do fundo.  

Além disso, Stuhlberger é visto como um pioneiro no mercado financeiro, especialmente, por conceber o conceito de “fundo multimercado”, abrindo diversas possibilidades para os profissionais do setor. 

Esses detalhes ressaltam a notável carreira de Luis Stuhlberger no mundo dos investimentos, explicando sua renomada reputação no meio. Mas quem é a pessoa por trás desse influente gestor? Descubra mais adiante.

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Perfil e vida familiar

Nascido em 1955 na cidade de São Paulo, Luis Stuhlberger tem origens judaicas, sendo filho e neto de imigrantes poloneses – por parte de pai – que chegaram ao país em 1929. Atualmente, está casado há mais de 40 anos, e é pai de três filhas. 

Sua jornada familiar e profissional se entrelaçam, visto que o renomado gestor atribui à sua esposa, Lilian, uma influência significativa em seu sucesso. No início de sua trajetória, Stuhlberger é frequentemente descrito, até por ele mesmo, como alguém bastante tímido e sem grandes habilidades extraordinárias.

“A partir do meu envolvimento com ela [Lilian], passei a confiar mais em mim, a ter uma vida social, a me relacionar com as pessoas, a não ser tão tímido”, disse Stuhlberger em entrevista concedida à Revista Piauí, em 2008. Em declarações, o gestor descreve seu perfil, no passado, até mesmo de forma um pouco depreciativa, apesar de sempre reconhecer sua inteligência como ponto forte.

Segundo ele, até 1979, sua “inteligência em potencial” era o único fator de destaque. Afirma que não era escolhido para nada e se sentia fadado ao fracasso, integrando o grupo dos inteligentes, preparados e bem estudados, mas que não conseguiam “construir nada”. 

Lilian, por sua vez, o descreve como uma pessoa, que apesar de “desajeitada”, é extremamente inteligente e versátil, com conhecimentos que vão desde cinema e teatro até rock.

De maneira geral, a trajetória pessoal e profissional de Stuhlberger é vista por muitos como uma história de resiliência e determinação. Apesar de dificuldades financeiras enfrentadas por sua família na década de 80, quando a empresa de seu pai faliu, ele construiu uma carreira sólida que o posicionou como um dos gestores de fundos mais respeitados do país.

Formação acadêmica

Na base das conquistas de Stuhlberger reside um excelente currículo escolar e acadêmico. Em meio às suas autocríticas, ele não deixa de evidenciar seu destaque no âmbito dos estudos. 

Para ele, em 1979, “se tivesse de escrever uma página sobre Luis Stuhlberger, diria que ele fora um dos melhores alunos do Colégio Bandeirantes, um dos melhores estudantes de engenharia da Escola Politécnica da USP, uma pessoa de boa índole, de bom caráter, um bom ser humano. Fora isso, era uma pessoa inexpressiva em todos os campos: no social, no pessoal, na liderança, nos relacionamentos.” afirmou. 

Em suma, Stuhlberger se formou com destaque em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), uma escolha influenciada por seu pai. Mais tarde, ao perceber que talvez essa não fosse a carreira mais adequada, ele ingressou na Faculdade Getúlio Vargas (FGV), onde se especializou em Administração.

Como Stuhlberger iniciou sua carreira

Os primeiros passos da carreira de Luis Stuhlberger foram dados ainda na década de 80, quando trabalhou no banco Expansão, onde seu pai David Stuhlberger era sócio. Posteriormente atuou na corretora Griffo, na qual a instituição financeira possuía participação. 

Contudo, seu ingresso definitivo no mercado financeiro ocorreu após a venda do banco, e a fusão da Griffo com a Hedging, em 1989. Essa experiência inicial foi fundamental para o desenvolvimento das habilidades de Luis, enquanto operador e negociador. 

Durante seu tempo na Hedging-Griffo, a corretora tornou-se referência no mercado do ouro, com Stuhlberger se destacando como um dos melhores operadores da empresa, negociando ouro e outros ativos. 

Este momento marca um período de crescente sucesso para ele, ganhando até mesmo a alcunha de “rei do ouro”, mesmo que o país estivesse enfrentando desafios inflacionários na época, devido especialmente ao choque do petróleo.  Nos anos seguintes ele veio a assumir a diretoria da corretora, posição na qual começou a projetar suas ideias ligadas à assessoria de investimentos.

