Os investimentos no Tesouro Direto atingiram um recorde de R$ 8,01 bilhões em agosto, com a preferência dos investidores se deslocando dos títulos Selic para os atrelados ao IPCA, que absorveram 50,6% da demanda. As incertezas econômicas e a busca por proteção contra a inflação são fatores que têm influenciado essa mudança de comportamento.

Mudança nas preferências: Tesouro Selic vs. Tesouro IPCA+

Muitos investidores estão priorizando o Tesouro IPCA+ em detrimento do Tesouro Selic, especialmente pela proteção que o primeiro oferece contra a inflação. Anderson Amorim, gestor do escritório de Santo André da InvestSmart, comentou: “Hoje temos taxas reais em um momento atrativo comparando os últimos 10 anos. Essas taxas oferecem oportunidades de sair antes do prazo de vencimento com a marcação a mercado, mas o investidor precisa levar em conta que a alta dessas taxas pode trazer riscos.” Ele ressalta que cada título deve ser utilizado com objetivos diferentes, onde o Tesouro Selic é ideal para reserva de emergência e o Tesouro IPCA+ é mais adequado para proteção contra a inflação.

Lucas Bosquesi, também assessor de investimentos da InvestSmart do escritório de Santo André, complementou: “A proteção contra a inflação oferecida pelo Tesouro IPCA+ é atrativa porque garante ao investidor uma rentabilidade real, o que protege o poder de compra do capital ao longo do tempo.” No entanto, ele enfatizou que os investidores devem estar cientes do efeito da marcação a mercado, que pode provocar oscilações nos preços dos títulos.

Fatores a considerar ao escolher títulos

Os assessores ressaltam que existem diferentes perfis de investidores que podem se beneficiar de uma ou outra opção, dependendo de suas necessidades financeiras e do horizonte de investimento. Amorim explicou que “quanto maior o prazo de vencimento do Tesouro IPCA+, maior o risco de que a oscilação das taxas de mercado prejudique o valor aplicado.” Ele aconselhou que, em um cenário de alta da Selic, o Tesouro Selic tende a se beneficiar, sendo o título mais “seguro” do país.

Bosquesi também enfatizou que, enquanto o Tesouro IPCA+ pode ser um bom investimento para aqueles que podem ignorar as oscilações de curto prazo, o investidor que pretende resgatar o título antes do vencimento pode enfrentar perdas. “Se o investidor mantiver o título até o vencimento, ele receberá exatamente a rentabilidade contratada, como por exemplo, ‘IPCA + 6% ao ano’.”

No contexto atual, em que as taxas de juros estão em alta devido a preocupações com a inflação e o controle das contas públicas, os assessores sugerem que uma alocação em títulos de curto prazo se mostra cada vez mais atrativa. Amorim afirmou: “É mais prudente fazer investimentos mais curtos buscando mais assertividade, pois a falta de clareza do futuro leva os investidores a optar pelo curto prazo.”