O surgimento do fundo verde de Luis Stuhlberger 

Segundo ele, antes de criar um fundo atrelado a assessoria de investimentos, era essencial passar por um período de preparação, pois, apesar de acreditar que essa modalidade poderia render excelentes resultados, havia significativos riscos envolvidos.

Com isso em mente e após dois anos de estudo, observando as operações do fundo cuja criação ele havia sugerido a um ex-diretor do BC, Stuhlberger decidiu inaugurar seu próprio empreendimento no setor, aquele que viria a ser responsável por consolidar sua reputação, o Fundo Verde. 

O Fundo Verde (Verde FIC FIM) foi oficialmente fundado em 2 de janeiro de 1997, quando Luis Stuhlberger tinha 42 anos, ainda dentro da Hedging-Griffo. A ideia central por trás dele era proporcionar aos clientes uma diversificação de investimentos em diversos tipos de ativos, como ações, títulos de renda fixa, moedas, entre outros. Essencialmente, desde aquela época, já havia a concepção de um fundo de investimentos multimercados (FIM), que combina diferentes tipos de ativos em sua composição.

Conforme Stuhlberger, o nome “Verde” foi concebido com base em diferentes inspirações. Em resumo, a cor representa as commodities com os quais ele trabalhou no início de sua carreira, e também simboliza o dólar e o Palmeiras, time de futebol paulista do qual ele é torcedor.

Sucesso de Stuhlberger com o Verde

Não demorou muito para o fundo demonstrar resultados. Logo no primeiro ano de operação, Stuhlberger se destacou em uma estratégia histórica. Em 1997, ele apostou que os juros iriam subir, diante de uma crise econômica na Ásia, apesar de grande parte do mercado colocar suas fichas no sentido contrário. 

O resultado? Os juros de fato subiram. A crise financeira do continente asiático se alastrou pela Europa e Estados Unidos, levando o Banco Central do Brasil a elevar a Selic. A taxa, antes fixada em 19%, subiu para 40%, ou seja, praticamente dobrou em dias. Naquele ano, o Fundo Verde alcançou uma rentabilidade de 29%, graças à jogada de Stuhlberger. 

O Fundo Verde rapidamente ganhou notoriedade por sua performance consistente e retornos impressionantes. No ano de 2001, conseguiu levantar um capital de R$ 1 milhão de investidores. Deste total, metade veio de um programa de incentivos para gestores da bolsa de valores, que era conhecida como BM&F na época, e a outra metade foi contribuída pelos primeiros clientes do fundo.

Trajetória histórica de resultados positivos

Fundo verde
Imagem: Envato Elements

Desde sua criação, o Fundo Verde acumulou uma expressiva rentabilidade, superando o CDI na maioria dos anos. Ao longo de seus 26 anos completos, apenas em quatro anos o fundo não repetiu esse cenário positivo.

Os piores resultados ocorreram em 2008 e 2021, quando o fundo fechou no vermelho, com rentabilidades de -6,4% e -1,1%, respectivamente. Além disso, nos anos de 2014 e 2017, o Verde não superou a taxa referencial. Todos os outros 22 anos foram marcados por excelentes resultados acima do CDI

A maior exceção na trajetória de sucesso do fundo, certamente, fica para 2008, ano marcado por uma crise imobiliária e financeira global que iniciou nos Estados Unidos, resultando em perdas significativas para muitos investidores. 

Contudo, logo em 2009, os bons resultados retornaram. No final daquele ano, o Verde atingiria uma rentabilidade de 50,7%. Veja outros resultados interessantes sobre história de bons resultados do fundo: 

  • No decorrer de sua história, o fundo somou 259 meses com ganhos e 59 meses com perdas; 
  • Em 99, o fundo praticamente dobrou seu patrimônio, na época de R$ 5 milhões, fechando aquele ano com um rendimento de 135%; 
  • No auge, alcançou a marca de R$ 55 bilhões em ativos sob sua gestão, em 2021.

As apostas nos Fundos multimercados de Stuhlberger

A estratégia de Luis Stuhlberger nos fundos multimercados foi uma parte fundamental de seu sucesso como gestor de fundos. A habilidade para identificar oportunidades em diferentes mercados e sua disposição para ir contra o consenso do mercado quando necessário são elementos marcantes em sua trajetória. 

O próprio sucesso do Verde é reflexo disso. Antes da existência do fundo, o mercado financeiro brasileiro se restringia a investimentos de renda fixa e ações. Stuhlberger é reconhecido como um pioneiro no cenário brasileiro, por ter introduzido a ideia de fundo multimercado.

Para fixar, os fundos de multimercados são uma categoria de fundos de investimento que têm a liberdade de aplicar em diversos tipos de ativos financeiros, como ações, títulos públicos, câmbio, commodities, entre outros.

O nome “multimercado” vem justamente dessa característica de poder investir em múltiplos mercados, o que os diferencia de fundos mais tradicionais, que costumam ter suas aplicações restritas a um tipo específico de ativo.

Fundação da Verde Asset Managment

Verde Asset Managment
Imagem: Capital Investimentos/Verde Asset/Reprodução

Em 2012, a Hedging-Griffo, onde Stuhlberger já era sócio, foi adquirida pelo banco multinacional Credit Suisse, que comprou 51% das ações da corretora por expressivos R$ 635 milhões. 

Após essa aquisição, em 2015, Stuhlberger decidiu fundar sua própria empresa de gestão de ativos, a Verde Asset Management. No novo arranjo, ele assumiu como controlador, enquanto o Credit Suisse ficou como minoritário. 

A Verde Asset Management assumiu a gestão do Fundo Verde, que já era uma referência respeitada no mercado financeiro. Ao longo de quase 9 anos de existência, a gestora ampliou sua atuação para incluir investimentos em diversos setores

Desde sua fundação, a Verde Asset Management tem mantido um crescimento consistente, gerenciando atualmente mais de 26 bilhões de reais em ativos. 

Como investir no fundo Verde de Luis Stuhlberger?

Como o Fundo Verde conta com um portfólio amplo e consolidado de clientes, ele permanece fechado para novos investidores na maior parte do tempo, com uma longa fila de espera.

Por isso, quem deseja investir nesse fundo multimercado deve acompanhar de perto as notícias e os canais digitais da gestora, a fim de não perder eventuais janelas de captação. Em 2021, por exemplo, todas as cotas disponíveis foram adquiridas em questão de minutos após a abertura.

Porém, essa restrição é mais evidente nos fundos Multimercado Brasil. Conforme informações do site da gestora, ainda há alternativas abertas a novas aplicações — como os fundos “Multimercado e Ações Globais”, “Crédito” e “Ações Brasil”. Nesses casos, o investimento pode ser feito por meio de uma corretora de valores devidamente habilitada.

Como o fundo Verde se compara a outros fundos?

Mesmo em um cenário desafiador para os fundos multimercado, o Fundo Verde segue se destacando pela consistência de seus resultados e pela gestão ativa em momentos de risco. Comandado por Luis Stuhlberger, o fundo registrou desempenho superior ao CDI e à média dos concorrentes nos últimos três anos: 15,92% em 2022, 14,53% em 2023 e 12,07% em 2024. Em 2025, já acumula valorização de 6,27% até o momento.

Segundo o próprio gestor, a Bolsa brasileira foi o principal fator negativo ao longo desse período, mas as perdas nessa classe de ativos foram compensadas por ganhos expressivos em renda fixa, tanto no mercado local quanto internacional. A estratégia de proteção (hedge) em momentos de maior instabilidade foi decisiva para o bom desempenho.

Stuhlberger também destacou, durante o evento anual do fundo, realizado em São Paulo, que operações bem-sucedidas com câmbio contribuíram para o resultado recente. Uma das apostas do Verde foi a compra de dólar a R$ 5,15, que foi mantida até atingir R$ 5,70, gerando retorno significativo em um momento de virada no mercado.

Mesmo com a indústria de fundos multimercado apresentando sinais de recuperação em 2025, o Verde segue posicionado entre os líderes de performance. Sua estratégia de gestão ativa, aliada à leitura precisa dos cenários econômicos, continua fazendo a diferença na comparação com os demais fundos da categoria.

A fortuna de Luis Stuhlberger

Luis Stuhlberger é descrito pela Revista Piauí como um “fazedor de milionários”, em grande, devido o desempenho do Verde em comparação com outros hedge funds do mercado global, que só perde para os norte-americanos no setor. 

De acordo com a revista, hoje o patrimônio de Stuhlberger é estimado em “várias centenas de milhões de reais”. Seu sucesso nos negócios e investimentos levanta questionamentos em outros veículos de comunicação, que indagam se ele já integra o seleto grupo dos bilionários brasileiros.

Atualmente, Credit Suisse Hedging-Griffo, da qual ele é sócio, é responsável por administrar R$ 40 bilhões de ativos. Em julho de 2023, o patrimônio gerido pela Verde Asset, estava estimado em R$ 27 bilhões, segundo informações da própria gestora.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.